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sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Eis a manhã deste sábado

O sábado amanheceu. Sábado de uma semana cheia de novos ares. Um negro foi eleito presidente dos EUA, Berlusconi rosnou o seu fascismo incrustado através do preconceito racial (Obama é um rapaz simpático e bem bronzeado); Sarah Palin, a vice de Mc Cain, virou a "culpada" pela derrota e agora a Fox News espalha que ela não sabia que a África era um continente e se admirou que a América do Norte fosse formada por México, EUA e Canadá. Mas a semana aconteceu mesmo foi aqui no Brasil.

O Supremo Tribunal Federal, enquanto a polícia federal perseguia o delegado que comandou a investigação, confirmava o Hábeas Corpus a favor do poderoso banqueiro Daniel Dantas. Não apenas isso: o STF abriu o verbo contra o Juiz de Sanctis aquele que autorizou a prisão do banqueiro. A novidade não é tanto os poderes constituídos defendendo o "colarinho branco", a novidade é que isso não se sustenta mais. As pessoas não engolem e num mundo urbano, os ministros do supremo neste sábado mesmo estarão pelas ruas das cidades brasileiras, seus empregados sentirão um desequilíbrio perigoso e ser filho ou neto de um ente assim já não é tão agradável.

Barack Obama é o estágio atual de processos eleitorais. Numa sociedade de massas, quando avós e pais geraram tantos filhos e a qualidade de vida os fez viver tão mais do que outras eras. Agora minoria é massa e maioria é outra coisa. Para o bem e para o mal, para o autoritarismo nascido de um ambiente geral inseguro ou para a democracia fruto de um equilíbrio de vontades plurais. Não importa que amanhã o desânimo se abata com a dureza do desemprego e da desgraça que nos atinge pessoalmente, enquanto se esteve tão esperançoso e entusiasmado na frente do palanque em Obama durante o discurso da vitória.

Berlusconi não pode ser uma cópia de Mussolini. É um autoritário, manipulador, truculento na relação política e tem a capacidade de juntar todos os fragmentos da direita italiana. Mas Berlusconi tem uma unha encrava que são os seus negócios. Eles os têm como extensão do governo de tal modo que nunca poderá unir os italianos. Só uma visão coletiva une.

Sarah Palin não será lembrada por ter sido a vice de um presidente derrotado. A rigor é uma maldade com ela, não foi este o papel dela. Ela será lembrada como uma solução política, malandra para o velhinho entusiasmado e o conservadorismo anacrônico da política republicana. Ainda mais diante da derrocada econômica e de guerras empacadas neste ocaso do Governo Bush.

Mas neste sábado não nos percamos. Se nos anos setenta os jovens (adolescentes) eram uma ponta insustentável da burguesia mundial, agora estes velhinhos dos anos dois mil são uma segunda ponta. Pois então a AIDS atinge a terceira idade, o HPV se manifesta, os agravos por causas externas e até os excessos da regras de vida. Também pudera. Quem mandou juntar tanta gente da mesma idade no mesmo espaço? O espaço urbano.

Para fim do caso do Supremo. Um poema lido pelo delegado Protógenes Queiroz que hoje é perseguido pelo supremo e pelo governo Lula em palestra para universitários:


Só de Sacanagem", de Elisa Lucinda:

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?

Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, que reservo duramente para educar os meninos mais pobres que eu, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e dos justos que os precederam: “Não roubarás”, “Devolva o lápis do coleguinha”, Esse apontador não é seu, minha filhinha”.

Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha ouvido falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.

Só de sacanagem!

Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba” e eu vou dizer: Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez.
Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.
Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.

Eu repito, ouviram? MORTAL!

Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!