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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Aberta Romaria de Finados em Juazeiro

Por Elisângela Santos (Diário do Nordeste)

A expectativa é de que até terça-feira, a cidade receba algo em torno de 600 mil fiéis para participarem das celebrações católicas


Milhares de fiéis assistiram à abertura da romaria de Finados na Praça dos Romeiros, em frente à Basílica de Nossa Senhora das Dores, na cidade de Juazeiro do Norte


A romaria de Finados foi aberta na noite de ontem, com duas celebrações, uma na praça dos Romeiros, presidida pelo bispo de Propiá, em Sergipe, dom Mário Rino Savieri, e outra pelo bispo diocesano, dom Fernando Panico, no Santuário dos Franciscanos, às 19 horas, reunindo milhares de pessoas de diversos estados do Nordeste. A perspectiva da igreja é que a cidade até terça-feira receba cerca de 600 mil fieis.

Este ano, a romaria da esperança, em memória de finados, tem como tema das celebrações, com missas até a terça-feira nos Franciscanos, Basílica de Nossa Senhora das Dores e Capela do Socorro, onde estão sepultados os restos mortais do padre Cícero, "Mãe das Dores, Padre Cícero e São Francisco: Caminho de Paz e Justiça para Cristo. Este ano, a romaria de Finados será uma das mais simples e também com menos dias de realização.

A partir de hoje, serão realizadas, sempre às 18 horas, saindo da Capela do Socorro até a Basílica, procissões que vão até o dia primeiro, dia de Todos os Santos. Nesta data, também Dia do Romeiro, em Juazeiro, será realizada no início da noite procissão com imagens de santos, levados pelos próprios fieis.

Ontem pela manhã já se registrava a chegada de grande número veículos de vários estados, principalmente de Sergipe e Pernambuco. Nesta romaria, é comum a participação de pernambucanos. Também de caminhões paus-de-arara. A reorganização do comércio informal nas proximidades do Santuário dos Franciscanos tem facilitado o tráfego na área, uma das mais movimentadas na romaria. É tradição a chegada dos carros e três voltas com buzinaço em torno da imagem de São Francisco. O passeio das almas, uma breve caminhada numa passarela sobre os arcos do Santuário, é também uma parte obrigatória do ritual de quem chega ao local neste período do ano.

Durante a celebração na praça dos romeiros, o padre Paulo Lemos, administrador da Basílica, saudou os romeiros que começavam a chegar na cidade, destacando esse como um dos momentos fortes das romarias de Juazeiro do Norte. "É com alegria que recebemos cada romeiro" , disse.

Uma programação paralela às celebrações foi preparada pela administração, dentro das comemorações a caminho do centenário da cidade, em 2011. Na manhã desta sexta-feira, a beata Maria de Araújo, que protagonizou o milagre de Juazeiro, ganha placa no local onde nasceu no dia 24 de maio de 1863. A solenidade será às 9 horas com as presenças do prefeito Manoel Santana e do diretor adjunto dos Correios, Francisco de Assis Marques.

Elisângela Santos
Repórter

Juazeiro sediará o I Encontro Brasileiro de Geoparks

Está previsto para acontecer em dezembro, em Juazeiro do Norte, o I Encontro Brasileiro de Geoparks: fortalecendo novas candidaturas. A proposta inicial do evento foi apresentada no último fim de semana, durante reunião na Universidade Regional do Cariri (Urca), com a presença da secretária adjunta da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitec), Teresa Mota, além da administração superior da instituição.

Também foram convidados a participar da reunião de apresentação da proposta instituições parceiras do Programa Geopark Araripe, como o Sebrae, Fundação Casa Grande, de Nova Olinda, Fundação Araripe e o Instituto Chico Mendes. A ideia é reunir diversos representantes de instituições junto com a Universidade, no próximo dia 30, para construir e finalizar a programação do evento reunindo também integrantes do trade turístico regional. Será um encontro preparatório. Pela manhã, será feita uma reunião interna e, à tarde, o compartilhamento e discussão das temáticas a serem apresentadas.

Para o encontro será elaborada uma rota turística incluindo os principais geotopes para apresentar aos representantes de estados visitantes, além da cultura local. Serão convidados para o encontro nacional representantes de seis Estados brasileiros. O evento irá acontecer nos dias 11 e 12 de dezembro.

O Geopark Araripe é o único do Hemisfério Sul e o objetivo deste encontro é estimular novas candidaturas de áreas que possam se tornar espaços de Geoparks junto à Unesco. No próximo ano, está previsto para acontecer na região o Encontro Panamericano de Geoparks.

