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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Ruptura dos canais de socorro ao Sofrimento - José do Vale Pinheiro Feitosa

Nem sempre é o esquecimento aquele que faz renascer as atrocidades da história. Por vezes são as paixões irracionais de certos períodos que as põe em prática novamente. Na última eleição o que mais chamou a atenção foi o “renascimento” dos setores envolvidos com a repressão política na época da ditadura militar. Ex-quadros ligados à tortura, militares reformados encastelados no Clube Militar, com mandato legislativo e em blogs e site, usaram a estrutura da campanha do PSDB para se ativarem no meio.

O Jornal A Folha de São Paulo foi ativa nesta prática, desde o momento que tornou manchete uma ficha falsa da candidata Dilma Roussef, elaborada por um site ligado aos quadros da repressão. Aqueles e-mails que inundaram as caixas de correio falando do jovem militar metralhado, de que a candidata não poderia ir aos EUA impedida como seqüestradora do embaixador americano nos idos de 68, como a história de ser filha de búlgaro e assim por diante. A velha máquina fascista de perseguição a comunistas e liberais da política.

Todos sabemos que a história não está fora como escrita nas folhas das cascas mortas das árvores. A história nos confronta o tempo todo, desde o momento que se leu e repassou aquelas mensagens, quanto das vezes em que as reproduziu em conversas. Lembro de uma das coisas mais impressionantes que me ocorreu no confronto direto com a história.

Era meu terceiro ano no Rio de Janeiro. Esta imensa e indigesta cidade, com a qual não tinha grandes relações e ainda decifrava seu modo de operar. Após estágio na ainda provinciana cidade de Fortaleza, agora as dimensões eram de bordas imprecisas. Onde parar e como começar? As questões eram efetivamente transcendentais e estrangeiras para mim. Estagiava num hospital de Doenças Infecciosas e Parasitárias durante a grande epidemia de Meningite da década de 70.

No meu pequeno hospital universitário, escondíamos quadros do Partido Comunista Brasileiro, naquela altura vítimas de feroz perseguição política. Então estou de plantão, quase que solitário no Hospital. Por coincidência cuido de uma criança em estado grave, acabara de fazer-lhe uma punção para tirar líquido da sua coluna vertebral e analisar a evolução da doença, quando entrou um senhor de meia idade, carregando um chapéu pela mão e de cabeça baixa.

Esperou o fim do procedimento e timidamente se aproximou da beira do leito onde eu fazia as anotações para enviar o material biológico ao laboratório. Aproximou-se e identificou-se como pai da criança. Não me pediu por palavras, mas seus olhos suplicavam por uma palavra minha e lhe relatei o estado do filho, demonstrando otimismo. O líquor (colhido da coluna) estava mais claro e aquilo era sinal de boa evolução e o quadro neurológico não parecia apontar seqüelas.

Ele relaxou e com emoção começou a falar de seu estado quase clandestino, por isso sua dor só pudera se defrontar com o estágio da doença do filho naquela hora. Ele era policial civil, recrutado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury para atuar na repressão à esquerda brasileira em São Paulo. Se soubesse de mim lhe seria vítima e eu era uma das salvações do seu filho o qual se recuperou muito bem e deve ter dado netos àquele pai. Não o imagino, se ainda estiver vivo, como autor daquelas mensagens, mas nada impede que o seja.

Como bem diz Maria Helena Moreira Alves no seu livro sobre a ação política da ditadura: a censura sobre a tortura impõe o silêncio; este silêncio isola os que sofrem a repressão e a exploração econômica e este isolamento impede que outros setores da sociedade viessem em socorro. Enfim, uma ação política que quebrava antropologicamente o maior esteio da cultura: a solidariedade entre as pessoas. Aquela mesma que profundamente me ligou ao drama daquela família de um policial envolvido com a repressão e a tortura.

Nunca é demais perguntar-se sobre o teu papel nestas ditas horas.

