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domingo, 29 de junho de 2008

O NOTICIÁRIO POLÍTICO QUE NÃO FALA DE POLÍTICA

Os nossos jornalistas que pautam a política do Cariri são competentes e buscam a notícia onde ela se encontra. Quando lemos o que resulta de suas lidas diárias e ficamos decepcionados com o conteúdo de seu trabalho nada tem a com suas competências. Tem muito do baixo nível da notícia em si. O pequeno conteúdo da realidade política regional.

Nenhuma notícia sobre a realidade do Cariri. Suas necessidades, as políticas públicas relevantes, a avaliação do que atualmente ocorre, a revisão necessária, enfim o otimismo com o dia de amanhã. O que lemos é sobre arranjos, e arranjos que têm muito peso na região, mas não são do interesse desta propriamente dito. Tudo é uma subordinação desta linda região não a programas partidários, mas às carreiras dos grandes líderes.

De um modo geral a disputa não se encontra aqui a não ser quando se personaliza. É fulano contra beltrano. Fora desta banalização medíocre, a política ocorre fora, no litoral, na capital. Então o Cariri todo passa a ser uma mera estratégia para os projetos políticos de Tasso, Eunício, Ciro, Cid em 2010 etc.

Por isso os grandes partidos PSDB, PMDB e PT (mais aqueles que este) são a máquina mais sólida que costura fulano contra beltrano no interesse de líderes que não mais lideram projetos de sociedade, apenas carreiras políticas. Os partidos menores, inclusive, DEM, PSB, PDT, PV e PC do B e mais outros, se resumem a acrescentar minutos para as coligações e a lastrear a vereança de alguns nomes.

Duas conclusões se extrai neste noticiário: a) o Ceará perdeu o norte de sua sociedade e b) o Cariri é o pano de fundo da política cearense.

Obrigado, Violeta - por Tasso Jereissati ("O Povo" 29-06-2008)


É certo que temos muitos exemplos de mulheres que se destacaram nas artes, outras tantas comandaram grandes movimentos e programas sociais, muitas mais brilharam na vida acadêmica e na intelectualidade. Há também aquelas que se destacaram na política e hoje mais da metade dos cargos executivos de grandes empresas é ocupada por mulheres. Entretanto, confesso que não me vem à memória alguém que tenha se destacado tanto, e durante tanto tempo, em tão variados setores da vida nacional, quanto Violeta Arraes. Do Araripe onde nasce, passando pelo Recife, pela PUC do Rio de Janeiro até o Centro Internacional de Economia e Humanismo, na França, onde conhece seu marido Pierre Maurice Gervaiseau, Violeta construiu as bases de sua cultura universal.

Nela o refino intelectual europeu serviu principalmente para a compreensão da realidade brasileira, em todos os seus aspectos. Por outro lado o seu ser sertanejo nativo, não a deixava conformar-se, indo fundo na busca das causas e razões de nosso atraso, para depois tentar mudar esta mesma realidade. Nesse sentido, Violeta era múltipla, agia em todas as áreas em que de alguma forma, pudesse emprestar sua força e seu talento contra tudo que ela considerasse errado ou injusto.

Houve uma Violeta que conheceu o ainda Padre Helder Câmara, tornando-se sua assistente no Secretariado Nacional da Ação Católica. Outra Violeta que vai se dedicar às causas da educação, iniciando, com Paulo Freire, o Movimento de Cultura Popular, enveredando inclusive pelos caminhos do cinema novo e nos movimentos literários da vanguarda de então. Havia ainda a Violeta que vai se engajar politicamente trabalhando, ajudando e aconselhando seu irmão Miguel Arraes em inúmeras campanhas, mandatos e governos. É a mesma Violeta que vai lutar pela liberdade, pela anistia e pelo retorno à democracia. A Violeta do exílio, mão amiga de tantos despatriados, ainda encontra tempo para exercer a psicoterapia, na Clínica do renomado Dr. Widlocher.

Surge então a Violeta que se torna adida cultural da embaixada brasileira em Paris, criando o Projeto Brasil - França, que entre inúmeras iniciativas e movimentos artísticos e culturais, dá luz e vez à cultura nordestina. Vem então a Violeta Arraes que eu vou ter o privilégio e a honra de convidar para ser Secretária de Cultura do Estado do Ceará em 1988. É bom lembrar a situação do Estado, sem dinheiro nem para pagar a folha salarial. Violeta assume o desafio, com vitalidade juvenil e projetos revolucionários. À falta de recursos, ela emprestou seu nome e credibilidade junto a entidades internacionais de apoio à cultura, obtendo verbas para inúmeros projetos, revolucionando conceitos e estruturas.

O mais marcante, o que pode resumir o que representou o trabalho de Violeta para o Ceará, foi a recuperação do Theatro José de Alencar, um símbolo para os cearenses, que se encontrava completamente abandonado. É dela o mérito de tudo de positivo que representou o renascimento daquele templo da cultura cearense. Não se tratava apenas da obra em si. Violeta idealizou uma série de projetos paralelos como os cursos de recuperação de obras de arte, em pintura e escultura, em madeira, ferro, bronze. A População vibrava e acompanhava de perto a obra e os projetos paralelos, num misto de descoberta e orgulho.

Foi memorável o espetáculo de reinauguração do Theatro, idealizado por ela, em que o Maestro Koellreutter conduziu uma peça composta especialmente para a ocasião, que foi "executada" pelos operários da obra, utilizando os seus próprios instrumentos de trabalho.

Houve tempo ainda para a Violeta Reitora, dedicando os últimos anos de sua vida à Urca, onde distribuiu seu vasto conhecimento, formando gente e inspirando sonhos. À todas essas Violetas, o Brasil e em especial o Ceará hoje rendem homenagem, reconhecendo a força e o trabalho de uma mulher admirável, que vai fazer muita falta. A todas elas, o nosso muito obrigado.


Tasso Jereissati - Senador/PSDB-CE

COLUNA CARIRI, no jornal O Povo



MEIO AMBIENTE

O advogado Márcio Correia de Oliveira Júnior, da comissão de meio ambiente da OAB Crato vem realizando bom trabalho no setor. O meio ambiente do Cariri, e em especial do Crato, merece atenção especial da OAB. Mais ainda, quando sabemos dos problemas que acontecem com as nascentes no Município.

