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sábado, 20 de novembro de 2010

Em defesa da narrativa

Convidado da 12ª Mostra Sesc Cariri de Cultura, o escritor Ronaldo Correia de Brito fala da influência da cultura sertaneja em sua obra e sai em defesa da narrativa tradicional


Fonte: site da Revista Cult

Foto: DelWilker Sousa

Ronaldo Correia de Brito é um filho do Cariri cearense. Nascido em Crato, município no sopé da Chapada do Araripe, Ronaldo vivenciou desde menino a cultura local, permeada pela marcante tradição do teatro, das danças populares e, sobretudo, da oralidade. Após participar do seminário A Reinvenção do Nordeste, no qual falou sobre as raízes da dramaturgia popular nordestina, o escritor concedeu a entrevista à CULT.

CULT – Você é um filho do Cariri. De que forma a cultura local se manifesta em sua obra?
Ronaldo Correia de Brito – Devido à romaria do Padre Cícero, populações pobres de todo o nordeste migraram para cá. Essas populações eram pobres economicamente, mas eram ricas em cultura. Elas trouxeram toda uma cultura teatral, histórica, artesanal, musical, uma cultura do romanceiro tradicional. Então, o Juazeiro ficou sendo milagrosamente um celeiro de um saber muito antigo que vem desde a Península Ibérica e também da cultura árabe e que aqui se estabelece. Por se manter impermeável durante muito tempo ao cinema, à televisão e ao rádio, essa tradição se guarda como um grande celeiro de todas essas manifestações artísticas. Então isso foi muito importante para a minha formação.

Você acredita que essa tradição cultural é devidamente preservada?
Essa cultura é dinâmica, não é imobilista. O artista popular tem uma visão não imobilista; ele tem a cultura como um bem vivo e em transformação, então, com a chegada da televisão, do rádio e do cinema, com as permanentes migrações e mudanças nesse meio, essa cultura se refaz, se recondiciona, adquire outros formatos. Para se ter uma ideia, aqui neste lugar foi possível se engendrar uma mitologia própria em torno do Pde. Cícero. Ele ocupa um espaço no panteão religioso no lugar do Cristo. Aqui, o Pde. Cícero é mais importante na formação religiosa do povo, ele tem um lugar de mais destaque e de mais veneração do que o próprio Cristo.

Um dos temas mais discutidos na literatura contemporânea é a crise da narrativa, dos gêneros. Por outro lado, você vem de uma tradição na qual a oralidade e a conotação de histórias são muito marcantes. Como você concilia essas duas vertentes?
Uma questão é a oralidade. Mário de Andrade e Câmara Cascudo viam o lugar da oralidade na literatura brasileira como uma questão a ser resolvida. Nosso escritor exponencial, Guimarães Rosa, cria um ritmo narrativo marcadamente oral. Nós somos um país de muita tradição oral, mas isso não impede que a gente tenha uma rica tradição escrita. O fato de que a gente tenha de resolver essa questão da oralidade, encontrar um lugar para nossa oralidade, não nos impede de ter uma grande literatura escrita. Eu acho, pelo contrário, que o Brasil vive um excelente momento, há muito tempo não se vivia um momento tão bom em relação à escrita.

Quando falo da crise, me refiro a uma tradição que se debruça sobre a falibilidade da narrativa, da palavra escrita, dos gêneros, como faz Clarice Lispector e o próprio Guimarães Rosa, que, ciente das limitações da linguagem, amplia seu alcance, com seus neologismos.

Eu acho que hoje a literatura se ocupa muito dessa crise da narrativa. Isso funciona para a obra de Ricardo Piglia, por exemplo, que faz do romance um campo para o ensaio, para a narrativa, para discussão. A questão é que o romance, a novela e o conto se tornaram espaços não apenas para narrar. Não que isso já não existisse na obra de Thomas Mann, mas sem dúvida isso se acentuou, mas por um movimento, uma moda, de negar a narrativa em si, o gosto pela narrativa.

E o que você acha desse movimento?
Eu acho que está em franco declínio. Ao mesmo tempo em que há escritores que estão introduzindo no romance todas as possibilidades de ficção e transformando um conto em um ensaio e em mil outras formas, também surge a narrativa em si mesma. O leitor continua apreciando muito a narrativa pura. Se você for atrás desses grandes Best-sellers, se formos descobrir o que faz com que eles vendam tanto, não é só a máquina editorial, é um gosto mesmo por ler narrativas, pois as pessoas gostam de ler uma história que tenha princípio, meio e fim. Dostoiévski, por exemplo, sem dúvida que ele se estende em questões filosóficas, morais e religiosas, mas há histórias contadas ali, muitas delas. Então eu acho que o gosto por narrar e o prazer em ler narrativas continuam, vão sempre prevalecer.

