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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

1 bilhão de pessoas à margem da atenção de saúde - José do Vale Pinheiro Feitosa

É claro que não é para existir nada fora do totalitarismo de Mercado. Desde a água para beber até o transplante de órgãos se encontram condicionados às regras de acumulação, extração de mais valia do trabalho e remuneração do capital pela renda das famílias. Esta questão se torna mais intensa quando o produto demandado é construído em processos dependentes de ciência e tecnologia.

A minha geração de profissionais de saúde foi aquela que mais intensidade pôde observar na transição da assistência de saúde. Desde os anos 60 que, fora do complexo industrial militar, quem mais absorveu tecnologia foi a medicina. Em outras palavras quem mais remunerou a empresa de tecnologia, que hoje opera em bolsa, foi a demanda por saúde. A doença se tornou a grande financiadora no espaço da química física, da aparelhagem biofísica, no desenvolvimento eletroeletrônico e de sistemas computacionais.

O mais impressionante é que até mesmo a fisiopatologia (que estuda as doenças) ficou a reboque das demandas geradas à partir do desenvolvimento de certas tecnologias. Quando, por exemplo, se desenvolveu as técnicas de imagem capazes de fazer verdadeiros cortes anatômicos, de examinarem densidades nos diversos tipos de tecidos biológicos, novas entidades clínicas passaram a ser classificadas. Todas elas dependentes de tais tecnologias.

Não é exagero se dizer que a provocação não vem mais das queixas de sinais e sintomas das pessoas, mas daquilo que a tecnologia identifica e por ela mesma demanda outras análises tecnológicas. Hoje um médico ao conversar com uma pessoa pode estar diante de uma verdadeira e longa árvore de decisões, com grandes troncos, todos eles cheios de frutos tecnológicos diferentes entre si.

A terapêutica (que cuida da cura) não ficou atrás. São tantos produtos químicos, bioquímicos, antibióticos, anticorpos, vacinas, estimuladores da imunidade e tecidos entre outras enormes famílias que a especialização é a regra. Os processos cirúrgicos estão pleno de tecnologia incorporada. Cada vez mais pessoas sobrevivem inteiramente às custas de medicamentos e outros recursos terapêuticos.

Quando se fala em valor agregado, pode pensar na medicina que você não errará. Qual o resultado de um mundo com esta tecnologia toda em saúde sendo remunerada em bolsa de valores? Uma grande tensão social. Um relatório divulgado hoje pela OMS releva que: “1 bilhão de pessoas no mundo todo não tem condições de arcar com gastos relativos à saúde, e cerca de 100 milhões caem na pobreza todos os anos por causa desse tipo de gasto.”

Observaram o drama não só as pessoas não têm acesso, como o cuidar da saúde quebra economicamente as famílias. A cada ano a metade da população de uma grande nação como o Brasil vai a falência por gastos com saúde. E aí diante de um quadro deste retornam a velhas e não ultrapassadas idéias dos séculos XIX e XX: o socialismo e a social democracia. Isso na contramão do arrocho nos direitos sociais provocados pela crise econômica nos países centrais.

Enfim, mais um chute na paz dos neoliberais: a ONU recomenda que se criem impostos para financiar a saúde e que estes impostas recaiam sobre transações financeiras e remessas de lucros para o exterior.

Objetos do desejo - Emerson Monteiro

Celulares, computadores, automóveis, televisores, casas, aviões, armas mortíferas, novelas e outros sonhos de consumo desta era de aço, plástico e substâncias poluentes, formam a dinâmica das horas cheias do frenesi impaciente de que quase ninguém consegue escapar, da ansiedade por novos equipamentos de uso contínuo a preços módicos, do despertar ao adormecer, viagem elétrica diária de uma antena a outra, quais voos de aranhas tontas, desencontradas. Serão máquinas incandescentes, unção dos metais com os nervos das orelhas, narinas, dos lábios, numa velocidade estonteante rumo do mesmo nada original das aventuras de antigamente.
Essa proximidade do homem com os objetos guardaria, por isso, ligação estreita do sujeito e suas vinculações junto ao mundo arredondado. Resumem os grandes filósofos tudo ser só energia em movimento, ainda que aspectos concretos imponham respeito e dúvidas, na relação com o alimento abstrato do pensamento de materialistas que querem ver ou pegar cada coisa.
A juventude, porém, questiona as cogitações simples dos filósofos. Os moços querem viver a todo custo experiências da civilização que herdaram, nos filmes, livros e máquinas reduzidas made in China. O Brasil chegou agora à marca de possuir celulares equivalentes ao tanto dos seus habitantes, em números absolutos.
Jamais a humanidade inteira atingiu tamanha capacidade física de se comunicar. No entanto o quadro preocupa o sossego e o falado progresso. Margem enorme de meios ainda representa pouco para aquietar o furor dos dramas individuais, pois as pessoas transferem às outras práticas e limitações senis do que haveremos de vencer depois, imposto do caminho da felicidade.
Nunca se fotografou tanto, se filmou tanto, gravou tanta música, quanto nesta época, e os frutos parecem não corresponder ao nível da tecnologia obtida pela raça humana.
O desejo peca na própria satisfação do enigma exigente dos consumidores, que, por mais busquem atender aos corações apaixonados, esbarram nas impossibilidades e angústias de um mundo vazio, atitudes desencontradas, guerras e traumas.
Contanto que forneçam esperanças novas, as tais maquininhas desta hora disseram muito pouco daquilo que se aguardava das matemáticas e pesquisas do homem civilizado. Há, sim, reservas maiores no desconhecido para serem aprimoradas que mostrarão o rosto de dominar os vícios e entrar na outra face da história, quando as marcas do egoísmo sumirão das telas, sombras apagadas pelas luzes da perfeição verdadeira.

