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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O gol - Emerson Monteiro

Início dos anos 70, tempos blindados e sonhos lotéricos também na Miranorte, cidadezinha do atual estado de Tocantins, onde Alemberg viveu parte de sua infância e guardou muitas histórias como esta que vamos contar.
Numa tarde de domingo, após a feijoada do meio-dia, na sala de visita de seu Luiz Torneiro, os amigos se achavam reunidos para acompanhar os jogos da Esportiva pelo País a fora. Na verdade era essa a diversão maior da semana.
Dona Iracema bem que se esforçava para dar de conta dos tira-gostos improvisados. Uns poucos aperitivos quentes e a festa enchiam todas as medidas, depois dos buchos cheios de feijão preto e dobradinha do almoço.
Lá pelas cinco e meia, a maioria dos placares recolhidos atendia ao cartão da apostas de seu Luiz, que muito se alegrava na transmissão da partida principal: no Maracanã. Jogavam Flamengo e Fluminense. Excluídos dois vascaínos da roda, os outros sete torciam pelo rubro-negro da Gávea, opção cravada sem sombra de dúvidas no sonho dos treze pontos.
A noite se definia calorenta, apesar de ligeira brisa que entrava pela janela da sala abafada. Sofá e poltronas pareciam mais aquecedores do que conforto, quando a soma dos pontos principiou a esfriar o sangue da turma com a hipótese do sucesso integral dos palpites. Nove jogos completados e o território ficava pequeno para tanta expectativa.
Seu Luiz chamou um dos filhos e passou as instruções:
- Vá na venda e pegue, adiantado, três brahmas geladas. - Percebeu que denunciava a certeza suada na vitória, mas disfarçou, acrescentando: - Traga também duas latas de quitute, que as coisas vão melhorar mesmo.
Compadre Zé Pedro administrava a totalização dos pontos, de ouvido ligado no receptor a válvulas, lápis e papel na mão. Outro resultado favorável, e a sorte se oferecia dadivosa.
Veio o material requisitado na bodega e a notícia se espalhara pela redondeza, arrebanhando os primeiros perus, que engrossaram o grupo e agitaram a casa. No meio do labacéu apenas uma figura permanecia quieta, desconfiada, impaciente da sala para a cozinha. Dona Iracema parecia concentrada na devoção ao santo para o empurrãozinho que faltasse. Ainda assim, cuidou com zelo de esquentar as conservas numa vasta travessa, combinadas de tomates e farinha que dessem para atender a todos.
Outros jogos se completavam e emoção grande se reservava do décimo primeiro ao décimo segundo. Houvesse saldo, teriam espocados os primeiros rojões. No entanto ouviam-se apenas os gritos estridentes da numerosa torcida. Restava aí tão só o garboso Fla X Flu. E tomem choro e gemidos.
Pelo visto, a fortuna sorriria naquela casa, naquela tarde. Daria Flamengo na cabeça, pois a partida pendia para seu término e o time garantia com facilidade o 2 x 1.
Daí generalizou-se a tensão, parecido como se os circunstantes sentissem a gravidade do momento. Por certo cada qual se punha no lugar da família de seu Luiz, em vias de realizar grande transformação. Passaria de pobre a rico, num golpe do destino. E escutaram, vindo de dentro do quarto, pungente a reza da dona Iracema, devota respeitável na frente do santuário. O locutor tremia a voz, como se vivesse o drama distante. Mãos suadas. Atenção redobrada nos lances de pequena área. E o tempo cooperando.
43 minutos do segundo tempo. 44. 45, e os descontos. Nessa hora, uma falta na cabeça da grande área a favor do Fluminense. Barreira formada, derradeiro cartucho, escaramuça debaixo das traves, e o tricolor converte:
- Gooooooooooooool! - de dentro do quarto, a explosão de alegria da fiel companheira de seu Luiz, braços aos céus, num gesto de agradecimento.
A princípio, calculou-se ter a mãe da família desvairado, produto da frustração que todos transpareciam, isso para susto de seu Luiz, que foi dizendo:
- Mas Iracema o gol foi do time adversário, e nós perdemos os treze pontos. Por que essa manifestação de alegria? - indaga receoso.
- Não é isso, não, Luiz. É que antonte faltou tempero em casa e com o dinheiro que deste para o jogo eu comprei foi os legumes e a perna de porco que vocês comeram no almoço de meio-dia, homê.

