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domingo, 17 de janeiro de 2010

Crítica ao CD "Calendário ( O Tempo e o Vento)"

Canto de viver e sonhar

Por: Cláudia Sampaio

Vou fazer uma jangada
E pelo ar eu vou
Desbravar os sete ares
Pra encontrar o meu amor

(Ridimúin – Jangada aérea)


Calendário (O tempo e o vento), primeiro trabalho solo do cantor e compositor Geraldo Júnior, é uma celebração ao movimento da vida e seus ciclos de nascimentos e mortes. Nesse Calendário, que tem por combustível o amor e a saudade, o tempo circula desobediente de convenções; é feito de memória, lendas da terra natal, do mistério, do mar, do vento, das chuvas e das paixões.

As letras falam de temas poéticos por excelência: tempo, amor e saudade. As composições brilham pelo cuidado na combinação de palavras, viola, violão, acordeom, rabeca, baixo, pandeiro, triângulo, zabumba, flauta e percussão; e trazem a energia vibrante da voz de Geraldo Júnior.

Nascido em Juazeiro do Norte (CE), o jovem cantor é célebre em sua região, onde foi vocalista da banda Dr. Raiz, quando era então conhecido como Júnior Boca. Apontado como destaque na nova geração de artistas do Cariri – lugar que vem se destacando no cenário cultural brasileiro –, Geraldo mantém os laços com a riqueza cultural que traz do berço, com a gana de quem quer ganhar o mundo e o encanto de quem tem o ofício por missão.

Um dos hits é “Chuva de Janeiro”, que ele fez em parceria com Beto Lemos, com fãs declarados na comunidade que Geraldo tem no Orkut. Há farto material do artista na internet, vídeos no Youtube, reportagens de jornal, um blog de poemas e o CD está disponível para download, mas é daqueles com capa tão bela e bem cuidada que vale a pena ter o original.

Assim, ouvir o Calendário é sentir essa pulsão de vida, o sentimento do mundo como escreveu Drummond – amor e fogo.

É daquelas canções que dão fome de viver e de sonhar.

Para ouvir e saber mais: http://www.myspace.com/geraldojuniorcariri

Publicado em 24/11/2009 no site "Educação Pública":
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cultura/prosaepoesia/0244.html

O sentido da vida - Por Emerson Monteiro

“Se a terra gira em torno do sol ou se o sol gira em torno da terra é uma questão de profunda indiferença.” “Por outro lado”, ele continua: - Vejo muitas pessoas morrerem porque julgam que a vida não é digna de ser vivida. Vejo outros, paradoxalmente, sendo mortos por ideias ou ilusões que lhes dão uma razão para viver – razões para viver são também excelentes razões para morrer. Concluo, portanto, que o sentido da vida é a mais urgente das questões.” (Albert Camus, in O mito de Sísifo).

Há dias claros como a luz das salas de cirurgia, quando a esperança corre solta por um fio brilhante de bisturi, aos olhos vesgos dos especialistas de armas em punho e sorrisos clínicos encobertos por baixo das máscaras brancas da matemática oficial da vida.
Noutros, o barco emperra areia da margem cinzenta das várzeas sem chuva no sertão, paisagens vazias dos córregos cheios de antes, na flor das alvoradas.
Os amigos em festas circulares chegam de repente e denotam cordialidade. Música das almas. Cheiro bom de terra molhada. O vento do estio nas telhas encharcadas de renovos. Portas fiéis. Nuvens...
Depois disso tudo, toca o telefone e o assunto mistura o que se pretende contar... E deixar de lado o desejo incontido de encaminhar um tema no papel, passar a quem lê o que se transcreve do lado de cá do universo, bem próximo dos maiores extremos.
Sentido impõe condições acima de outros aspectos perdidos na ilusão dos sentidos. Um marco único. Duas extremidades do trilho suave da noite das espécies, que fermentam sede monumental do perfeito, uns céus quase dentro das mãos que escapolem por entre os dedos, contas de vidro corrosivo, convergências toscas do sonho imortal da eterna felicidade.
Ainda que encharcados de euforia, leve sopro de brisa desmistifica a fome gritante de verdades perene nesta fase do tempo. Contudo os pássaros cantam; o verde reverbera; o Sol gira no próprio eixo; a Lua surge metálica nos finais das tardes, no poente; as crianças riem na algazarra mais simples e irreverente; as flores; os mananciais; os tetos manchados de rotos sinais, notas musicais, silêncios longos; momentos da alma que geme de dor, amor, espera.
As pulsações em passos lentos percorrem o espaço; qualquer névoa tinge de fulgor o espelho das memórias adormecidas.
Jamais como antes espectros perfurarão o vazio do sentimento. Novas notícias alimentaram o frêmito do coração e pediram (imploraram) esclarecimentos dos próximos passos a seguir. Sonhos em elaboração nas florestas do mistério. Só isto, pronto.

LANÇAMENTO DE LIVRO DIA 22

... São lembranças de um carnaval ...

Final dos anos 60, início da década seguinte, anos 80. A Rádio Araripe, através da iniciativa do saudoso Eloi, nos primeiros dias do mês de janeiro, colocava no ar, sempre após as 16 horas, o “Expresso Carnavalesco H20” – posteriormente com mudanças na sintonia da emissora associada “Expresso Carnavalesco 603”. “Forçava” assim, o grande Eloi, os foliões, os brincantes de uma maneira geral e a própria população a realização espontânea de mais um carnaval. Víamos nos bairros os ensaios das escolas de samba. A cidade despertava, acordava, se preparava para mais um período momino. O clima de autoestima, de ser realmente cratense, de alegria “invadia” toda a cidade. A crônica carnavalesca era organizada e dava apoio total ao momento festivo. Turistas dos mais diversos estados do país aqui chegavam. Hotéis, pousadas, residências familiares e de amigos super lotavam de alegres visitantes. “A alma” da cidade se enchia de entusiasmo. O seu coração (Praças da Sé e Siqueira Campos) pulsava mais forte. Zé Maia era seu símbolo maior. Maestro Azul preparava a bandinha e seu agradável repertório. Alegria total. Ruas Dr. João Pessoa, Miguel Lima Verde e Praças acima citadas eram espaços pequenos para tanta gente. No domingo e na terça os desfiles oficiais das nossas escolas de samba. No palanque, o prefeito da cidade, secretários municipais, o rei momo. Eloi, pela Araripe, Heron, pela Educadora aprontavam seus equipamentos de transmissão. Nosso povo era feliz e sabia. 20 horas, mais ou menos, terminava o carnaval de rua. Íamos direto para as dependências do Crato Tênis Club. Chegávamos ao bar do querido Juarez: uma, duas, três cachaças. Adentrávamos o Clube do Pimenta. Descontração total. A indiferença e o descompromisso dos três últimos administradores municipais, a omissão e o silêncio por parte da imprensa local, o preconceito por parte de nossa elite econômica e social, entre outras situações, inviabilizou a felicidade de nosso povo simples e bom, nossos trabalhadores, que tinham no carnaval da cidade um dos seus poucos momentos de lazer e descontração.
... São lembranças de um carnaval que passou... como diz a canção carnavalesca (um abraço Abidoral!).

Jorge Carvalho - Professor
Janeiro/2010