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domingo, 31 de agosto de 2008

UM NOVO GOLPE DE ESTADO?

Golpe de Estado, em resumo, é a tomada do governo fora das regras de sucessão e manutenção do poder. No Brasil os golpes de Estado são conhecidos e suas práticas exaustivamente estudadas pelos historiadores. Normalmente estas rupturas de processo ocorrem sob tensões sociais, quando setores conseguem manipular a opinião pública numa escala em que a manutenção do poder se torna insuportável. Os exemplos mais clássicos foram a instalação da república, a revolução de 30, a deposição de Getúlio em 45 e o Golpe de 64. No entanto tentativas frustradas sempre ocorreram ao longo do século XX sendo a maior frustração aquela em que Getúlio suicida-se para desespero dos golpistas.

Não parece que o país reúna uma situação de tensão social que sustente uma ação golpista. No entanto a prática de levantamento da opinião pública é constante, especialmente através da mídia. Hoje o centro da tensão, no entanto, é política, especialmente a política que envolve a própria noção de Estado "Mostesqueiriano". O poder executivo ultrapassa os limites do poder legislativo através de medidas provisórias e o poder judiciário, através do STF ultrapassa simultaneamente os poderes legislativo e executivo. Voltou-se à república dos "sábios" dos "doutos" que sob o manto medieval de suas vestimentas, decidem sobre tudo, até sobre o território nacional. Agora sobre algemas, noutro dia sobre aborto e segue a substituição dos poderes.

Os presidentes do STF se tornaram, por isso mesmo, agentes de visibilidade dos poderes econômicos e político. O atual presidente Gilmar Mendes não passa um dia que se apresente como o verdadeiro detentor de todos os poderes. Hoje mesmo diz que chamará o presidente da república "às falas". Um coloquialismo de esquina que não honra quem pronuncia a frase arrogante e nem a liturgia do cargo. No mesmo dia os principais jornais do eixo Rio-São Paulo, abrem suas manchetes para o fato. Gilmar Mendes atua como correia de transmissão de uma reportagem da revista VEJA.

Correia de transmissão, o motivo deve ser esclarecido. A revista publica na edição de final de semana uma denúncia de ação ilegal de escuta pela ABIN. O Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres teriam sido grampeados. Fonte da notícia não esclarecido, documentação da matéria não apresentada, os órgãos denunciados desmentem a notícia. Então se trata de suspeitas e suspeitas devem ser resguardas para a investigação.

No entanto, é aí que o golpe, na velha prática histórica brasileira se manifesta. Toda a mídia que tem peso estampa e denuncia a ABIN. Gilmar Mendes puxa as orelhas do presidente de um outro poder. Provoca uma situação de confronto. No mesmo dia, o senador Heráclito Fortes, convoca uma tal de Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso. Uma comissão mista que já quer ouvir o Diretor da ABIN Paulo Lacerda e o General Jorge Félix. O presidente do Senado já se manifestou. Nesta semana tem golpe em todos os textos. Claro que haverá a manifestação do contragolpe, isso é sempre necessário nestas questões políticas.

Pelo que se pode vislumbrar, a operação pode ser mais provinciana. Como estão presentes personagens importantes das organizações Daniel Dantas, inclusive a VEJA, é possível que tudo se organize para derrubar Paulo Lacerda e atar os braços da Polícia Federal na investigação SATIAGRAHA. É possível, mas no Brasil golpe é fato recorrente. E de qualquer modo as instituições já estão combalidas, especialmente o Senado e o STF (este por excesso de protagonismo político).

Noticias do domingo


Resgatando a memória de Crato
O Cura da Sé, Padre Edmilson Neves Ferreira, está tentando junto à Prefeitura de Crato reaver a pequena imagem de São Fidelis de Sigmaringa, ora exposta no Museu Histórico. A imagem pertencia à Catedral, mas foi doada ao museu anos atrás. Para quem não sabe, São Fidelis de Sigmaringa foi declarado co-padroeiro de Crato, por Frei Carlos Maria de Ferrara, quando este erigiu a pequena capela de taipa, coberta de palha, dedicada a Nossa Senhora da Penha. Se conseguir a devolução, Padre Edmilson construirá, na catedral, um nicho para expor a imagem de São Fidelis. Já existe até um projeto nesse sentido – feito por Armando Lopes Rafael – que prevê um afresco (pintura sobre parede) com Frei Carlos de Ferrara e sua capelinha e apequena imagem do co-padroeiro de Crato. Até que enfim seria materializada a primeira homenagem ao fundador da cidade!
Aqui me tens de regresso...
Em maio passado, a OceanAir anunciou o encerramento de suas atividades no Cariri. Agora, a empresa aérea voltou atrás. Nos próximos dias reiniciará suas operações no Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes. Brevemente serão divulgados os novos vôos – e novos horários – da OceanAir, a partir de Juazeiro do Norte.

Só no Crato...
E a nota publicada neste site, sobre a cassação do nome da Rua Imperatriz Leopoldina, como patrona de uma rua de Crato teve repercussão com lances inimagináveis. Descobriu-se que existem em Crato 3 (três) ruas com o nome Orestes Costa (uma no Grangeiro; uma avenida ao lado da Grendene e a mais recente: substituindo o nome da primeira imperatriz, a quem o Brasil deve na prática sua independência política). Pois é! Enquanto isso, o maior benfeitor de Crato – Dom Vicente de Paulo Araújo Matos – não foi considerado digno de ter seu nome numa rua da cidade. Até onde vai a insânia dos nobres vereadores...

Bem-vindos
O jornalista Lira Neto – que está escrevendo nova biografia do Padre Cícero – desembarca no próximo dia 12 em Juazeiro do Norte. Vem participar da consagração (no dia 15 de setembro), da Basílica-Santuário de Nossa Senhora das Dores. Quem também virá a Juazeiro do Norte, com igual finalidade, é o jornalista irlandês Tom Henningan, correspondente do “The Sunday Times”, de Londres, no Brasil. Tom também escreve para o jornal “Irish Times”, de Dublin, Irlanda.

Na crista da onda
E por falar em Juazeiro do Norte, o jornal eletrônico “Juazeiro do Norte on line”, está publicando matérias resgatando as visitas de Presidentes da República a Terra do Padre Cícero. Foram seis visitas: Castelo Branco, Ernesto Geisel, José Sarney, Collor de Melo, Fernando Henrique Cardoso e Lula da Silva. Foi em Juazeiro do Norte, durante visita para lançar o projeto de saneamento da cidade, que Collor de Melo, republicanamente, disse que “tinha aquilo roxo”...

A Imperatriz Leopoldina


No início de 1817, a Arquiduquesa austríaca Leopoldina de Habsburgo chegava ao Brasil, para se casar com o herdeiro do Trono de Portugal, o futuro Dom Pedro I. A vida do casal demonstrou que havia poucos pontos em comum entre ela e D. Pedro. Era Dona Leopoldina a primeira pessoa com uma boa bagagem cultural com quem ele entrou em contato íntimo. Ela o excedia muito em educação e cultura: Falava francês e italiano, estudava o inglês e aprendia o português rapidamente. Ainda pintava retratos e paisagens e tocava piano com perfeição. Tinha grande inclinação pela natureza e pelas ciências naturais. Com muita dedicação colecionava coisas referentes às ciências naturais, sobretudo à mineralogia. No setor da flora, da fauna e mineralogia, adquirira apreciáveis conhecimentos (OBERACKER, 1985 : 156).

Dona Leopoldina veio com sua Corte, formada de médicos, zoólogos, botânicos e músicos. A eles devemos os primeiros estudos feitos sobre o Brasil, na área das ciências naturais. Deve-se, ainda, à Imperatriz Leopoldina a primeira floresta urbana do mundo, a Floresta da Tijuca, existente na cidade do Rio de Janeiro. A essas virtudes, era possível acrescentar um senso político extremamente aguçado, uma notável capacidade de pressentir o momento da ação, e sugeri-la ao marido.

Vinha esse senso marcado por um acentuado amor, que desde logo desenvolveu, pela terra e pela gente do Brasil. Dona Leopoldina teve um papel decisivo na nossa independência. Em agosto de 1822, os brasileiros já estavam cientes que Portugal pretendia chamar D. Pedro de volta, rebaixando o Brasil, de Reino Unido para voltar a ser uma simples colônia. Com a eminência uma guerra civil que pretendia separar a Província de São Paulo do resto do Brasil, D. Pedro passou o poder à Dona Leopoldina no dia 13 de Agosto de 1822, nomeando-a chefe do Conselho de Estado e Princesa Regente Interina do Brasil, com todos os poderes legais para governar o país durante a sua ausência e partiu para apaziguar São Paulo.

Neste ínterim, a Princesa Regente recebeu notícias que Portugal estava preparando uma ação contra o Brasil e, sem tempo para aguardar a chegada de D. Pedro, Leopoldina, aconselhada pelo Ministro das Relações Exteriores José Bonifácio e usando de seus atributos de chefe interina do governo, reuniu-se na manhã de 2 de Setembro de 1822 com o Conselho de Estado, assinando o Decreto da Independência, declarando o Brasil separado de Portugal. José Bonifácio convocou o oficial de sua confiança, Paulo Bregaro, para levar a sua carta e a de Leopoldina para D. Pedro em São Paulo. Bregaro encontrou-se com o Príncipe e a sua comitiva nas margens do riacho Ipiranga no dia 7. Ao ler as cartas sobre os acontecidos no Rio, D. Pedro, referendando a medida tomada pela Princesa Regente, proclamou a Independência do Brasil.

