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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Cor nas palavras.

No ocre que toma o verde da folha
O sal da lágrima que doura o grão de areia
O verde brilhante do beija-flor que a beija
Bem no cume do rosa,
Rota na cor de chumbo do asfalto
Que alto, outro chumbo do céu nublado
Me atira uma chuva torrencial
Fonte de prismas do tiro
Quase solar que vaza a gota d’água
Arco íris em pleno céu de março
Fuma o homem o maço do cigarro
Que negro deixa teu pulmão
Puro charme do trago do lábio carnudo
Da boca de batom carmim da moça
Que roçam em mim os olhos verdes claros
É claro que este olhar não é de festim.
Rubras minhas faces que da romã
Furtou a cor.

Imagem: Desine Cardoso

É festa no sertão ou um certo Seu Zezé - Por Carlos Rafael Dias


Como definir o sertão? Ou melhor, como deixar de definir o sertão, quem o conhece, bem ou superficialmente? O sertão que passa do morto-cinza ao verde-vida como passe de mágica, logo quando as primeiras chuvas tocam-lhe o chão.

Luiz Gonzaga é um mestre nas descrições do “sertão das muié séra e dos homi trabaiadô". Sertão, ah sertão! Não lhe faltará porta-vozes à altura de sua beleza, dos seus mistérios e, também, da sua dor. Dor profunda, mas superável na alegria e na festa cotidiana celebrada em cada alpendre ou em cada latada, sob a bruxuleante luz do candeeiro ou do intenso holofote da lua cheia. Sertão de Catulo da Paixão Cearense que cantou os versos peremptórios: "não há, oh gente, oh não luar como esse do sertão". Sertão dos versos inigualáveis, belos e eternos de Patativa do Assaré. Sertão Alegre de Leonardo Mota, cronista maior da poesia e da linguagem dos rincões nordestinos. Sertão de coisas alegres e profundas, além da dor já falada. Coisas do Sertão, do saudoso “Seu Elóia”, assim como o sertanejo do Vale do Cariri chamava o Mestre Eloi Teles de Morais – comunicador de rádio, poeta, folclorista, homem de bem, de coração generoso e alma pura.

Quando Seu Eloi partiu para o sertão celestial, o sertão terreno quedou-se triste. O Forró da Casa Grande nunca mais alegrou os finais da tarde sertaneja. As aves canoras e aquela bela valsinha, tocada por um quarteto de cordas, e que faziam o fundo musical para o recital das Coisas do Meu Sertão– emudeceram por um instante. Ficou, pois, uma lacuna, mas esse vazio começa a ser preenchido como o milagre do inverno que molha o chão e tinge de verde a paisagem outrora cinzenta do sertão.

É festa no sertão de novo e a alegria volta aos finais das tardes mágicas e início das noites misteriosas que, agora, voltam a fluir nas ondas do rádio caririense.
Diariamente, das 16:30 as 18 horas, pelas ondas da Rádio Educadora do Cariri, a mesma emissora que irradiou a voz de Seu Eloi na segunda fase de sua gloriosa carreira (a primeira foi na Rádio Araripe, pioneira emissora de rádio da hinterlândia cearense), está sendo veiculado o programa Festa no Sertão, sob a apresentação de um certo Seu Zezé.

O Seu Zezé, em questão, é o mais novo comunicador de rádio do Cariri. Uma personagem diferenciada, que chama a atenção dos ouvintes apreciadores das genuínas coisas do sertão; acostumados que foram pelo jeito telúrico dos grandes sertanistas, a exemplo de Eloi Teles, de cantar o sertão e o sertanejo.

Seu Zezé é uma personagem criada por José Iderval da Silva, que também é operador de áudio da Rádio Educadora, tendo iniciado a profissão, inclusive, ao lado de Seu Eloi, nos programas Coisas do Meu Sertão e Forró da Casa Grande.

O programa Festa no Sertão completou seu primeiro aniversário no dia 6 de outubro passado e já caiu definitivamente no gosto do ouvinte que, de imediato, reconheceu a semelhança de estilo existente entre Seu Zezé e Seu Eloi. Não somente no repertório musical calcado no cancioneiro popular nordestino, mas, principalmente, na maneira envolvente de se comunicar com o público a partir dos mais puros valores sertanejos.

É festa no sertão e alegria no rádio.

Centrro Cultural BNB Cariri - Programação Diária


Dia 9 de dezembro (quarta-feira)

PROGRAMA DE RÁDIO

14h Blues (com Michel Macedo)

Programa de Rádio semanal especializado no tradicional ritmo norte-americano que conquistou o mundo. O programa faz parte de uma parceria entre o Banco do Nordeste e a Rádio Educadora do Cariri, que inclui um programação diária diversificada de segunda a sexta-feira de 14 às 15 horas. Confira.

Rádio Educadora do Cariri AM 1020. 60min.

ESPECIAIS - CINEMA - ARTE RETIRANTE

14h Sessão Curumim: As Aventuras de Azur e Asmar.

Os meninos Azur e Asmar foram criados juntos pela mesma mulher, Jenane. Eles cresceram como se fossem irmãos, até serem separados. Amar cresceu ouvindo as histórias da mãe sobre a lendária Fada dos Djins e, quando se torna adulto, decide partir à sua procura, contando com a ajuda do andarilho Crapoux. É quando Azur e Asmar se reencontram, agora não mais como irmãos, mas como rivais na busca da Fada. Animação. Cor. Dublado. Livre. 2006. 109min.