Fonte: Cetama (Via Jornal do Cariri)

Usina de Barbalha poderá ser reativada

Durante a inauguração do novo Parque Industrial da Ypióca, no último dia 24, o governador Cid Gomes anunciou que vem realizando estudos e buscando parcerias visando reativar, em Barbalha, a Usina Manoel Costa Filho para a produção de álcool, ou mesmo construir uma nova na região do Cariri. A capacidade da usina de Barbalha é de produzir entre 50 e 60 milhões de litros/ano. “Esse é um setor que não tinha tradição no Ceará e o grupo está demonstrando fortemente que é absolutamente possível investir nessa área”, disse o governador. A família Telles, dona do grupo Ypióca, é um dos possíveis parceiros da empreitada de Barbalha. “Tudo depende do resultado dos estudos que estão sendo feitos”, informa sem mais detalhes, Everardo Telles, presidente do Grupo Ypióca. O governador citou que um dos problemas para a quebra da usina de Barbalha foi o alto preço da energia elétrica necessária para manter o maquinário funcionando. Tomando o novo Parque Ypióca como exemplo, ele disse que poderá utilizar a mesma tecnologia de produção que permite independência a baixo custo através de meios alternativos. Lá, uma parte do bagaço é aproveitada para a geração de energia elétrica, tornando a unidade fabril auto-sustentável.

Fonte: Cetama (Via Jornal do Cariri)

Parque Ecológico Saco/Lobo - Por: Nivaldo Soares de Almeida

"Somente crescemos à medida que nós nos dobramos perante algo maior do que nós mesmos." (Saint Éxupery)

O processo de crescimento do denominado Cariri Central focado, principalmente nos municípios de Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte é notório e, traz consigo uma série de mudanças no espaço físico e no dia a dia das pessoas. Basta observar a ampliação e o surgimento de novas instituições de ensino, instalação de novas indústrias, novos meios de comunicação, a ampliação do setor de prestação de serviços, novos equipamentos públicos, entre outras referências. Paralelamente podemos observar, também, aumento da concentração populacional, a expansão urbana, a verticalização das construções, o aumento do fluxo de veículos e a degradação do meio ambiente por falta, principalmente, de uma infra-estrutura básica de serviços públicos, essenciais, condizentes com um território de formação geológica sedimentar, rico em água subterrânea, mas que apresenta vulnerabilidades as mais diversas. Toda esta rápida transformação recheada de consequências negativas, não perceptíveis pela grande maioria da população, devem nos levar a refletir sobre várias questões, mormente sobre o fato de que a velocidade do “desenvolvimento” tende a aumentar substancialmente com o decreto, do governador Cid Gomes, que cria a zona metropolitana do Cariri.

Uma das questões mais angustiantes nesse cenário é a falta de uma maior atenção para com o capital natural da bacia sedimentar do Araripe. Verifica-se no âmbito regional uma perigosa ausência de planejamento ambiental, bem como de políticas públicas centradas na minimização de impactos que colocam em risco, particularmente, os recursos hídricos nos aspectos quantitativos e qualitativos.

Os diversos estudos científicos publicados sobre a Bacia Sedimentar do Araripe nos revelam, e já é de domínio público, que é detentora do mais complexo, importante e vulnerável sistema de recursos hídricos subterrâneos do interior cearense. Da base para o topo, segundo divisão de MONT`ALVERNE et al. (1986), a Bacia apresenta diversas formações hidrogeológicas que compõem três Sistemas de Aquífero, sendo: um Inferior (Formação Mauriti e parte basal da Formação Brejo Santo); um Médio (Formação Rio da Batateira, Abaiara e Missão Velha); e um Superior (Formações Exú e Arajara). Entre os três merece maior atenção de todos nós o Aquífero Médio, por ser o principal fornecedor de água para o consumo humano e as atividades demandadoras do precioso líquido na região. É importante saber que a sua disponibilidade potencial de 112 milhões de m³/ano de água de excelente qualidade é limitada e apresenta fragilidades, as quais quando projetadas tendencialmente para as próximas décadas, apontam para um cenário de ameaçadora insustentabilidade. Esta afirmativa procede quando observamos o aumento da população, aliado a expansão urbana com novas ruas e avenidas pavimentadas sem os serviços públicos essenciais (aterros sanitários, água e esgotos tratados), proliferação de postos de combustíveis, oficinas metal mecânicas, gráficas, fossas sépticas, postos de lavagem de veículos, somando-se ainda a falta de tratamento adequado aos resíduos dos serviços de saúde e das atividades industriais. No referente aos resíduos industriais, como o mercúrio usado na ourivesaria, o chumbo e cádmio (encontrado em baterias de celulares e outros equipamentos) são metais pesados não sintetizados nem destruídos pelo organismo humano que se acumulam provocando danos extremos ao sistema nervoso, gastrintestinal e reprodutivo, além de outras sequelas nos organismos vivos.