Enquanto se aguardava o retorno de D. Pedro ao Rio, a Princesa Leopoldina, já como a primeira governante interina do Brasil Independente, idealizou a Bandeira do Brasil: Com o verde da família Bragança e o amarelo ouro da família Habsburg. A Princesa Leopoldina assinou o Decreto da Independência, separando o Brasil de Portugal em 2 de setembro de 1822, mas temendo uma repercussão negativa, por ela ser austríaca, José Bonifácio aconselhou-a a deixar o anúncio do decreto assinado a cargo de D. Pedro, este proclamou em 7 de setembro de 1822 o Decreto da Independência assinada pela Princesa Regente. Leopoldina dedicou seu trabalho à construção do Império do Brasil, depois da Coroação de D. Pedro, o casal visitava repartições públicas, inspecionava a alfândega e hospitais.

Morreu no dia 11 de dezembro de 1826, longe de seu país e de seu marido. Quando os sinos das igrejas e os canhões das fortalezas anunciaram sua morte, a população em massa foi prestar sua homenagem a Imperatriz, que era extremamente bem quista. Mulher de educação esmerada, à frente de seu tempo, de fino trato com as pessoas fizeram dessa mulher uma das personagens mais queridas do Brasil no início do século XIX.

sábado, 30 de agosto de 2008

Cariri vai ganhar sua Basílica Menor no próximo dia 15 de setembro

N. Sra. das Dores

500 mil fiéis devem participar da romaria


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Todos os dias serão realizados devocionário e louvores, missas, confissões e caminhadas com os fiéis pelas principais ruas de Juazeiro do Norte (Foto: Elizângela Santos)

A elevação de Santuário Diocesano à Basílica Menor será um dos grandes momentos marcados para o evento

Juazeiro do Norte. Começa amanhã, com uma grande carreta saindo da Matriz e percorrendo as principais ruas do Centro de Juazeiro do Norte, às 8 horas, uma das maiores romarias do ano, a de Nossa Senhora das Dores, padroeira do município, carinhosamente chamada pelos fiéis de “Mãe das Dores”. Este ano, em virtude do período eleitoral, estima-se a participação até o dia 15, dia da grande festa, de cerca de meio milhão de pessoas. O evento abre o calendário das grandes romarias. A elevação de Santuário Diocesano de Nossa Senhora das Dores à Basílica Menor, a segunda no Estado do Ceará, será um dos grandes momentos deste ano.

A Procissão das Bandeiras acontece no final da tarde, saindo da Rua do Horto. É um ato tradicional, em que os fiéis percorrem a pé o trajeto do Horto até o Santuário Diocesano. Às 18h30 está previsto o hasteamento das bandeiras.

A missa de abertura, às 19 horas, será presidida pelo padre Paulo Lemos. Todo um trabalho de organização para início do calendário das grandes romarias começou no final de julho. A meta é poder dar um suporte maior no atendimento aos visitantes.

Os serviços de saúde e segurança, conforme o secretário de Turismo e Romaria, Felipe Figueiredo, serão ampliados. Um posto de saúde, próximo ao Santuário, estará aberto até às 22 horas. Os serviços de plantão nos hospitais também estarão preparados durante o período. Para o padre Paulo Lemos, administrador do Santuário, este será um momento histórico para a Igreja. Ele afirma que todos os preparativos estão sendo ultimados nesse sentido e a população católica preparada para este momento. O tema escolhido para este ano será “De capelinha a Santuário, a Matriz dos romeiros agora é Basílica Menor”. A Igreja comemora a bênção do Papa Bento XVI, com a elevação do Santuário à Basílica Menor.

Programação

Todos os dias serão realizados devocionário e louvores, missas, confissões e caminhadas. De 12 a 14, datas de maior fluxo de visitantes de outros Estados, serão realizadas missas dedicadas aos romeiros, com o tríduo. Confissões antes das santas missas e de forma intensiva acontecerão diariamente. O dia de oficialização da Basílica Menor de Juazeiro acontece na data da grande procissão, às 16 horas, nas principais ruas da cidade.

SAIBA MAIS

Programação

Todas as noites serão realizados Devocionário Mariano, Missas, pregações, noitários, diversas homenagens, quermesses, leilão, e shows religiosos. Após as missas do tríduo da romaria, terá animação com Show do Chapéu com os grupos Sal da Terra, Javé-Yré (Sagrada-Face), Jota Farias, João Cláudio Moreno e outros.

Carreata

A partir das 8h, acontece carreata com a imagem de Nossa Senhora das Dores pelas ruas da cidade, saindo da Igreja Matriz. Por volta das 17h30, terá saída da Procissão das Bandeiras, com início na Rua do Horto, 146.

Noitários

Os noitários acontecem no Setor VII (Padre Cícero), Pastoral da Saúde, Consciência Negra, Grupo Santa Clara, São João Batista, Infância Missionária, Poço de Jacó, catequese em geral. A partir das 18h30 terá o hasteamento das Bandeiras. Às 19h, será celebrada a Missa de Abertura da Festa da Padroeira, presidida pelo padre Paulo Lemos.

Encerramento

Às 9h, do dia 15 de setembro, será realizada a oficialização do Título de Basílica Menor para o Santuário Diocesano Mãe das Dores. Ao meio-dia, acontecerá a despedida dos romeiros de Juazeiro do Norte. No fim da tarde, acontecerá a grande procissão, Festa com Orações, benção e também show pirotécnico.

Mais informações:
Romaria N. Senhora das Dores
Secretaria de Turismo e Romaria
Memorial Padre Cícero
Juazeiro do Norte (CE)
(88) 3511. 4040

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Calunga

Calunga é mar de Angola. Falange de Iemanjá. Divindade do grande cemitério. O mar. A grande massa na qual desaparece a pessoa. O mar a grande e vaga coisa. Calunga, povo banto. Povo de terra. Que atravessou a grande morte e no outro lado do inferno, retornou à terra. Noutra vida, nova ordem, escravo precificado, leiloado, investimento produtivo. Calunga é a borda do Brasil.

O quimbanda disse ka "lunga", é o Deus dos missionários europeus. Quer dizer: vago como a imensidão dos mares. Vago porque não era preciso como os deuses bantos. Eram representados por figuras e bonecos. Calunga é natureza de nossas vidas.

As bonecas das feiras nordestinas. Muitas de matéria plástica. Brancas e pretas. Toda menina desejaria brincar com uma calunga em seus sonhos induzidos de cuidar. Afinal quando se brinca se ensaia o trabalho. E as crianças dirigem seu ensaio, de outro modo vira trabalho infantil.

A unidade calunga

Uma teoria ligeira. Frágil. Mas presente como a haste de bambu ao vento. De onde viria a não fragmentação do Brasil em diversas repúblicas lusitanas? Certamente tem fortes raízes na colônia. Quando o país se liberta como a sede de um ex-reino europeu, os diversos levantes provinciais, tanto na regência quanto no império foram controlados pelo poder central. Mas nem sempre a marcha militar teve que se fazer. O controle, em nome central, era local mesmo.

Então esta unidade controlada tem origens na colônia e na própria organização pré-colombiana. Certamente que a unidade tupi-guarani desde São Paulo até o Nordeste contemplava um território por demais extenso e uma cultura tão forte que resultou na primeira unidade lingüística da colônia. Tão sólida e vasta e superada no período pombalino, entre 1750 e 1777.

A unidade religiosa, inclusive feita através da linguagem indígena, qual seja a tal língua geral com que todas as tribos e os portugueses se comunicavam, especialmente os religiosos de todas as ordens. A fusão entre língua e religiosidade portuguesa (católica) deu origem a este imenso Brasil.

Então quando o mito da nacionalidade se tornou universal, o Brasil imediatamente caiu na vala comum, todos os elementos necessários estavam presentes. As revoluções a moda americana, inglesa ou francesa, não tiveram o povo, apenas uma elite esclarecida e distante da massa amalgamada nesta religiosidade vaga como a imensidão do mar.

