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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

FEBRE AFTOSA




O gerente regional da EMATERCE no Cariri, Adonias Sobreira informa que a Região já atingiu mais de 90% da cobertura vacinal da campanha contra a febre aftosa. O maior problema é no município de Missão Velha, que atingiu apenas 70% da meta. O alerta é grave e vale para todos os produtores: a cobertura vacinal é obrigatória e deve ser feita para que o Estado do Ceará possa comercializar carnes e derivados sem problemas, já que as barreiras sanitárias existem e são feitas em estados como Pernambuco. Se os animais não estiverem vacinados e forem detectados problemas da febre aftosa nos animais o Ceará fica prejudicado na comercialização de carne, leite e outros produtos, com diversos estados brasileiros.

DOCE NATAL



Com o slogan "No Cratinho de Açúcar todo mundo é irmão" o projeto da Prefeitura Municipal do Crato, Doce Natal, começa a desenvolver seus trabalhos para a promoção de um Natal cheio de luz, paz, generosidade e fraternidade. Serão realizadas ações no intuito de arrecadar brinquedos, divertir e, sobretudo, promover a fraternidade que há no coração da população cratense. Em suma, serão atividades que arrecadarão brinquedos para um Feliz Natal para todas as crianças cratenses. Ações como a Doce Ilha Solidária, Doce Malhação, Doce Saúde, bem como o Mão Amiga, que realiza visita em hospitais, creches e ONGs. Dentro da programação do Doce Natal, a Secretaria de Cultura, Esporte e Juventude do Crato, apresenta hoje o Doce Canção, a partir das 21h com um show de Geraldo Juinior e Banda,com o legitimo Forró Pé de Serra. O show será no Café Estação, localizado no Centro Cultural do Araripe, no Largo da RFFSA. O Couvert artístico será um brinquedo.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

COMPRAS? FAÇA AS CONTAS


Dezembro se aproxima e com ele as festas do final do ano. Natal e Ano-Novo fazem deste mês um dos mais rentáveis para a indústria e comercio. Todos os anos, este é o período onde são oferecidos empregos temporários nos dois setores para dar conta das encomendas e atendimento. A economia se aquece e o pagamento do 13º e, possivelmente, da remuneração das férias trazem um “gás extra” ao bolso do trabalhador. Mas o que fazer pra não estourar o orçamento? Como calcular até onde podemos ir com os gastos de fim de ano? Quanto reservar para as despesas do início do ano?

No mês que montamos a árvore de natal e encomendamos o peru, parecemos inebriados com a euforia das festas e, muitas vezes, esquecemos de pensar no quanto precisamos reservar do orçamento para a virada do ano. Material escolar das crianças, matrícula do colégio, licenciamento e seguro do carro, gastos de viagem como passagens e hospedagens são algumas das despesas que representam um grande impacto no orçamento doméstico, de janeiro de cada ano. O problema é ainda maior quando, por razões diversas, o cidadão comum acumula dívidas e vê-se em situação difícil. Como diz o ditado popular: além da queda, coice! A solução parece ser uma só: planejamento!

No primeiro caso, o melhor é fazer as contas. Some tudo que tem que pagar (contas) e comprar (presentes), veja se dispõe do montante nas datas. Dê prioridade às contas. Assim o restante poderá ser usado de acordo com sua disponibilidade e ordem de prioridades. Se o seu caso é o segundo (você devedor), a sugestão é usar o 13º no abatimento total ou parcial da dívida. O que restar dela deve ser negociada e dividida em parcelas. Caso isso não seja possível, fuja dos juros altos dos cartões e parta para um empréstimo que usará no pagamento das dívidas, de preferência no banco que oferecer os juros mais baixos, sempre com parcelas dentro da sua capacidade de pagamento.

Este texto não se trata de uma apologia ao “anti-consumo”. Trata-se de um apanhado de sugestões de ações, simples, de grande impacto na saúde financeira da família. É fundamental que a cultura do planejamento financeiro faça, cada vez mais, parte da educação de todos. O Brasil crescerá ainda mais. Acompanhar e registrar as despesas, poupar, aplicar bem os vencimentos, e principalmente, não comprar (gastar) o que não se pode pagar, diminuirá a inadimplência e suas terríveis conseqüências: endividamento e desemprego.

Compras? Sim! Depois de fazer as contas.

Dimas de Castro e Silva Neto
Mestre em Gerenciamento da Construção pela University of Birmingham
Professor do Curso de Engenharia Civil da UFC Cariri

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

A CONSCIÊNCIA DO EXPLORADO

No que se refere aos séculos do capitalismo, muitos adjetivos foram agregados. Especialmente em razão dos efeitos sociais e culturais de sua economia. Os adjetivos foram aplicados em momentos históricos definidos, mas hoje se fundiram numa mesma massa conceitual. Oprimidos, perseguidos, explorados, discriminados, exterminados, dominados e tantos que se encontram no nosso imaginário. Afinal o efeito da fome, os famélicos da terra, tomando consciência de sua situação na escala real do mundo. Na escala dos arranjos econômicos, a escala nas quais tomam consciência de serem explorados.

Não interessa que seja esta a consciência de um negro discriminado, de uma mulher jogada pela janela por um macho dominador, uma criança de rua apedrejada. Da mesma massa conceitual se encontra a consciência de ser índio como resposta a este rolo compressor que soma uma falsa idéia do progresso humano com as motoserras a gerar vazio. Afinal são todos os efeitos de uma mesma e única forma universal de gerar riquezas e acumular capitais.

Não se imagine que uma consciência seja um simples lampejo. Que de repente assoma a percepção do oprimido. Pelo contrário, a pedagogia do oprimido, a pedagogia que supera a opressão, é um processo que envolve simultaneamente o fim do opressor externamente e no interior do oprimido. O opressor se agrega ao comportamento do oprimido, não como consciência crítica, mas como aceitação de uma espécie de realidade imutável. Por isso, dias nacionais que refletem a consciência da opressão, da discriminação, fazem parte de um processo de superação que se diga é histórico e pleno de subterfúgios.

Se observarmos a realidade das lutas contra a segregação racial nos EUA durante os anos 60, no seu eixo se encontravam os direitos sociais. Aliás, os direitos sociais, uma grande conquista da era das revoluções sociais na Europa, dos partidos comunistas e trabalhistas, agregaram à democracia um valor novo, de universalidade, bastante compatível com uma sociedade complexa, industrial e urbana. Isso é tão profundamente importante que o atual conceito de democracia já inclui os direitos sociais como essenciais a ela.