A título de exemplo, segundo Oliveira, secretário da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS), entre os poluentes encontrados em águas subterrâneas no Brasil, há uma predominância do nitrato, presente na urina e no esgoto doméstico não tratado e os derivados de petróleo, como BTEX (bezeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos) e PAHs (hidrocarbonetos aromáticos policíclicos). Estes contaminantes são considerados substâncias perigosas por serem depressantes do sistema nervoso central e por causarem leucemia em exposições crônicas.

É por demais salutar para um povo saber olhar o seu entorno, fazer aflorar a sensibilidade e reagir no sentido do participar e influenciar na construção de um novo tempo. Se individualmente não dispomos de condições, nem conhecimento sobre determinadas questões, que nos unamos para hastearmos bandeiras em defesa de um desenvolvimento que contemple qualidade de vida, utilização racional equitativa e a conservação dos recursos naturais, aliadas à proteção do meio ambiente, patrimônio insubstituível de todos.

Sobre este aspecto, a responsabilidade dos nossos administradores, bem como o exercício da cidadania do nosso povo, se revestem de maior importância, não só cobrando, mas também colaborando no sentido do estabelecimento de uma política de desenvolvimento regional que contemple as práticas sócio-ambientais ecologicamente corretas.

No processo de crescimento da região do cariri, sente-se claramente a falta de um planejamento que leve em conta a relação entre os recursos naturais disponíveis, especialmente, os recursos hídricos, e a ocupação do meio físico.

Neste contexto como se não bastassem tantas atividades e fontes poluidoras, claramente expostas, nenhuma política pública integrada vem sendo trabalhada no sentido da preservação de áreas (pequenas unidades de conservação) com objetivo, específico, de garantir a recarga do único reservatório d’água do Cariri Central, capaz de atender, pelo menos, temporariamente, uma demanda cada dia mais crescente no conglomerado. E assim, caminhamos céleres para insuficiência e contaminação do nosso principal manancial - Aquífero Médio, formação Batateiras/Missão Velha.

Diante de um cenário tão preocupante só nos resta agir, comunidade acadêmica, legisladores, administradores públicos, em especial, e a população organizada de toda a região, no sentido de atuarmos como agentes do desenvolvimento sustentável. Precisamos romper as barreiras da imposição política, do sectarismo, da ignorância, do egoísmo e dos interesses mesquinhos e, urgentemente, partirmos unidos em defesa da implantação de um projeto de saneamento básico e preservação do Aquífero Médio, começando pelas áreas de maior concentração populacional e com atividades de maior potencial degradador.

Para tanto, precisamos, urgentemente, cobrar a quem de direito um zoneamento ambiental especifico de toda a área do Aquífero, tendo em vista dotar as administrações públicas, nas três esferas, de um instrumento de planejamento e organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas que estabeleçam medidas e padrões de proteção ambiental com vistas a assegurar a qualidade ambiental dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população.

Dentro dessa perspectiva de crescimento com o território devidamente organizado e trabalhado conforme suas potencialidades, limitações e fragilidades, a criação de pequenas unidades de conservação (Parques Ecológicos), entre tantas outras intervenções, se apresenta, no nosso entendimento, como uma das mais importantes e urgentes medidas no sentido de preservar e proteger as áreas de recarga do Aquífero Médio.

Em todo o território da Bacia Sedimentar do Cariri Cearense é possível identificar áreas favoráveis à implantação dessas pequenas unidades de conservação (Parques Ecológicos), especialmente, no entorno das sedes dos municípios. Estes atenderiam a múltiplas finalidades que vão do lazer, passando pela educação, ao interesse da conservação e manutenção do equilíbrio natural e em especial da proteção de áreas de recarga dos nossos reservatórios subterrâneas de água. A titulo de exemplo apontamos a área cortada pelo rio Saco/Lobo situada entre o bairro Mirandão e a perimetral Dom Francisco no município do Crato, a qual, apesar da ocorrência de todo um processo de degradação, por uso inadequado, ao longo de décadas, apresenta remanescentes da sua composição florística e faunística. Com topografia irregular, boa parte de sua área é de Preservação Permanente - APP - áreas nas quais, por imposição da lei, a vegetação deve ser mantida intacta, tendo em vista garantir a preservação dos recursos hídricos, a estabilidade geológica e a biodiversidade, bem como o bem-estar das populações humanas. Seus solos são constituídos de arenitos argilosos médios a finos, siltitos argilosos e folhelhos, pobre em matéria orgânica e de baixa fertilidade, o que naturalmente impõe restrições de uso para atividades agrícolas. Por outro lado a sua capacidade de infiltração é seguramente alta em função de sua constituição, o que garante por ocasião do período chuvoso uma boa contribuição para recarga do Aquífero Médio.