A Guerra do Paraguai: a verdade dos fatos




A partir da década 70 virou coqueluche, nas universidades públicas brasileiras, a divulgação de “novas interpretações” para a Guerra do Paraguai, o mais longo e sangrento conflito ocorrido na América do Sul. Boa parte dos professores de história daquela época, passou a adotar como verdade inquestionável o livro “Genocídio Americano, a Guerra do Paraguai”, de Júlio José Chiavenatto. Nele consta que o imperialismo inglês manipulou o Brasil, a Argentina e o Uruguai, integrantes da Tríplice Aliança contra o ditador paraguaio Francisco Solano Lopez. Maus brasileiros continuam – ainda nos dias de hoje – afirmando ter sido Dom Pedro II o causador desse “genocídio”, sendo o imperador brasileiro o culpado pela morte de Solano Lopez.
Em novembro de 1994 ocorreu no Rio de Janeiro, na Biblioteca Nacional, o colóquio “Guerra do Paraguai–130 anos”, no qual o pesquisador inglês Leslie Bethell – da Universidade de Londres – provou que o quadro econômico do Paraguai, no século 19, nunca incomodou a então poderosa Inglaterra. Bethel demonstrou, também, que a decantada ajuda dos bancos ingleses à Tríplice aliança não passou de 15% dos gastos brasileiros com a guerra.
Já o falecido professor Alfredo Arraes Alencar, em interessante artigo, esclareceu:
“A causa remota da guerra (do Paraguai) foi e megalomania de Lopez. Foi o seu ambicioso intento de conquistar territórios, a fim de estender seu domínio até o estuário do (rio) Prata. Para isso preparou-se largamente, armando o exército, construindo navios e levantando inexpugnáveis fortificações.
Declarou Lopez ao escritor espanhol Bermejo: “Sou soldado e tenho de declarar guerra ao Brasil. Se deixei que meu pai firmasse a paz, foi porque eu queria a glória de mostrar às repúblicas vizinhas que basta o Paraguai para derrubar aquele colosso”.
A causa próxima foi o apresamento do “Marquês de Olinda”, episódio ao qual se seguiu a invasão de Mato Grosso pelos paraguaios. Ao Brasil só lhe restava, evidentemente, o repelir a afronta pelas armas.
Autor de numerosas atrocidades, o ditador Lopez esmerou-se em crueldade no “Morticínio de San Fernando”, em agosto de 1868, quando, já em fuga e vendo traidores por toda a parte, julgou-se alvo de uma conspiração e mandou fuzilar, impiedosamente, dois irmãos (Benigno e Venâncio), um cunhado (Badoya), o bispo de Assunção (Palácios) e quatro ministros (Berges, Bruguez, Allen e Barrios), além de numerosas outras pessoas.
Duas irmãs do ditador e sua própria mãe foram encontradas (pelos brasileiros) prisioneiras, debilitadas por maus tratos, a espera de serem entregues a tribunais militares, conforme testemunho do Visconde de Taunay. O embaixador americano em Assunção, Wasburn, indignado, retirou-se do Paraguai, declarando Lopez “inimigo da humanidade”. O verdadeiro genocida. (Cfe. “História do Brasil” do Pe. Galanti, edição de 1905, tomo IV, página 600).

E ainda há quem lamente a morte do “bondoso” ditador, lançando essa culpa sobre o “belicoso” e “sanguinário” Dom Pedro II.

A tanto chega a vilania dos detratores da Pátria!”

domingo, 24 de agosto de 2008

SOFIA É

Sofia é igual. Tem quatro membros, cabeça e o tronco. Cada movimento que realiza se compara ao realizado ou em realização por outra pessoa. Sua respiração, a apreensão de objetos pelas mãos, a boca como o centro do reconhecimento, os olhos atentos ao que suas mãos tateiam e a enorme variedade como que algo novo passa a ser um foco de atenção. Por isso os adultos dizem: as crianças cegam, quando menos se espera elas estão mexendo em coisas perigosas.

Sofia aos nove meses é muito diferente de tudo o que conheci. Como o filhote de pingüim no coletivo da geleira é reconhecido pela mãe. Como alguém na multidão. Feito um indivíduo ao longo de milhares de gerações. Olhando para Sofia imaginaria que a singularidade poderia ser o átimo de tempo que é dela. Que o espaço em que se realiza seja o diferencial por trás de sua individualidade. Sofia apenas como ser do tempo e do espaço, no entanto, não explica toda esta diferença que percebo nela.

Antes de ir adiante, não encontro razão no seu patrimônio genético. Eis outro mito da modernidade sobre a individualidade de Sofia. Ela não é um pré-projeto, inscrito na mistura de seus pais. Nem lembro as mutações que continuamente ocorrem, isso não é o grande diferencial. Apenas que o código genético é insuficiente (ou a escala boçal do hiposuficiente) para explicar Sofia. Assim como a adição de tempo e espaço (fenotípica), história e cultura.

Sofia é diferente pois parte do movimento, mas não apenas por isso. Por exagerado que possa parecer, tão logo que Sofia pegou num penduricalho da bolsa da avó e toda a sua concentração se voltou para pendular os tais, revelou-se a parte do movimento que não explica Sofia. Pois Sofia é quem explica o movimento. Estava claro que Sofia é um dos seres que, por iniciativas próprias, promovem o movimento do mundo. Tal qual como é hoje e como poderá ser amanhã. E certamente será diferente como Sofia é.

Sim, não caia no mito que o mundo é feito por vencedores e vencidos. Isso é categoria de investimento financeiro. De aplicação de capitais. Do mesmo modo o mundo não é uma corrida para um ponto de chegada. Isso é categoria de projeto. Nem tampouco uma disputa entre partes. Isso é categoria de jogo. O mundo se move ora por diferenças com tendências a se concentrar numa trajetória ou a se dispersar por iniciativas que acentuam as diferenças. Assim Sofia é uma diferença notável na iniciativa e na natureza do movimento.

Sofia como parte do conhecimento tem outra natureza pois poderá se traduzir ou não em outras pessoas. Isso é uma categoria de sucesso social e histórico, mas tampouco é uma necessidade em si do mundo. Poderia até ser uma necessidade das pessoas, mas desde que reconhecida por tal. Se ninguém a reconhecer, se não se reproduzir em outras pessoas, inclusive em Sofia, o fenômeno traduzido em conhecimento mesmo assim existe, se encontra no mundo, apenas não experimentado em conhecimento.

Saiu na "Folha de S.Paulo": Ciro Gomes é condenado por calúnia pela segunda vez

Tem um ditado popular que diz: "Quem fala demais acaba dando bom dia a cavalo". No caso do deputado Ciro Gomes ele já recebeu teve duas vezes bloqueio de conta e de imóvel para indenização por danos morais. Abaixo, a matéria da "Folha de S.Paulo":


23/08/2008 - 09h04
Ciro Gomes tem conta bloqueada para indenizar Serra
KAMILA FERNANDES,da Agência Folha, em Fortaleza
O deputado federal e presidenciável Ciro Gomes (PSB-CE) teve ontem sua conta-salário bloqueada pela Justiça de São Paulo por causa de uma indenização por danos morais que tem de pagar ao governador José Serra (PSDB-SP).
O processo movido por Serra é de 2002, quando ambos eram pré-candidatos a presidente da República. O motivo foi uma entrevista de Ciro à Folha, publicada em 20 de março daquele ano, em que afirmou que Serra era "o candidato dos grandes negócios e negociatas, da manipulação despudorada do espaço público, do dinheiro público para fins eleitorais".
A condenação saiu em 2006. "Devo, não nego, mas pago quando puder", disse ele ontem em palestra no Fórum Nacional das Lideranças de Micro e Pequenas Empresas, em Fortaleza, logo após dizer que sua conta tinha sido bloqueada. "Estou sem poder pagar as minhas contas."
Ele foi condenado a pagar a Serra 100 salários mínimos (o que equivale hoje a R$ 41.500), mas disse dever R$ 30 mil.
Por causa dessa condenação, Ciro já teve sua conta bloqueada no ano passado, mas recorreu, alegando ser sua fonte de sustento. Novamente, essa será a alegação do deputado. A defesa de Ciro é feita pelo advogado Caio Cesar Rocha, filho do ministro Cesar Asfor Rocha, novo presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Ciro já tem outra condenação por danos morais, movida pelo ex-ministro da Saúde do governo Itamar Franco e ex-governador de Goiás Henrique Santillo, morto em 2002.Neste caso, a condenação teve um valor bem mais alto, de R$ 266.140, a ser entregue à família do ex-ministro. Sem direito a recursos, Ciro teve seu apartamento na praia de Iracema, em Fortaleza, penhorado por determinação do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Em maio deste ano, um recurso para tentar suspender a penhora foi negado pela Justiça paulista, mas Ciro ainda tenta retomar o imóvel, alegando ser o único bem de família.Assim como no caso de Serra, a ação de Santillo contra Ciro foi motivada por uma entrevista, dada em 1995 ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, em que Ciro insinuou que o ex-ministro era corrupto.

sábado, 23 de agosto de 2008

VEJA - Edição 2075 - 27 de agosto de 2008


Otávio Cabral
Fotos divulgação, Valterci Santos/Gazeta do Povo/Folha Imagem, Alan Marques/Folha Imagem, Ricardo Stuckert/ABR

Brasil
O recado de Garanhuns O presidente Lula é quase uma unanimidade em sua terra natal, mas isso não seria suficiente para eleger o seu sucessor. O preferido lá ainda é o tucano José Serra

PETISTAS X TUCANOS
Pesquisa mostra que transferência de votos não é automática. Em Garanhuns, a ministra Dilma Rousseff tem um desempenho melhor contra o governador Aécio Neves, mas perde feio para José Serra


Os altos índices de popularidade do presidente Lula autorizam a imaginar que, caso os atuais patamares se mantenham em alta até 2010, a eleição presidencial será uma barbada para o candidato do Planalto. Bastaria ao presidente escolher um bom nome e preparar a festa da posse. Os petistas não têm dúvidas de que o processo de sucessão caminha naturalmente em direção a esse cenário mais do que confortável – e já se engalfinham para tentar influir na escolha do "eleito" para subir a rampa do Palácio do Planalto. A transferência de voto de um líder carismático para um herdeiro ungido pode não ser tão automática quanto se imagina. Uma pesquisa feita em Garanhuns, cidade natal de Lula, com 125 000 habitantes, reforça esse último argumento. Os levantamentos mostram que o governo Lula é aprovado por mais de 55% da população brasileira, um recorde histórico. Em Garanhuns, o presidente é quase uma unanimidade. Nada menos que 97% dos moradores do município avaliam positivamente o governo e apontam o programa Bolsa Família, que beneficia quase metade da população local, como uma de suas grandes realizações. Em quem os garanhuenses votariam se as eleições presidenciais fossem hoje? No candidato de Lula? A pesquisa feita por um instituto ligado à Universidade Federal de Pernambuco mostra que, se Garanhuns fosse tomado como uma amostra do Brasil, o sucessor de Lula seria José Serra, governador de São Paulo.