GREVE NO PSF
Continua a greve dos profissionais do Programa Saúde da Família, no Crato. Reivindicam melhores salários e afirmam que recebem os menores salários do triângulo Crajubar. A secretária da saúde Nizete Tavares contesta os grevistas. Para ela, não há a defasagem salarial apontada pela categoria.

RETORNO
Dom Fernando Panico retorna da Europa e Canadá, onde representou a Igreja Católica em congresso eucarístico internacional.

PARA PENSAR...
Tudo bem que a nova lei de trânsito em muito contribuiu para a melhoria do setor em muitos municípios. Mas, dá a sensação que criou um monstrengo chamado Demutran. Os departamentos municipais de trânsito podem, em alguns casos, se tornarem num verdadeiro balcão de multas.

INQUÉRITO
O promotor Ythalo Frota abriu inquérito civil público contra a Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte. Motivo: quer saber como se deram as licitações para realização do Juaforró 2008. Detalhe: o processo se dará em sigilo por conta do período pré-eleitoral.

E AGORA, TUCANOS?
Uma pergunta que será respondida hoje. A convenção do PSDB de Juazeiro do Norte irá definir candidato do partido nas eleições municipais deste ano. Manoel Salviano e Raimundo Macedo na disputa. Só Deus sabe esse resultado.

ÁGUAS
Uma boa novidade para os cratenses. Numa parceria com Centec, a Sociedade Anônima de Água e Esgoto do Crato (Saaec) fez um exame das águas que são fornecidas aos cratenses. Os exames atestaram a boa qualidade da água do Crato, consumida por milhares de pessoas diariamente.


ANOTE

Precisamos de projetos
As eleições municipais deverão monopolizar os debates e as páginas de jornais, revistas e noticiários de emissoras de rádio e televisão. A Região do Cariri que vive esse momento com muita efervescência, mais do que campanhas de baixo nível e besteirol, os cidadãos esperam propostas exeqüíveis e compromissos que possam ser cumpridos pelos candidatos eleitos. Que os políticos apresentem suas idéias e deixem os ataques pessoais na vala do esquecimento.

MOVIMENTAÇÃO
A Expocrato 2008 será um dos bons acontecimentos deste início do segundo semestre. Tradicionalmente, a terra de Frei Carlos Maria de Ferrara receberá milhares de pessoas durante os oito dias da exposição. Hotéis, pensões, bares, restaurantes, lojas, uma intensa movimentação do comércio. Momento para o Crato aglutinar renda e gerar empregos.

EXPOCRATO
Retornou ao Cariri esta semana Leitão Moura, presidente da comissão gestora da Expocrato. Fica agora até terminar a exposição, coordenando de perto, cada passo da 57ª Expocrato.

BAIXA, QUE É NA FAIXA!
Enquanto pelas festas de São João no Ceará o hit do momento espalha sutis refrões como "chupa, que é de uva" ou "senta, que é de menta", Os Cabinha chegam fazendo rock - e algum estardalhaço. Antes mesmo de ganhar forma física, seu primeiro CD já está disponível para download no Overmundo (http://overmundo.com.br/overblog/baixa-que-e-na-faixa) e no site Trama Virtual (http://www.tramavirtual.com.br/os_cabinha). Mas o que pode haver de tão novo em mais um quinteto que faz referências aos grandes nomes do rock mundial? A resposta está na certidão de nascimento: Os Cabinha, banda de iniciação musical da Fundação Casa Grande (escola de gestão cultural localizada em Nova Olinda, Cariri cearense), é formada por meninos entre nove e 11 anos. Rodrigo Alves, Renê Nascimento, José Wilson, Arthur Diniz e Iêdo Lopes, são os astros de shows pouco ortodoxos, em que empunham guitarras e contra-baixos de madeira, acompanhados de percussão feita de lata. E que se diga: instrumentos construídos por eles.

MÚSICA
Dentro do projeto Sonora Brasil realizado no Sesc acontecerá apresentação da Orquestra de Música do Estado de Mato Grosso. No Teatro Salviano Arraes Saraiva, em Crato, no dia 5 de julho às 20 horas. Imperdível.

OLIMPÍADA
A Escola de Ensino Médio Joaquim Valdevino de Brito, no distrito de Ponta da Serra, está promovendo as Olimpíadas de língua portuguesa "Escrevendo o Futuro". Irão trabalhar também o tema "O Lugar Onde Vivo" e debaterão polêmicas como "Município de Ponta da Serra "sonho ou realidade? ; "A relação sexual precoce, riscos e conseqüências" "Como atuar em relação à venda de bebidas alcoólicas" e permissão de jogos para menores?", "É possível diminuir a poluição sonora em nossa comunidade?" Dentro desse contexto Os alunos realizarão pesquisas e debates sobre os temas com o objetivo de escrever um artigo opinativo e concorrer a prêmios.

A coluna é escrita por Tarso Araújo e publicada
semanalmente no caderno principal do Jornal O Povo.