Como proteger os recursos naturais do nosso País é um compromisso de todos os setores da sociedade e não simplesmente uma ação de governo, conforme explicita a Constituição Federal, lançamos o desafio da implantação de Parques Ecológicos em vários municípios do Araripe Cearense iniciando pelo Rio Saco/Lobo no município do Crato.

A Secretaria de Meio Ambiente e Controle Urbano do Crato e a Universidade Regional do Cariri, através da Pró-Reitoria de Extensão, deram início aos estudos preliminares sobre a área acima descrita e está aberto a contribuições das demais instituições e segmentos organizados da região. Faça parte desta historia.

Nivaldo Soares
Mestre em Desenvolvimento Regional
Secretário de Meio Ambiente e Controle Urbano do Crato
Fonte: Blog do Crato

Deputado Sineval Roque garante mais de R$25 milhões em investimentos para o Cariri

Desde o início da gestão Cid Gomes, o deputado estadual Sineval Roque (PSB), já conseguiu junto ao Governo do Estado, recursos da ordem de mais de R$25 milhões para a região do Cariri.

O parlamentar destinou recursos para projetos de abastecimento d’água, energia elétrica, projetos produtivos, através do programa São José, recuperação asfáltica, pavimentação de ruas, construção de matadouro, estádios de futebol, quadra de esportes, materiais esportivos, ambulâncias e tratores. Parte das obras está em execução, outras, aguardam licitação do governo para início do processo licitatório.

Para o município do Crato, por exemplo, Roque destinou aproximadamente R$17 milhões. Os recursos foram investidos em projetos de abastecimento d’água, duas miniusinas, obra do desvio do anel da batateira, perfuração de poços, ampliação do Condomínio das Flores, cobertura da quadra da Escola Polivalente, construção das escadarias, das estradas Crato-Lameiro/Crato-Grangeiro, do conjunto habitacional das artesãs, construção das escola profissionalizante, compra do terreno para a instalação do empreendimento e ginásio esportivo poliesportivo da Urca.

O parlamentar assegurou ainda R$150.000,00 por mês para atendimentos emergenciais no Hospital São Francisco e 50 bolsas para alunos que foram beneficiados com o programa Primeiro Passo, do Governo do Estado.

Em Antonina do Norte os recursos são da ordem de R$4.540.000,00 investidos em compra de ambulância, reformas de escola e hospital, parte da construção da sede da Secretaria de Educação, dois carros, um para a Secretaria de Saúde e outro para a Secretaria de Educação, calçamentos, passagem molhada da Rua Evídio de Alencar e Rua Castelo Branco, além da verba assegurada para a construção do açude do Mamoeiro.

Além do Crato e Antonina do Norte, o deputado Sineval Roque garantiu recursos ainda para os seguintes municípios:

- Abaiara – R$330.000,00 – Estádio de futebol e estrada
- Altaneira – R$45.000,00 – Ambulância
- Araripe – R$160.000,00- Calçamento e trator
- Assaré – R$225.000,00 – Ambulância, abastecimento d’água
- Baixio-R$350.000,00 – Estádio de futebol e reforma praça
- Barbalha – R$380.000,00 – Matadouro
- Barro – R$45.000,00 – Ambulância
- Farias Brito-R$45.000,00 – Ambulância
- Jati- R$45.000,00 – Calçamento
- Nova Olinda-R$85.000,00 – Energia elétrica
- Potengi-R$35.000,00 – Asfalto
- Salitre-R$270.000,00 – Ginásio poliesportivo e reforma praça
- Santana do Cariri-R$280.000,00-Estádio de futebol
- Tarrafas-R$1.030.000,00 – Estádio de futebol, quadra, açude, pavimentação e calçamento de ruas e trator.

Por: Sangiorgy Ribeiro (Via Blog do Crato)

A Avidez humana! – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Desculpem-me. Sei que muitos dos leitores por aqui não gostam de futebol. Mas o assunto que pretendo repartir com os amigos é sobre o desejo insaciável por lucros, vitórias e glória. Para isso, ignoram-se os sentimentos de afetividades que nutre e engrandece as relações de amor. Chega-se ao extremo de escravizar o homem, se possível. Que tem o futebol a ver com tudo isso?