No cenário eleitoral mais provável – com o tucano José Serra, o deputado Ciro Gomes, do PSB, e a petista Dilma Rousseff, a provável candidata de Lula –, o governador paulista aparece com 40% das intenções de voto, o dobro de Ciro (20%) e o quádruplo de Dilma (10%). Para testar a capacidade de transferência de votos, os pesquisadores também apresentaram Dilma como a candidata apoiada por Lula. Nessa situação, ela sobe para 26%. Mesmo assim, ainda fica bem longe de Serra, que continua liderando com 38%. A pesquisa também traçou outro cenário, desta vez com o tucano Aécio Neves na disputa. Nem assim a transferência em massa de intenções de voto se concretizou. Sem Serra, Ciro Gomes aparece liderando (41%), seguido por Dilma Rousseff (11%) e Aécio (5%). O resultado do levantamento, embora sem nenhum valor para testar as possibilidades reais dos candidatos, está sendo comemorado pelos tucanos, que andam meio desnorteados, sem saber como enfrentar o governo e a popularidade do presidente. "Lula é um presidente muito popular, principalmente nas regiões mais pobres, o que o torna praticamente um rei em grande parte do Norte e do Nordeste", analisa o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). "Mas ele não é Deus, não tem poder divino de eleger seu sucessor."

Animados com o veredicto de Garanhuns, os tucanos pretendem repetir as sondagens em outras cidades do Nordeste na tentativa de aferir a disposição dos eleitores em votar no candidato do governo. "Lula é um eleitor de peso, mas a oposição tem grande chance de vencer em 2010. Se o PSDB tiver uma boa estratégia e marchar unido vencerá a eleição", aposta o deputado José Aníbal, líder do partido na Câmara. O otimismo aparente, no entanto, não dissipa totalmente a perplexidade que toma conta do PSDB. Nas últimas duas eleições vencidas por Lula, em 2002 e 2006, os petistas tiveram o trabalho facilitado pelas constantes disputas entre os próprios tucanos. Ainda faltam dois anos para a eleição presidencial e o problema se repete. Hoje, o governador José Serra é teoricamente o favorito para disputar a sucessão de Lula, mas vem perdendo força na máquina do partido. Já Aécio Neves, que é pouco conhecido nacionalmente, trabalha para ocupar espaços e garantir que a luta pela indicação de um candidato do partido à Presidência passe por Minas Gerais. Dessa forma, enquanto mais uma vez o PSDB se divide, Lula vai unindo o PT em torno da candidatura cada dia mais óbvia da ministra Dilma Rousseff. Daqui a pouco, nem Garanhuns conseguirá resistir.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008


Tem início hoje a festa de Nossa Senhora da Penha


Na foto, a imagem da Mãe do Belo Amor, venerada entre 1740 e 1745 na capelinha construída por Frei Carlos Maria de Ferrara, na Missão do Miranda, origem da cidade de Crato.
Nesta 6ª feira, 22 de agosto – Dia do Folclore – será aberta a festa da padroeira de Crato, Nossa Senhora da Penha. Os festejos se estendem até o próximo dia 1º de setembro, Dia de Nossa Senhora da Penha.
A parte religiosa será concentrada na Sé Catedral, o mais expressivo prédio da cidade, considerado o principal ícone da Princesa do Cariri. A catedral de Crato é resultado de sucessivas construções e reformas a partir da rústica capelinha erguida, em 1740, pelo italiano frei Carlos Maria de Ferrara, na Missão do Miranda, origem da cidade de Crato. A capelinha foi dedicada, naquela ocasião, a Nossa Senhora da Penha, a São Fidelis de Sigmaringa e à Santíssima Trindade.

Origem dessa invocação à Virgem Maria

Existia no norte da Espanha, uma serra muito alta e íngreme chamada Penha de França, na qual o rei Carlos Magno teria lutado contra os mouros desbaratando-os. Por volta de 1434, certo monge francês sonhou com uma imagem de Nossa Senhora que lhe apareceu no topo de uma escarpada montanha, cercada de luz e acenando para que ele fosse procurá-la.
Simão Vela, assim se chamava o monge, durante cinco anos andou procurando a mencionada serra, até que um dia teve indicação de sua localização e para lá se dirigiu. Após três dias de intensa caminhada e escalando penhas íngremes, o monge parou para descansar, quando viu sentada perto dele uma formosa senhora com o filho ao colo que lhe indicou o lugar onde encontraria o que procurava.
Auxiliado por alguns pastores da região, conseguiu achar a imagem que avistaram em sonho. Construiu Simão Vela uma tosca ermida nesse local, que logo se tornou célebre pelo grande número de milagres alcançados por intermédio da Senhora da Penha, e mais tarde ali foi construído um dos mais ricos e grandiosos santuários da cristandade.
Em Portugal, o culto de Nossa Senhora da Penha iniciou-se após a batalha de Alcácer-Quibir, de tão triste memória, na qual perdeu a vida o rei D. Sebastião. Entre os portugueses que conseguiram escapar da escravidão muçulmana encontrava-se um escultor chamado Antônio Simões, o qual, no mais aceso da peleja, prometeu à Virgem Santíssima fazer-lhe sete imagens se Ela o conduzisse novamente à sua Pátria. Fiel ao seu voto, iniciou logo o trabalho, esculpindo seis figuras com os respectivos títulos. Ao chegar à sétima e não sabendo que invocação dar-lhe, foi aconselhado por um padre jesuíta a fazer a imagem de Nossa Senhora da Penha, cujos milagres eram muito comentados em Castela.
A devoção a Nossa Senhora da Penha chegou ao Brasil com a vinda dos colonizadores portugueses. Em 1740, Frei Carlos Maria de Ferrara dedicou - de maneira especial - a capela da Missão do Miranda - origem da cidade de Crato - à Virgem da Penha.

Matéria publicada no "Diário do Nordeste", edição de 22.08.2008:

Dia do Folclore
Manifestações culturais se destacam no Cariri

Uma programação especial para comemorar o Dia do Folclore foi preparada no Crato e segue até o fim do mês

Crato. Deitado numa rede, o velho agricultor puxa um corrimboque (acendedor de cigarros feito de chifre), acende o cigarro de palha, estica o olhar para o nascente e comenta: “A chuva tá chegando, a acauã cantou em cima de um galho seco”. No terreiro da casa os meninos brincam com osso de boi, enquanto as mulheres pisam milho no pilão para fazerem o pirão de costela do almoço.
O quadro bem sertanejo é, na verdade, uma das mais autênticas descrições do folclore, cujo dia é comemorado hoje. Folclore é a cultura espontânea, vem do berço, transmitida na interação social, por condicionamento inconsciente ou imitação. Folclore é o nosso jeito de ser, de resolver as coisas. É o elo de ligação do indivíduo com sua identidade.
Por isso, no Cariri, todo dia é dia de sabedoria popular, de crenças, superstições, ditados, lendas, ritos, maldições, tabus, rezas, histórias e mitos. Todo dia é dia de artesanato, música, teatro e literatura populares, festas e jogos tradicionais, dança e cantigas de roda.
Basta andar nas ruas ou parar nas calçadas para ouvir histórias mal assombradas, ou poesias de cordel. Se o visitante pender para a zona rural, estas tradições são muito mais fortes. Vai conhecer um povo que canta, dança, reza e maldiz, trava a língua, cura e enterra e faz versos, faz repente, embolada, ligeira, desafio, literatura de cordel. O nordestino reza pra aplacar a seca, dança pra fazer chover.
O Cariri, localizado no centro do Nordeste, épico em crendices e manifestações, em usos e costumes, em histórias que correm de boca em boca, que passam de pai pra filho, pulam fronteiras, mudam de cor, de gesto, de palavra, aumentam um ponto, sobrevivem sempre.
A mais expressiva demonstração desse acervo cultural é a Festa de Santo Antônio de Barbalha que, além do carregamento do pau da bandeira, reúne cerca de 50 grupos folclóricos, entre reisados, penitentes, carpideiras e bandas cabaçais.
A Semana do Folclore do Crato será encerrada, hoje, com a entrega do Troféu Mestre Dedé de Luna a três personalidades que contribuíram para o fortalecimento da cultura popular na região. A solenidade será realizada à tarde, na sede do Instituto Cultural do Cariri, de onde sairá um cortejo de grupos folclóricos para a Praça da Sé.