sábado, 28 de junho de 2008

O começo do fim das FARC


Colômbia: Farc ampliam ações políticas

Sábado, 28 de junho de 2008, 20h56
O terrorismo é uma ação total. Os planejadores militares e os estrategistas de imagem das organizações terroristas desenvolvem operações coordenadas em todos os níveis, tendo sempre em mente objetivos muito específicos -mas esses objetivos não são expressos de maneira direta e não devem ser claros para o Estado e a sociedade que estão sob ataque. No plano político, o terrorismo é sempre uma ação em larga escala cujo objetivo é iludir. Nas democracias contemporâneas, ações humanitárias têm sido utilizadas repetidamente pelos terroristas como forma de coagir a sociedade. Na Colômbia, esse tipo de ação se converteu em um argumento final e em uma forma determinada de guerra prolongada.
Em "El Impostor", romance de Jean Cocteau Thomas, uma das personagens, a princesa de Bormes, "percebe que lhe estão negando os feridos de que necessita para manter seu lugar na guerra"; desde então já existiam setores que desejavam se beneficiar da violência por meio da suposta prática do humanitarismo - "ocupar um lugar no esforço de guerra". O propósito desses grupos não é a paz, e sim obter vantagens dos diferentes momentos de um conflito, se tomarmos por base a idéia de que as intervenções humanitárias prolongam as guerras indefinidamente ao moderar sua intensidade e evitar de maneira sistemática a possibilidade de que alguma das partes se saia vitoriosa. Nesse caso, o objetivo seria evitar que o Estado colombiano obtenha uma vantagem militar decisiva, que permita a consolidação definitiva do modelo de democracia liberal que a maioria da população apóia, de acordo com sua vontade expressa nas urnas. Nesse sentido, a Política de Segurança Democrática é uma estratégia integral que tem a grande virtude de estar conduzindo o país na direção da paz, na medida em que as esperanças de sucesso militar para as forças irregulares parecem fadadas a desaparecer, e portanto a busca de um acordo político definitivo pode começar a lhes parecer mais atraente do que continuar a procurar uma vantagem pela força das armas".
A democracia é um fato intrinsecamente moral. Trata-se de uma aplicação política derivada de um conceito sobre a ética: existiu antes como axiologia e apenas posteriormente como política. Essa natureza impossibilita que uma democracia concretize plenamente um "acordo humanitário". Ela pode facilitar ou realizar ações humanitárias em favor de terceiros, mas de forma alguma ser parte de um acordo, porque isso pressupõe intrinsecamente que está ou estaria levando a cabo ações não humanitárias, ou contrárias ao humanitarismo, o que é intrinsecamente contrário à natureza da democracia. É por esse motivo que é tão difícil ao governo fixar uma posição quanto ao chamado "acordo humanitário", porque ou bem todas as suas ações atuais e futuras são humanitárias ou bem não o são e nem poderiam ser, o que tornaria o governo antidemocrático em sua essência.
A afirmação acima obviamente se aplica em termos gerais, e pressupondo sempre que aquilo que exista de puramente humanitário interesse apenas ao Estado, porque, para as Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (Farc) e para aqueles que tomam a palavra em sua defesa, "acordo humanitário" é simplesmente um eufemismo para definir uma ação de reocupação militar de um território, com base na premissa de que o Estado perdeu sua legitimidade tendo em vista suas obrigações para com os seqüestrados, e que portanto deveria considerar como um mal menor a autorização para ocupação armada de uma porção estratégica de seu território, o que obviamente significaria uma reversão do sucesso fundamental que a Política de Segurança Democrática vem obtendo. Já que as forças da guerrilha estão literalmente impossibilitadas de retomar territórios por meio de ações militares diretas, agora elas concentram suas tentativas de obter espaço nas ações políticas.

Para as Farc, o tema da ocupação territorial tem uma importância extraordinariamente crítica, já que o fato de que não dispõem de território impossibilita que concretizem qualquer ação política. Por mais que suas forças operem em regiões de selva, o espaço em que atuam não tem valor estratégico, e mesmo nele elas estão sob ameaça, o que leva as força a criar uma frágil retaguarda nos territórios de países que lhes são aliados, o que só serve para promover uma defesa passiva.
As elites intelectuais que estão batalhando por um acordo humanitário na Colômbia certamente não agem de boa fé. Ao criar distinções e prioridades entre as vítimas de seqüestro das Farc e ao reunir em um mesmo discurso causas humanitárias e a justificação do terrorismo, elas conseguiram que a opinião pública nacional não pressione pelo sucesso de um acordo humanitário sob os termos propostos, e provocaram um prolongamento dos sofrimentos que afirmam querer reduzir. Na verdade, os porta-vozes políticos da guerrilha vêm realizando um esforço sustentado para valorizar determinados seqüestrados como ativos políticos.
O propósito real das atividades de Piedad Córdova quanto a essa linha é manter e possivelmente aumentar ainda mais o valor político e militar dos seqüestrados, e suas gestões de maneira alguma têm por objetivo conseguir que sejam libertados. David Moss, em seu seqüestro sobre o político italiano Aldo Moro pelos guerrilheiros de seu país, diz que "o poder de estabelecer o significado simbólico de um ato violento é tão crucial quanto a capacidade de encetar o ato em si"; no caso da Colômbia, o trabalho humanitário tem por objetivo estabelecer um significado simbólico, e exatamente por isso representa uma ação militar cujo objetivo é debilitar a vontade da sociedade no sentido de obter uma solução militar que ponha fim ao terrorismo.
A situação que vivemos gerou uma crise de prestígio no que tange às ações humanitárias. Seja porque as intervenções mencionadas transformam os conflitos em guerras endêmicas, seja porque facilitam a realização dos objetivos dos grupos terroristas, ou bem ainda porque o resultado final tenha sido o de favorecer os interesses de minorias violentas e de grupos de pressão alheios ao interesse geral da sociedade.

No caso da Colômbia, o acordo humanitário promovido pelas Farc se enquadra nas três características.

Terra Magazine

A volta da inflação


As notícias do domingo (29 de junho)

BESTEIRA GRANDE
A foto ao lado (tirada há 60 anos) mostra a bela fachada do Matadouro Modelo de Crato. O prédio foi conservado assim até a década 70. Na ânsia de destruir o patrimônio arquitetônico de Crato um dos prefeitos da época resolveu demolir o edifício, alegando que iria construir no lugar um “Matadouro Moderno”, que nunca foi concluído. Resultado: Crato ficou sem o belo edifício antigo e sem o anunciado “Matadouro Moderno”. Já Juazeiro do Norte preservou o seu matadouro público, transformado posteriormente no Teatro Municipal Marquise Branca. Uma lição para os cratenses! Como a lembrar que nem tudo que é moderno é bom. E nem tudo que é antigo é ruim...

OUTRO EXEMPLO A SER SEGUIDO...
O Colégio Moreira de Sousa (antiga Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte) inaugurou a sala de memória do educandário. Ali estão expostos: modelos de fardas usadas pelos alunos, jornais editados pela escola, livros de atas, galeria de fotos, quadros dos concluintes, fotografias de grandes eventos ali realizados, dentre outros. Planeja-se, agora, transformou outra sala num pequeno memorial do Monsenhor Murilo de Sá Barreto que por mais de 30 anos ali foi professor.

MUDANÇAS
A população que compõe as faixas de renda mais baixas da população – a maioria dos eleitores – a chamada classe C, vai ter um peso decisivo nas eleições municipais deste ano. A classe C agora é mais informada e vê seu poder de compra melhorar. Isto é um fato. Bom lembrar que o PIB do Nordeste vem crescendo num ritmo duas vezes maior que a média brasileira. No Cariri essa mudança é ainda mais visível. A questão ambiental entrou na pauta das discussões. A população quer suas cidades melhor cuidadas, com praças bem conservadas, ruas arborizadas e pavimentadas. Os candidatos precisam atentar para essa mudança...

