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domingo, 3 de abril de 2011

Rafael Vilarouca - Entre a fotografia e a moda


Intervir nos espaços urbanos com figurinos inusitados para fotografar é uma das ações freqüentes no trabalho do fotografo Rafael Vilarouca.


Alexandre Lucas - Quem é Rafael Vilarouca?

Rafael Vilarouca - Fotógrafo, produtor e estudante de direito.
Alexandre Lucas - Quando teve inicio seu trabalho artístico?

Rafael Vilarouca - Minha atividade profissional se iniciou há cerca de dois anos quando ganhei minha câmera. Daí tinha umas idéias em mente, já com influência em trabalhos de fotografia de moda, mas dando a isso um caráter lúdico, meio fantasioso. Reuni uma galera que acreditava na proposta e comecei meu trabalho profissional.

Alexandre Lucas - Quais as influências do seu trabalho?

Rafael Vilarouca - Minhas maiores inspirações vêm de retratos antigos... me influência o trabalho de fotógrafos da região como Telma Saraiva, ícone de uma proposta estética bem particular e autoral, como também as fotografias de Haruo Ohara e Bruno Veiga, ou mesmo as pinturas de Dégas, dentre muitos outros que vez ou outra me inspiram um ensaio. Atualmente, sempre me inspira a fotografia do Bob Wolfenson e do Jacques Dequeker e os trabalhos surreais do David Lachapelle.

Alexandre Lucas - Fale da sua trajetória.

Rafael Vilarouca - Minha primeira exposição foi em 2009 e se chamou A vida em Gramame, eram fotografias minhas e de Yasmine Moraes.
Posterior a isso iniciei um projeto de estudo e registro fotográfico nos terreiros de candomblé e umbanda da região do Cariri junto com o pesquisador Ridalvo Felix. Esse trabalho, o Bombojira, foi exposto durante a XII Mostra SESC Cariri de Cultura, através de uma exposição de rua itinerante, em 2010.
Esse ano já fiz exposição no SESC- Juazeiro, chamada Jardins de Vaidade e trata-se de um misto de imagens de personagens fantasiosos femininos, tendo como base a fotografia de moda, e poesias que unem-se as imagens, de autoria de Hermínia Raquel Saraiva.

Alexandre Lucas – Como você caracteriza seu trabalho fotográfico?

Rafael Vilarouca - Quando estou fotografando e quando monto exposições gosto que os expectadores se sintam bem com minha arte. É a idéia de apreciação que me instiga a estar sempre produzindo, trabalho quase como um pintor na busca dos elementos certos de figurinos, modelos e cenários nas minhas fotos.

Alexandre Lucas – Como você vê a relação entre o olhar fotográfico e a técnica?

Rafael Vilarouca - Acredito sempre que o olhar fotográfico é o primordial para se aventurar como fotógrafo. Com o tempo, a técnica bem elaborada aparece como necessidade de aprimoramento e amadurecimento. Eu, particularmente, prefiro sempre zelar pela luz perfeita e pelo enquadramento certo em meus trabalhos.

Alexandre Lucas - O que é e como surgiu a idéia do Coletivo Café com Gelo?

Rafael Vilarouca - O Coletivo Café com Gelo surgiu da idéia minha e de uma amiga, a fotógrafa Yasmine Moraes, de se montar um site de divulgação de nosso trabalho fotográfico e poético, usando nossa própria imagem como fundo para divulgação. Atualmente o site reúne também fotografias de Allan Bastos, o trabalho do maquiador Malan Amaro e dos estilistas Dukke e Salvide Rocha presentes como parceiros na construção de meus ensaios, além de inúmeros colaboradores que estão sempre por perto e creditados no site.
Acreditamos que é através das parcerias em Coletivo que se faz um trabalho mais primoroso e bem acabado, com cada pessoa especialista em algo fazendo uma parte no projeto em busca de um produto final.

Alexandre Lucas - Como você vê a relação entre arte e política?