Apresentações

O evento é organizado pela Fundação Mestre Eloi, que tem como presidente Aristóteles Teles Granjeiro, filho do saudoso folclorista e radialista Eloi Teles de Morais. A Semana do Folclore foi marcada por apresentações grupos de danças, reisados, bandas cabaçais e maneiro pau, nos bairros da cidade. A secretária de cultura do Crato, Daniela Esmeraldo, informou que a programação comemorativa ao Dia Internacional do Folclore prosseguirá até o fim do mês com outras atividades no Alto da Penha.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Cinema, imperialismo e geografia é tema de palestra

Nesta sexta, 22, no Salão de Atos, Campus do Pimenta, às 19 h, acontecerá a palestra “Cinema, imperialismo e geografia”, que será proferida pelo prof. dr. Manoel Fernandes (USP). Partindo de uma temática inovadora, abordando o espaço geográfico e o imperialismo a partir do mote cinematográfico, a palestra promete aproximar a interlocução entre pesquisadores e estudantes das ciências humanas.

O palestrante, Manoel Fernandes, atualmente é professor doutor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo - USP. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em História do Pensamento Geográfico, atuando principalmente nos seguintes temas: geografia, educação, políticas públicas, história da geografia e geografia política. Em seguida à palestra, o prof. Fernandes estará lançando a segunda edição de seu livro Aula de Geografia e Algumas Crônicas.

O evento é uma promoção do grupo de pesquisa Imago/CNPq, vinculado Laboratório de Ensino – LEG, do Departamento de Geociências; do Centro Acadêmico Livre de Geografia – Caligeo; e do Departamento de Educação.

Expediente: Palestra CINEMA, IMPERIALISMO E GEOGRAFIA. Dia 22, sexta, às 19h, no Salão de Atos, Campus do Pimenta, Universidade Regional do Cariri – URCA. Entrada Franca.

Cinema, imperialismo e geografia é tema de palestra

Nesta sexta, 22, no Salão de Atos, Campus do Pimenta, às 19 h, acontecerá a palestra “Cinema, imperialismo e geografia”, que será proferida pelo prof. dr. Manoel Fernandes (USP). Partindo de uma temática inovadora, abordando o espaço geográfico e o imperialismo a partir do mote cinematográfico, a palestra promete aproximar a interlocução entre pesquisadores e estudantes das ciências humanas.

O palestrante, Manoel Fernandes, atualmente é professor doutor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo - USP. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em História do Pensamento Geográfico, atuando principalmente nos seguintes temas: geografia, educação, políticas públicas, história da geografia e geografia política.

Ao final da palesta, o prof. Fernandes estará lançando a segunda edição de seu livro Aula de Geografia e Algumas Crônicas (2006)


O evento é uma promoção do grupo de pesquisa Imago/CNPq, vinculado Laboratório de Ensino – LEG, do Departamento de Geociências; do Centro Acadêmico Livre de Geografia – Caligeo; e do Departamento de Educação.

Expediente: Palestra CINEMA, IMPERIALISMO E GEOGRAFIA. Dia 22, sexta, às 19h, no Salão de Atos, Campus do Pimenta, Universidade Regional do Cariri – URCA. Entrada Franca.

domingo, 17 de agosto de 2008


Um costume deplorável


Mudar os nomes das ruas de Crato. Vem de há muito esse lastimável costume dos vereadores cratenses. As ruas do centro, possuidoras de tradicionais e pitorescas denominações, tiveram seus nomes trocados por personagens desconhecidas da população. O leitor sabe quem foi Senador Pompeu, Almirante Alexandrino, Ratisbona ou Padre Verdeixa? Como eram bonitas as denominações de Rua da Pedra Lavrada, Rua das Laranjeiras, Rua Formosa, Rua das Flores...
Vejamos um caso recente. Em 1998, intelectuais, professores e monarquistas caririenses procuraram os vereadores Ailton Esmeraldo e Edna Almino e solicitaram um projeto dando o nome de Imperatriz Leopoldina a uma nova rua de Crato. Foram de pronto atendidos.
Colocada a matéria em votação, uma surpresa: alguns vereadores alegaram desconhecer quem fora e qual a participação que tivera a Imperatriz Leopoldina na história do Brasil. O presidente da Câmara Municipal, Cláudio Gonçalves Esmeraldo, usou de bom senso. Convidou-me a comparecer à sede do legislativo cratense para proferir palestra sobre a primeira imperatriz brasileira. Assim o fiz. Ao final da minha fala o projeto foi colocado em votação sendo aprovado por 20 votos a favor e uma abstenção: a do vereador petista Amadeu de Freitas. Àquela época, os adeptos do Partido dos Trabalhadores se apresentavam com um ar de superioridade. Julgavam-se os “donos da verdade”, verdadeiros vestais da ética, críticos de tudo... Em 2003, o PT chegou ao poder. Deu no que deu... Mas essa é outra história.
Voltemos ao troca-troca dos nomes das ruas de Crato. O ex-prefeito Raimundo Bezerra sancionou a Lei nº. 1.774 de 10 de junho de 1998, denominando de “Rua Imperatriz Leopoldina” a artéria que tem inicio ao lado direito da Avenida Padre Cícero – sentido Crato-Juazeiro – e dá acesso ao Parque Getúlio Vargas-Morro da Coruja, em toda a sua extensão. Existem vereadores na atual legislatura, possuidores de mandatos em 1998, que se lembram do episódio acima relatado.
Recentemente – segundo me informou o ex-vereador Ailton Esmeraldo – os atuais vereadores (provavelmente desconhecendo o fato de aquela via pública já ter nome oficial) aprovaram nova denominação para a rua. Pela nova lei passou a se chamar Rua Orestes Costa. Este, aliás, já fora homenageado anteriormente no bairro Granjeiro. Nada contra o Sr. Orestes Costa, cidadão de bem, cujo legado de honestidade e ética faz parte da memória da Cidade de Frei Carlos. Ele merece ser homenageado. O que constrangeu, e até revoltou muita gente, foi a cassação da Imperatriz Leopoldina como patrona de uma rua de Crato... Será que a Câmara de Vereadores lembrou ao menos de revogar a Lei nº. 1.774? Caso contrário, a Rua Imperatriz Leopoldina passou a ter duas denominações, o que é uma ilegalidade.

Armando Lopes Rafael

COLUNA CARIRI DE HOJE

MINSTÉRIO PÚBLICO
O Ministério Público Estadual se transferiu, literalmente, para o Cariri esta semana. Aconteceu no Memorial Padre Cícero o IV Encontro do Ministério Público, com a presença de promotores de Justiça de todo o Ceará. Nas palestras temas como eleições, trânsito, Lei Maria da Penha, conduta ética e garantias constitucionais. A abertura se deu na quarta-feira, 13, e o encerramento na última sexta-feira, 15. A coordenação foi do promotor Elder Ximenes.

SEDE NOVA
O Ministério Público em Crato está de sede nova. Foi inaugurada na última quarta-feira, com a presença da procuradora geral de Justiça do Estado, Socorro França. No bairro Pimenta, funcionarão as promotorias públicas e o Departamento de Defesa do consumidor (Decon).

CULTURA
O espetáculo As Presepadas de Zé Ozébe, dirigida e produzida por Mauro César, esteve durante toda esta semana que passou em várias cidades do Cariri. Crato, Juazeiro, Caririaçu e Nova Olinda, foram algumas delas. A peça fala de um personagem bem enrolado em mentiras, que a cada minuto que passa se complica mais. Um texto bem apurado do dramaturgo Cacá Araújo.

TUDO CERTO
O candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) em Juazeiro do Norte, Manoel Santana, pode agora respirar aliviado. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE), por 6 votos a zero, deu sentença favorável ao registro de sua candidatura. Santana agora pretende intensificar a campanha em bairros e comunidades carentes.

SEMÁFOROS
O Departamento Municipal de Trânsito de Juazeiro já tem assegurada a instalação de mais quatro semáforos modernos em cruzamentos considerados perigosos. A informação foi prestada pelo diretor do órgão, Hamilton Macedo, acrescentando tratar-se de uma parceria firmada com o Detran. Segundo ele, a escolha dos locais foi feita com a participação de engenheiros de trânsito que estiveram em Juazeiro elaborando um projeto de sinalização. Os novos semáforos deverão ser instalados em até dez dias nos seguintes cruzamentos: avenida Castelo Branco com a avenida Humberto Bezerra (confluência dos bairros Tiradentes e Pirajá); avenida Ailton Gomes com a Plácido Aderaldo Castelo, na direção do Parque de Eventos; avenida Castelo Branco com a rua das Flores, próximo ao estádio Romeirão e na avenida Ailton Gomes com a Carlos Cruz, na Via Férrea.


CIDADANIA
A ONG Onda Social está articulando um programa a ser veiculado em uma emissora de rádio do Cariri. A idéia é divulgar a cultura da região, abrir debates sobre os movimentos sociais e política.

