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quinta-feira, 18 de março de 2010

A Morte do Aquariano
Luiz Domingos de Luna*
Outro dia eu estava respirando como de costume, tranqüilamente, uma dor, uma dor muito forte, contínua e grossa, como sou cardíaco fino, pensei: deve ser a taxa de triglicerídeos que subiu de forma alarmante, creio, igualmente, que o metabolismo do organismo é sensato o suficiente para contornar esta situação.
Uma artéria, talvez a espreita de uma oportunidade, que finalmente apareceu, entupiu, o cérebro a esperar o oxigênio, que também não veio, parou, e eu como não podia fazer muito fiquei somente a aguardar os novos acontecimentos.
Como não podia ser diferente, o óbito um mal necessário, me acudiu prontamente, até que enfim, um fim pensei.
Criei assim uma grande solução para os humanos e um grande problema para os aquarianos, vez que, em Aquarius, a morte é algo obsoleto, nem existe e não faz parte de nossa cultura.
Os humanos, que na verdade são humanos me levaram para uma tumba em um lindo Cemitério. Era noite, porém os lindos refletores davam a impressão ser dia, ruas bem delineadas e silenciosas. Finalmente sozinho, que deve ser a solidão de todos; portanto nenhum privilegio para mim.
De repete escuto uma grande discussão. Como já estava deitado aproveitei a posição para escutar melhor o barulho, na verdade, um debate dos meus irmãos Aquarianos. Uns mais exaltados diziam: esta morte está errada, esta morte não devia acontecer – Está tudo errado.
- Como assim? Perguntou outro, - Como vamos noticiar a morte de um Aquariano em Aquarius se nós aquarianos não provamos da morte?
Depois de muita refrega decidiram me levar para o meu planeta de origem, mas sempre com uma dúvida no ar - A matéria agüenta a velocidade da luz ? – pois nós vamos acelerar seis vezes mais – O calculador encontrou uma solução rápida para a problemática, vamos acelerar bem, quando houver a desintegração total a gente coloca nosso motor gravitacional em rotação plena,junta as partículas e em Aquarius a gente monta tudo novamente e ninguém nem desconfia.
Alguma dúvida?
- Todas
Alguma certeza ?
-Nenhuma.
-Mas é assim que a coisa funciona.
Professor – Aurora -Ceará

Os encantados Zabumbeiros Cariris no Cariri Encantado


Foto: Alan Bastos

Nesta sexta, 19 de março, Dia de São José, o grupo Zabumbeiros Cariris (ZC) vai desaguar nos corações dos ouvintes do programa Cariri Encantado. Por sinal, e não por mera coincidência, o chão batido onde o ZC lançaram a semente inicial é justamente o Bairro São José, local que intersecciona Crato e Juazeiro, os dois maiores pólos dessa região encantada.

O ZC é um dos mais autênticos grupos musicais inspirados nas raízes nordestinas, em especial na musicalidade do cariri cearense.

Um dos que “tiraram fino” ao falar sobre o trabalho desta rapaziada foi o escritor José Flávio Vieira, em resenha sobre o disco de estréia do grupo:

“Eis os Zambumbeiros Cariris! Pleno de ângulos obtusos e faces pontiagudas. Traz no seu bojo toda coerência das nossas mais profundas incongruências. O Sacro/profano, o afro/indígena/ibérico, o cearense/pernambucano, o fúnebre/festivo e o romântico/erótico saltam como um saci, no terreiro de cada acorde deste disco. Os Zabumbeiros beberam nas fontes pródigas das bandas cabaçais, do reisado, do coco de roda, do baião, dos benditos, do maracatu cearense e de além-Araripe. Souberam , no entanto, destilar, desta calda sonora, um mel puro e original. Fizeram deste amálgama de sons um trampolim e se projetaram para além do simplesmente telúrico/ regional. Sua música sabe a pequi e a morango, tem o doce aroma do canavial e o acre cheiro do asfalto. Não se avexe, pois, quando a forte batida do zabumba penetrar pelos poros e vier a invadir suas artérias e sentidos. Relaxe e embarque nesta viagem futurística em busca dos nossos primórdios, em procura das fontes de onde flui nossa essência. Avançando para o começo, criançando os instantes, enquanto os Zabumbeiros nos descortinam o arcano: o estame do Som !”

Serviço
O programa Cariri Encantado é veiculado às sextas-feiras, das 14 às 15 horas, na Rádio Educadora do Cariri AM 1.020 e na Internet pelo site cratinho.blogspot.com. Apresentação de Luiz Carlos Salatiel. Apoio do Centro Cultural Banco do Nordeste.

Se ligue!

Seca, problema crônico sem solução


Pedro Esmeraldo

Hoje, 13 de março, observamos que a falta de chuva, acarreta grande impacto no seio da população nordestina. Lamentamos a falta de apoio das autoridades que, pouco a pouco não ligam para atenuar a crise deste imenso semi-árido nordestino. Uns reclamam, choram, vociferam contra as autoridades porque não procuram dar soluções satisfatórias com tecnologia avançada a fim de melhorar as condições climáticas e agrícolas através de uma irrigação, tipo moderna que poderá dar ao homem do campo mais alento e faz desenvolver uma produção agrícola eficiente por meio de trabalho mais atento e produtivo, tentando solucionar, em partes, com modernidade, uma agricultura sadia e progressista.

