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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Projeto “Com Arajara em Ação Não Se Encontra Lixo no Chão”

Articulação entre instituição de ensino, ONG e comunidade estimula cidadania ambiental

Uma parceira entre o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia IFCE - Campus Crato e o Instituto Arajara - IA vem mantendo desde outubro último um projeto de ação ambiental para coleta de resíduos sólidos urbanos que são lançados inadequadamente e com danos ao meio ambiente no entorno da Chapada do Araripe, Região do Cariri, notadamente nas proximidades do distrito de Arajara, em Barbalha. A população local, neste sentido, é estimulada pelo projeto a destinar o lixo para um posto de coleta em troca de acesso ao Arajara Park. A ação acontece sempre aos sábados, a partir da 10 horas da manhã na entrada do referido parque. O lixo é recebido por monitores selecionados dentre alunos do IFCE e da Escola Antonio Costa Sampaio, localizada na comunidade. A coordenação do projeto é da professora do IFCE Francinilda Araújo Pereira.

Não perca a oportunidade de se divertir e exercer sua cidadania no que diz respeito ao meio ambiente.

Fonte: IFCE – Campus Crato

Ufa, a guerra acabou. Acabou? – Por: Gaudêncio Torquato


Após refregas, umas mais leves, na base de tiros de espoleta, outras muito violentas, sob balas de canhão, chega ao fim uma campanha eleitoral que resvalou pelo terreno do despudor. E, ao contrário do que reza o ditado, entre mortos e feridos nenhum se salvou. Candidatos, coligações, debates, propaganda, pesquisas, redes sociais e até a figura do presidente da República saíram com a imagem chamuscada. Ao argumento de que, mais uma vez, nossas instituições políticas e sociais denotaram plena vitalidade, expõe-se um sentimento – ao que parece, generalizado – de que limites foram ultrapassados no uso de direitos e garantias, deixando ver coisas inusitadas, como ataques que passaram além da linha do bom senso, linguagem rústica e incompatível com o respeito entre pares, e, como fecho da operação que margeou o pedregoso terreno da irresponsabilidade, o desmonte da liturgia que emoldura o exercício do poder. Se há uma lição a extrair, é a de que o ritual de campanha política andou para trás, a reclamar substanciais reparos. O pleito, infelizmente, não conseguiu diminuir o fosso entre a política e a sociedade.

A cadeia de elementos nocivos que se formou ao longo da campanha é a sombra da velha política. A decrepitude dos costumes reflete-se no espelho de contrafações: o personalismo dos candidatos amortecendo programas e ideias; agentes públicos usando de maneira avassaladora as estruturas do Estado nas campanhas dos candidatos; instrumentos e processos, que foram atualizados pela legislação, sendo usados de modo enviesado. Até o Judiciário leva parte de culpa ao deixar buracos na aplicação da lei. Não se pode dizer que tenha faltado verbo no palco eleitoral. Nem verbas. De um lado e de outro ouviram-se falas para os setores que, tradicionalmente, ganham refrãos e promessas. Mas o embate entre candidatos foi tão áspero que pouco se conserva de um acervo substantivo. O descaso com escopos pode ser verificado ainda pelo fato de que apenas nesta reta final programas foram expostos ao público. Foi o que ocorreu com os 13 compromissos da candidata Dilma Rousseff. Os tucanos, por sua vez, nem um mero esboço apresentaram, contentando-se com ideias esparsas de José Serra.

Por falta de clareza e objetividade a respeito de eixos centrais – concepção de Estado, gastos públicos, desenvolvimento regional, política macroeconômica, programas de bem-estar social, entre outros -, retalhos, versões e contraversões acenderam a fogueira, incendiando o ambiente. A maneira rude como foi exposto o tema da privatização é exemplo. A pulverização de falas e o embate acalorado entre os contendores – incluindo o viés religioso trazido pelo tema do aborto – contribuíram para obnubilar questões importantes. Já a formatação dos debates televisivos incrementou a carga de desinformação. O que mais se viu na TV foram perguntas não respondidas, respostas não solicitadas, atendendo à estratégia de fustigação recíproca alinhavada por marqueteiros. Os debates, de tão previsíveis e repetitivos, cansaram. Por que não se escolheram pautas específicas para cada encontro? Cinco sessões, cobertas por todas as emissoras em cadeia, sob o patrocino de uma por vez, e em programação definida por sorteio, poderiam aprofundar as prioridades nacionais. Induzidos a discorrer exclusivamente sobre uma agenda selecionada, os candidatos propiciariam aos eleitores avaliação mais acurada de propostas. O adjetivo cederia lugar ao substantivo.