Quando se levantam dúvidas a respeito das questões da discriminação, do explorado, do oprimido, há por trás, sempre, uma visão política de mundo. Baseada na permanência e não na superação das desigualdades. Por isso mesmo é que no mesmo diapasão da bulha contra os direitos humanos se encontra a crítica aos direitos sociais. Esse é o processo em si de superação histórica de um país como o nosso em que o oprimido carrega a opressão em sua alma; o preconceito e o desconhecimento desfoca a realidade.

Mas nada impede que amanhã uma voz ainda vocifere contra os direitos humanos dos bandidos e contra as cotas raciais para negros. A alternativa é ampliar a consciência social da igualdade humana.

Vem aí o 5º Berro Cariri



Na foto, abertura do 2ºBerro Cariri,
em 2005. Da esquerda para a direita:
o Reitor da Urca, André Herzog, Governador
Lúcio Alcântara e o criador do evento,
Prof.Francisco Cunha
A cidade de Crato será sede – no período de 4 a 7 de dezembro – no Parque de Exposição Pedro Felício, a quinta edição do Berro Cariri, uma feira que vem sendo realizada desde 2004 objetivando incrementar o setor da ovinocaprinocultura regional.Serão priorizados as cadeias produtivas da ovinocaprinocultura, apicultura e mandiocultura. A novidade deste ano fica por conta da introdução de bovinos e de pequenos negócios rurais. Agentes financeiros, como Banco do Nordeste e Banco do Brasil estarão com agências para financiar venda de animais e produtos agrícolas.A 5ª edição do Berro Cariri será aberta às 17 horas do dia 4 de dezembro, com apresentação de retreta com a Banda de Música Maestro Azul do Crato. Na programação cultural estarão ainda, apresentações de reisados, festival de violeiros e shows com Joãozinho do Exu, Flávio Leandro, Epitácio Pessoa e Herdeiros do Rei.


A razão do nome
O nome BERRO CARIRI foi idéia do saudoso Monsenhor Francisco Murilo de Sá Barreto. Este, ao ser comunicado – pelo Prof. Francisco Cunha, em 2004 – da iniciativa da Universidade Regional do Cariri–URCA em promover uma Feira Regional da Ovinocaprinocultura, lembrou uma carta do Padre Cícero Cícero (dirigida ao deputado Floro Bartolomeu) onde o sacerdote dizia: “O Cariri precisa continuar “berrando” na busca da solução dos seus problemas”...O prof. Cunha não teve dúvidas: O nome da Feira será BERRO CARIRI!
E assim foi da 1ª a 5ª versão que será realizada de 4 a 7 de dezembro de 2008.


O Cariri
A Região do Cariri é um verdadeiro oásis, encravado nos adustos sertões do centro nordestino. A diferença altitudinal da Chapada do Araripe, associada a Massa de Ar da Zona de Convergência Intertropical garante uma maior precipitação pluviométrica, que associada a solos férteis, permite o desenvolvimento de uma agricultura e pecuária com grande potencial de crescimento.As condições edafoclimáticas são propícias ao desenvolvimento de uma pecuária de pequeno porte, onde a ovinocaprinocultura se apresenta como uma alternativa de grande potencial para a região.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Conhecendo a história do CaririJosé Martiniano de Alencar


(Matéria publicada no jornal O POVO em 29/12/1994)

1994 é o ano do bicentenário do pai de José de Alencar


Há dois séculos nascia uma personalidade que marcou por 50 anos a política local e nacional. Filho da revolucionária Bárbara de Alencar e pai do consagrado autor de “Iracema”, José Martiniano de Alencar era republicano e, já aos 23 anos, foi um dos responsáveis pelo movimento que proclamou no Crato um governo revolucionário.
Tão marcante quanto controvertida, a figura pública de José Martiniano de Alencar deixa dúvidas para a posteridade. É acusado de ter sido covarde – teria negado no seu julgamento a participação no movimento do Crato, imputando a seu irmão Tristão Gonçalves todo o erro. Já o seu sobrinho, o conselheiro Tristão Araripe, em artigo publicado no “Diário de Pernambuco”, afirma que Alencar contestou a utilidade do movimento “ponderando os perigos do desmembramento do Império e da aceitação do princípio democrático puro”, mas convencido pelo irmão tomou parte na revolução e jamais negou a autoria dos próprios atos. Segundo essa versão, o acusado foi absolvido por pessoas influentes na política da época que lhe reconheceram a moderação e os serviços prestados à causa pública como deputado constituinte.
Controvérsias à parte, José Martiniano de Alencar conseguiu de alguma forma voltar às boas com o poder político da época já em agosto de 1834 é o nomeado o sétimo presidente do Ceará e em 1841 assume cadeira no Senado. Nessa época, apresentou um projeto que foi motivo de grande polêmica. Queria dividir o Ceará e criar nova província, o “Cariri Novo”, mas segundo o historiador José Aurélio Saraiva Câmara o verdadeiro objetivo era diminuir a zona de ação dos seus adversários e implantar um império próprio no Sul da província. Nomeado novamente presidente do Ceará, esquece o projeto – não tinha interesse de dividir a província e diminuir seu poder. Quando destituído da presidência do Ceará, em 1837, José Martiniano de Alencar segue com a família para o Rio de Janeiro, onde morre 23 anos depois, aos 65 anos, vítima provavelmente de infecção tifóide.

Centenário de Antônio Corrêa Celestino

FAMÍLIA DE ANTONIO CORRÊA CELESTINO,

E

PREFEITURA MUNICIPAL DE BARBALHA,
PREFEITURA MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE,
ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE JUAZEIRO DO NORTE,
CLUBE DE DIRETORES LOJISTAS DE JUAZEIRO DO NORTE,
SINDICATO DOS LOJISTAS DO COMÉRCIO DE JUAZEIRO DO NORTE,
ASSOCIAÇÃO DOS FILHOS E AFILHADOS DE JUAZEIRO DO NORTE,
CENTRO CULTURAL OBOÉ,
MEMORIAL PADRE CÍCERO.

Convite

A Família Celestino e as instituições acima nomeadas têm a honra de convidar V. Sa. e família para a Comemoração do Centenário de Nascimento de

Antonio Corrêa Celestino

O Evento será realizado com a seguinte programação:

Fortaleza – dia 4 de Dezembro de 2008 (Quinta-feira):
20:00 h – Lançamento do livro Antonio Corrêa Celestino, no Centro Cultural Oboé, à Rua Maria Tomázia, 531 - Aldeota.

Barbalha – dia 7 de Dezembro de 2008 (Domingo):
10:30h – Missa Gratulatória, celebrada por Mons. Pedro Barreto Celestino, na Igreja-Matriz de Santo Antonio;

Juazeiro do Norte – dia 7 de Dezembro de 2008 (Domingo):
20:00h – Sessão Comemorativa do Centenário, com o lançamento do livro “Antonio Corrêa Celestino”, no Memorial Padre Cícero.