DESAFIO JOVEM
O Projeto Desafio Jovem Cariri, sediado no Sítio Teotônio, em Crato, que há oito anos atua na recuperação de dependentes de drogas e álcool, já tendo tratado com êxito mais de 300 pessoas de toda a região, passa por uma profunda crise. Um grupo de entidades e pessoas se organiza para tirar o Desafio Jovem da crise. Boa oportunidade para a sociedade caririense demonstrar gratidão com uma entidade que tanto faz bem às pessoas.


BATE-PAPO

ARTESANATO
Esteve recentemente em Juazeiro do Norte, o técnico da Central de Artesanato do Ceará (Ceart), Flávio Sampaio, iniciando o trabalho de cadastramento de artesãos do Cariri no Programa Nacional de Artesanato. O objetivo do programa é fazer com que o artesão tenha mais oportunidades de comercializar seus produtos, sem a presença do atravessador. O cadastro será disponibilizado na Internet para entidades, empresas e pesquisadores. Já foram cadastrados em torno de 70 mil artesãos cadastrados no Estado do Ceará.

IMPUGNAÇÃO
O ex-prefeito do Crato, Walter Peixoto (PMDB), está às voltas com problemas jurídicos. A juíza eleitoral Geritza Montezuma acatou pedido de impugnação da candidatura de Peixoto, feito pelo Ministério Público. Agora, terá que recorrer ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Walter Peixoto teve três contas de sua última administração (2001/2004) com parecer do TCM para desaprovação e acatadas pela Câmara Municipal.

Coluna Cariri, de minha autoria, publicada todos os domingos no jornal O Povo.

sábado, 16 de agosto de 2008

Matéria do DIÁRIO DO NORDESTE, 16-08-2008

FALÊNCIA DA TRADIÇÃO

Engenhos agonizam no Cariri

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No Engenho Santo Antônio, o proprietário Antônio de Pedro, ainda está produzindo a rapadura, mas amarga prejuízos crescentes, em decorrência da desvalorização do produto. O quilo custa apenas R$ 0,80 (Foto: Antônio Vicelmo)

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As velhas moendas estão virando sucata na bagaceira dos engenhos. Outras estão sendo vendidas para outros Estados onde servem à fabricação de cachaça e álcool

Os últimos engenhos de cana-de-açúcar do Cariri se despendem do setor, com uma produção insignificante de rapadura

Barbalha. Os engenhos de rapadura do Cariri estão com os dias contados. Dos mais de 100 engenhos que funcionaram na década de 60, no município de Barbalha, restam somente cinco que estão agonizando. O fim da agroindústria canavieira, que durante 300 anos impulsionou a economia regional, está sendo denunciado por um fato inusitado. O gado está sendo solto dentro do canavial. A cana que seria moída pelos engenhos está sendo transformada em pasto.

As velhas moendas estão virando sucata na bagaceira dos engenhos. Outras estão sendo vendidas para outros Estados para fabricação de cachaça e álcool. Recentemente, o proprietário do Engenho Padre Cícero, Antônio Sampaio, vendeu para o Estado de Sergipe, por R$ 10 mil, um centenário engenho que funcionava no Sítio Venha Ver, a quatro quilômetros de Barbalha.

Desiludido com a agroindústria canavieira, Antônio soltou o gado dentro das canas e anuncia a desativação do engenho, sob a alegação de que não compensa mais fabricar rapadura. “A falta de mercado, o preço baixo e as exigências do Ministério do Trabalho estão levando à falência uma das mais tradicionais atividades agrícolas do Cariri”, lamenta Antônio, acrescentando que tem procurado agregar outras atividades como produção de mel de abelha e fabricação de cachaça com a finalidade de melhorar a rentabilidade econômica. Mesmo assim, afirma, não tem futuro.

Hoje, o quilo da rapadura está sendo vendido a R$ 0,80 centavos. A batida, temperada com erva-doce e cravo da índia custa R$ 1,00 o quilo. Os maiores consumidores são os romeiros do Padre Cícero. “É possível que sobreviva um ou dois engenhos para atender a este mercado formado por saudosistas”, vaticina Antônio.

O rosário de lamentações é puxado também pelo proprietário do Engenho Santo Antônio, Antônio de Pedro, que também está colocando o gado para pastar dentro das canas. Antônio garante que este é o último ano de moagem. “Estou acabando com uma tradição que foi herdada do meu avô”, complementa ele.

Na área dos engenhos estão sendo construídos condomínios, casas de veraneio, pistas de vaquejadas e postos de combustíveis. Antônio de Pedro conta nos dedos os últimos remanescentes de uma aristocracia rural que dominou o Cariri desde sua colonização.

Destilaria de álcool

Depois do processo de sucateamento do setor, agravado com o fechamento da Usina Manoel Costa Filho de Barbalha, o governo do Estado pretende, agora, reerguer a atividade sucroalcooleira no Ceará, mais especificamente na Região do Cariri. O secretário de Desenvolvimento Agrário, Camilo Santana, já anunciou que o governo busca atrair investidores para instalação de destilaria de álcool na região do Cariri.

“No entanto, pelo andar da carruagem, o projeto vai chegar atrasado”, diz o industrial Rommel Bezerra, proprietário de uma destilaria de cachaça no Crato, lembrando que a cada ano diminui a área plantada de cana na região. Já foram ocupados 10 mil hectares, produzindo 500 mil toneladas. Hoje, são apenas mil hectares, gerando 50 mil toneladas do produto. Rommel destaca que o governo vai começar pelo plantio de uma variedade que se adapte às terras e ao clima da região caririense.

A pretensão de recuperar o setor canavieiro já havia sido levantada pelo governo anterior, quando lançou o Programa Renovacana Cariri. A meta era, em cinco anos, elevar em 260% a produção de cana-de-açúcar no Estado, de onde se destilaria o álcool. Entretanto, apesar de gerar um aumento na quantidade de hectares cultivados, a revitalização esperada do parque industrial ainda não foi alcançada.

SAIBA MAIS

Abrangência


A Região do Cariri, que abrange a atuação do Escritório Regional da Ematerce, é composta pelos municípios cearenses de: Altaneira, Barbalha, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Granjeiro, Jardim, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda, Porteiras e Santana do Cariri.

Integração

Com uma importância estratégica para o processo de integração nacional, o Cariri situa-se em área geograficamente central da região Nordeste, mantendo-se a uma distância média de 600km das principais capitais nordestinas.

Rapadura

Os poucos engenhos que ainda resistem no Cariri anunciam fim das atividades. Mas ainda há pequena produção de rapadura, como nos engenhos Padre Cícero, no Sítio Venha Ver (88-3532.3990) e o Santo Antônio, também no Sítio Venha Ver (88) 3532.0433, ambos no município de Barbalha.

ANTÔNIO VICELMO
Repórter

Congresso pára combate à corrupção

O combate à corrupção, tão debatido em épocas de campanhas eleitorais, passa longe do Congresso Nacional. Segundo um levantamento feito pelo site Contas Abertas, diversos Projetos de Lei (PLs) que tratam da punição e prevenção à corrupção chegam a esperar quase 15 anos para serem votados. Ao todo 68 projetos estão parados esperando apreciação por parte dos parlamentares.

A falta de vontade política dos deputados federais e senadores brasileiros para votar matérias que versam sobre o combate à corrpução fica claro na medida em que os projetos, classificados como prioritários, dispensam exigências regimentais para serem incluídos na "Ordem do Dia". Isso quer dizer que, apesar de serem de pronta apresentação aos parlamentares, eles demoram anos para serem apreciados.

Apenas em 2007, foram apresentadas 31 propostas de combate à corrupção - um número a menos do que as proposições sugeridas entre 1993 e 2006. Em 2008, foram mais cinco projetos de lei colocados à apreciação dos parlamentares. Todos versam sobre ações preventivas diretas e indiretas sobre corrupção. Algumas dessas iniciativas legislativas tramitam em conjunto.

Em diversos diagnósticos e estudos realizados sobre a corrupção no Brasil, verifica-se que os casos e escândalos se alimentam, muitas vezes, na mesma fonte. A imunidade parlamentar, por exemplo, é um desses sustentáculos. Outros pontos relevantes seriam o de sigilo bancário excessivo, a falta de transparência nos gastos públicos, a elevada quantidade de funções comissionadas e a morosidade da Justiça.

Além destes, a falta de critérios para elaboração e repasses de recursos de emendas parlamentares também é um problema. Este, inclusive, foi alvo do Projeto de Lei 2850/08, de autoria do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que caracteriza como crime a utilização das emendas parlamentares à lei orçamentária como instrumento de barganha para influir na apreciação de proposições legislativas em tramitação no Congresso.

Uma das razões apresentadas pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para garantirem o direito de candidatos respondendo a processos na Justiça de entrarem na corrida eleitoral, era a falta de uma Lei que determinasse isso. Não é de se estranhar, no entanto, que no topo da relação de projetos pró-combate à corrupção está o PLP 168, capaz de impedir que indivíduos já condenados por crimes graves tenham acesso a cargos eletivos. O PLP 168 é o mais antigo dos projetos que tramitam no Congresso - desde 1993.