FÉ DO POVO
A tradicional missa celebrada todo dia 20 pela alma do Padre Cícero já chegou a Crato. Ela acontece na igreja da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, do bairro Seminário. Centenas de pessoas vêm participando da solenidade religiosa em memória do mais ilustre filho da Cidade de Frei Carlos.

EFEMÉRIDES DO CARIRI
2001, 29 de junho
– Nesta data tomou posse como 5º bispo diocesano de Crato, Dom Fernando Panico. A solenidade ocorreu na Praça da Sé com a presença de grande multidão.

TRISTE
Quem foi à Universidade Regional do Cariri presenciar as homenagens póstumas tributadas a ex-reitora Violeta Arraes observou. As bandeiras do Brasil, do Ceará e da Urca – que são hasteadas diariamente na reitoria – estão queimadas pelo sol, gastas pelo uso prolongado e sem cores. Aliás, o uso da bandeira do Brasil é regulado pela Lei nº. 5.700, de 1º de setembro de 1971 (alterada pela Lei nº. 8. 421 de 11 de maio de 1992) que recomenda a incineração quando o pavilhão não estiver em bom estado de conservação.

ALEGRIA
Madre Edeltrat Lerch, a freira que transformou o Hospital São Vicente de Paulo numa referência na área de saúde retornou no meio da semana à Barbalha. Foi recebida com festas, banda de música e alegria pela população da cidade. Madre Edeltrat vivia ultimamente na Alemanha, sua terra natal, para onde fora transferida pela Ordem Beneditina. A saudade falou mais alto. Ela pediu para vir terminar seus dias em Barbalha e foi atendida.

MEMÓRIAS DO CARIRI
O Coronel Filemon Teles era o chefe político de Crato na década 40 do século passado. Filiado a UDN, ele cultivava amizade com outros líderes udenistas do Cariri Era o caso Manuel Pinheiro de Almeida (Seu Né), de Farias Brito, candidato a prefeito daquela cidade. Residia em Crato uma senhora, Maria de Lisieux Feitosa Calíope, que tinha domicilio eleitoral em Farias Brito. Ela foi pedir a Filemon Teles ajuda para o transporte a fim de cumprir a obrigação eleitoral. Filemom atendeu ao pedido, mas sugeriu: vote no meu compadre Né de Almeida! Ela cumpriu o prometido. Ao final da apuração “Seu Né” foi eleito prefeito com a maioria de um voto.

CORRENDO O MUNDO
A Universidade da Flórida (EUA) continua digitalizando e colocando na internet livros que foram citados no clássico “Milagre em Joaseiro”, de Ralph Della Cava. Um dos últimos disponibilizados foi “Juazeiro do Cariry”, do Padre Alencar Peixoto (http://www.ufilib.ufl.edu/ufdc/UFDC.aspx?b=UFOOO82307)

PIONEIRISMO DO CARIRI
A proposta para o Cariri sediar a 4ª Conferência Internacional de Geoparks – a ser realizada em 2010 – ganhou o apoio do Gabinete do Presidente da Republica e do Banco Mundial. E por falar em geopark, na 3ª Conferência Internacional (que foi realizada em Osnabrück, Alemanha), o Brasil apresentou para reconhecimento da Unesco as propostas de criação do Geopark Serra da Bodoquena e Pantanal (no Mato Grosso do Sul) e do Geopark Campos Gerais (o Paraná). Em breve serão concluídos os projetos de mais três geoparks brasileiros: Vale da Ribeira e Vale do Tietê (São Paulo) e do Quadrilátero Ferrífero (em Minas Gerais).

sexta-feira, 27 de junho de 2008

EM DEFESA DA EXPOCRATO

O Coletivo Camarada é a forma organizada de luta dos artistas caririenses por um espaço de sua arte na Exposição Agropecuária do Crato (EXPOCRATO). Evento relevante da atual cultura nordestina. Especialmente a cultura interiorana que se manifesta com muita força nos meses de junho e julho. A EXPOCRATO é um exemplo clássico da "USURPAÇÃO" da coisa pública por grupos privados em associação com "REPRESENTANTES" do governo.

A EXPOCRATO tornou-se uma festa que depende do Governo Estadual. Ele é o principal meio balizador da programação e da aplicação dos recursos da festa. Em síntese por via indireta, pois tudo é terceirizado, o governo é quem define quem se apresentará e quem não o fará.

Aliada ao fato, para estranhamento maior ainda, surgiu nos jornais do Brasil inteiro, inclusive aqui no Rio, que o sogro do Governo do Ceará tinha como "sonho" ser indicado para conduzir a EXPOCRATO. E o sonho realizou-se. Ele, portanto gente da família do governador é aquele que dirige a festa. NESTE CASO O RESPONSÁVEL PELA EXCLUSÃO DOS ARTISTAS LOCAIS.

Toda a luta do Coletivo Camarada tem o maior sentido. A EXPOCRATO não é uma invenção de uma geração apenas, não é uma promoção de grupos empresariais e menos ainda uma coisa de governo. A EXPOCRATO é um patrimônio cultural e econômico do povo do Cariri, construído ao longo de várias gerações sobre a base real de sua vida coletiva.

Assim como os candidatos às próximas eleições costumam ampliar o debate sobre temas relevantes, é bom que todos repercutam e tratem de corrigir o desvio da programação cultural do evento. Os atuais prefeitos e vereadores da região têm que emitir notas solidárias com a mudança na programação e a favor da inclusão dos artistas regionais na programação do palco principal.

A mídia regional tem uma grande tarefa ao dar voz ao Coletivo Camarada e que esta repercuta na política estadual. Os blogs da região poderiam escolher um mesmo dia e todos postarem uma mesma nota, construída conjuntamente sobre esta questão.

Por último: é importante mostrar a cara. Fazer faixas, soltar notas, distribuir panfletos. É preciso criar uma voz popular para que este conluio deletério da cultura loca se desfaça e no seu lugar se crie algo mais democrático.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

PALAVRAS ATUAIS

Atentem para a declaração a seguir transcrita:

"No Brasil, a República, desde seus primórdios, tem mostrado a mais assombrosa ausência do senso de justiça, e no seio do nosso mundo político está hoje quase inteiramente apagada a consciência do direito. A desgraça da República, o seu mais grave mal desde o seu começo foi a invasão das questões financeiras pelas paixões políticas. A República não precisa fazer-se terrível, mas de ser amável; não deve perseguir, mas conciliar; não carece de vingar-se, mas de esquecer; não tem que se coser na pele das antigas reações, mas que alargar e consolidar a liberdade".

Isso foi dito por Rui Barbosa, ministro da República, no longícuo 1890, seis meses após o golpe militar que derrubou a Monarquia no Brasil. O que surpreende é a atualidade da frase, 118 anos após ser proferida.
Alguns exemplos: se partirmos para analisar a nossa segurança pública dá para envergonhar qualquer cidadão que tenha o mínimo de vergonha. E a educação pública? E a lepra da corrupção que se alastra em todas as camadas da população? E nossa distribuição de renda, a mais perversa do planeta? E a situação do aposentado? humilhado no fim da vida, ganhando 13 reais por dia para se alimentar, vestir, comprar remédios para os achaques da idade, pagar o aluguel e outras despesas indispensáveis a uma criatura humana. Depois de trabalhar a vida inteira ganha por dia menos que um ajudante de pedreiro...É por essas e outras razões que o brasileiro perdeu o orgulho que tinha pela pátria. Não tem mais saco para campanhas eleitorais, nem perde mais tempo com a desacreditada classe política.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Matéria do jornal "O Povo" - 25-03-2008


Bárbara de Alencar
Túmulo de heroína sem visitação

Faltam visitantes ao túmulo de Bárbara de Alencar. Ele fica no distrito de Itaguá, no município de Campos Sales, onde estão os restos da avó do escritor cearense José de Alencar. O espaço é bem conservado e cuidado. Três pessoas se revezam, tomando conta do túmulo. Segundo a população, pesquisadores, historiadores e estudantes podiam freqüentar mais o local, que fica na Igreja de Nossa Senhora do Rosário.
De acordo com o professor e historiador Fábio Alencar, que reside em Itaguá, "a heroína, infelizmente, está esquecida". A Prefeitura de Campos Sales tenta revitalizar a história de Bárbara de Alencar, com um projeto que pede o tombamento do seu túmulo. O prefeito da cidade, Paulo Ney Martins (PSB), disse que enviou ofício ao ministro da Cultura, Gilberto Gil, solicitando o tombamento. O ministro respondeu ao prefeito. Paulo Ney, no entanto, afirmou que não podia ontem dar mais detalhes sobre o assunto ao O POVO, porque estava fora da cidade.

Em situação ruim também está a Fazenda Alecrim, no município de Pio IX, no Piauí, onde a heroína morou. O lugar fica a 18 quilômetros do distrito de Itaguá, já na divisa dos estados do Ceará com Piauí. Segundo moradores, a estrutura física da casa está comprometida. Em um dos quartos, ainda estão pertences de Bárbara de Alencar. Ela foi uma das primeiras mulheres que se envolveram com política. Nascida em Pernambuco, em 1765, viveu a maior parte de sua vida no Crato, no Ceará. Bárbara foi presa em Fortaleza, em 1817, por participar de movimentos a favor da independência do Brasil. Também tentava livrar um irmão e dois filhos da prisão. Ficou no cárcere em Recife (PE) e Salvador (BA) e foi solta em 1821, por causa da Anistia Geral. (colaborou Amaury Alencar)

terça-feira, 24 de junho de 2008

PRINCIPAIS MANCHETES DO JORNAL DO CARIRI

Caros Amigos, acompanhem as principais informações da edição de hoje do Jornal do Cariri, circulando em nossa Região, Fortaleza e Brasília.

Base aliada do governo com dificuldades para formar alianças

Os partidos que formam a base aliada do governo Cid Gomes (PSB) estão com dificuldades em formar palanques unificados nos municípios do Cariri. Em Crato, Juazeiro e Barbalha tudo indica mais de um palanque com apoiadores de Cid Gomes. Em Aurora, o PC do B indica apoio ao PSDB.

Tasso prestigia PSDB do Crato e anuncia ausência em Juazeiro

O senador Tasso Jereissati participou da convenção do PSDB de Crato. Fez um discurso elogiando lideranças tucanas do Crato. Para a imprensa, disse que não vai participar da convenção do PSDB de Juazeiro do Norte que será marcada pela disputa entre Raimundo Macedo e Manoel Salviano.

Escândalo do Juaforró: contas devassadas pelo TCM

Uma equipe de técnicos do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) estive em Juazeiro do Norte. A operação pente fino do TCM faz uma devassa nas contas. Os técnicos receberam dos vereadores uma série de denúncias sobre o Juaforró. Visitaram o parque onde acontece o evento e as empresas denunciadas. Os primeiros levantamentos, como mostrou o Jornal do Cariri, em sua última edição, apontam para graves problemas e gastos superfaturados. O destino do dinheiro doado pela Coelce é um dos primeiros desafios dos vereadores e dos técnicos. O TCM chegou a Juazeiro após os técnicos lerem as denúncias apresentadas pelo Jornal do Cariri.

GRPA, mesma empresa do Juaforró ganha R$ 2,3 mi em Farias Brito

A empresa GRPA, que venceu a licitação para contratar bandas para o Juaforró 2008, ganhou, em apenas seis anos, diversas licitações em Farias Brito , arrecadando algo em torno de R$ 2,3 milhões. A GRPA, como noticiou o Jornal do Cariri, em sua última edição, desistiu do Juaforró, um evento de R$ 1,9 milhão que está sendo administrado por uma lan house, também, de Farias Brito. As ligações perigosas entre Farias Brito e Juazeiro do Norte começam a chamar atenção e são investigadas.

Instalado em Juazeiro Sistema de Processo Judicial Digital

O Fórum Juvêncio Santana, em Juazeiro do Norte, ganha um Sistema de Processo Judicial Digital, que vai agilizar o trabalho da Justiça, através da informatização, eliminando assim, a utilização de papel. O serviço facilita o atendimento ao público. A solenidade contou com a presença do presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, desembargador Fernando Ximenes.