Durante os lançamentos mencionados, a obra será distribuída entre os convidados.

Todos, antecipadamente, agradecem.

Oeiras, Sul do Maranhão e Tocantins (1)

Durante uma semana percorremos terras do Piauí, Maranhão e Tocantins. Ao final, uma constatação: o interior do Brasil é mesmo muito bonito e merece ser visitado. Divido com os leitores algumas observações constatadas dessa viagem.

O Piauí teve origem em Oeiras
A antiga Vila da Mocha – depois batizada por Oeiras – foi a primeira cidade e primeira capital do Piauí. Isso perdurou de 1758 até 1852, quando o então Presidente da Província, José Antônio Saraiva, tomou a iniciativa de transferir a capital do Piauí para a Vila Nova do Poti, localizada entre este rio e o Parnaíba, que recebeu o novo nome de Teresina, em homenagem a Imperatriz Teresa Cristina, esposa do Imperador Dom Pedro II.O exemplar mais importante da antiga arquitetura de Oeiras é a catedral de Nossa Senhora da Vitória, (foto ao lado) concluída em 1733, como atesta a inscrição existente na porta da nave: HOC EST DOMUS DOMINI – FIRMITER AEDIFICATA ANNO DOMINI 1733. Na cidade existem ainda outras construções remanescentes do período colonial, como duas igrejas históricas: a de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e a de Nossa Senhora da Conceição, mas ambas sofreram – ao longo do tempo – profundas descaracterizações.





Sul do Maranhão
A região Sul do Maranhão é uma das principais produtoras de soja do país. Nos últimos tempos, imigrantes gaúchos, paranaenses, mineiros e paulistas introduziram técnicas modernas de exploração agrícola e pecuária, que impulsionaram o desenvolvimento daquela região. Disso resultou o Pólo Agrícola Mecanizado de Balsas, o Pólo Siderúrgico de Açailândia e a consolidação da cidade de Imperatriz como pólo comercial e de prestação de serviços. Existe até uma corrente defendendo a criação de um novo Estado no Brasil: o Maranhão do Sul, que compreende uma área de quase 150 mil quilômetros quadrados, o que o tornaria o quinto maior Estado nordestino, com área territorial maior do que a de outros cinco da mesma região: Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Sergipe. Sua população seria de pouco mais de 1,4 milhão de habitantes, distribuída por 49 Municípios, tendo como capital a cidade de Imperatriz.
No centro-sul do Maranhão fica localizado o parque Nacional da Chapada das Mesas (foto ao lado), com uma área de 160 mil hectares, abrangendo terras dos municípios de Carolina, Estreito e Riachão. O parque, criado em dezembro de 2005, está inserido nas metas dos órgãos ambientais em aumentar áreas protegidas do bioma Cerrado. A região desta nova chapada ainda apresenta uma riqueza enorme em espécies vegetais e animais e segundo especialistas, a criação destas unidades é uma corrida contra o tempo para salvar grandes remanescentes do cerrado brasileiro.

Outra beleza do Sul do Maranhão é o Rio Tocantins, (ver foto ao lado clicada no Por-do-Sol) navegável, com 2.416km de extensão, que corre no sentido de Sul para Norte, ligando a Amazônia ao Planalto Central, onde nascem os seus dois formadores: O Rio das Almas, oriundo da serra dos Pirineus (Goiás), e Maranhão, da Serra Geral do Panará. O Tocantins atravessa os Estados de Goiás e de Tocantins, separando este último, no extremo norte, do Maranhão.
Oportunamente escrevei sobre o Estado do Tocantins.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Restos mortais de bispos cratenses serão exumados


Os despojos dos três primeiros bispos da diocese de Crato – Dom Quintino, Dom Francisco e Dom Vicente – que se encontram sepultados em locais dispersos na Catedral de Nossa Senhora da Penha (foto acima) serão exumados no próximo dia 6 dezembro.
Em seguida, os restos mortais desses prelados serão sepultados na Capela da Esperança, ora em construção na catedral de Crato. Antes da inumação haverá a celebração de uma missa a ser presidida por Dom Fernando Panico, atual bispo diocesano.

Os bispos

Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, cearense de Quixeramobim, foi o primeiro bispo de Crato. Ele governou a diocese por 14 anos (1916-1929) e foi o responsável – dentre outras iniciativas – pela reabertura do Ginásio São José, com o nome de Ginásio Diocesano. Criou a Congregação das Filhas de Santa Teresa de Jesus e o colégio com o mesmo nome. Fundou, em 1921, a primeira instituição de crédito do Sul do Ceará, o Banco do Cariri. Dom Quintino foi, ainda, o pioneiro do ensino superior no interior do Ceará, ao reabrir, em 1922, o Seminário São José, dotando-o dos cursos de filosofia e teologia, nos quais os novos padres recebiam a licenciatura plena.

Capela de Santa Teresa de Jesus
construída por Dom Quintino

Dom Francisco de Assis Pires, baiano de Salvador, segundo bispo de Crato, governou a diocese por 37 anos, de 1932-1959. Dom Francisco dotou a diocese de vários empreendimentos, dentre os quais se destacam o Hospital São Francisco, Colégio Diocesano, Patronato Padre Ibiapina (hoje sede da reitoria da Urca), Palácio Episcopal, Liceu Diocesano de Artes e o jornal "A Ação" que circulou até a década 70.


O terceiro bispo, Dom Vicente de Paulo Araújo Matos, (foto abaixo) cearense de Itapagé, chegou a Crato em 1955, como bispo - auxiliar, permanecendo até 1992, ou seja, por 37 anos. A ele a diocese deve, dentre várias iniciativas, a criação da Fundação Padre Ibiapina, da Faculdade de Filosofia de Crato (embrião da atual Universidade Regional do Cariri), dos Colégios Madre Ana Couto e Pequeno Príncipe, dos sindicatos de trabalhadores rurais nos municípios do Sul do Ceará, da Escola de Líderes Rurais e Organização Diocesana de Escola Profissionais, além da construção do Centro de Expansão que hoje leva o seu nome.

Relíquias de Santa Margarida Maria Alacoque percorrerão a diocese de Crato







A diocese de Crato recepcionará, no próximo dia 26 de dezembro, as relíquias de Santa Margarida Maria Alacoque, ora percorrendo as dioceses brasileiras em peregrinação. Essas relíquias – um ossário que contém vários fragmentos de ossos e uma parte do tecido cerebral, que se conserva incorrupto, por mais de 300 anos – serão recepcionadas inicialmente na Catedral de Nossa Senhora da Penha.
A peregrinação que vem percorrendo diversos países partiu da França, onde Jesus apareceu à Santa, no século XVII. Conforme Dom Fernando Panico, bispo de Crato, “O objetivo da peregrinação das relíquias da santa é despertar no povo essa devoção e preparar o Brasil para ser consagrado ao Coração de Jesus”. No Cariri, segundo Dom Fernando, essa devoção já está bem arraigada e faz parte da cultura católica nos 32 municípios que formam a diocese de Crato, todos possuidores da associação de fiéis do Apostolado da Oração.
Para o Cura da Sé Catedral, Padre Edmilson Neves, “As peregrinações contribuem para fazer conhecer a mensagem do Coração de Jesus no mundo, que é uma mensagem de paz, amor e reconciliação, além de reavivar a fé dos cristãos no profundo Amor do Divino Coração pela humanidade”.

