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terça-feira, 5 de abril de 2011

COLORADO RQ - De volta aos anos 70 - Por: Dihelson Mendonça


Alguém aqui viveu nos anos 70 ? Muita gente. E quem não se lembra quando a TV chegou ao Ceará e ao Cariri ? Eu tinha 4 anos de idade em 1970, e morava na vizinha cidade de Farias Brito. Por essa época, o maior comerciante local, chamado Antonio Leandro, começou a vender aparelhos de TV. Existiam lá basicamente dois modelos, o velho Colorado RQ, e o TV PHILIPS Planar.

Meu pai, que sempre foi uma pessoa muito entusiasmada pelas novas descobertas, comprou o segundo aparelho de TV da cidade, sendo que o primeiro ( claro ) era do dono da loja. E enfim, chegou o nosso philips planar em preto e branco ( colorida nem se falava ). Acontece que naquele tempo, a televisão "pegava" com sistema de repetidoras. Vinha por várias estações repetidoras desde Fortaleza até o Cariri ( não é como hoje, que vem via satélite ). Existia então, uma estação repetidora na Serra do Quincuncá, da antiga TV Ceará Canal 2, e funcionando com gerador a óleo diesel, só era ligada à tardinha, e desligada lá pelas 22 horas. Teve até um caso do último capítulo da novela "A barba azul", em que faltou o óleo, e um comerciante da cidade foi quem forneceu., o que ganhou a simpatia da população.

Foi através dessa TV, hoje rudimentar, que nós tivemos nossos primeiros contatos com o mundo "civilizado". Seriados como "O Túnel do Tempo", "Viagem ao fundo do mar", "terra de gigantes", e o clássico "Perdidos no Espaço". Parece até que estou vendo a sala lá de casa, com 50 crianças sentadas em qualquer lugar, assistindo Roy Rogers, Durango Kid, Hospitalouco, A feiticeira. Por essa época também, chegaram as primeiras geladeiras da era moderna, Consul, e o que não faltava na cidade, eram placas de "Vende-se Din Din". Era moda, tinha gente que colocava uma placa de "Din din" só pra dizer que tinha geladeira nova. Telefones na cidade ainda não existiam ou eram muito poucos, o contato com o mundo externo era feito via Rádio-Amador, que enviávamos recados, mensagens para parentes mundo afora, além dos correios, que eram de altíssima credibilidade. Ah! quando o carteiro passava, era uma festa na rua.

As estradas que ligavam Farias Brito ao Crato eram quase intrasitáveis no inverno, estradas carroçais, e haviam algumas maneiras de se vir ao Crato, como pelo "Rápido Crateús", ou pela "Viação varzealegrense", ou ainda pelo misto de "Seu Orlando", que ficava estacionado na praça principal. Quando alguém ficava doente e precisava de urgência, iam acordar o Antonio Sales, que possuía um Jeep, era muito eficiente, e atendia à cidade toda. Hoje Antonio Sales é proprietário de uma beneficiadora de arroz aqui em Crato, ali na Rua dos Cariris. Uma excelente pessoa. Aliás, quantas vezes eu não vim doente para o Crato nesse bendito Jeep do Antonio Sales ? Lembro-me de uma vez, muito criança, de colo, em que eu abri os olhos para o mundo. Primeiro foram os sons. Alguém dizia: "Ele tá tornando!" outro comentava: "Ele vai se acordar". O caso é que quando abri os olhos, haviam dezenas de pessoas cercando a cama e me olhando. Uns diziam que eu tinha "dado uma agonia" ( desmaio ), e já outro dizia: "é melhor levar logo pro Crato". Foi nessas idas e vindas ao Hospital São francisco de Assis, que acabei conhecendo o Crato, meus tios vieram morar ali na Cel. Luiz Teixeira, lá no alto do seminário, de onde se via boa parte da cidade baixa.

Aqui no Crato, o sistema de televisão no início dos anos 70 era também muito semelhante. Existia uma torre repetidora ali no Alto do Seminário, defronte ao seminário São José, que transmitia o Canal 10 ( TV verdes Mares ) para toda a cidade.

Mas televisão era um negócio muito caro para a classe pobre. Pobre sempre foi pobre, em qualquer lugar do mundo. Para facilitar as coisas, os prefeitos das cidadezinhas como Farias Brito, inventaram a tal da TV pública. Um aparelho de TV era montado em cada praça da cidade. lembro-me ainda do dia em que estavam montando a TV pública em Farias Brito, que ficava na esquina aonde hoje é a prefeitura. Ali, o calçadão não existia, e as pessoas ficavam assistindo da esquina da praça. Todo fim de tarde, um encarregado ia abrir o cadeado da caixinha de metal que abrigava a TV das chuvas, abria as duas portinholas e ligava a TV para o povão assistir as novelas. E que novelas boas as daquela época: Tinha "A barba azul", com Eva Vilma e Carlos Zara, que era sucesso, e tantas outras.