Outro setor que sai combalido é o das pesquisas. Tornaram-se alavancas de candidaturas, glória para uns, calvário para outros. A pletora de institutos e as baterias de pesquisas – alguns resultados destoaram mesmo quando feitas no mesmo período – geraram desconfiança. Deixam a impressão de que carecem de maior controle de qualidade. O fato é que não há critérios rigorosos sobre o sistema de mapeamento das intenções de voto e de expectativas sociais. Aliás, o pacote de coisas ruins acabou subindo ao sagrado espaço do Judiciário. Observação procedente de especialistas é de que a Justiça Eleitoral pecou pela permissividade. Multas aplicadas aos candidatos não foram capazes de sustar a artilharia. Nunca se viu uma campanha tão apelativa como a que se encerra. As redes da internet encheram-se de sujeira. Ferramentas foram usadas para destruir imagens e macular perfis. Ficou patente o descompasso entre a facilidade de produzir dossiês contra candidatos e a extrema dificuldade de retirá-los da infovia eletrônica. O acervo dos danos à imagem pessoal recai, assim, sobre o colo da Justiça.

Se candidatos cometeram impropriedades e campanhas extrapolaram nos abusos, parte da agenda negativa pode ser debitada a certa leniência do aparato judicial. Salta à vista a tibieza na aplicação de penas aos infratores. Será que os juízes fizeram cumprir a lei no que diz respeito aos deveres e direitos dos agentes públicos? Será que governantes – alguns como patrocinadores, outros como candidatos à reeleição – se comportaram dentro dos limites da legalidade? Se houve excessos – sob a massiva divulgação da mídia -, por que o braço da Justiça não alcançou os infratores? Não se nega o direito do servidor público, em licença, férias ou fora do horário de expediente, de poder exercer plenamente sua cidadania e participar de qualquer ato político-partidário. Mas a Justiça teve condições de verificar o que se passou nos 27 Estados da Federação?

Por último, vale observar que até a mais alta Corte do País se enrolou nos fios da teia eleitoral. Mesmo com a histórica decisão de fazer valer para este ano a Lei da Ficha Limpa, após acalorado bate-boca entre alguns ministros transparece a visão: o Brasil é mesmo o país do mais ou menos. Certos candidatos com “ficha suja” sairão do purgatório para o inferno. Outros, com a mesma ficha, irão do purgatório para o céu. A razão? Filigranas da lei. E assim a guerra, para uns acabada, deverá continuar. É o Brasil do eterno retorno.

Por: Gaudêncio Torquato – JORNALISTA, É PROFESSOR TITULAR DA USP E CONSULTOR POLÍTICO E DE COMUNICAÇÃO

A Grandeza de Dilma no Discurso de Eleita - Por: Dihelson Mendonça



Em seu primeiro discurso como Presidente do Brasil, Dilma Rousseff ousou, e teve a grandeza que muitos fanáticos do PT não aprovariam: A de respeitar as diferenças de opinião partidária. Disse com todas as letras, que estende a mão agora a todos aqueles que não votaram nela no primeiro e no segundo turno, e que é, a partir de agora, presidente de todos os Brasileiros, independente de religiões, raças, e convicções políticas. Disse ainda que pretende honrar TODOS os compromissos de campanha ( que são muitos ), e sobretudo, erradicar a miséria do Brasil. Da nossa parte, esperamos que Dilma Rousseff possa cumprir aquilo que prometeu ao país, pois hoje o Brasil é um país dividido e quase METADE da população não votou nela, nem acreditou em suas propostas. É nossa esperança que a Dilma saiba honrar o cargo que irá ocupar, e os compromissos que assumiu perante a nação brasileira.

A segurança com que falou no discurso inicial, não dá margem a revanchismos arcaicos, nem às infelizes perseguições que alguns têm nutrido pela oposição nos últimos tempos no Brasil. Pelo contrário, Dilma enalteceu o papel da IMPRENSA, da denúncia que serve de alerta, da Liberdade de Opinião e da pluralidade de pensamentos.