Quem foi a Santa
Santa Margaria Maria Alacoque era francesa, nasceu em 1647 e acreditava que sua missão era dar impulso à devoção ao Sagrado Coração. Ela morreu no dia 17 de outubro de 1690, aos 43 anos de idade. Foi beatificada no dia 18 de setembro de 1864 e canonizada no dia 13 de maio de 1920.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

CIDADÃO COMUM: REFLEXÕES SOBRE A CRISE

A população mundial foi surpreendida, há pouco mais de um mês, por uma crise financeira mundial sem precedentes. Para o mercado financeiro americano, uma crise esperada visto que, via de regra, banco que não recebe pagamento de seus empréstimos não paga suas contas e: quebra! Mas o que não se esperava era o efeito dominó. Pelo menos nestas proporções. Nós, felizes cidadãos comuns brasileiros, fomos pegos de surpresa.

A “moda” de investir em ações tem pouco tempo, pelo menos para, a pura, classe média brasileira acostumada a aplicar suas economias em caderneta de poupança, ou arriscar-se em alguma aplicação de médio prazo. Lembro que, no início, muitos se gabavam de terem adquirido ações de empresas como PETROBRÁS e VALE, investimento de retorno rápido e garantido. Ultimamente, era comum, nas rodas de conversa, alguém dizer que estava aprendendo a comprar e vender ações pela internet, como se fosse uma onda sem volta. Complementarmente, fazia muito, mas muito tempo mesmo, que não via alguém dizer que compraria dólares, a não ser pra viajar para os Estados Unidos, destino também em moda graças à “valorização” do real.

Hoje, o que percebo é que todos, economistas e entendidos, dizem ser esta uma crise horrível, mas pouco sugerem à população o que fazer. Uns dão a entender que não se deve deixar de consumir, o que traria o desemprego. Outros ainda, com ar de incerteza, dizem que é hora de economizar visto o panorama incerto. Ou seja, a população não parece saber ainda como agir: gastar ou poupar? Estocar? Aplicar? Em que? Ninguém arrisca! Ninguém ainda sente no bolso os efeitos da crise. O combustível, os alimentos, os aluguéis, os materiais de construção, nada ainda sofreu aumento representativo. Não aconteceram, ainda, demissões em massa ou coisa parecida. Ou seja, pra quem não tinha dinheiro em ações ou tem que comprar dólares, esta crise ainda não chegou.

Penso que a crise é um momento onde muitos perdem, porém sempre há uma maneira de alguém sair fortalecido. O próprio E.U.A. aproveitou-se de momentos extremamente delicados como a primeira e segunda guerra mundiais para se consolidar como maior potência mundial. Quem sabe esta não é a oportunidade do Brasil destacar-se, deixar sua marca, por incrível que possa parecer? Parece que o Governo Federal começou a enxergar isso aumentando o crédito para os setores agrícola e da construção. Outra ação importante, a meu ver, seria a diminuição dos impostos, e facilitação do crédito, as empresas interessadas no mercado interno para que estes produtos tenham preços mais interessantes, vendam mais e, conseqüentemente, não seja necessário haver demissões e assim haja uma compensação da diminuição das exportações. Ao final, dependeríamos muito menos dos consumidores externos e nos “blindaríamos” de futuras, possíveis, crises externas.


Dimas de Castro e Silva Neto, M.Sc.
Eng. Civil, Prof. do Curso de Engenharia Civil da UFC Cariri

E O NOTICIÁRIO?

Ontem as imagens de televisão mostraram fila de desempregado em Nova York. Isso não é incomum. O mesmo se viu no passado daquele país e até não muito distante. Mas algo naquelas imagens deu sentido novo a tudo que já vimos. Uma senhora de 80 anos desistindo de permanecer na longa fila, pois já não tinha mais força física para suportar a espera. Ela queria um ganho para completar a sua insuficiente renda. E qual o valor deste fato? É apenas condolência pela velhice?

E aí nosso raciocínio se enganaria. Isso mostra que a crise do capitalismo não é um tombo mágico que de repente ocorre. Não funciona com a fantasia com a qual muita gente se apega aos ciclos de Kondratieff. Fantasia que compreende uma curva virtuosa e um tombo desastroso. Fantasia analítica como tudo é no capitalismo e também o foi no feudalismo. Ao analisar o ciclo de crescimento produtivo, tais ciclos apenas vêm isso, não enxergam os "corpos caídos" nos campo de batalha da circulação e consumo da produção. O virtuoso é que os indicadores em geral no capitalismo vêm apenas o sucesso do acúmulo, das bolsas, dos derivativos, do estoque e na ponta o preço. É como no feudalismo examinando a vida em geral pelo que ocorria no Castelo de Versailles.

Então a senhora de 80 anos na fila do desemprego de N. York demonstra que toda uma vida de trabalho e luta não foi suficiente para a sua aposentadoria. Ou pior ainda, pode ter levado a poupança de toda uma vida para os fundos em bolsa e ali sua luta virou pó. E neste momento na altura da ética da Escola Econômica de Chicago ela terá o direito de andar pelas ruas formadas pelos gigantes edifícios da Chrysler, de Donald Tramp (nunca alguém me lembrou tanto de Ted Boy Marino), do Empire State, pois a Torres Gêmeas já se "desgemelaram".

Outra questão é o da vitória pública. Ela nem sempre ocorre pelo conteúdo e por um valor da humanidade. Nos ciclos de mídia tocados pelo dinheiro o móvel da exposição e do valor público é bem desumano. Reduz-se ao serviço de indivíduos portadores de dinheiro. Compra tudo: deputado, senador, juiz, ministro, delegado, repórter e os donos dos veículos de comunicação. Mas nós os consumidores de comunicação já conhecemos este jogo e dificilmente deixamos de considerá-lo. O que salva estas armações é que na vitória pública eles jogam como se tratasse de um jogo do Fla x Flu. Cada um numa torcida. Tem tanto sentido quando a disputa das escolas de samba ou do azul e vermelho em Parintins.

É o que inundou, especialmente esta semana, os veículos de comunicação pela vertente do processo do banqueiro Daniel Dantas. A defesa midiática do banqueiro deve servir à alça virtuosa do ciclo de Kondratieff. Mas agora ninguém fica com cara de bobo.