Tédio enfastiado e Alegria conquistada - José do Vale Pinheiro Feitosa

No encontro das águas do Solimões e Rio Negro ambas descem paralelas com muitos quilômetros, lado a lado, sem se misturarem. Uma linha nítida separa as duas. Muito adiante as águas recebem mais afluentes e descem até se tornarem uma solução apenas.

O cristianismo já tinha vislumbrando o Amazonas: aquele em que as águas são apenas uma. A igreja com seus filósofos e teólogos é que depois inventou o batismo a partir do qual os que já eram criaturas de Deus por certo foram arrastados para um estado de paganismo para receberem o ritual de qualidade do cristão. Enfim, era o mais político dos atos: os que tomam partido têm a mesma doutrina na irmandade em Cristo.

Não era bem disso que queria falar, era um paralelo. Falo de uma família amiga. Acorda às 11 horas e faz o desjejum em estado de absoluto DIET, outros desdobramentos LIGHT e o tédio da abundância à mesa. Cremes, chapéus, e o arrastar renitente da criançada atravessando os sinais irritantes, os calçadões da salvação do colesterol e as areias mercantis de Ipanema.

Tudo farto e abundante. Dinheiro naquela escala não é problema. Nem no restaurante das 17 horas, no shopping das 21 horas, no cinema das 22 horas e o jantar da madrugada. Facilidades, climatização do veículo com barulho de pena, as câmaras de segurança do edifício e a lenga lenga se vai dormir ou ver um pouco mais de televisão. Termina o final de semana da família amiga, pois no amanhecer tem que correr atrás da grana para mais finais de semanas iguais.

No quilômetro 19 da Teresópolis-Friburgo, Hotel Cachoeira do Frade. Cinqüenta alojamentos para até cinco pessoas em cada. Pensão completa. Piscina ao ar livre e piscina térmica, sauna, toboágua, lagos com patos e carneiros, cavalos para passear, tirolesas para saltar, trilhas e um ambiente rural com serviço completo. Só precisa estar.

Um grupo imenso do subúrbio. Igreja Maranata. Uma grande excursão. Alugaram todos os quartos desde a sexta-feira à noite até o almoço do Domingo. Toda estrutura do hotel sendo utilizada. Comer até não caber mais de tanta abundância. Bebida alcoólica não, mas o resto rola de boca em boca. Namoricos, paqueras no meio da irmandade. Casais trocando amabilidades. Uma festa de imensa dádiva, tudo é sublime e fora dos padrões da vida de rotina.

Foi quando uma senhora alourada pela pintura, com a voz rouca, esganiçada, talvez aí por conseqüência e causa ao mesmo tempo daquele tom de “pato rouco”. Aproxima-se de uma mesa em que se sentam seis amigos e diz:

- Olha o relógio. Não demora a carruagem virar abóbora. Espera-me um tanque de lavar roupa e uma pia de panelas e pratos sujos.

O grupo cai na gargalhada e ela completa:

- Enquanto ainda faltam algumas horas, vamos curtindo o baile. Cinderela desfila.

A Festa Cristã- por Magali de Figueiredo Esmeraldo

Está se aproximando o Natal, a festa cristã que comemora o nascimento de Jesus, o nosso Salvador. Falta mais ou menos um mês, mas o comércio já decorou suas lojas com motivos natalinos, muitas cores, tudo para atrair a clientela para o consumo. É uma pena que o verdadeiro sentido do Natal passa distante da comemoração atual. Com o passar dos anos tudo foi se modificando. Ninguém se preocupa mais com a “Missa do Galo” ou com o que é mais importante, o amor a Deus e ao próximo que é a mensagem maior que trouxe o nosso aniversariante.

Observamos que o mundo está violento, as pessoas egoístas, descriminado e desrespeitando umas as outras, como o caso de jovens paulistas, que na internet disseram palavras horríveis com os nordestinos. O que lemos nos jornais e assistimos na televisão, são notícias de muita violência, de jovens agredindo outros jovens, pessoas matando outras pessoas sem motivo algum, o uso das drogas que também mata e provoca a violência. Tudo isso acontece em conseqüência da ausência de Deus e dos valores morais e cristãos tão afastados dos homens e mulheres nos dias atuais.

Se abrirmos a Bíblia no Evangelho de Marcos (12,28) vamos observar que um doutor da Lei perguntou a Jesus: “Qual o primeiro de todos os mandamentos”? Jesus respondeu: “O primeiro mandamento é este: Ouça ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor! E ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, com todo o seu entendimento e com toda a sua força. O segundo mandamento é este: Ame ao seu próximo como a si mesmo. Não existe outro mandamento mais importante que esses dois”. Jesus quer mostrar para os doutores da Lei que sem o amor a Deus e ao próximo, as leis e as tradições traem o projeto de Deus. Se a nossa sociedade entendesse que o amor a Deus e ao próximo é a chave que abre o caminho da paz e da felicidade, na certa teríamos um mundo sem violência e sem guerras. Jesus no mandamento do amor a Deus e ao próximo sintetiza a essência da vida humana em duas faces inseparáveis. Primeiro entregando-se totalmente a Deus e, vivendo uma relação de fraternidade com o próximo.

É importante que reflitamos que um Natal mais perfeito é aquele em que possamos viver a mensagem do aniversariante. Além dos presentes aos familiares e amigos, o amor à família e ao próximo de modo geral. Quem sabe partilhando o nosso alimento, a nossa ceia natalina com os que menos têm, estaremos preparados para no próximo ano sairmos do nosso egoísmo e abrirmos o nosso coração para Deus? Agindo dessa maneira, ajudaremos a transformar o mundo para que o amor reine entre todos.

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo