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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Calunga

Calunga é mar de Angola. Falange de Iemanjá. Divindade do grande cemitério. O mar. A grande massa na qual desaparece a pessoa. O mar a grande e vaga coisa. Calunga, povo banto. Povo de terra. Que atravessou a grande morte e no outro lado do inferno, retornou à terra. Noutra vida, nova ordem, escravo precificado, leiloado, investimento produtivo. Calunga é a borda do Brasil.

O quimbanda disse ka "lunga", é o Deus dos missionários europeus. Quer dizer: vago como a imensidão dos mares. Vago porque não era preciso como os deuses bantos. Eram representados por figuras e bonecos. Calunga é natureza de nossas vidas.

As bonecas das feiras nordestinas. Muitas de matéria plástica. Brancas e pretas. Toda menina desejaria brincar com uma calunga em seus sonhos induzidos de cuidar. Afinal quando se brinca se ensaia o trabalho. E as crianças dirigem seu ensaio, de outro modo vira trabalho infantil.

A unidade calunga

Uma teoria ligeira. Frágil. Mas presente como a haste de bambu ao vento. De onde viria a não fragmentação do Brasil em diversas repúblicas lusitanas? Certamente tem fortes raízes na colônia. Quando o país se liberta como a sede de um ex-reino europeu, os diversos levantes provinciais, tanto na regência quanto no império foram controlados pelo poder central. Mas nem sempre a marcha militar teve que se fazer. O controle, em nome central, era local mesmo.

Então esta unidade controlada tem origens na colônia e na própria organização pré-colombiana. Certamente que a unidade tupi-guarani desde São Paulo até o Nordeste contemplava um território por demais extenso e uma cultura tão forte que resultou na primeira unidade lingüística da colônia. Tão sólida e vasta e superada no período pombalino, entre 1750 e 1777.

A unidade religiosa, inclusive feita através da linguagem indígena, qual seja a tal língua geral com que todas as tribos e os portugueses se comunicavam, especialmente os religiosos de todas as ordens. A fusão entre língua e religiosidade portuguesa (católica) deu origem a este imenso Brasil.

Então quando o mito da nacionalidade se tornou universal, o Brasil imediatamente caiu na vala comum, todos os elementos necessários estavam presentes. As revoluções a moda americana, inglesa ou francesa, não tiveram o povo, apenas uma elite esclarecida e distante da massa amalgamada nesta religiosidade vaga como a imensidão do mar.

A Guerra do Paraguai: a verdade dos fatos




A partir da década 70 virou coqueluche, nas universidades públicas brasileiras, a divulgação de “novas interpretações” para a Guerra do Paraguai, o mais longo e sangrento conflito ocorrido na América do Sul. Boa parte dos professores de história daquela época, passou a adotar como verdade inquestionável o livro “Genocídio Americano, a Guerra do Paraguai”, de Júlio José Chiavenatto. Nele consta que o imperialismo inglês manipulou o Brasil, a Argentina e o Uruguai, integrantes da Tríplice Aliança contra o ditador paraguaio Francisco Solano Lopez. Maus brasileiros continuam – ainda nos dias de hoje – afirmando ter sido Dom Pedro II o causador desse “genocídio”, sendo o imperador brasileiro o culpado pela morte de Solano Lopez.
Em novembro de 1994 ocorreu no Rio de Janeiro, na Biblioteca Nacional, o colóquio “Guerra do Paraguai–130 anos”, no qual o pesquisador inglês Leslie Bethell – da Universidade de Londres – provou que o quadro econômico do Paraguai, no século 19, nunca incomodou a então poderosa Inglaterra. Bethel demonstrou, também, que a decantada ajuda dos bancos ingleses à Tríplice aliança não passou de 15% dos gastos brasileiros com a guerra.
Já o falecido professor Alfredo Arraes Alencar, em interessante artigo, esclareceu:
“A causa remota da guerra (do Paraguai) foi e megalomania de Lopez. Foi o seu ambicioso intento de conquistar territórios, a fim de estender seu domínio até o estuário do (rio) Prata. Para isso preparou-se largamente, armando o exército, construindo navios e levantando inexpugnáveis fortificações.
Declarou Lopez ao escritor espanhol Bermejo: “Sou soldado e tenho de declarar guerra ao Brasil. Se deixei que meu pai firmasse a paz, foi porque eu queria a glória de mostrar às repúblicas vizinhas que basta o Paraguai para derrubar aquele colosso”.
A causa próxima foi o apresamento do “Marquês de Olinda”, episódio ao qual se seguiu a invasão de Mato Grosso pelos paraguaios. Ao Brasil só lhe restava, evidentemente, o repelir a afronta pelas armas.
Autor de numerosas atrocidades, o ditador Lopez esmerou-se em crueldade no “Morticínio de San Fernando”, em agosto de 1868, quando, já em fuga e vendo traidores por toda a parte, julgou-se alvo de uma conspiração e mandou fuzilar, impiedosamente, dois irmãos (Benigno e Venâncio), um cunhado (Badoya), o bispo de Assunção (Palácios) e quatro ministros (Berges, Bruguez, Allen e Barrios), além de numerosas outras pessoas.
Duas irmãs do ditador e sua própria mãe foram encontradas (pelos brasileiros) prisioneiras, debilitadas por maus tratos, a espera de serem entregues a tribunais militares, conforme testemunho do Visconde de Taunay. O embaixador americano em Assunção, Wasburn, indignado, retirou-se do Paraguai, declarando Lopez “inimigo da humanidade”. O verdadeiro genocida. (Cfe. “História do Brasil” do Pe. Galanti, edição de 1905, tomo IV, página 600).

E ainda há quem lamente a morte do “bondoso” ditador, lançando essa culpa sobre o “belicoso” e “sanguinário” Dom Pedro II.

A tanto chega a vilania dos detratores da Pátria!”