CARIRI A VER NAVIOS

Os deputados federais do Cariri têm muito a explicar. Em reunião com o governador Cid Gomes (PSB) a bancada cearense na Câmara Federal abriu mão de indicar as regiões onde seriam feitos os investimentos. Resultado: a decisão ficou na mão do governador cearense. 16 das 19 emendas do Orçamento da União a que o Estado teria direito ficou nas mãos do Governador. Sofrendo pressão, Cid Gomes deixou já três emendas em Fortaleza e Região Metropolitana. E o Cariri? Fico a ver navios. Nenhum deputado federal ousou defender os interesses da região contra os interesses do governador.

CARIRI SHOPPING

A direção de Marketing do Cariri Shopping realizou na manhã de ontem um café da manhã com a imprensa. O objetivo do evento foi o de discutir com os colegas de imprensa, o novo momento que vive o shopping. Na oportunidade, Cíntia Fragoso, gerente de marketing falou da campanha de Natal, das novas lojas que irão funcionar a partir de dezembro, e deu outros esclarecimentos. Cerca de 30 profissionais de imprensa, que trabalham em jornais e emissoras de rádio do Cariri participaram do bate-papo. Os repórteres apresentaram também suas observações sobre o funcionamento do shopping.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

SOFIA E O TEMPO

Tem Sofia trezentos e sessenta e cinco dias ou os dias tiveram Sofia? Certo que a segunda alternativa é verdadeira. Os dias, desde então, passaram a ser tantas coisas com a adição de Sofia. No cômputo geral do conteúdo dos dias há Sofia não como um domicílio ou como um membro apenas. Há Sofia como um acréscimo da qualidade do mundo. É inegável a presença de um novo sim entre todos os conteúdos afirmados pela existência. A singularidade que não se exprime totalmente apenas pelo número um e tampouco como primeira classe de uma ordem. Entre tanta preocupação de se eternizar, Sofia já é muito mais que um numeral, uma partícula ou mero arranjo. Sofia é a conjugação única e ao mesmo tempo plural com a qual se diz Sofia igual Borges dizia Aleph.

Entre os ritos sociais do aniversário de Sofia encontra-se o soprar a luz que uma vela emite. Ou dito de outra maneira, apagar o fogo que a cera derrete. Apagam-se tantas velas quantos os anos que tiveram alguém e em seguida cantos e gritos comemorativos. Mas um ano não se apagou, um ano inteiro teve Sofia. Quando se diz aniversário é que algo vem, que chega e que volta. Como a elipse da terra ao redor do sol. E claro, quando se comemora é justamente o que nos faz lembrar (memorar) dos tempos aditivados de Sofia.

Sem ali se encontrar é quase impossível se conceituar a expressão desta criança. Engatinhando para resolver a separação que o espaço promove entre os elementos presentes à sua cena. Encaixando objetos de tampa, apreendendo todas as ofertas que o rápido exame visual das coisas ela faz. O exame oral ainda é uma tendência marcante, mas agora a cabeça baixa, as bochechas estufadas e o olhar tão atento que parece destilar um outro olhar por trás de um segundo olhar. Se todos tivéssemos a intensidade com a qual Sofia examina os conteúdos e a mobilidade com a qual muda de objeto examinado, muito mais teríamos de tudo existente do que esta seletividade marrom chamada observação útil.

O mais impactante sobre esta emoção carregada em centenas de volts que existe em nossa dinâmica cotidiana é o sorriso aberto, com alguns dentes nascentes no centro do riso dela. Neste instante o mundo se articula imediatamente, tem eixo significante, esgalha-se em alteridades e multiplica-se em novidades. Todos nós, adicionados aos dias antes da adição de Sofia, sabemos sem que precisasse dizer o que disse, sobre a luminosidade desta expressão facial de Sofia.

E mais existe. Os sons. Algo como o início do mundo. O verbo que uma vez dito desencadeia criação e criaturas, derivados e conjugados. Outro dia uma cadela se aproximou e Sofia se alegrou com sua visão, nem bem um tempo passou e ela estava de língua para fora igual fazia o animal. Sofia repete as expressões do mundo. O mundo se encontra nela e ele só é assim por ter seu movimento como um substantivo adjetivado de Sofia.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

TRÊS ESPÍRITOS DO BRASIL PÓS-MODERNO

Fortaleza, a capital do Ceará, se torna cada vez mais uma fortaleza. Para resguardar a elite brasileira. Isso com uma certa mágoa da classe média média que já tem razoável expressão na cidade, inclusive nas colunas sociais e, certamente, do "Zé Povinho" que forma a imensa maioria da cidade. A fortaleza dita é simbólica: dois imensos e exuberantes casamentos. As filhas ou filhos de algum ban ban ban do Ceará casa-se com outro ban ban ban de algum lugar e se faz um casamento de Contos de Fadas. Então, na província, pobre e miserável, baixa toda a república para as delícias de comelanças, bebidanças e mostranças. É pura Versailles de Luiz XV: os vestidos esfuziantes, casacos black tie, smoking e com termos franceses e ingleses a papagaiada e o estado de pavoneamento passeiam num troca a troca de rodas para se mostrar. É tudo tão ridículo e não anacrônico que a cidade se diverte como num circo: lendo "as colunas sociais", as notas, as gafes, os acordos, até no sul maravilha, pelas páginas do Globo vendo o Zé Serra borboleteando a pleno vapor. E foram casamentos dos poderes: o primeiro do judiciário e agora o do legislativo com uma inveja de executivo. Não é mole não, de vez em quando me abate uma vergonha danada de ser brasileiro, mas afinal computo à espécie humana, mas isso é aí é pura vergonha de ser cearense.

Ontem chegando ao bairro de Bonsucesso para deixar meu filho para fazer um exame, vi a sofreguidão com a qual os guardadores de automóveis disputavam o espaço público. Entre os carros, ameaçados de acidentes graves e morte, buscavam algum trocado para vencer o dia. Todo aquela crítica ao loteamento do espaço crítica se calou no drama do ser humano tendo que tanto se expor por apenas algumas refeições a mais. Como a vida é este contínuo permanente com o mundo, não pode parar de respirar nem cinco minutos, não se pode deixar de beber água e nem de comer. E como a água e a comida só com dinheiro que não existe, fiquei em longo diálogo com meus botões. Neste estado geral da economia e das regras sociais a principal conclusão é: o equilíbrio da natureza é no mundo mineral. A vida é uma aberração, depende de tanta interação, tanto movimento que a paz do mundo é o fim da vida.