Apesar das relações de trabalho de um jogador de futebol profissional terem evoluído para melhor nos últimos dez anos, houve época em que o atleta era um verdadeiro escravo. Preso definitivamente ao clube, não lhe era facultado o direito de livre transferência ou escolha da equipe em que gostaria de jogar. Submetia-se a dias seguidos de confinamento, sem contatos com a família e o mundo exterior, numa ociosidade a que ainda hoje os dirigentes de futebol teimam denominar de concentração.

Em 1946, D’Ávila era um esforçado jogador de meio de campo de uma das quatro grandes equipes de futebol do Rio de Janeiro. Não chegou a integrar a seleção brasileira, mas era muito importante para o esquema de jogo do seu time. Era um desses jogadores que desarmam os ataques da equipe adversária e ajudam a empurrar o seu time para frente. Geralmente esse tipo de jogador passa despercebido aos olhos da torcida.

O time de D’Ávila estava concentrado desde a segunda-feira à noite num casarão da zona sul da cidade do Rio de Janeiro, preparando-se para um jogo decisivo do campeonato. A mulher de D’Ávila fora hospitalizada naquele mesmo dia, com uma estranha doença. Mas os dirigentes do clube não consideraram esse fato um motivo justo para dispensá-lo da concentração. Não podiam prescindir daquele jogador na equipe.

Semana inteira de treinos à tarde e o restante do dia na mais completa ociosidade. Naquele confinamento desumano, a nenhum atleta era dado o direito de sair à rua, visitar a família, ou ao menos usar o telefone.

No domingo pela manhã, dia do jogo decisivo, uma freira que trabalhava no hospital onde estava internada a mulher de D’Ávila, telefonou para a concentração procurando falar com o jogador. Disseram-lhe que ele não podia atender. “Por favor, digam a ele que o estado de saúde de sua esposa se agravou e ela pede desesperadamente para falar com ele.” Insistia a irmãzinha reforçando a urgência da presença do jogador.

Os dirigentes da equipe acharam por bem nada comunicar ao seu atleta para que nenhuma preocupação viesse prejudicar seu rendimento no jogo. Afinal, iriam enfrentar um dos mais fortes rivais.

Na tarde daquele ensolarado domingo, D’Ávila se esforçou como sempre era seu costume, contribuindo para vitória do seu time num jogo decisivo.

Somente quando a partida terminou, entre tapinhas nas costas, os dirigentes comunicaram a D’Ávila para ir ao hospital com urgência, pois o estado de saúde da sua mulher havia se agravado. Ele imediatamente enxugou o suor do corpo com uma toalha, trocou de roupa, sem ao menos tomar banho e foi de taxi, o mais depressa possível, ao hospital.

Lá chegando, a irmãzinha lhe disse: “O senhor não tem coração? Telefonei várias vezes desde a manhã de hoje. Sua mulher passou o tempo todo querendo lhe falar e somente agora o senhor chega aqui?” “Mas eu vim assim que me disseram. Estava no jogo e vim o mais rápido possível.” Disse-lhe D’Ávila preocupado. “Agora é tarde! Sua mulher faleceu às três horas da tarde.” Respondeu a freira. Ao saber dessa notícia, D’Ávila desmaiou, voltando a si, somente algum tempo depois.

O desespero tomou conta de D’Ávila. Voltou ao casarão da concentração e não encontrou mais ninguém do clube, somente o caseiro e sua mulher. Então, munido de uma barra de ferro destruiu tudo que havia pela sua frente, não sobrando nem portas, nem janelas.

No dia seguinte, durante o enterro, diante de dirigentes do seu clube e dos colegas jogadores, D’Ávila desabafava, acariciando o rosto frio da sua amada: “Não me deixaram te dar um último beijo, mas você está vingada.”

Por Carlos Eduardo Esmeraldo
(Adaptado de "Os subterrâneos do futebol" de João Saldanha, Editora José Olympio, Rio de Janeiro, 1980)

Pensamento para o Dia 30/10/2009


“O aspirante espiritual (Sadhaka) deve ser vigilante para não perder a calma em questões triviais e insignificantes, pois isso retardará seu progresso. A raiva deve ser sublimada através do esforço sistemático. O homem deve resistir ao impulso de entrar em discussões e debates, pois isso cria um espírito de rivalidade e o conduz a sentimentos de raiva e vingança. A raiva está na raiz de todo comportamento errado. Portanto, cultive amor por todos os seres e, assim, mantenha hábitos e tendências indesejáveis sob controle.”
Sathya Sai Baba