À Dilma Rousseff, nós desejamos toda a boa sorte nesta empreitada. Que o Brasil possa se desenvolver, sobretudo, com responsabilidade e garantindo a sustentabilidade, perante as nações, e que seu governo seja implacável contra a corrupção, que como um câncer, se alastrou pelos bastidores do poder na era Lula, com ou sem a sua conivência.

De certo modo, a chegada de Dilma Rousseff ao poder, representa o fim da era Lula, do eterno culto à personalidade, da megalomania de um homem que entrou humilde no palácio, resvalando até no Nobel da Paz, mas sucumbiu, beijando os sapatos de sanguinários ditadores da América latina. O fim do fanatismo ao "apedeuta" e as estultícies, representa uma nova era que há de ser erguida de diferentes maneiras, trazida pelas mãos de uma mulher forte, que fala com grande determinação, eis que já raia de forma ainda tímida, porém esperançosa, a liberdade no horizonte do Brasil.

Dihelson Mendonça

O Discurso de Serra e o Presente do Crato - José do Vale Pinheiro Feitosa

O Darlan pôs os pontos nos “is”. Dilma teve 77% dos votos válidos no Crato e o povo comemorou. Não foi o silêncio do momento da votação. Mas para o prefeito Samuel Araripe, através de sua assessoria não há, como no discurso de Serra um “respeito e humilde a voz do povo nas ruas”. Não teve nenhuma comemoração, na noite de domingo, pela democracia ter funcionado tão bem e assim se manifestou Dilma e Serra ao agradecerem aos eleitores.

No entanto, a prefeitura do Crato tem uma imensa semelhança com o candidato derrotado: ambos se acham herdeiro natural do latifúndio. Pensam no mundo como apenas a propriedade natural deles próprios. O discurso do candidato apenas agradece aos que carregaram “a bandeira com o Serra 45”, esquece completamente o PSDB e o projeto de país do partido. Mesmo quando amplia seu olhar além dos votos que teve, ele se refere aos governadores e não ao partido.

Como certas práticas do paroquialismo de arrabalde, o candidato derrotado não entende o esforço contra a maré do Senador Aécio Neves e não o agradece, apenas o faz a Geraldo Alckmin. Mas a vulgaridade do nosso pensamento logo imagina: Geraldo tem uma secretaria para ele e Aécio apenas uma assessoria de gabinete. Mas não é isso, o buraco é mais abaixo, o Serra quer ser presidente a qualquer custo e não pode ao menos ter a humildade de agradecer o esforço do governador de Minas. Engano, o PSDB que sobreviverá a mais uma derrota na presidência, tem o maior número de governadores entre os partidos e eles enfrentarão os caciques da oligarquia paulista do partido. Até mesmo o Geraldo não dará mão à ambição do derrotado.

Numa coisa o Serra teve consciência, ele não é bobo igual a máquina eleitoral do Crato, tem inteligência estratégica. Reconheceu o grande desafio que foi enfrentar a sucessão de Lula: “Nestes meses duríssimos, quando enfrentamos forças terríveis...” Claramente querendo cavar a trincheira do que ele construiu nesta campanha e que agora disputará no campo da direita política com o centro e a esquerda.

Além de uma estratégia ele já identificou os elementos táticos: na internet. No twitter, nas redes sociais, e-mails, blog e site este espaço aberto e pantanoso que tende a solidificar o solo e se tornar uma plataforma essencial no futuro. Numa base sólida o Serra terá os elementos táticos, mas não poderá usar as mesmas táticas desta campanha. A tática do ódio, do achincalhe, da denúncia vazia, da manipulação, do estímulo ao conflito: o Serra guerra e ódio. Ali o campo será outro e o contraditório haverá, basta ver o que aconteceu quando ele radicalizou as posições.

O candidato não tem uma grande inteligência histórica, mas aprendeu na política e por isso lança o próprio recomeço. Para ele, para os eleitores dele e dos governadores do PSDB não é um recomeço, é a continuidade com a responsabilidade de governarem grandes estados, de legislarem nas assembléias e no Congresso Nacional. Portanto, igual ao que acontece no autismo do Crato, o recomeço é apenas do Serra e não do PSDB. Até ao usar o plural majestático ele não consegue se desanuviar do imenso egocentrismo: Por isso a minha mensagem de despedida neste momento, não é um adeus é um até logo. Não amigo de mim mesmo, o até logo é de Beto Richa, Geraldo, Aécio, Teotônio e outros para não cansar o distinto público.

Quanto ao presente do Crato, pelo que me contaram, é limpar o lixo deixado pela festa.