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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Leo Dantas – A inquietação documentada

O Cariri é um caldeirão que faz ferver e emergir a diversidade cultural e a produção artística. Leo Dantas é fruto desta efervescência como muitos artistas da região. Leo vem se dedicando nos últimos anos a uma das suas principais inquietações uso das tecnologias, em especial as de fácil manuseio para registro audiovisual e produção de documentários.

Alexandre Lucas - Quem é Leo Dantas?

Leo Dantas - Sou alguém muito sensível a tudo e a todos, forte, bravo, guerreiro e desbravador, idealista, pensador e viajante de um mundo moderno, penso sempre a frente do meu tempo e das pessoas que me cercam, adoro tecnologia e amo a natureza.
Sou empresário do ramo audiovisual, produtor, artista visual, documentarista e desenvolvo oficinas de cunho social para pessoas de 10 a 90 anos.
Sou acima de tudo um sonhador que acredita em seus sonhos, e assim tudo se realiza.

Alexandre Lucas - Quando teve inicio seu trabalho artístico?

Leo Dantas - Sou produtor desde meus 14 anos, sendo assim há exatos 16 anos, desenvolvi ao longo deste período formas artísticas de produção, tornando-me também artista visual e produtor audiovisual, então posso dizer que comecei há muito tempo, tendo em vista minha vasta produção artística.

Alexandre Lucas - Quais as influências do seu trabalho?

Sou meio diferente dos artistas em geral, sou muito quebrador de regras, creio que influências para mim são meio esquisitas, curto de tudo um pouco, busco na verdade minha influência na natureza, nas pessoas e não nos livros, sei que deveria ler mais, mas sei que o que leio me serve muito mais do que vários livros que todos lêem.
Curto muito Glauber Rocha e tenho artistas amigos nos quais busco inspiração, ontem mesmo vendo um documentário muito bacana percebi que algumas imagens se pareciam com as minhas, fiquei muito feliz quando vi que o diretor e roteirista era o cineasta e amigo não tão próximo Jefferson Albuquerque Junior, então posso dizer que devo ter influências dele, mesmo sem tantas pretensões, mais percebi aspectos de nossa produção muito parecidos.


Tratando-se da fotografia, falo da amiga do coração Nívia Uchôa, figura que cativo, além de amigos como Zé Diogo e Diamantino Jesus, ambos de Portugal, falo também do artista multimídia e grande amigo Luiz Duva, vai ai uma dica pra quem não conhece, vale a pena conferir o trabalho deste artista multimídia e grande amigo reconhecido em todo o mundo: www.liveimages.com.br.


Falo agora do trabalho do grande amigo Bulhões Jr. um dos maiores cinegrafistas do Brasil, que sempre me dá altas dicas e idéias e não poderia deixar de citar a influência no trabalho social que recebo do grande amigo Alexandre Lucas, que através de seus projetos sociais me excita a também produzir para o povo, pois arte deve ser feita pelo e para o povo.


Tenho influências também de artistas como Sebastião Ribeiro Salgado, pela insistência em fotografar o ser humano e seus aspectos, algo que também vejo muito na Nívia, adoro a natureza e as possibilidades visuais que elas nos revelam então creio ter influências do Araquém Alcântara, considerado o maior fotografo de natureza do Brasil, e pra finalizar não poderia deixar de citar minha influência tanto audiovisual como fotográfica e de vida mesmo em todos os grandes mestres de cultura que já trabalhei, acho que posso dizer todos, pois correria o risco de esquecer algum nome.

Alexandre Lucas - Fale da sua trajetória?

Leo Dantas - Minha trajetória se confunde com meu crescimento, desde os cinco anos de idade fazia aulas de esculturas em argila com um antigo amigo da família chamado Barros, nunca fui muito bacana nesta área, comecei produzindo aos 14 anos micaretas na região, quem não se lembra do Cariri Folia, então aos 16 anos montei minha primeira empresa produtora junto com dois sócios, realizávamos eventos temáticos e voltados a música eletrônica, fizemos muitos eventos na região do Cariri, então transformei-me em Dj pela paixão a e-music, toquei muito, por todo o estado até os meus 23 anos, ainda toco em festas privadas, muito particularmente, cheguei a ser Dj residente em casas noturnas da capital como a antiga Aluá, Docas Bar e Café Teatro, de onde também fui promoter da casa, realizando cerca de 20 eventos temáticos, comecei então a trabalhar como produtor cultural para o SESC, onde trabalho como freelancer há 10 anos, juntei todas as experiências adquiridas para desenvolver meu trabalho visual e audiovisual, hoje sou produtor responsável por eventos como ( três edições) BNB Agosto da Arte, (nove edições) Mostra SESC Cariri de Cultura, e trabalho para Instituições como Governo do Estado do Ceará, além de várias prefeituras do Ceará na área publicitária e cultural, quem não lembra do comercial do Metrô do Cariri, que virou a “coqueluxe” do Cariri.
Atualmente desenvolvo trabalhos artísticos para os três Centros Culturais do BNB dentre outros projetos próprios da S.A Imagens, minha empresa produtora, juntamente com meu sócio Siqueira Jr.

Participei de duas exposições coletivas, realizei um trabalho que se tornou referência até para a Escola de Artes Visuais Violeta Arraes, o projeto percepções visuais que deu início a um grande ciclo da produção fotográfica da região, incentivando a todos que não se sentiam artistas visuais e muito menos fotógrafos a produzirem, quebrando vários preconceitos e mostrando que qualquer pessoa tem sim um artista dentro de si.
Desenvolvi o projeto Ateliê Ambiental do Caldas no distrito do Caldas em Barbalha, sempre em parceria com o Siqueira Jr., onde trabalhamos a fotografia como meio de preservação da natureza, realizamos quatro oficinas sendo uma delas pelo projeto Arte Retirante do CCBNB Cariri.


Alexandre Lucas - Como você ver a relação entre arte e política?

Leo Dantas - Arte e Política se misturam muito pois nenhuma delas pode existir separadamente, vejo hoje que tudo parte de boas vontades, pois se produzir arte é muito complicado e as vezes muito caro também, porem, percebemos de alguns anos pra cá uma ligação direta entre estas duas formas de expressão popular, pois é notório o crescimento da produção artística do Brasil depois de leis de incentivo, fomentando cada vez mais a produção e dando possibilidades reais de hoje se viver de arte no nosso país.

Alexandre Lucas - Você vem se dedicando as experimentações no audiovisual. Fale sobre esse trabalho?

Leo Dantas - Descobri há alguns anos o audiovisual de uma forma muito própria, pois adoro tecnologia, sendo assim em todas as minhas oficinas, produções e eventos eu gravava através de celular, câmeras fotográficas, e equipamentos mais simples de vídeo, então utilizando programas também simples criava poéticas audiovisuais incríveis, então percebi meu potencial para a área, comecei a produzir sem parar, tudo virava filme, fui conhecendo meu lado documentarista, pois ficava fissurado por mostrar as realidades do meu local, de locais visitados, histórias de pessoas e a natureza, hoje tenho cerca de seis documentários finalizados, e quatro por finalizar, sendo que nenhum de distribuição de massa, me enquadrando assim nas produções independentes do Brasil.
Através de amigos, mostras e dos coletivos é que meus filmes são exibidos, adoro esta forma de produção e isto me torna único e exclusivo, não discutindo assim a qualidade técnica da produção e sim a força da mesma.


Hoje produzimos documentários através da S.A Imagens para o Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil e trabalhamos projetos próprios além de projetos de DVD´s musicais e vídeos de registro para teatro e outros registros.

Alexandre Lucas - O trabalho coletivo é uma das formas de democratizar a arte?

Leo Dantas - Com certeza, aprendi a dividir muito cedo, pois sempre fui agraciado com certas divisões, e isto me fez bem, então vejo o coletivismo muito agradável e primordial à produção artística, pois assim produzimos mais e mais, e ajudamos a desenvolver a criatividade de muito mais gente, ajudamos como um todo a conscientizar.


Alexandre Lucas - Qual l a importância de uma graduação em Artes Visuais?

Leo Dantas - Nem sei dizer mais se sou estudante de Artes Visuais pois assisti apenas 3 semanas de aulas por conta de meu tempo muitíssimo corrido, acho que esta minha resposta vai ser censurada, hehehehe, vejo a graduação como um ponto forte em artistas contemporâneos, porém, hoje para mim, Leo Dantas não seria a principal forma de me tornar mais e mais conhecido ou intelectual, entretanto, volto a afirmar, quem tem este tempo para os estudos deve seguir, pois creio que sou hoje muito agraciado por Deus, sendo meio autodidata, (será que vão me compreender?).


Alexandre Lucas - Você acredita que a Academia elitiza a arte?

Leo Dantas - Sim, é uma forma de dizer... EU SOU...EU POSSO...acho que a arte não deve ser assim, mesmo muitos achando que eu me acho, sempre fui muito povão, vejo isto na minha produção, que muitos da região desconhecem.


Vejo a Academia como forma de conhecimento, então em si tratando da arte, que também se confunde com a vida, podem existir outras formas de se adquirir, basta querer.

Alexandre Lucas - Como você ver a produção de artes visuais no Cariri?

Leo Dantas - Adoro esta efervescência, pois me considero fruto dela, adoro ver pessoas produzindo, conversando e fazendo arte, isto é saudável para uma sociedade se tornar mais crítica e de certa forma positivista.

Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho?

Leo Dantas - Apresento em minhas obras uma forma de se produzir com facilidade, formas básicas de se comunicar através das artes, então acho que com tudo que já fiz e ainda temos a fazer, ajudo a pessoas que se sentem como eu, um não artista a criar coragem para dizerem o que querem através de suas obras, pois a palavra de ordem para mim é produzir cada vez mais, e me tornar alguém mais crítico e capaz, então vejo que as pessoas que participam ativamente ou não de meu trabalho pode adquirir algum conhecimento mesmo não literato.

Alexandre Lucas - Quais os seus próximos trabalhos?

Hoje trabalhamos para três exposições fotográficas as quais estamos negociando com instituições do Ceará, duas relacionadas a natureza e uma outra voltada a terceira idade, três vídeos-instalação, estamos também desenvolvendo um novo documentário, este sobre o Arajara Park, e produzindo um piloto para TV aberta, estou desenvolvendo dois roteiros que ai é meio novidade, para editais de fomento audiovisual, e em fevereiro, estaremos mais uma vez no Centro Cultural do Banco do Nordeste Cariri desenvolvendo a oficina IMAGEM.DOC, oficina de documentário, o qual foi aprovado pelo edital de programação do BNB.


NÃO HÁ INOCENTES

Foto: Cacá Araújo
 
Ao longo da história, desde os remotos tempos da ocupação do nosso vale pelos colonizadores se vem desrespeitando e agredindo a natureza. Ocorre que, em tempos de modernidade, não mais de tolera a ignorância frente aos riscos e necessidade de respostas diretas a ações depredadoras. E o que lamentavelmente vemos é um festival de irresponsabilidades: ocupação irregular de morros, encostas e margens do rio, reduzindo seu espaço e poluindo suas águas; desmatamento; poluição desenfreada da cidade; carência de política permanente de educação ambiental; impunidade... Soma-se a isso, que não é pouco, o empobrecimento dos municípios, que ficam à mercê de humores políticos do governo estadual e da capacidade de influência dos prefeitos junto ao poder central.

Li e ouvi muitos falarem que não há culpados  no caso das enchentes etc. Eu já ouso afirmar que não há é inocentes. Todos somos culpados na medida de nossas ações e omissões. Desde a bolinha de papel jogada na praça, passando pelo voto cego em candidaturas estéreis, até o silêncio amedrontado ante os despautérios e mirabolâncias dos poderosos de plantão no Cambeba e no Planalto.

Já disse em outra oportunidade e repito: sou testemunha do esforço do prefeito Samuel Araripe em buscar soluções para os problemas de saneamento e de proteção ambiental do Crato, especialmente no tocante ao canal do Rio Grangeiro (é tradicionalmente grafado assim mesmo, com "g" ao invés de "j"). Desde o seu primeiro mandato que ele corre governo e ministérios com projetos que visam à requalificação urbana, melhoria da infraestrutura da cidade e qualidade de vida dos munícipes. Mas os recursos estaduais e federais não são fáceis de conseguir, mesmo sendo um direito do cidadão contribuinte. São os vícios da política brasileira, que favorece o sacrifício da população em vez de atender a demanda de gestões que possuam coloração partidária divergente. Isso não é democracia!

O Crato agoniza. Inicialmente com a perda de instituições importantes, agora com a catástrofe das chuvas. Merece o respeito e a união de suas forças políticas, envolvendo também a totalidade das lideranças cearenses da Assembléia Legislativa, Senado e Câmara Federal, a fim de fazer ouvir o clamor de sua gente e ter atendido seu pleito de cidadania e dignidade.

São milhares de vidas em jogo! Esqueçamos as querelas eleitorais que passaram e as que virão. Que Cid Gomes transfira, pelo menos por uma semana, seu governo para a zona do caos e do esquecimento. A itinerância que tanto foi festejada para distribuir simpatias e intenções deve agora ser retomada para distribuir ações concretas.

Nestas linhas de angústia, responderei a perguntas que todo governante realmente habituado à democracia deveria fazer: preferiria que os mais de vinte milhões que se pensa em investir na construção de um novo parque de exposições em outra área, mais os quase dez milhões do centro de convenções, fossem destinados a obras de revitalização do Rio Grangeiro e ampliação de seu canal, inclusive com a desapropriação do que for preciso para estender suas margens. Acrescente-se a isso a ação da bancada cearense no Congresso Nacional e teríamos os recursos necessários à reconstrução do Crato.

O resto é água...

Saudações!

Cacá Araújo
Professor, Folclorista, Dramaturgo
Diretor da Cia. Cearense de Teatro Brincante
Crato-Cariri-Ceará-Brasil