Diz-me dos teus desejos que dir-te-ei quem és - José do Vale Pinheiro Feitosa

“Dize-me com quem andas que te direi quem és”, é um conselho (ou uma condenação) sobre as influências dos amigos e companheiros em nossas vidas. Só que isso leva a um erro fundamental: ninguém é apenas a sua companhia. Se fosse assim, o que se dizer do ponto de vista de cada companhia: seriam o que os outros são e assim os efeitos múltiplos se anulariam, onde afinal começa a influência ou a causa? Ou seja, quando todos se influenciam de modo recíproco, ninguém influencia ninguém.

Igualmente poderíamos dizer: “diz-me o que desejas que te direi quem és”. Vejam o que os especialistas americanos identificam como as cinco tendências em tecnologia para 2011: consolidação e possibilidade de pagamento pelas empresas das informações contidas em sites de relacionamento; tecnologia verde, aplicativos para smartphones, banda larga móvel e 4G. Para estes especialistas o “tablets (como iPad), a tecnologia 3D e os livros eletrônicos não se destacam diante deste “formadores de opinião”.

Para estes senhores do futuro a equação é a seguinte: indústria tecnológica sempre mudando, evoluindo e inovando; a tecnologia está tão ligada à vida que não se sabe quem guia quem; a relação é tão próxima que no futuro não se separarão tecnologia e ser humano. Isso é um claro exagero de vendedor da indústria, mas é revelador como estes “ideólogos” continuam pensando o futuro como uma cadeia que aprisiona “consumidores”.
Os EUA pensam em dinheiro e tudo se deriva desse modo. Isso não significa a universalidade, está cada vez mais claro que a moeda embora tratada como um Deus, onipresente e onisciente, perde cada vez mais potência de conversibilidade, ou melhor, de representação das transações humanas. Por exemplo, é o enfraquecimento do próprio dólar como moeda das trocas mundiais. Sem contar uma coisa mais radical, a tradução financeira já não representa mais o retorno em projetos de produção de energia, para estes apenas a própria energia despendida para implementá-lo pode ser a medida do retorno.

Por isso logo imagina que coisas como Google ou outros poderão se apropriar das informações pessoais colocadas online para vender às empresas. Eles logo imaginam que as companhias vão usar os dados pessoais numa transação autorizada pelo consumidor como parte de um acordo de negócios. Isso seria muito importante em vídeos produzidos por pessoas ou pequenos produtores, gerando programas, conteúdos e shows individuais que será pagos e consumidos na rede. A questão do vídeo consumido desta forma guarda estreita relação com a tecnologia de Alta Definição, quando é agradável assistir programas longos na tela do computador, inclusive dada convergência entre monitor e as televisões.

Os smartphones representam outro tipo de convergência tecnológica, quando o acesso à internet passará para os meios dos celulares. Neste sentido o cabo também teria um fim na internet com há aconteceu com os telefones fixos. As redes de telefonia 4G deverão acelerar esta tendência de conexão através da rede de celulares, com banda larga móvel em casa. Por isso mesmo setor que mais cresceu que foi o de softwares, continuará crescendo criando aplicativos para os telefones celulares.

A Tecnologia Verde é uma oportunidade estimulada pelo governo. Ela é importante não pela sua amplitude, mas, ao contrário, por sua pontualidade. Se precisa de equipamentos que consumam menos energia e por aí virão novidades na esfera dos produtos eletrônicos.

GUERRILHA DAS ARTES E DO AMOR !!!