Semanas passadas falei de três pontos cardeais do centro do Rio de Janeiro. Quatro personagens da história da cidade. Pois bem, na semana que passou houve uma novidade. O rapaz que tocava a plenos pulmões pôs uma anúncio de vende-se em sua caixa de som. No trânsito pela sua vizinhança, pensei: é o fim deste ponto cardeal. Na volta, sua voz se calara, mas o ponto em que se encontrava virara uma espécie de domicílio. A caixa de som tocava um MP3 em altos decibéis e uma senhora negra dançava uma dança desritmada, mas tão evocativa com se dialogasse com uma divindade, urbana, louca, barulhenta e sujeita a engarrafamento de trânsito. O rapaz, o músico, estava deitado, com óculos escuros, os pés apoiados sobre a caixa de som, em mais legítimo ritmo de meditação.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Eis a manhã deste sábado

O sábado amanheceu. Sábado de uma semana cheia de novos ares. Um negro foi eleito presidente dos EUA, Berlusconi rosnou o seu fascismo incrustado através do preconceito racial (Obama é um rapaz simpático e bem bronzeado); Sarah Palin, a vice de Mc Cain, virou a "culpada" pela derrota e agora a Fox News espalha que ela não sabia que a África era um continente e se admirou que a América do Norte fosse formada por México, EUA e Canadá. Mas a semana aconteceu mesmo foi aqui no Brasil.

O Supremo Tribunal Federal, enquanto a polícia federal perseguia o delegado que comandou a investigação, confirmava o Hábeas Corpus a favor do poderoso banqueiro Daniel Dantas. Não apenas isso: o STF abriu o verbo contra o Juiz de Sanctis aquele que autorizou a prisão do banqueiro. A novidade não é tanto os poderes constituídos defendendo o "colarinho branco", a novidade é que isso não se sustenta mais. As pessoas não engolem e num mundo urbano, os ministros do supremo neste sábado mesmo estarão pelas ruas das cidades brasileiras, seus empregados sentirão um desequilíbrio perigoso e ser filho ou neto de um ente assim já não é tão agradável.

Barack Obama é o estágio atual de processos eleitorais. Numa sociedade de massas, quando avós e pais geraram tantos filhos e a qualidade de vida os fez viver tão mais do que outras eras. Agora minoria é massa e maioria é outra coisa. Para o bem e para o mal, para o autoritarismo nascido de um ambiente geral inseguro ou para a democracia fruto de um equilíbrio de vontades plurais. Não importa que amanhã o desânimo se abata com a dureza do desemprego e da desgraça que nos atinge pessoalmente, enquanto se esteve tão esperançoso e entusiasmado na frente do palanque em Obama durante o discurso da vitória.

Berlusconi não pode ser uma cópia de Mussolini. É um autoritário, manipulador, truculento na relação política e tem a capacidade de juntar todos os fragmentos da direita italiana. Mas Berlusconi tem uma unha encrava que são os seus negócios. Eles os têm como extensão do governo de tal modo que nunca poderá unir os italianos. Só uma visão coletiva une.

Sarah Palin não será lembrada por ter sido a vice de um presidente derrotado. A rigor é uma maldade com ela, não foi este o papel dela. Ela será lembrada como uma solução política, malandra para o velhinho entusiasmado e o conservadorismo anacrônico da política republicana. Ainda mais diante da derrocada econômica e de guerras empacadas neste ocaso do Governo Bush.

Mas neste sábado não nos percamos. Se nos anos setenta os jovens (adolescentes) eram uma ponta insustentável da burguesia mundial, agora estes velhinhos dos anos dois mil são uma segunda ponta. Pois então a AIDS atinge a terceira idade, o HPV se manifesta, os agravos por causas externas e até os excessos da regras de vida. Também pudera. Quem mandou juntar tanta gente da mesma idade no mesmo espaço? O espaço urbano.

Para fim do caso do Supremo. Um poema lido pelo delegado Protógenes Queiroz que hoje é perseguido pelo supremo e pelo governo Lula em palestra para universitários:


Só de Sacanagem", de Elisa Lucinda:

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?

Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, que reservo duramente para educar os meninos mais pobres que eu, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e dos justos que os precederam: “Não roubarás”, “Devolva o lápis do coleguinha”, Esse apontador não é seu, minha filhinha”.

Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha ouvido falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.

Só de sacanagem!

Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba” e eu vou dizer: Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez.
Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.
Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.

Eu repito, ouviram? MORTAL!

Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!

sábado, 1 de novembro de 2008

Uma vitória da razão


Abaixo, a entrevista semanal de VEJA, edição de 5 de novembro de 2008:
Entrevista
Demétrio Magnoli
Uma vitória da razão
Para o sociólogo, as últimas eleições mostraram que os brasileiros não se deixam mais levar pela conversa de que toda esquerda é boa e toda direita é má
Diogo Schelp
Lailson Santos

"O PT no poder revelou a esquerda que faz o mensalão, persegue o caseiro e confunde estado com governo e partido"


O paulistano Demétrio Magnoli, de 49 anos, faz parte de uma categoria de intelectuais – rara no Brasil – que se notabiliza tanto pelo conhecimento acadêmico, como pela habilidade para escrever sobre temas complexos de maneira clara e objetiva. Sociólogo e doutor em geografia humana, Magnoli integra o Grupo de Análises da Conjuntura Internacional, da Universidade de São Paulo, e é autor de mais de uma dezena de livros didáticos. Em sua coluna nos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo, ele expõe análises aprofundadas de política mundial e críticas incisivas às manifestações de pensamento único na sociedade e no governo brasileiros. Magnoli concedeu, descalço, a seguinte entrevista a VEJA, em seu apartamento, em São Paulo.