Dentre as propostas que tramitam lentamente, encontra-se também o projeto de lei 1.142/07, de autoria do deputado Henrique Fontana (PT-RS), que responsabiliza criminalmente as empresas que praticam corrupção. Em justificativa à proposta, o deputado afirma que o objetivo é "atacar a corrupção nos focos em que ela se origina, ou seja, através de representantes políticos, de funcionários públicos e de empresários que praticam a corrupção". Fontana acredita que pequenas mudanças na lei não garantem o fim da corrupção, mas se pode dificultá-la por meio de um maior controle e de penalidades severas aos infratores.

Leia mais no site
www.contasabertas.uol.com.br

CULTURA

NOTÍCIAS DA IGREJA

AnotE - AGÊNCIA DE NOTÍCIAS ESPERANÇA
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Um serviço de comunicação das pastorais sociais, Comunidades
Eclesiais de Base (Ceb's) e organismos da Igreja Católica do
Ceará
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Pastoral Carcerária realiza retiro com agentes pastorais. (Dia 15 de AGO/2008)

A Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Fortaleza realizará nos dias 15, 16 e 17 de agosto um Retiro com os agentes de pastoral no Condomínio Espiritual Uirapuru (CEU), na Avenida Alberto Craveiro, 2222, Castelão. O tema será "A Presença - Ausência de Deus no presídio" e será orientado pelo Padre Bernardo Holmes. O objetivo do encontro é animar e fortalecer os agentes da pastoral para o trabalho desafiador que é a realidade da população carcerária.

CONTATO: Regina Pereira (85) 33888718 / (85) 99721466 / www.pcarcerariafortaleza@yahoo.com.br.
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Articuladores do Grito dos Excluídos/as de Fortaleza realizam plenária. (Dia 16 de AGO/2008)

No próximo dia 16 de agosto, sábado, das 8h30m às 12h, na Faculdade da Prainha, na Rua Tenente Benévolo, n.° 201, Centro, os articuladores do 14° Grito dos/as excluídos/as de Fortaleza, realizarão plenária. A pauta central será a preparação de toda programação do dia 07 de setembro e reunião das equipes de trabalho. O grito este ano acontecerá no bairro do Genibaú e terá como tema "Vida em primeiro lugar - Direito e participação popular."

CONTATO: Assis Memória 9944 3315 e Rejane Nascimento 8816 3867
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Ato pela Vida em Fortaleza (Dia 19 de AGO/2008)

A Pastoral do Povo da Rua celebrará no dia 19 de agosto, na Praça José de Alencar, a partir das 17h, um Ato pela Vida, com a presença de moradores de rua, entidades e pastorais sociais. O ato faz memória ao massacre de 15 pessoas em situação de rua que foram cruelmente atacadas no centro da cidade de São Paulo na madrugada dos dias 19 e 22 de agosto de 2004. O momento também quer reafirmar o compromisso e engajamento em defesa do povo da rua e da construção de políticas públicas que resgatam a dignidade e cidadania desse povo que quer viver com qualidade e com direitos assegurados.

CONTATO: Fernanda Gonçalves (85) 8872 6947 / 3388 8706
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"Gestão de Empreendimentos Solidários" será tema do curso promovido pela Cáritas (Dia 18 de AGO/2008)



Dando prosseguimento à ação de capacitação de 60 grupos de empreendedores na linha da Economia Popular Solidária, a Cáritas Brasileira Regional Ceará em parceria com a Cáritas Arquidiocesana, realizarão de 18 de agosto a 19 setembro o curso de Gestão de Empreendimentos Solidários. Serão formadas duas turmas para o curso, uma no Conjunto Palmeiras em parceria com o Banco Palmas e outra no Bom Jardim em parceria com o Movimento de Saúde Mental. A perspectiva desta atividade é fortalecer os grupos para prática da sócio economia solidária através da organização da produção dos empreendimentos solidários, e desenvolvimento de políticas públicas de geração de trabalho e renda, usando como metodologia a realização de oficinas e jogos. Já foram capacitadas 05 turmas de diversos bairros de Fortaleza. A iniciativa faz parte do Programa Trabalho Comunitário Solidário, ação articulada entre a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), Cáritas Brasileira Regional Ceará, Instituto Terra Azul e Banco Palmas.

CONTATO: Luciana Eugenio ou Francisco Santiago (85) 3388 8716 / 8896349869
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Vida Brasil abre inscrições para Curso de Formação (Dia 22 de AGO/2008)

O Programa "Acessibilidade e Direitos da Pessoa com Deficiência" abre inscrições para a segunda turma do Curso de Formação em Direitos das Pessoas com Deficiência e Gestão de Projetos, que ocorrerá em Salvador e Fortaleza. As inscrições poderão ser realizadas até o dia 22 de agosto de 2008, através do envio da ficha de inscrição (disponível no site www.vidabrasil.org.br) para os e-mails fortaleza@vidabrasil.org.br ou lucianamaia@vidabrasil.org.br ou pelo correio, para a sede da Vida Brasil (Rua Antenor Rocha Alexandre, 320, Parque Manibura, CEP: 60.821-795). O curso  é gratuito e possui carga horária de 100 horas, distribuídas em cinco módulos que serão realizados de setembro a novembro de 2008. A formação abordará temas como: Cidadania e Participação; Políticas Públicas e Controle Social; Direitos Humanos; Direitos das Pessoas com Deficiência; Acessibilidade; Mecanismos de Participação; Gestão e Elaboração de Projetos. Serão capacitados 20 representantes de entidades de ou que trabalham com pessoas com deficiência nas duas cidades. O objetivo do curso é contribuir para o fortalecimento institucional das organizações, reforçando suas capacidades teóricas e práticas de intervenção e qualificando seus membros para a elaboração e realização de projetos. Poderão participar da seleção pessoas que façam parte de Associação ou Movimento que atue na área da deficiência e/ou de direitos humanos. O edital, com maiores informações e critérios de inscrição, está disponível no site da Vida Brasil. O Programa de Acessibilidade é realizado com o apoio da União Européia, do Ministério das Relações Exteriores da França e da Misereor.

CONTATO: Luciana Maia (Coordenadora do Programa de Acessibilidade) (85)88548768 e Rafael Sousa (85)87956907
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DESTAQUES
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Do Fome Zero aos Agrocombustíveis
por Roberto Malvezzi (Gogó)*


Quando Lula tomou posse, uma de suas primeiras atividades foi reunir seu ministério e levá-lo até Guaribas, sertão do Piauí. Andando longo trecho de ônibus, os ministros que só conheciam o sertão pelos livros e TVs, puderam pôr o pé na realidade. O gesto era simbólico e, como já advertia Frei Betto, não era a revolução, mas era o que podia um governo eleito pelo voto. Lula proclamara o "Fome Zero" como uma das metas principais de seu governo. Depois, diante de observações feitas aqui das bases do Nordeste, o próprio Ministério do Meio Ambiente proclamou o "Sede Zero". De qualquer forma, soava diferente de todos os governos anteriores.

O tempo se encarregou de mudar Lula e seu governo. A adesão firme ao agro e hidronegócios fez com que optasse pelos transgênicos ao invés de uma agricultura familiar diversificada e rica em alimentos, embora invista também nela, mas jamais na mesma proporção. Optou pela transposição do São Francisco ao invés de investir em obras descentralizadas de abastecimento, como as adutoras para as cidades do Nordeste. Finalmente, optou pelos agrocombustíveis em detrimento da produção de alimentos. Dá para demarcar passo a passo, numa linha do tempo, as mudanças profundas na rota do governo Lula.

Em Salvador, inaugurando obras e fomentando a aqüicultura nos mangues brasileiros, também em detrimento das populações pesqueiras do litoral, Lula disse que "não seria louco de deixar de encher o tanque do povo para encher o tanque dos carros". De repente, parecia o velho Lula, com aquele semblante de indignação diante das injustiças brasileiras. Mas, a realidade é que ele estava apenas querendo justificar sua opção pelos agrocombustíveis, sempre na argumentação que não existe paradoxo entre produzir alimentos e agrocombustíveis. O assunto é uma espada no pescoço de seu governo e não faltam estatísticas de todos os tipos para contestar a linha de pensamento do presidente.

Esses dias o preço das comodities agrícolas despencou e o programa do biodiesel da mamona faliu. O aumento da fome no mundo, em um ano, já passa de 100 milhões de pessoas. O preço dos alimentos explodiu. Contraria as metas do milênio e coloca a humanidade numa encruzilhada tenebrosa. O governo, ao pôr os melhores solos brasileiros a favor dos agrocombustíveis, ao incentivar a América Central e a África para o mesmo caminho, a pretexto de favorecer a renda dos agricultores, pode estar incentivando a escassez de alimentos no mundo. E não adianta falar em safra recorde porque essas comodities não põem a mesa do povo brasileiro.

Assim, um governo que fez do combate à fome sua grife, pode terminar seus dias colaborando com o aumento da fome sistêmica em todo o planeta.