A MAIOR AGENDA DE ESPETÁCULOS DO NORDESTE BRASILEIRO
TEATRO RACHEL DE QUEIROZ - CRATO-CE-BRASIL
DE 5 A 27 DE NOVEMBRO DE 2010



PROGRAMAÇÃO DE HOJE, DIA 15:


19h00min - Palco: UMA ÚLTIMA VEZ (14 anos, 60min), Cia. Arte e Cultura, Crato-CE
20h30min - Arena: ESPERANDO GODOT (12 anos, 20min), Cia. Os Dois de Teatro, Juazeiro do Norte-CE


PROGRAMAÇÃO DE AMANHÃ, DIA 16:


19h00min - Palco: DONA PATINHA VAI SER MISS (Infantil, 50min), Cia. Teatral Anjos da Alegria, Crato-CE
20h30min - Arena: BURRA, NÃO É NADA DISSO QUE VOCÊ ESTÁ PENSANDO (Livre, 60min), Allysson Amâncio Cia. de Dança, Juazeiro do Norte-CE


MENSAGENS:


Ana Cristina Diôgo (ONG JURITI):
“Salve! Salve! Guerrilheiros e guerrilheiras do Cariri, que resistem com arte... Agora me lembrei de Geraldo Vandré: ‘No quintal da minha casa, não se varre com vassoura, varre com ponta de sabre, bala de metralhadora...’ (...) Todo sucesso nesta Segunda Guerrilha de onde sai vitoriosa a arte resistente do Cariri.”

Padre Rocildo Alves Lima Filho:
“Cacá, abraços! Estou em sintonia, mesmo de longe (Roma). Sucesso e parabéns!”

Orleyna Moura (Atriz): "Não podemos simplesmente nos transformar em platéia para espetáculos visitantes. Temos uma vasta produção artística e cultural de alta qualidade estética que deveria circular por outras regiões, estados e até por outros países"

Cacá Araújo (Dramaturgo, Coordenador Geral da Guerrilha):
“É muito importante e decisivo o patrocínio da Prefeitura do Crato e do Centro Cultural Banco do Nordeste, o que nos faz confiar que para o ano 2011 a Guerrilha terá mais apoio e se estenderá por mais espaços, podendo reunir um maior número de espetáculos. A tendência é que cada companhia de teatro e dança possa desde já realizar ações que se integrem às demais, formando um grande circuito de cooperação e fomento que funcione durante o ano inteiro, discutindo e contribuindo para melhoria de políticas públicas no setor, além de semear o chão caririense com o labor de seus artistas e o aplauso de sua maravilhosa platéia.

Evento reúne arte urbana e poesia popular no Dia da Consciência Negra no Crato



Por Marlon Torres*

O Coletivo Camaradas propiciará a mistura do Rap e do Repente no dia 20 de novembro, a partir das 19 horas, no Largo da RFFSA.

Sete cordas, onze silabas, dez linhas ... é por traz desse universo numérico que se esconde os segredos dos versos dos repentistas, ou feitos de repente. A sonoridade de rimas, compassos e tônicas, de uma frase milimetricamente produzida em instantes é que faz torna imortal essa arte já imortalizada no coração de tantos sertanejos.


A musicalidade da sextilha, a velocidade de um martelo e o compasso do famoso galope a beira mar, traduzem os sentimentos que de quem produz essas maravilhas da cultura popular.


Essa arte com o passar do tempo foi evoluindo sem perder a graciosidade. O pandeiro que guiava a marcação de um coco de embolada foi lentamente substituído por discos de vinil. A viola, companheira fiel do poeta repentista foi dando espaço para as “techinics”, e os baiões extraídos do pinho nordestino agora são equalizados em mixers. Com isso surge uma nova versão de improvisadores, o MC ( Mestre de Cerimônia) que em cima da batida explosiva do RAP canta o seu dia-a-dia em um improviso assim como fazem os repentistas.


O Rap de Repente visa mesclar essas duas vertentes do improviso num só balaio de rima e métrica. O velho e o novo se misturam num contexto atual sem perder sua característica própria.


O evento é aberto para a participação do público. Portanto MCs, poetas e o público em geral podem participar da brincadeira que abordará temáticas ligadas ao Dia da Consciência Negra.


*MC, artista visual, professor e integrante do Coletivo Camaradas