ACERT realizou encontro para orientar radiodifusores do Cariri sobre legislação eleitoral

A Associação Cearense de Emissoras de Rádio e Televisão (ACERT) realizou no Memorial Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, um encontro com radiodifusores da Região do Cariri. O evento serviu para orientar comunicadores e dirigentes de emissoras de rádio, com relação à propaganda eleitoral, no rádio e televisão, inseridos nas resoluções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

CDL apresenta propostas para melhorar o trânsito de Juazeiro

Foi realizada na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), de Juazeiro do Norte, reunião com representantes de diversos segmentos da sociedade, discutindo e apresentando propostas para solução dos problemas do trânsito no centro comercial da cidade. A presidente da CDL Juazeiro, Antônia Anier Salustiano, ficou satisfeita com a adesão dos lojistas ao encontro. A CDL entregou ao Secretário de Segurança do Município, Capitão Vieira Neto, um documento contendo propostas da classe para melhoria do trânsito.

Eleição no Sindipan revela denúncias de corrupção e enriquecimento ilícito

Uma ditadura de 24 anos marcada por denúncias de corrupção, enriquecimento ilícito, seqüestro de documentos e uma eleição que pode dar mais um mandato a um grupo familiar que tomou conta do Sindicato dos Padeiros do Ceará (Sindipan). A eleição está marcada para o dia 7 de julho. O número de votantes só é conhecido pelo atual presidente da entidade, Aristides Ricardo de Abreu, que, segundo denúncia de opositores, não permite acesso aos documentos e a lista de eleitores aos membros da chapa concorrente.


Denúncias de extorsão e romance que envolve padre abalam Igreja

Um enredo para um romance policial que agita os bastidores da Igreja Católica no Cariri desperta curiosidade dos fiéis e chama atenção pelo conteúdo de denúncias que envolvem crimes de extorsão, suborno e relações sexuais. O caso está na Polícia. Dois suspeitos dos crimes estão presos. E o personagem central desse escândalo -o padre Francisco de Assis Ferreira Ramos, foi afastado de suas funções pela cúpula da Igreja Católica. A Polícia Civil de Juazeiro prendeu dois elementos acusados de praticarem o crime de extorsão contra o padre Ramos, da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, exigindo R$ 30 mil. Eles negaram as acusações, e disseram ao delegado Marcos Antônio que tiveram relações sexuais com o sacerdote. Padre Francisco Ferreira se defende e se diz vítima de uma trama montada para extorquí-lo.


Tipos diferentes de um tempo não muito distante


Um espaço com os mais variados tipos, bêbados, padre, prostitutas, pessoas comuns, boas ou confuseiras. Essa é a proposta da Cidade Cinematográfica, que desde a primeira edição do Juaforró dá um tom mais popular a uma festa marcada em sua maioria, por shows com música de qualidade duvidosa.

Texto teatral é tema em defesa do meio ambiente

A peça A Donzela e o Cangaceiro, de Cacá Araújo, foi apresentada para artistas, imprensa e convidados tem como tema central a luta de uma comunidade para preservar o meio ambiente. O texto foi premiado com Bolsa Funarte de Estímulo à Dramaturgia.

Homenagem à Violeta Arraes

O JC presta uma justa homenagem à Violeta Arraes que no último dia 17, faleceu na cidade do Rio de Janeiro. Ex-secretária de Cultura do Ceará e ex-reitora da Urca, trazia em seu currículo uma vasta contribuição à cultura e educação cearense. Em seu texto, o professor André Herzog, ex-reitor da Urca traduz um pouco da vida e história de Violeta Arraes.

Série C
Icasa faz amistoso preparatório


Com um time desentrosado e com pouca inspiração o time do Icasa empatou com a seleção de Araripina, antes da estréia na série C do campeonato Brasileiro. O técnico Bagé não gostou muito da apresentação e deve pedir maios reforços à diretoria do Verdão do Cariri.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

EM OUTUBRO ELEGEREMOS O CRATO

Luiz Carlos Salatiel estes dias estive com a Iracema. Quando um diálogo entre vocês dois houver, dê-lhe meu e-mail para que não a perca nesta diversidade carioca. Enquanto tentei anotar meus telefones para ela nos cumprimentos finais da missa de sétimo dia pela Violeta, faltou-me completar o que pretendia. Agora você sabe que muito mais a seu respeito conheço.


Um muito mais que acrescenta, porém eu tinha concluído que o Crato precisa tê-lo na política do mundo real. Chamo de mundo real esta vocação subterrânea dos parlamentos (e das Câmaras) traindo o voto popular na pequena troca que troça da democracia ao sujeitar-se ao executivo em crise de epilepsia. Se os conselhos populares, se os conselhos de políticas públicas, se o controle social e se as câmaras promovessem a democracia o executivo teria uma governança maravilhosa da vida da cidade. A sociedade poderia sentir o em que se encontra, ter a certeza que o irrealizado não é a corrupção de sua vontade e nem o destino cruel que determina sua insatisfação permanente. O irrealizado é apenas a expressão do que pretendia mas não conseguiu os meios necessários para tal. No passo que segue outros meios construirá e mais realizados terá, reduzindo o déficit que é apenas o histórico da própria usurpação da democracia.


O complexo de estabelecer-se a democracia é que nela tem que haver o povo e povo é toda as gentes, do Romualdo, da Cruz, da Batateira, do Seminário, do Alto de São Francisco, todas as gentes sem adjetivos. O simples é que não existe outra forma de realizar a democracia. Apenas com o parlamento, a contínua manifestação dos conselhos, do controle social e da territorialidade dos desejos é possível a democracia. Um executivo idiota pensa que democracia é aplicar modelos de gestão empresarial à vida política e social de uma cidade. Isso faz a burocracia permanente, bem treinada a servir à sociedade e a gerir o interesse e a coisa pública. O executivo cursa diuturnamente as políticas públicas que a vontade expressa no parlamento e nos conselhos determinar.


A verdade meu caro Salatiel é que os executivos ainda estão viciados nos arranjos de fornecedores, nas prioridades dos setores mais privilegiados, na humilhação dos vereadores através de uma espécie de otorrinolaringologia que os torna afônicos. Não deixa de ser uma mácula imunda o que os deputados e senadores (estaduais e federais) fazem com as verbas públicas. Negociam adrede, fora da região e em detrimento das necessidades gerais, comissões para seu próprio esquema de perpetuar-se como indigno representante do povo. Jamais isso pode ser aceito. Ao final estes indignos se tornam profissionais burocratizados e negocistas da iniqüidade geral, acoimando aqueles de quem dependem. Não merecem o povo que representam, costumam comprar casa fora e fugir com a família para o litoral onde os filhos se tornam cracas iguais aos pais.