Local: SESC Crato.

16h Sessão Curumim: Não é Mágica: Vulcões. 78min.

Sucesso absoluto entre os jovens do mundo inteiro, tem como principal ambiente um caminhão-laboratório que viaja pelo mundo desvendando os mistérios da natureza comFred, cientista e pedagogo, Jaime, jornalista, e Manu, uma investigadora curiosa não apenas em aprender, mas entender o mecanismo que move o planeta Terra. Nesta aventura, eles aprendem e entendem o que provoca os tsunamis, como os vulcões se formam e se multiplicam pelo planeta, como acontece uma erupção e o que sai dos vulcões e a revelação de que o vulcão mais antigo do mundo está na Amazônia. França, 2006. Animação com massinha. Cor. Dublado. Livre. 78min.

Local: Caririaçu .

ARTES CÊNICAS - OFICINA DE FORMAÇÃO ARTÍSTICA

15h Oficina Auto Expressão Através dos Jogos Dramáticos.

Oficina - Autoexpressão Através dos Jogos Dramáticos, com Fátima Morimitsu, Ivete Alexandre e Cícero Pimentel (Juazeiro do Norte - CE)

O Gosto pela arte cênica na infância é marcado pelas brincadeiras e dramatizações que naturalmente surgem nas atividades infantis seja na escola ou em casa. Os jogos dramáticos possibilitará uma interação da criança com técnicas de expressão corporal voz e noções de figurino e adereços com materiais recicláveis. 240min.

Literatura/Biblioteca - BIBLIOTECA VIRTUAL
O curso tem como objetivo apresentar e discutir diversas possibilidades de utilização dos recursos e serviços básicos da Internet, tais como: navegação, busca e correio eletrônico. Inscrições: 02 a 05 de dezembro na Biblioteca Virtual. Vagas: 24. 12 horas/aula.

18h Noções Básicas de Utilização da Internet. 180min.

CINEMA - FEST CINE ARUANDA

19H Exibição de Curtas-Metragens

Mostra Diretores de Santa Maria - RS

Faltam 5 minutos

A volta do Inter de Santa Maria à Primeira Divisão do Campeonato Gaúcho a partir da emoção dos cinco narradores e dos cinco comentaristas das rádios AM de Santa Maria que transmitiram o histórico jogo de Inter-SM e Pelotas. Dir. Luiz Alberto Cassol. Doc. 2007. 20min.

Local: Sítio Carrapato, Distrito do Lameiro. Jaraguáfilmes. Fone 88 9619 1898 / 9619.1897

Fonte: Centro Cultural BNB Cariri (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte)

O ESPECTRO DA CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS EM COPENHAGUE – 2009

Ontem um texto do Jornal The Guardian eviscerou muito cedo o que mais se temia nesta Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Copenhague. Expôs a verdade dos Estados Nacionais neste debate que se entenda está no seguinte nível. O próprio título da Convenção já parte de uma convicção: existem Mudanças Climáticas. Então o debate se encontra exatamente em saber-se o verdadeiro papel da produção, distribuição e consumo no sistema capitalista que já é praticamente global. Em seguida é sair de uma sinuca de bico, jogado pelas nações mais ricas, do qual se diz: como criar uma regulação global sobre isso sem modificar o sistema capitalista?

Para eles existe uma única saída para a sinuca: os mais pobres podem poluir menos enquanto os mais ricos continuam mantendo os seus privilégios. A saída é que preserva o sistema capitalista. Que inegavelmente tem se caracterizado desde o século XIX como o sistema que cria privilegiados e tenta congelar esta divisão. Qual a questão básica?

Acontece que um sistema de privilegiados tem uma espécie de força gravitacional que puxa todos os corpos em sua direção. Tendo o privilégio por matriz é de se entender, por exemplo, que a resposta que se busca na Convenção de Copenhague já encontrava posta no mínimo com a crise do petróleo de 1973. Ali está o coração disso tudo: a civilização do petróleo, seu perfil de produção e consumo.

Quem não se lembra que naquela época os carrões americanos, consumidores de gasolina passaram por crítica severa. Quem não recorda os japoneses surgindo como aqueles que tinham uma proposta para o consumo reduzido. Qualquer um sabe do Brasil deixando de produzir carboidrato para as pessoas com finalidade de produzir álcool para a classe média andar nos produtos da indústria automobilística. Depois veio o papo que poluía menos, o álcool, pois não era o discurso do Proálcool o uso foi quem evidenciou.

Estamos em pleno verão dos “carrões”. Como dizem os cearenses das “bichonas”, que até foi mote de campanha nas eleições a governador. Depois da vitória toda a polícia voltada para os bairros privilegiados é motorizada com as “bichonas”. Consumidoras de combustíveis por quilômetros quadrados, agressoras do meio ambiente com suas práticas de Jim da Selva (ih! Isto é velho!), mas tem um nome contemporâneo e também é inglês: OF ROAD.

Aviso: não perdi o fio da meada. A Convenção do Clima na verdade é outro tema. É discutir como o sistema globalizado irá dividir o poder na produção e consumo mundial. Os pançudos do norte já disseram no The Guardian: seremos nós e os outros esperem 50 anos. Na verdade a história continuará indomada, pois não depende apenas da vontade do privilegiado em permanecer privilegiado. Por baixo dele uma calota inteira de gelo se derrete.