(Do livro Cinema de Janela, Terceira Margem Editora, São Paulo, 2001).

VAMOS DAR O TROCO – 50 000 VOTOS CONTRA

Pedro Esmeraldo

Com freqüência, estranhamos os últimos acontecimentos ocorridos no Crato.
Não suportamos mais essa disparidade que “há constantemente aqui” no Crato. Submergindo o espírito do cidadão comum, cobrindo de lama podre a cidade do Crato, o que ocorre no momento é querer danificar o patrimônio da cidade.
Já perdemos o centro de lazer do SESI, tudo isto provocado pelas conversas mexeriqueiras de alguns habitantes da cidade vizinha, que vivem zombando da nossa terra, arrastando tudo que temos de bom.
Constantemente, um senhor absolutista quer tirar do Crato um naco de terra e incorporar ao município de Barbalha, pois querem nos convencer que é melhor para o Cariri. Avisamos, porém, que ninguém é trouxa para não entender essa conversa atoleimada desse maldito povo que tem por objetivo dilacerar o Crato.
Se observássemos que são bem articulados pelo poder público, visto que, assim pensamos, tem apoio das falanges governamentais que fazem vista grossa, zombando da nossa paciência. Levam tudo que temos, sempre acobertados pelo apoio dos políticos da capital do estado.
A população ansiosa se encontra revoltada devido a desigualdade que há; assim, a história se repete: o fechamento do SESI e a penetração da terra do Crato para favorecer o município de Barbalha, torna-se um método abusivo que talvez seja manobrado pela vizinhança, pois o chefe do IBGE local é um cidadão entorpecente e amigo do pessoal da cidade inimiga.
Pensando bem, utilizamos um poder filosófico: “quem tem besta não compra cavalo.” Nesse caso, desejam justificar o que eles fizeram, penetrando na cidade de Barbalha, na localidade denominada de Lagoa Seca. Agora querem limpar a barra apresentando a história de um aparelho que não sabemos por que motivos fazem essa palhaçada discordante.
Nos últimos dias, observamos uma desigualdade de tratamento, proveniente do nosso governador, visto que dá prioridade a outra cidade deixando o Crato caminhar no desprezo total, pois tudo que vem é somente para beneficiar a cidade de Juazeiro do Norte.
Se levarmos em conta que um pai possui uma prole numerosa, e beneficiar somente um filho, os outros filhos ficarão com trauma psicológico. Por essa razão as cidades do Cariri, ficarão traumatizadas, vez que esse tratamento desprezível nos deixa totalmente aparvalhados e não sabemos por que razão esse governo nos despreza e permanece com ódio aos habitantes da cidade do Crato.
Essa linha demarcatória foi realizada há anos por pessoas habilidosas possuidores de licença para exercer a profissão cartográfica e razão foi transformada em lei e toda a lei deve ser respeitada.
Por essa razão, os cratenses não devem esmorecer, partir para a luta a fim de obter seus direitos.
Agora como resposta: devemos repudiar essa massa inimiga do Crato e também manifestar contrariedade nas urnas, tentando conseguir mais de 50 000 votos a favor da oposição que será o benefício de nossa causa.
Temos condições de dar 50 000 votos contrários, já que o Crato possui mais de 80 000 eleitores. Não dêem ouvidos a conversas desgastantes, pois temos de dar o troco com democracia, dizendo nós a esses ratos que nos vêem tirar a nossa paz.
Crato, 19 de agosto de 2010.