* Assessor da Pastoral da Terra

quarta-feira, 13 de agosto de 2008


A nota abaixo foi publicada no blog de Tarso Araujo:
"A Feira de Tecnologia e Calçados do Ceará - FETECC será aberta na noite desta quarta-feira, na cidade de Juazeiro do Norte. O evento chega a sua décima primeira edição contabilizando, durante esses anos todos, 130 mi l visitantes e R$ 150 milhões em negócios realizados. A promoção é do Sindindústria em parceria com o Sebrae e a Prefeitura de Juazeiro. A XI Fetecc é uma prova dos avanços do pólo calçadista da região do Cariri".
Uma reflexão: a ExpoCrato contabilizou 50 milhões de reais em 8 dias de negócios. Já a 11ª Fetecc conseguirá - em 3 dias - três vezes o volume de recursos contabilizados na última ExpoCrato. O juazeirense fala com orgulho da sua Fetecc. Já os cratenses ao falarem sobre a ExpoCrato...


Casa do Engenho Tupinambá, a mais expressiva arquitetura entre as Casas Grandes da zona rural caririense. Segundo Alberto Callou Torres, essa casa, lendária, carregada de histórias, formosa construção (infelizmente, em franco processo de deterioração) era conjugada ao engenho, fato que a fazia ímpar entre as demais Casas Grandes do doce Cariri canavieiro...

RESGATE OPORTUNO

Quem procurava informações sobre o ciclo da cultura canavieira no Cariri passa a dispor agora de um excelente estudo. Trata-se da tese da historiadora e arquiteta barbalhense Maria Yacê Carleial Feijó de Sá, defendida na Universidade Federal do Ceará com o título: “Os homens que faziam o Tupinambá moer: Experiência e Trabalho nos Engenhos de Rapadura do Cariri (1945-1980)”. Yacê é casada com o prefeito de Barbalha, Rommel Feijó, mas, a política não a atrai. Ela prefere os desafios acadêmicos. Para ler a bem elaborada tese de Yacê, acesse :

ARISTOCRACIA RURAL DO CARIRI
O engenho Tupinambá já fora destacado noutro livro (“Zé Major, meu avô”) escrito por Alberto Callou Torres, outro barbalhense, Juiz de Direito aposentado e professor do curso de Direito da URCA. Trata-se de um livro imprescindível para quem quiser conhecer um pouco da antiga aristocracia rural do Vale do Cariri.

DO CARIRI, SÓ CRATO
O lúcido comentário é do renomado arquiteto e professor da UFC, José Sales, (http://geoparkararipe.blogspot.com/): "As campanhas municipais avançam e não existem propostas de qualificação urbana e gestão na maior parte dos municípios do Ceará, por parte dos candidatos em maior evidencia na mídia. A maior parte das cidades expõe – em todos os seus bairros – o resultado de três anos e meio de gestão errática, onde a maior pontuação retrata a total ausência diretriz de qualificação urbana e gestão. Os bons resultados são raríssimos e ocorrem só em algumas cidades, onde já existe certa tradição, como Sobral, Iguatu, Crato e Viçosa do Ceará”.

ESCAPOU UM
Dentre os 50 projetos – provenientes de todos os estados da Federação – selecionados pelo Ministério do Turismo, para receber financiamento, só aparece um do Cariri. Foi apresentado pela Fundação Casa Grande, de Nova Olinda, e tem por título: “Promoção do Turismo Social e Cultural de Base Comunitário no Sertão do Cariri”.

10 ANOS DA APA/ARARIPE
A Área de Proteção Ambiental do Araripe (APA/Araripe) foi criada através de Decreto Federal em 04/08/1997, assinado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Possui uma área de 1.063.000ha. e um perímetro de 2.658,55km. Está localizada na biorregião do Complexo do Ibiapaba-Araripe, e se distribui pelos Estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, abrangendo os municípios de Missão Velha, Abaiara, Brejo Santo, Porteira, Jardim, Jati, Pena Forte, Barbalha, Crato, Nova Olinda, Santana do Cariri, Araripe, Potengi, Campos Sales, Salitre, no Ceará; Araripina, Trindade, Ouricuri, Ipubi, Exu, Santa Cruz, Bodocó, Cedro, Moreilândia, Granito, Serrita, em Pernambuco; e Fronteira, Padre Marcos, Simões, Paulistana, Pio IX, Caldeirão Grande, Curral Novo, no Estado do Piauí.Saiba mais sobre a APA/Araripe no Caderno Regional, do “Diário do Nordeste” edição de 09/08/2008.

VADE RETRO...
Uma coisa que provoca riso é quando ouvimos figurões do governo lembrar - com empáfia - os “princípios republicanos” ou “temos que agir de forma republicana”. Como se essa República que aí está fosse algo sério. Uma curiosidade: o golpe militar de 15 de novembro de 1889 nunca foi comemorado pelo povo de Crato. E veja que o povo comemora por aqui muita coisa: 7 de setembro, 21 de junho, Dia de Nossa Senhora da Penha, Dia de São José, Malhação do Judas, dentre outras. Também no Cariri o povo recebeu bestializado da notícia da deposição de Dom Pedro II. No imaginário caririense a “Proclamação da República” soa como algo distante, feita sem participação popular, pois nunca foi anseio do povo. “Republicano” para nosso povo simples é sinônimo de políticos corruptos e dos escândalos, os mais variados, amplamente divulgados pelos meios de comunicação.

BRASIL REAL, BRASIL VERDADEIRO
O próximo dia 15 de novembro lembrará 119 anos do golpe militar que implantou a República no Brasil. E apesar de todos esses anos, os contrastes entre o Brasil atual e o Brasil-Império só têm crescido. No tempo do Império – como bem lembrou o Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança – havia estabilidade política, administrativa e econômica; havia honestidade e seriedade em todos os órgãos da administração pública e em todas as camadas da população; havia dignidade, havia segurança, havia fartura, havia harmonia. Já hoje...

NAS COLUNAS DIÁRIAS

Luta de Classe

O fim do socialismo soviético, entre outros enormes efeitos, resultou imediatamente na negação das classes sociais. A classe social não existiria, seria ficção da doutrina revolucionária. Com a doutrina soviética bastante abalada no início dos anos 90, a ordem era esterilizar, desinfetar, como diziam alguns, seu pensamento. Ao longo da década esta coisa foi mudando de eixo, afinal havia intenção bastante humana por trás da luta contra o socialismo. Era uma classe que dominava o capital, dominava os meios de comunicação, as instâncias políticas do Estado e a cultura em geral, inclusive as ciências. Como negar a si mesma? Então o discurso passou para um campo menos "radical", afinal as classes existiam como algo diluído, sem nenhum papel revolucionário ou de vanguarda transformadora da política e do social.

Hoje o ministro do STF, Marco Aurélio de Mello faz a defesa clara da classe: Se nãopericulosidade, se é crime financeiro, de falcatrua, o chamado crime do colarinho branco, nãonecessidade da algema. A regra é o preso ser conduzido preservando-se a dignidade dele. E como a sinceridade de classe é nítida e a defesa da mesma intransigente, diz ainda mais o ministro: Colocar algemas em Celso Pitta, Jader Barbalho, Daniel Dantas, Naji Nahas....Prá quê?

Como o Estado brasileiro não protege a todos, a alguns e todos da mesma classe, diz o ministro supremo ao se referir à súmula vinculante que trata sobre a questão de algemar prisioneiros e que orientará todos os tribunais brasileiros: A súmula não vai frear. Mas talvez sirva de respaldo em ações de indenização contra o estado. Se não somos todos idiotas, quis o ministro dizer: nenhum rico será preso com algemas e se for irá ganhar dinheiro do estado. Como rico pode tudo, vai ter gente contratando mãos policiais para algemá-la. Depois a indenização irmanando esforços.

Tortura nunca mais

A tortura e a violência das forças policiais contra as classes médias baixas, os operários e aquela faixa entre o lúmpen e a informalidade contínua ampla, em todo o território nacional e nalguns casos, como o do Rio de Janeiro, como clara política de governo. Esta é a grande discussão, a que efetivamente se horizontaliza no dia-a-dia das pessoas, mas não aparece na narrativa diária da imprensa como uma violência do Estado e sim como a criminalização da vítima. Todo os mortos por ação da polícia são julgados como bandidos, criminosos, traficantes. O noticiário é parte justificativa da tortura e da violência.

Se um dia houver uma prestação de contas como o Grupo Tortura Nunca Mais tentou com as vítimas políticas da ditadura, a mídia e os atuais governantes irão ficar horrorosos na fotografia. Não tem como negar que o enfrentamento é contra aquelas classes e tudo se reduz ao mero enfrentamento. A renda melhora relativamente pouco, a redistribuição de renda é verdadeira, mas numa velocidade de algumas dezenas de anos, a escola pública é péssima, a saúde pública, especialmente hospitalar, uma sofrimento a mais, o transporte urbano é primitivo, nada é universal, tudo é seletivo, meramente demonstrativo e de pouco fôlego.

Por isso é que a questão do torturador levantada pelo Ministro da Justiça Tarso Genro não consegue atingir o foco da questão. E seu alerta se dirigiu aos velhos tempos da guerra fria, dando oportunidade a que os vovôs militares praticassem a la recherche de temps perdu.