Quando traço tais caricaturas não falo de tudo e de todos. Se assim fosse não teria sentido falar do que se fala. Justamente por este desvio não ser universal é que espero que você esteja no mundo real da política. Que a democracia seja exercício de hábito, que a vida seja compreendida naquele espaço e naquele tempo em que tudo afinal acontece. Por isso a cultura é um conceito tão importante para este caminho. É um conceito que junta expressão e comunicação, ou seja o povo como coletivo que pensa no indivíduo e seu reconhecimento do outro. Então Salatiel, a Fundação J. Figueiredo desde é um patrimônio da democracia. E como tal uma instituição desejosa de rumos que a sociedade lhes e apropriada à execução das ações que lhes forem confiadas. Isso tudo transparente, com contratos de gestão e com um conselho do tamanho do nosso povo.

domingo, 22 de junho de 2008

UM VENTO COM SAUDADE DO PÉ DA SERRA DO CRATO

"Eu sou...sou...eu sou um matuto...sou um matuto do da serra do Crato". E num ritmo discursivo, com pausas centenárias, completou sua homenagem concentrada, composta por três períodos apenas: "Ela foi quem me ensinou. O vento que circula no da serra do Crato é um vento com saudade do mar". Em seguida com a voz tolhida pelo choro retornou ao assento em que se encontrava. Alemberg, com a cabeça baixa e suas lágrimas formando um pequeno lago sobre as lentes dos óculos. Era uma saudade que não dispersava, sobretudo recolhia volume.

Na porta da pequena capela do Memorial do Carmo, o Rio de Janeiro era contemporâneo como o é. Por trás um grande vai e vem de policiais militares, helicópteros sobrevoando a área, a Avenida Brasil caudalosa, contraditória entre um Mercedes Benz conversível e as favelas de suas laterais. Na porta, enquanto esperávamos, o professor Cândido Mendes se espantava: eu não tinha consciência do quanto Violeta era conhecida no Rio de Janeiro. Cândido era um amigo da militância da juventude universitária católica dos idos dos anos cinqüenta de Maria Violeta Arraes de Alencar Gervaiseau.

Um destaque para Bia Lessa. Desde os momentos críticos do CTI como uma mini deusa, sabendo que poderes não tinha para mudar o curso mortal, mas querendo para a amiga um final de dignidade. E que dignidade era essa? A humanidade de Violeta. Naqueles dias mesmo a pequenina, miudinha, quase nada, Bia tinha dado um valor estético inusitado para a campanha da moda no Fashion Rio. Mas no dia seguinte ela dizia: com um país feito o nosso aquilo não é nada. Era Bia e você esteve na altura de quem a conhece, de quem vai muito longe, pois sabe que o horizonte que esconde não é fim em si, é apenas a curvatura do cosmo.

Entre os depoimentos, ouviram-se os dos filhos. São depoimentos, em quaisquer circunstâncias, muito especiais. Lendo texto de São Francisco de Assis, Eça de Queiroz pela voz de um deles ou o mais jovem reconhecendo que o abandono que a militância da mãe lhe parecera era apenas o processo do encontro dele mesmo com a humanidade. Maria Benigna, Henri e Jean Paul, ao lado de um sofrido Pierre Gervaiseau. Pierre é um europeu muito disciplinado, sabe bem das dificuldades terceiro mundistas, mas por vezes quer uma resposta mais direta deste povo, quem o conhece pode imaginá-lo irritado naqueles embates. Não é bem assim e neste momento tem uma grandeza de compreensão e paciência própria de quem as possui.

Quando a família abriu os depoimentos aos amigos, Turíbio Santos trouxe o depoimento pela interpretação de Villa Lobos. Uma arte apropriada àquela brasileira que pertence a um povo que tantos violonistas teve e entre eles este que tem nome ruidoso, inquieto mesmo. Mas este nome grego, Turíbio, recebeu a bênção de um candomblé sincrético, aquele de todos os Santos.

Almino, um intelectual de peso, escritor sólido, com a difícil missão de conduzir a Casa Ruy Barbosa do Ministério da Cultura, enfim uma pessoa importante. Sai do seu assento em que se encontrava e andou como um humílimo camponês. Posou com a leveza de uma ave sertaneja e do galho em que estava, extraiu a síntese da relação com a tia, repetindo a oração do anjo da guarda, verso a verso, enquanto o professor Cândido Mendes lhe fazia eco. Nisso veio pela capela, como se fazia naqueles terreiros de cantadores, um homem e seu violão. Sentou-se num banco que às pressas lhe deram e tocou uma linda canção, música de seu filho e letra dele, que falava do sertão, do nordeste, destas eternidades que entram como categoria do todo. Caetano Velloso ainda retornou e repetiu, ao final da cerimônia e abriu a voz com: no meu cariri quando a chuva não vem/ Não fica ninguém somente Deus ajuda/ Se não vier do céu/ Chuva que nos acuda/ Macambira morre, Xique-xique seca, Juriti se muda. ...E em seguida Caetano cantou: apenas a matéria vida era tão fina.

A política nacional, da qual Violeta é matéria, não esteve como mera presença. Apenas oportunidade de mostrar-se. O governo de São Paulo deslocou membros seus, entre aqueles de maior expressão nacional, mas todos com um vínculo pessoal com Violeta: Aloísio Nunes Ferreira e Alberto Goldman. Carlos Augusto e Guel Arraes com suas esposas desde sempre ao lado da tia, estiveram como lembrança do grande amor que ela lhes tinha, sei que sabem, mas fica mais evidente quando dito por um terceiro que sozinho com ela tomou conhecimento de tal. Cacá Digues trouxe duas faces, aquela do nordestino universal igual Violeta e a outra de Nara que se tornou uma espécie de anjo sublime dos dias após em que Violeta ficou sem a amiga. E tantas pessoas fortes do universo estelar de Violeta entre elas, nestas falhas memórias, a Maria Elisa e a Cristina. E o Amir Haddad que entrou silencioso, como um personagem do seu teatro de rua, quase sem falar com ninguém, veio até a amiga, a fixou por algum tempo e, terminada a cerimônia, foi-se.