Revista Cult » A dialética da libertação: contracultura e sociedade unidimensional

Para ler esta intertessante matéria veiculada no site da revista Cult, clique no link abaixo:

Revista Cult » A dialética da libertação: contracultura e sociedade unidimensional

VIVA A GUERRILHA!!! AVANTE, GUERRILHEIROS!!!



ESPETÁCULOS DESTE SÁBADO, DIA 20.NOV.2010:

19h00min - Palco: PÁSSARO DE VOO CURTO (Livre, 60min), Cia. Entremeios de Teatro
20h30min - Arena: BODAS DE SANGUE (12 anos, 50min), Grupo Centauro de Teatro








Realização:
Sociedade Cariri das Artes
Sociedade de Cultura Artística do Crato
Cia. Cearense de Teatro Brincante
Companhias de Teatro, Dança e Circo do Cariri

Patrocínio:
Prefeitura Municipal do Crato
Secretaria de Cultura do Crato
Centro Cultural Banco do Nordeste

A cólera no Haiti e nos Haitianos - José do Vale Pinheiro Feitosa

A cólera, que praticamente desaparecera das Américas entre o final do século XIX e início do século XX, retornou ao continente pelo Sul, no meio de uma grande crise de crescimento e desenvolvimento. Chegou pelo Pacífico, aportou a costa do Peru, foi exuberante nos comedores de ceviche, atravessou os Andes e caiu na calha do Rio Maranon. Acontece que este é o nosso Solimões e logo explodia em Tabatinga, na tríplice fronteira, Brasil, Peru e Colômbia.

Pela calha do Amazonas ela desceu, logo atingiu São Luis do Maranhão e nos caminhões de compradores de roupa da malha costureira de Pernambuco se espalhou no Nordeste. Aí vimos a expressão clara de que uma epidemia não é um fenômeno de um micróbio, ela é um fenômeno histórico, cultural, econômico e profundamente social.

Naquela época estava na Comissão Nacional que cuidava do assunto e conversei com muitos governadores da região. Joaquim Francisco de Pernambuco havia proibido comer peixe e tomar banho de mar. Resultado, matou uma das fontes de renda do Estado: o turismo. Fomos lá e mostramos que aquilo não tinha fundamento científico, que para pegar cólera num mar diluído, era preciso beber tanta água salgada que adoecia do volume e não da cólera. Que o peixe era apenas questão de higiene. Joaquim tomou banho em Boa Viagem para a imprensa filmar e fotografar e comeu uma boa peixada pernambucana.

Na Paraíba Cunha Lima passava por algo igual. Fizemos um plano para recuperar não apenas a cólera, mas a cólera que atacava o turismo da Paraíba. E mais ainda, não adiantaria se vangloriar que meu Estado não tem cólera para atrair os turistas amedrontados, o problema era de todos. Enfim a cólera é um problema de todos.

Esta situação do Haiti é muito mais do que um Terremoto, a desgraça política de um povo e a miséria de suas vidas. A cólera no Haiti é um crime da humanidade nestes tempos de salve-se quem puder. Tanto tempo e as verbas não chegam. Tanta desgraça e não tem efetivamente uma grande mobilização para ajudar o país. Tanta gente desempregada e os governos não têm a capacidade de estimular a esperança. Deixaram tudo abaixo da mão pesada e morta e dizem que invisível do mercado.

Olhem que a maior desgraça da cólera no Brasil, ali onde se viu a face terrível, igual a esta do Haiti, ocorreu em Fortaleza. Aliás, esta capital entre os anos 90 e esta primeira dezena dos anos dois mil, já sofreu dois grandes dramas inigualáveis: uma Epidemia de Cólera e uma de Dengue. Ambas sob a égide de Tasso Jereissati e sua grei. A Epidemia de Cólera apenas cessou quando os susceptíveis à doença se esgotaram, ou seja, quando todos os expostos à falta de água adquiriram a doença. O canal do trabalhador talvez tenha salvo o futuro da cidade e o Ceará tem uma proteção.

Só para se ter uma idéia: a cólera não atingiu o sudeste e o sul e a diferença foi água limpa para beber. O mundo é incapaz de dar água boa aos haitianos. Os haitianos têm razão de atacar o mundo. Dirão que é terrorismo, e alguém, com razão dirá: um terrorismo limitado e o outro, do resto da humanidade, provoca um genocídio em larga escala. E este genocídio no Mar do Caribe, tem o dedo infectados do EUA e ainda tem gente com antolhos e um espelho retrovisor olhando para as desgraças do comunismo soviético.