Na cidade, um dos maiores divertimentos era quando chegava a época da política. Os Fariasbritenses devem se lembrar das clássicas disputas entre Aurélio Liberalino de Menezes, e Gabriel Bezerra de Morais ( Seu Bié ). Meu pai era o encarregado da CAENE ( Companhia de Águas e Esgotos do Nordeste ), que depois virou CAGECE, e minha mãe trabalhava na prefeitura de Farias Brito na época do Bié. Eu estudava no Grupo escolar Getúlio Vargas ( estadual ), e competíamos com o Colégio Municipal, porque quem estudava no "estadual" tinha bem mais status que o "municipal". Meus tios ainda estudavam no Ginásio Enoch Rodrigues, instituição de bastante respeito na cidade.

Mas afinal, porque eu estou relatando todas essas coisas ?

Porque ao ver esses folhetos aqui de propagandas de lojas como a Zenir, Americanas, com computadores a preços populares, comecei a pensar cá com meus botões: A história se repete : "Um computador para cada casa". Vamos chegar em breve a um tempo em que haverá um computador ( e vários ), para cada residência. Lembranças dos anos 70, em que dizíamos: Um dia haverá uma TV em cada casa, e não tardou a acontecer. Estamos para o computador hoje, como a TV estava para os anos 70. Só que a velocidade com que a tecnologia se desenvolve hoje é estonteante. Um produto que se compra hoje, daqui a 6 meses está obsoleto, enquanto naquela época, se comprava uma geladeira por exemplo, para o resto da vida.

E aqui eu paro para pensar se de fato, a tecnologia melhorou muito nossa qualidade de vida ou não, pois mesmo quando não tínhamos toda essa parafernália de coisas eletrônicas, em nossas casas, parece até que éramos mais felizes, tocava-se na vida com os dedos, valorizava-se mais o trabalho, a dignidade, havia um senso de responsabilidade, de honestidade, de ganhar o pão com o suor do rosto, as famílias se arrumavam e iam todos à missa aos domingos, e depois às festas da cidade. As praças eram cheias de crianças brincando, correndo, havia música em toda parte, e o mundo era um lugar bem mais seguro de se viver.

Bom, mas eu ia escrever sobre uma coisa, e acabei escrevendo sobre várias outras coisas, tantas, que acho até que a crônica acabou se tornando melhor. Mas eu não sou nenhum Emerson Monteiro, Zé Flávio Vieira, ou Antonio Morais, sou apenas um reles cronista dos minutos livres. E por sinal, já vai começar o noticiário da CNN, com as últimas do Japão...

Pensando bem, estou ficando velho...sabe qual é a diferença entre você ter 15 anos e 45 ? Nenhuma. A única diferença é que o tempo passou, e muita coisa boa ficou pra trás. Mas em qualquer tempo, podemos ser felizes com tudo aquilo que temos, já que a única coisa que verdadeiramente temos sabe o que é ? A nossa vida e as nossas recordações. O resto...é o resto.

"Os nossos comerciais, por favor !"
( dedicado a Flávio Cavalcanti - Rei da Televisão )

Por: Dihelson Mendonça

PROGRAMA CARIRI ENCANTADO SONORIDADES - CONEXÕES MUSICAIS: WALTER FRANCO, A VANGUARDA DO BEM

O cantor e compositor paulistano Walter Rosciano Franco nasceu em 6 de janeiro de 1945, filho do radialista, poeta e escritor Cid Franco, também seu parceiro em várias composições. É reconhecido pela sua obra ao mesmo tempo vanguardista e popular, visto ter emplacado algumas canções nas programações radiofônicas do país, no final dos anos 1970 e início dos anos 1980. Sua discografia é, em termos quantitativos, muito modesta. Foram apenas seis discos, lançados entre 1973 e 2001. Mas, sua obra, qualitativamente, é conceitual e muito bem conceituada pela crítica. Sobre ela, assim escreveu o poeta, ensaísta, tradutor e crítico literário Augusto de Campos, em 2000:

“Quando Walter Franco apareceu, de "Cabeça" na música popular brasileira, quase não tinha antecedentes. Nem os protagonistas da Tropicália tinham ido tão longe. Era música concreta "in concreto". Foi no Festival da Globo de 1972. E sua bravura mobilizou a intervenção de gente como Décio Pignatari, Rogério Duprat e Julio Medaglia, integrantes do júri que foi destituído pela direção - porque ousou indicar o nome de Walter como vencedor do Festival. "Cabeça" e "Me Deixe Mudo" - a explosão da letra em estilhaços de poesia e a sua implosão nos ecos do silêncio - composições que, como eu disse em meu "Balanço", racharam a cabeça da música popular, estão no primeiro LP de Walter o disco branco "Ou Não", gravado em fins de 1972 e editado no ano seguinte. De bate-pronto, Caetano respondia com "Araçá Azul", a sua aventura radical, e essa foi talvez a mais bela conversa de guerrilhas jamais travada no âmbito da nossa música popular de invenção bombas cruzadas de bahia e sampa, poema e samba. "Revolver" continuou a antitradição de "Ou Não" com as explosões/implosões dos seus mantras, do primal "feito gente" ao quase mudo "e(ter)na(mente)". Walter seguiu adiante com "Vela Aberta". Mas, minado pela mediocridade da mídia, seu caminhar se fez mais secreto. Seus novos riscos quase não foram vistos pelo público. Um dia ele escreveu o poema certo: "o ab(surdo) não h(ouve)". Ouçam Walter Franco”.