O texto central da cerimônia foi a narrativa do contexto histórico de Violeta na visão do professor de filosofia, diretor do museu de arte moderna, ex-dominicano, humanista e pensador Blanquart. Um ser como a humanidade de vez em quando extrai de seu movimento. Um francês que filosofa com o corpo, aliás isso é bem francês, poderia ser de quem da filosofia extraiu uma imensa revolução social, política e econômica e desta resulta o seu modo de capturar a vida nos séculos XIX e XX. Lendo em francês enquanto Cândido Mendes relia em português, aquele texto deveria retornar para o nosso silêncio reflexivo quando os fatos podem se alongar mais do que momentos.

Para completar Violeta o padre que realizava a cerimônia. Era um homem vindo dos sertões de Pernambuco, largado na periferia do Rio de Janeiro, junto ao ministério de capelas esquecidas. Recebeu a incumbência do ofício assim como uma rotina de sua vida. Por todo o tempo em que oficiava sua rotina se mantinha. Mas a partir de um certo momento, parece ter reconhecido Cândido Mendes, Alberto Goldman e Caetano Velloso e como ele mesmo humildemente repetiu: a ficha lhe tinha caído. Oficiava uma cerimônia para alguém muito importante.

Mas de todas as importâncias que pude extrair, uma que todos sentimos, mas talvez algumas pessoas do Crato não saibam. O quanto Violeta levou o nome desta cidade para a cultura brasileira. Talvez na cidade "tenha caído a ficha" do quê ela representou para si. E falo deste "" por saber que não é incomum que pessoas se alienem da sua própria realidade, cultivando um individualismo utilitarista que as reduz ao invés de ampliá-las.



sábado, 21 de junho de 2008

José Bezerra, pacificador - por José Jezer de Oliveira

A crônica abaixo – sobre José Bezerra de Menezes – foi publicada no jornal “Ceará em Brasília” nº. 191, maio de 2008. Focaliza a figura de um honrado cidadão nascido em Crato: o patriarca da família Bezerra de Menezes, de Juazeiro do Norte, José Bezerra de Menezes. Sobre ele, assim escreveu, também, o jornalista Temístocles de Castro e Silva: “A família Bezerra de Menezes deve sua projeção e seu prestígio, no século XX, ao seu patriarca José Bezerra de Menezes, que conquistou o respeito e a admiração de sua gente pelo acendrado amor ao próximo e profundo sentimento de solidariedade humana”.

José Bezerra, pacificador
por José Jezer de Oliveira (*)

José Bezerra de Menezes foi figura emblemática na vida social, política e empresarial da cidade de Juazeiro do Norte, encravada no coração do Cariri. À exceção do Padre Cícero, ninguém ali o excedia em respeito, prestígio e admiração conquistados perante os seus concidadãos, mercê das virtudes morais de que era titular e de qualidades outras que o distinguiam como cidadão.
Dotado de extraordinário espírito de solidariedade humana, era sempre solicitado a intervir em conflitos dada a maneira serena com que administrava os ânimos das pessoas em desavença. E as suas ponderações e conselhos eram comumente acatados. No Juazeiro, só não foi o que não quis ser ou o que, por impedimento legal, não pôde ser: Juiz, por exemplo. Mesmo assim, muitas de suas atitudes assemelhavam-se, de fato, às de um “juiz da paz”, tanto é que, carinhosamente, lhe atribuíram o titulo de “Pacificador”.
Pecuarista, agricultor, empresário, banqueiro, foi, também, prefeito, vereador e delegado de polícia, bem sucedido em todas essas atividades, mercê da invejável visão prática que tinha das coisas, o que, sem dúvida, deu-lhe o necessário suporte psicológico para o exercício de cada uma delas da maneira mais justa e equilibrada possível. Com respeitável paciência que lhe era peculiar, soube encaminhar os filhos nos negócios, preparando-os, ao mesmo tempo, para ingresso na política. Tanto em uma quanto em outra atividade se houveram com extraordinário êxito.
Na política, Leandro, o mais velho dos filhos homens, foi o primeiro a disputar cargo eletivo. Foi vereador. Morreu cedo, antes de alçar vôos mais altos. Em seguida, os gêmeos Adauto e Humberto, oficiais do Exército, seguidos por Orlando e Alacoque, estendendo-se à geração dos netos, um deles atualmente deputado federal, José Arnon. Todos conquistaram os mais expressivos postos na vida política: Orlando, prefeito, deputado estadual, deputado federal; Humberto: prefeito, deputado federal, Secretário de Estado, vice-governador; Adauto: deputado estadual, vice-governador, governador, deputado federal; Alacoque: Senadora da República.
Em José Bezerra de Menezes a prudência se sobressaía como um dos traços mais marcantes da sua personalidade.
Um só episódio é o bastante para evidenciar essa qualidade nele reconhecida pela gente do Juazeiro. Era ele delegado quando chegou a informação de que um bêbado estava armando a maior confusão em um bar da cidade. Chamou dois soldados da polícia e ordenou-lhes que conduzissem o homem à sua presença, recomendando-lhes, porém:
Vão lá e tragam o homem. Mas tragam com jeito. – E se ele não quiser vir? – indagou um dos policiais.
Com mais jeito ainda – respondeu José Bezerra.
Em seguida, virando-se para um amigo que estava ao seu lado:
Se eu dissesse: de qualquer jeito, eles iam trazer o homem morto.
Em uma de suas idas ao Crato, a negócio ou em visita a parentes, encontrou-se com Moacir Mota, gerente da agência do Banco do Brasil, a única da região do Cariri, e que o abordou com a notícia de que já existiam recursos disponíveis para empréstimo na Carteira Agrícola do banco.
Seu Moacir, isto é um namoro! – observou José Bezerra, acrescentando:
Na hora de assinar o contrato é o casamento. No momento da quitação do empréstimo é o parto. Sou eu que estarei sentindo as dores e não o gerente do banco! Muito obrigado por sua informação.

(*) José Jezer de Oliveira é cratense. Jornalista, ex-presidente da Casa do Ceará, em Brasília e membro do Instituto Cultural do Cariri onde ocupa a Cadeira Ministro Colombo de Sousa.