No início da década de 90, os pais dos alunos de um colégio tentaram impedir que um professor adotasse um livro seu, sob o argumento de que o senhor era comunista. Sua visão de mundo mudou ou os pais estavam errados?
Minha visão de mundo não é a mesma de vinte anos atrás nem, menos ainda, a de trinta anos atrás. Na faculdade, nos tempos da ditadura militar, eu participei de uma organização trotskista, a Liberdade e Luta (Libelu), cujo verdadeiro nome era Organização Socialista Internacionalista. Quando escrevi meus primeiros livros, no entanto, já havia rompido com a organização e não me via mais como alguém de esquerda ou comunista. Meu primeiro livro didático, de 1989, era detestado pela esquerda. Talvez os pais desse colégio estivessem um pouco assustados com fantasmas do passado.
Os conceitos de esquerda e direita estão ultrapassados?
Não, desde que sejam compreendidos no marco da democracia. No sistema democrático, há uma tensão permanente entre liberdade e igualdade. A primeira está associada à direita democrática, para a qual existe um conjunto indissociável de liberdades: a de expressão e organização, a econômica e a de pluralidade de opiniões. Já o conceito de igualdade está associado à esquerda democrática, que defende a necessidade de restringir um pouco a liberdade econômica para que as desigualdades não cresçam muito. As democracias maduras oscilam entre a direita e a esquerda, em busca ora de mais liberdade, ora de mais igualdade. Essa é a história das eleições na Europa e nos Estados Unidos no último meio século. Acredito que a história do Brasil também será essa. Trata-se de algo muito diferente dos conceitos de esquerda e direita não-democráticas, estes, sim, ultrapassados.
"O filósofo francês Raymond Aron disse que o marxismo é o ópio dos intelectuais. Isso porque lhes oferece a ilusão de que são donos de um saber maior: o do fim da história. É natural que uma ideologia que afirme isso os seduza"
Em certos círculos, dizer que algo é "de direita" serve para desqualificar desde filmes até valores morais. Qual é a explicação para esse uso do termo "direita"?
A palavra "direita" esteve associada no século XX ao fascismo e ao nazismo. Tais regimes foram condenados de maneira absoluta pela população mundial. Em países da América Latina, em particular, a direita foi ligada a regimes militares. Por isso, no Brasil, a expressão "direita" ainda é usada, embora cada vez com menor freqüência, como sinônimo de tudo o que deve ser rejeitado. Já o termo "esquerda" costuma ser relacionado a uma idéia de transformação humanista do mundo, imaginada a partir da Revolução Francesa e das lutas sociais do século XIX. Muita gente esquece que elas, em sua origem, deceparam milhares de cabeças por meio da guilhotina. Assim como esquece a brutalidade do stalinismo e do maoísmo, no século XX.
O senhor acredita que o preconceito contra a direita tende a diminuir?
Sim, e isso acontece quando um país experimenta a esquerda no poder, como é o caso do Brasil, hoje. Nos países de democracia madura, o argumento "isso é de direita" não serve para encerrar uma discussão. Não gosto do governo Lula, mas ele está sendo bom para o nosso amadurecimento político. O PT no poder revelou a esquerda que faz o mensalão, persegue o caseiro, tenta controlar os meios estatais para os seus próprios fins e confunde estado com governo e partido. Com o tempo, os brasileiros vão se convencer de que os partidos de direita e de esquerda devem existir dentro de um mesmo espectro político, desde que aceitem a democracia. Essa mudança de percepção pode ser verificada nas últimas eleições municipais. A classe média de São Paulo, que no passado votou em massa em candidatos do PT, agora elegeu Gilberto Kassab e não o vê como um candidato da velha direita – apesar de pertencer ao DEM, o antigo PFL. Os eleitores não compraram a idéia de que as eleições eram a luta do bem contra o mal, como a campanha do PT tentou vender. O PT imbuiu-se, nessas eleições, da missão de eliminar o DEM. A idéia de eliminar um partido, de centro-direita ou não, é antidemocrática. O que o discurso do PT revela é o desejo de ser partido único. Resultado: a classe média que acreditou no PT agora desconfia de sua natureza democrática.
Pode-se dizer que a ideologia serviu de pretexto para a corrupção do PT?
A corrupção é um fenômeno muito antigo na história do Brasil e completamente suprapartidário. O que espantou muita gente foi o estilo PT de corromper – e que, claro, tem a ver com a sua visão de mundo. O partido apresentou um modo centralizado de praticar a corrupção. Ao contrário da prática tradicional, feita em nome de interesses localizados, o PT deliberou e organizou a corrupção a partir da sua cúpula. Isso provocou uma ruptura muito grande entre o partido e boa parte do seu eleitorado tradicional, principalmente nas grandes cidades.
A vontade de ser partido único não é um anacronismo?
A verdade é que a queda do Muro de Berlim fez muito mal ao PT. O fracasso da União Soviética e de seus satélites no Leste Europeu tirou de cena o foco da crítica petista, que em sua origem repudiava o chamado socialismo real. A partir daí, o partido tomou um rumo regressivo e foi dominado por três grupos. O primeiro é a corrente de origem castrista, representada, entre outros, por José Dirceu. O segundo é o dos sindicalistas, notadamente os que controlam a CUT. O terceiro é formado pelas correntes católicas ligadas à Teologia da Libertação, cujo principal representante é Frei Betto, que foi um alto assessor de Lula. Com isso, o PT adotou uma ideologia retrógrada do estado como salvador da sociedade. Deixou de fazer qualquer crítica ao socialismo real – a não ser em dias de festa, em documentos para inglês ver – e passou a falar como um velho partido comunista de outros tempos. O PT se tornou uma agremiação de esquerda estatizante, para a qual a história é uma ferrovia cujo destino final é a redenção da humanidade – e que vê a si própria como a locomotiva do comboio. Esse é o conceito de história que deveria ter desaparecido depois de 1989, com a queda do Muro de Berlim. Ao encampá-lo, o PT se tornou uma espécie de relíquia.
Por que a universidade brasileira ainda é um centro irradiador do marxismo?
Isso é verdade apenas em parte. Há bastante crítica à esquerda tradicional e stalinista nas universidades. Mas, sem dúvida, é fato que existe um apoio grande a essa ideologia no meio acadêmico. O filósofo francês Raymond Aron (1905-1983) disse que o marxismo é o ópio dos intelectuais. Isso porque o marxismo lhes oferece a ilusão de que são donos de um saber maior: o do fim da história. Como conseqüência, os intelectuais teriam a função de dirigir a sociedade. É natural que uma ideologia assim os seduza. Afinal de contas, dá a eles uma perspectiva de poder, influência e prestígio que o simples compromisso com a democracia não permite.
O que explica a ascensão dessa esquerda obsoleta em países da América Latina?
A falta do espelho do socialismo real na União Soviética e no Leste Europeu faz com que a esquerda latino-americana se entusiasme com governantes como Hugo Chávez. A esquerda latino-americana ainda imagina que deve construir o mundo de novo. Chávez, da Venezuela, Evo Morales, da Bolívia, Rafael Correa, do Equador, e Lula são muito diferentes entre si. Mas o que há em comum entre os partidos e os movimentos que apóiam esses governantes é a noção do estado como instrumento de salvação. Essa é uma idéia fundamentalmente antidemocrática. Não há nada parecido com isso fora da América Latina.
"A hostilidade à liberdade de imprensa é tão ampla no PT que apareceu em uma resolução oficial da direção nacional do partido, durante o escândalo do mensalão. O documento acusava os veículos de comunicação de golpismo"
Quem são os principais entusiastas de Chávez no Brasil?
Não é verdade que o PT como um todo siga Chávez, mas existem no seu interior correntes que o fazem. O chavismo exerce forte sedução sobre a sua Secretaria de Relações Internacionais. Acho triste que a direção nacional do partido tenha chegado ao ponto de soltar uma nota oficial em apoio ao fechamento, por motivos políticos, do canal venezuelano RCTV. Essa nota não foi contestada pelos parlamentares do PT de quem se esperaria uma palavra em defesa da democracia, como Eduardo Suplicy e José Eduardo Cardozo.
Como o senhor avalia a política externa brasileira?
A política externa brasileira tem duas cabeças. A oficial, que segue a linha histórica do Itamaraty, e a extra-oficial, que é a política externa do PT, representada por Marco Aurélio Garcia, assessor de Lula, que boicota a diplomacia tradicional. Garcia acha que a integração latino-americana deve ser feita em bases nacionalistas e antiamericanas, quase chavistas. Ele recusa que a América do Sul deva participar da globalização – o que significa recusar a realidade. Por isso, o Brasil deixou de falar duro com Evo Morales diante do aparatoso cerco militar às instalações da Petrobras, das intimidações contra agricultores brasileiros na Bolívia e da ruptura unilateral de contratos que estabeleciam o valor das refinarias. Logo, logo vamos ter uma crise no Paraguai. Temo que o governo Lula faça pouco para defender os agricultores brasileiros naquele país.
O ministro da Justiça, Tarso Genro, o processou em 2006 e depois retirou a acusação. O que ocorreu?
Ele abriu um processo em razão de um artigo que escrevi, intitulado "Ministério da classificação racial". No ano anterior, Tarso Genro, o ministro itinerante do governo Lula, ocupava a Pasta da Educação e determinou que as escolas brasileiras passassem a incluir o item "raça/cor" nas fichas de matrícula dos alunos. Tarso Genro abriu um processo penal contra mim – e por meio da Advocacia-Geral da União – porque critiquei essa medida. Quando foi indicado para o Ministério da Justiça, ele retirou o processo. Imagino que considerou constrangedora a possibilidade de um ministro da Justiça perder um processo. Sabe-se que Tarso Genro, no Rio Grande do Sul, abria processos em grande quantidade contra jornalistas, para intimidá-los.
Essa estratégia de intimidação, aliás, passou a ser muito usada por setores do governo.Existem divergências dentro do governo sobre liberdade de imprensa. Alguns membros do governo e do PT acham que se trata de um valor fundamental. Outros, e são muitos, acreditam que o país ideal é Cuba, onde há um partido único e um jornal único. A hostilidade à liberdade de imprensa é tão ampla no PT que apareceu em uma resolução oficial da direção nacional do partido, durante o escândalo do mensalão. O documento acusava os veículos de comunicação de golpismo.
Como é a relação com os seus amigos que ainda nutrem admiração por figuras como Che Guevara e Hugo Chávez?
Eu não tenho amigos que gostam de Hugo Chávez, Che Guevara ou Fidel Castro. Simplesmente porque nunca tive amigos stalinistas. Eu tenho amigos que os trotskistas consideram pertencentes à direita feroz. Quando convido todos para uma mesma festa, começa um debate que, obviamente, nunca vai terminar. O debate político não deve impedir as pessoas de se tratar decentemente, mas a atividade intelectual pressupõe o exercício da crítica. Intelectuais que elogiam governos têm algum problema. Provavelmente querem um emprego.

