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sexta-feira, 28 de maio de 2010

Coisas da vida – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Que a vida é breve, somente percebemos quando estamos rolando ladeira abaixo na montanha do tempo. Há pouco mais de dez anos, fui com minha primeira irmã, ela não gosta que eu diga “minha irmã mais velha”, pois bem, fomos eu e ela resolver um pequeno problema num órgão público, quando a funcionária que nos atendia perguntou se ela era a minha mãe. Claro que ela não gostou. E eu saí me sentindo novinho em folha.

Mas nada como um dia atrás do outro. Mês passado, essa minha querida irmã esteve aqui hospedada em nossa casa. Veio para uma consulta médica. Então eu a acompanhei até o consultório. Os modernos consultórios médicos têm agora salas com televisão digital, com o volume do som tão baixo, que nos dá uma estranha sensação de surdez. Têm também modernas cafeteiras eletrônicas, que só faltam falar, oferecendo-nos café expresso, café com leite, chocolate, leite maltado e não sei mais quantas delícias, tudo em troca de umas míseras moedinhas que complementam a receita financeira dos médicos.

Aguardávamos o atendimento, sentados lado a lado, quando resolvi inserir alguns centavos na bonita cafeteria em troca de um simples cafezinho expresso. Mal me levantei, um senhor de idade ocupou o meu lugar, sentando-se, portanto ao lado da minha irmã.

Quando terminei meu café, aquele senhor já havia saído e a minha irmã estava com um ar de felicidade estampado no rosto, expresso por um sorriso intenso. Ao sentar-me novamente no lugar que havia sido ocupado pelo cliente idoso, minha irmã, muito contente, me disse: “Aquele senhor tão simpático que sentou aqui, me perguntou se você era meu marido.” Agora quem não gostou nada fui eu, pois sou treze anos mais novo do que minha irmã. O meu consolo é que estávamos num consultório de um oftalmologista.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Viver e dialogar - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Não conheço outra forma de melhorar o debate que não seja debatendo, inclusive a qualidade do mesmo. Antes que me entendam mal, o que não conheço não quer dizer que não existe, diz apenas que não conheço.

Outra questão é sobre a necessidade do debate. Ele é central, a contradição das idéias, das visões de mundo, a contraposição dos elementos e assim por diante. Inclusive é preciso que não se extraia daí a idéia de paz, pois o debate é movimento de contradição. Que é mais virtuoso quando consegue construir uma “realidade” que represente todas as contradições.

Seja qual tenha sido a interpretação filosófica, o confronto nas contradições guarda a idéia de superação dele e a síntese ou dinâmica dialógica das contradições. Então, em que pese ser doloroso, o embate entre idéias, o que significa pessoas, ele é inerente à dinâmica social e política.
Quando o Salatiel e o Rafael promovem o encantamento do cariri, não apenas fazem uma síntese pacífica da nossa realidade. Muitos não serão lembrados, alguns lembrados não serão bem vistos, assim como a própria Rádio Educadora do Programa Cariri Encantado pode ser questionada por não ter cumprido esta ou aquela promessa.

Algo bem pacífico como o Programa do Zé Nilton, escolhendo um grande compositor brasileiro e desenvolvendo um argumento que explicita estética e história da MPB já trás em si uma abordagem do tema. É exatamente na realização do programa, quando o ouvinte o escuta, que o processo se sintetiza, com todos os contraditórios que existem.

Quando o pianista Dihelson Mendonça executa sua obra musical, o Pachelly expõe suas fotografias, a Socorro faz um poema, a Claude um texto, a Edilma a Stela e todos nós postamos estamos num ponto ao mesmo tempo pacífico e exposto. Nisso estamos fazendo o que é necessário e contribuindo para uma dinâmica maior.

Agora não existe como superar o primarismo, a infantilidade, a grosseria ou outra prática qualquer que não seja apenas pelo exercício da exposição como ponto pacífico. Apenas ela nos ensinará a clamar por normas e práticas éticas para que tudo flua com maior liberdade e clareza.
Apenas posso superar a minha própria vaidade se expô-la aos outros e estes a colocarem na margem em que a própria se excede. Apenas posso entender a fragilidade das minhas idéias se as anunciar. Não existe como superar dificuldades no mundo sem as outras pessoas. Por isso prezo tanto estes blogs daqui.