E atendendo ao chamado de Augusto de Campos, vamos ouvir no programa Cariri Encantado Sonoridades desta quarta-feira, 6 de abril de 2011, doze composições de Walter Franco:

1. Feito Gente
2. Partir Do Alto/Animal Sentimental
3. Nothing
4. Coração tranquilo
5. Criaturas
6. Vela Aberta
7. O Dia do Criador
8. Canalha
9. Corpo Luminoso
10. Luz da Nossa Luz
11. Ai, essa mulher
12. Gema do novo

Obs.: Todas as composições são exclusivamente de Walter Franco, exceto “Criatura” e “Vela Aberta” de Walter Franco e Cid Franco, e Corpo Luminoso, de Walter Franco e Regis Bonvicino.

Serviço
O programa Cariri Encantado Sonoridades é produzido pelas Officinas de Cultura e Artes & Produtos Derivados – OCA, e transmitido todas as quartas-feiras, das 14 às 15 horas pela Rádio Educadora do Cariri AM 1020 e www.radioeducadoradocariri.com. Pesquisa, redação e apresentação de Carlos Rafael Dias. Operação de áudio de Iderval Silva.

REVOLTANTE - Em Crato - Você só é contra Pena de Morte até ler ISTO ( os mais fracos e crianças, não leiam... )


Dedicado ao "Dedêba", morto cruel e covardemente neste fim-de-semana


Digamos que seu Pai, sua mãe, ou seu irmão, resida na zona rural, exatamente para fugir do caos da cidade grande, pois recentemente se curou de um câncer de garganta, onde lhe foi retirada a laringe e agora não fala mais, e se alimenta através de uma sonda. Mas ainda feliz por estar vivo, acorda-se às 04 da manhã para tirar o leite das vacas, olha para o céu azulado da madrugada, contempla as estrelas, e vai começar o seu dia silencioso. Eis que de repente, numa dessas madrugadas, ao abrir a porta para o quintal, dá de cara com 3 homens armados e perigosos que o enchem de facadas, sem que ele possa gritar ou emitir ruído algum. Depois de ficar semi-morto, os bandidos ainda arrastam o corpo do seu pai, da sua mãe, ou do seu irmão ladeira acima até desfigurar o seu rosto no chão espinhoso, e em seguida colocam a sua cabeça em cima de uma pedra e com outras pedras grandes, começam a bater na cabeça dele ou dela, até os miolos saírem pelos ouvidos, até esmagarem e esfacelarem o seu crânio, e o deixam lá aprodrecendo...Por 10 reais !

Amigos, o que acabei de relatar, não é ficção. Foi o que aconteceu neste fim-de-semana num sítio da cidade do Crato-CE, próximo à "Pirrita". A vítima, chamada DEDÊBA, era um pacato cidadão que havia se curado mesmo de um câncer de garganta, e através de uma grande força de vontade, continuava a viver. Todo o motivo da sua morte, foi o simples fato de não ter atendido ao pedido de dinheiro de um covil de bandidos que faz parte de uma boca de fumo próximo ao local em que reside.

Hoje, dia 05 de Abril, Dedeba vai ser enterrado no cemitério N. Senhora da Piedade, em Crato. A polícia agiu rápido e prendeu os bandidos, sendo um, menor de idade. Mas segundo o que se vê nos jornais, o desenrolar das coisas, vocês acham que esses bandidos ficarão muito tempo atrás das grades, com a INJUSTIÇA Brasileira ?

Eu sou a favor da Pena de Morte para crimes Hediondos como esse, em que pegaram um pai de família, o torturaram e o mataram barbaramente. O que você me diz ? Você é contra a pena de morte somente até o dia em que acontecer algo do gênero ao seu Pai, seu irmão, ou sua Mãe, mas lembre-se de uma coisa: Cada pessoa morta barbaramente por criminosos dessa forma, é um Pai, é uma Mãe, e é o Irmão de alguém. Pena que não é o seu pai, senão o que você faria ?

O que vocês acham que a sociedade deve fazer com esses aí ? fazer como os judeus fizeram há 2000 anos, soltando Barrabás ?


PENA DE MORTE PARA CRIMES HEDIONDOS E CRIMINOSOS PERIGOSOS JÁ !

Dedêba, meu querido, descanse em Paz, agora que já não podem mais ferir você !

Por: Dihelson Mendonça