Nonato Luiz lança CD hoje no Cariri


O violão mais doce, potente e vibrante de Nonato Luiz vai nos encher de emoção nesse final de semana em Crato. O Cariri recebe “Estudos, Peças e Arranjos”, o mais novo trabalho do internacional violonista cearense e cidadão cratense. Assim ele se apresenta hoje no Teatro Municipal Salviano Arraes Saraiva.

Indicado como um dos melhores violonistas brasileiros da atualidade, Nonato Luiz nasceu em São José, distrito de Lavras da Mangabeira e, à partir de Fortaleza ganhou o mundo.

A música de Nonato Luiz reflete o seu estilo multicultural: sobre sólidas bases musicais nordestinas, passeia pelos clássicos, eruditos e populares, emprestando-lhes brilho, suavidade e muita harmonia. O título do álbum navega pelo esmero em um trabalho cuidadoso e rico em sons e ritmos, em música de grandiosa qualidade.

Em "Estudos, Peças e Arranjos" o violão de Nonato Luiz nos acompanha através da magia, do encantamento e da alegria de estar com ele. Em uma viagem que, juntos, nos transportaremos para um distante que não importa aonde vai se chegar.

Se devesse ainda persistir qualquer dúvida sobre a magia desta noite, ouça "Estudos, Peças e Arranjos” , executado por esse artista que adotamos como filho.

SERVIÇO
Show de lançamento do CD "Estudos, Peças e Arranjos" do violonista Nonato Luiz
DATA: 20 de novembro de 2010
LOCAL: Teatro Municipal Salviano Arraes Saraiva (Antigo Cine Moderno no Calçadão)
HORA: 20h
ENTRADA FRANCA

CONTATOS: Kaika Luiz - 8816.3062/9931.2138

Urgência da reforma política - Emerson Monteiro

A constante abordagem dos assuntos pela mídia enfraquece o conteúdo de palavras utilizadas, motivando o desestímulo quanto a matérias que, por vezes, necessitam maiores considerações e aprofundamento. De tanto se falar em determinados itens, nas pautas jornalísticas, resulta na inércia da acomodação e do costume, isso automatizando o som e o significado desses conceitos, envernizando, empalidecendo suas potencialidades.
Uma ocorrência do tipo fica por conta do falar em demasia na tão sonhada e propalada reforma política brasileira, há muito presente nos discursos e nas notícias, sem, contudo, levantar a cabeça do papel e chegar às vias da realidade real. A cada ano de eleição, falam-se multidões na carência de que o Brasil evoluirá quase nada em termos institucionais caso permanece distante a tal reforma política eleitoral.
De tanto ouvir, os ouvidos acostumam e perdem o interesse nos conteúdos entre quem escuta e o que dizem as palavras, até chegar a indiferença e acomodação das intenções de quem fala conteúdos expostos e pouco absorvidos, dada a sua profundidade virar apenas repetição de superficialidades pouco esclarecidas.
Reforma política, portanto, quer significar, acima de tanta fumaça jogada sobre sua importância, o passo inicial e inevitável para a qualificação da política, no que diz respeito à prática da cidadania plena, ou seja, o ato de votar e ser votado. Será ação fundamental para o saneamento verdadeiro das formas arcaicas viciadas de fazer política nas terras nacionais.
Somente uma boa reforma política oferecerá condições eficientes para a boa administração pública no nosso País. Através dela, dar-se-á o disciplinamento das votações, com a localização territorial das lideranças no seu espaço de influência social, evitando o perverso paraquedismo de candidatos estranhos invadirem o campo e anular o potencial autêntico das populações. Ela adotara, dentre as propostas, o voto distrital ou voto distrital misto.
E outros elementos a comporão, quais sejam, no meio de outros: A eliminação dos privilégios dos caciques, na hora da escolha dos candidatos dentro dos partidos. Eleição também dos suplentes de Senador. Aumento da representatividade, com escolhas proporcionais a todas as regiões, no Congresso Nacional. Redução da força eleitoral dos presidentes de partidos. Exclusão do foro privilegiado de políticos no exercício do mandato. Ampliação dos efeitos da chamada ficha limpa. Cortar em definitivo as regalias e mordomias dos representantes, e retorná-los à vala comum de onde nunca deveriam ter saído. Adoção do financiamento público das campanhas, com peso igual nos custos a todos os candidatos independente das diferenças patrimoniais, com o extermínio, bem na fonte, da famigerada compra de voto, excrescência e prostituição da consciência de cidadãos desavisados e corrompidos.