Rafael Vilarouca -A arte que possui engajamento político quando bem concebida ou bem escrita ela pode surtir grandes efeitos de conscientização de massa. Acredito que é o poder do coletivismo que faz a diferença quando o assunto é a união entre política e arte.

Alexandre Lucas – Quais os seus próximos trabalhos?

Rafael Vilarouca - Atualmente, estou finalizando um projeto de exposição chamado Veias Urbanas que trata da intervenção masculina dos espaços na região do Cariri. Tenho produzido também um outro projeto, o Carnavália, com modelos femininos, cuja idéia é fotografar alegorias carnavalescas com o uso de elementos cênicos nas fotos. E, além disso, tenho feito também o Era uma Vez..., projeto meu e de Dukke, estilista e modelo, que trata-se de uma releitura de contos de fada e outras histórias em fotografia de moda.

Confira os trabalhos de Rafael Vilarouca no blog: http://www.coletivocafecomgelo.com/





Acordar da letargia - Emerson Monteiro


O uso do cachimbo é que põe a boca torta, diz o povo. Diz ou dizia, pois tudo muda todo tempo, a ponto de a sabedoria popular abrir caminho às tradições modernas e querer imitar o que falam os arautos da pouca utilidade. Bom, mas trazer algumas palavras que signifiquem renovação dessas, ou daquelas, vontades escorregadias da ausência de sentido, nesse mundo quase só cheio de supérfluos. Tocar assuntos de possibilidades prováveis. Reviver o sonho de acordar cedo e caminhar ao sol das manhãs com o cérebro ligado nas sensações boas, esquecido das impurezas e preocupações da rotina frívola lá de fora. Viver com todas as letras o alfabeto de respirar novos dias, a intensidade ainda livre dos traumas da primeira infância. Criança, somente. Contar a nós próprios as lendas da inocência original. Pisar o chão do jeito que vem a vida, sem necessitar tanger as brasas da incompreensão ou os maus humores da perversidade. Caminhar, simplesmente. Nisto a perene urgência momentânea de uma raça inteira acordar e ver as realezas do caminho onde nada mostra face de peças já terminadas. Onde tudo se transforma todo tempo ao sopro incondicional do instante eterno dos segundos. Esse instinto forte de seguir adiante ao ritmo dos passos, livre das circunstâncias imprecisas de longas conveniências burocráticas. Acordar para nós acesos, recorrer ao que existe de si parentesco com a natureza nas individualidades, e acreditar a transformação radical dos obstáculos em nuvens ligeiras e limpas. No sequenciar desse movimento, o perfume inesperado que ganha corpo e cresce mais ainda, à proximidade eterna das partículas em agitação, unindo pensamentos e sensações quais peças de tabuleiro imenso posto à frente dos seres. Nós, quais intérpretes do discurso empolgante das horas, em atividade constante de sobreviver, incontidos nos detalhes essenciais da cena impetuosa das cavalgadas bravias e dos elementos em fúria. Acordar, afinal, para o sonho. Largar de lado os cacos rotos das equívocas permissividades. Descer ao teto dos palácios em festa, arraiás de praias amenas e águas transparentes, pois há um ser que nos espera de braços aberto no íntimo coração. O processo disso, nas portas abertas do presente, indicam sentimentos de paz e pontes felizes e abrem oportunidades aos acontecimentos verdadeiros. O isso de abandonar de vez trastes velhos das falhas vencidas e substituir os padrões que marcaram de vergonha a personalidade, nas ações antigas e que insistem retornar e esfregar na nossa cara a vileza das noites anteriores. Administrar esse lixo autoritário das subidas e reciclar em sabedoria. Integrar à existência o primor das estações iluminadas. Revivescer de nós, parecidos sementes que, seguras, brotaram noutro solo, pomos de luz na solidão descomunal do sagrado, feitas alegres quermesses dos santos sertanejos nordestinos. Pular de tranquilidade e admitir o milagre sonoro de viver que a todos permanece disponível.