Padre Cícero e seus romeiros


Renato Casimiro (*)
A história é bem conhecida: Na igreja do Joazeiro do Cariry, na madrugada do dia 06.03.1889, uma hóstia dada em comunhão à devota Maria Magdalena do Espírito Santo de Araújo, transformava-se em sangue. Para muitos que se debruçaram sobre este episódio, aí reside o ato fundante da extensa relação do Pe. Cícero Romão Baptista com os romeiros nordestinos. Entre o instante seguinte, o da instauração do Inquérito respectivo, instruído pelo diocesano do Ceará, onde até se ousou dizer, da cátedra do Seminário da Prainha, “N.S.J.C. não deixaria a Europa para operar milagre no miserável lugar do Joaseiro” e a presente data, os fatos foram revistos com muita pesquisa e reflexão, para superar os enfoques enviesados, partidos sobretudo de uma produção pretensamente intelectual, polarizada naquilo que já se convencionara sistematizar em “escola do contra” e a “escola pró”.
Diante desta segregação, de pólos impiedosos e benevolentes, a Academia descobriu as razões e os caminhos que tornaram Pe. Cícero e as romarias de Juazeiro objetos preciosos de projetos de pesquisas, com os quais, mergulhando nestes fatos marcantes da trajetória do patriarca e seu povo, foram escritas muitas monografias, dissertações e teses que enriquecem este acervo analítico, por óticas de historiadores, sociólogos, teólogos, filósofos, antropólogos e vasta pluralidade de olhares e saberes. É neste contexto atualizado que desembarcamos por estes dias no emblemático território do Seminário da Prainha, para repensar conceitos de Milagre, Martírio, Protagonismo da Tradição Religiosa Popular de Juazeiro, centrados nas figuras proeminentes deste trajeto histórico: Pe. Cícero, beata Maria de Araújo, Romeiros e Romarias. Juazeiro do Norte, em quase cem anos de existência, é um grande centro de romarias deste país.
Não há dúvida qualquer em aceitar o quanto este fenômeno encerra de repercussão local de grande alcance, religioso, social e econômico, com extensão para toda a nação romeira espalhada por território nordestino. Daí porque é necessário conhecê-lo, captar suas lições, pois esta conjuntura não se dissocia de outras realidades do povo sertanejo. Vivemos tempos de uma assimilação gradual que o conhecimento e a pesquisa permitiram, a ponto de ensejar um novo posicionamento da Igreja, a mesma que seguidamente transforma a condição da igreja-matriz a Santuário Diocesano, para, há pouco, elevá-la à dignidade de Basílica Menor, e que deverá, na ansiedade do seu povo, reconhecê-lo, pela grandeza de sua obra.
É bem verdade que muitos ainda insistem nas respostas mais simples a questões de grande complexidade: Pe. Cícero – Santo ou fanatizador? Líder popular ou coronel? Missionário ou embusteiro? O beato ou milionário explorador? Reduzir estas questões a respostas mais simples é ato temerário. Felizmente, continuam sendo abertos extensos documentários, então guardados a muitas chaves, especialmente as da prevenção e de tudo mais que importava sepultar esta realidade que a própria Igreja não pôde conter. Cometeu-se, pastoralmente, um grande equívoco, uma omissão que se procura corrigir pelos esclarecimentos e contribuições de estudos e pesquisas. Nada nos custa acreditar que o romeiro do Pe. Cícero vai, seguidas vezes ao Juazeiro para se encontrar e se confessar com o seu santo. Conversa de padrinho e afilhado. Isto é grandioso. Tudo mais é menor.

(*) Renato Casimiro é professor aposentado da UFC, pesquisador e memorialista.