É uma infâmia, um desdenha, essa falta de apoio moral e técnico ao homem do semi-árido nordestino, já que permanece num trabalho desequilibrado e desarmonioso, conduzindo por uma agricultura rasteira, visto que não cuidam com melhor perfeição o trabalho agrícola e deixam o homem do campo inibido, sem nenhuma capacitação para enfrentar o trabalho. Não preparam o homem do campo para enfrentar a seca; não dão capacitação tecnológica para que venham os camponeses combater em tecnologia avançada no manejo da criação de gado por meio de fenação e silagem. Se assim o fizermos, evitaremos cair num desespero sombrio que leva o homem agrícola a implorar o meio de subsistência para que possa se bater com o trabalho eficiente e eficaz.

Avisamos a essas autoridades que o camponês não deseja esmola, mas deseja trabalhar. Com isso, lembramos uma frase do sanfoneiro Luiz Gonzaga: “- Seu doutor, uma esmola para o homem que é são, ou me mata de vergonha ou vicia o cidadão. Enche os rios de barragem, não esqueça a açudagem, dê comida e preço bom que no fim dessa estiagem lhe pagamos até o juro sem gastar nossa coragem.”

Pensando bem, Senhor Doutor, não precisa tanto exagero desses políticos que só vêm praticar o clientelismo que faz viciar o homem na prática da bandidagem. Queremos barragens, queremos trabalhos, queremos capacitação técnica agrícola, queremos que os técnicos saiam do seu gabinete e percorram o campo, ensinando os homens a praticar trabalhos técnicos, como: irrigação, com segurança, a fim de capacitar para produzir mais pastagens e mais legumes, como: cereais e plantas forrageiras que possam suprir o homem campestre com eficiência no meio de produção e a prática de melhoria de produtividade.

Há necessidade de treinar o homem do campo: ensinando-o a desenvolver com métodos adequados que poderão triunfar com forte produção agrícola e por sua vez acabar o sofrimento desse povo que vive mendigando esmolas, que se torna um filho vergonhoso e deprimente da região.

Antigamente, o nordestino era fortificado pelo plantio do algodão e da cana-de-açúcar. Hoje, o semi-árido nordestino não possui mais esses dois produtos, devido à queda do preço do algodão (exterminado pelo bicudo) e a cana-de-açúcar que se foi para o estaleiro devido à falta de modernização nos engenhos de açúcar do Cariri.

Houve época que dizíamos: a solução de combater a seca do Nordeste era de construção de açudagem que serviriam para irrigar nas áreas de aluvião as plantas gramíneas (arroz e cana-de-açúcar). Agora fazemos uma pergunta: como é que constroem os açudes e não dão ensino técnico ao homem do campo para satisfazer a sua produção agrícola? Onde estamos que não procuramos nos evoluir com mais trabalho moderno e que satisfaça os métodos lucrativos, a fim de tirar o homem do campo do aperreio financeiro e melhorar a situação econômica do homem nordestino? Que país é esse que não olha para o homem e vive praticando o clientelismo dando apoio aos viciados da política e não procuram solucionar o nosso problema?

A pior seca do Crato é a separação do distrito de Ponta da Serra, incentivado por um grupo de homens fracos, conduzidos por uma massa legislativa de deputados falidos que vivem enganando o povo, conduzindo toda a população para o caminho do mal.

Crato, 16 de março de 2010.

De vez em quando.

Apaixonado, meu peito ruge
Como um leão no coração da Tanzânia
E dança leve como nas valsas de Viena
Em um século distante.
Apaixonado, meu céu é rubro como
Os fins de tarde do Pantanal,
Mas mesmo assim com essa violenta
Paisagem voa leve, muito leve
Como os querubins das pinturas
Ou como os quero-queros
Que sobrevoam meu quintal.

Cariri comemora 166 anos de nascimento do Padre Cícero - Postado por Océlio Teixeira

Mesmo com menor público, em comparação às romarias, a Semana do Padre Cícero tem início a partir de hoje

Juazeiro do Norte. A festa de aniversário dos 166 anos do Padre Cícero começa hoje, com abertura da Exposição Fotográfica sobre o "Padim" (ExpoCícero), com mais de 100 fotos do sacerdote, algumas delas inéditas. O material pertence a colecionadores e historiadores do município. As comemorações vão acontecer, de 18 a 24, na XXVIII Semana do Padre Cícero. Este momento, mesmo com uma participação mínima de romeiros, é marcado pela alegria e uma forma de agradecimento do povo de Juazeiro ao fundador da cidade. É também um período que se caracteriza pela fase de plantio nos estados nordestinos, impedindo uma participação maior dos romeiros, em relação ao número de fiéis das romarias tradicionais.

Segundo o professor Daniel Walker, pesquisador e escritor da história do religioso e de Juazeiro, a festa é uma forma de agradecimento ao Padre Cícero, e se caracteriza pela alegria. Já as tradicionais romarias, estão mais associadas à saudade. Mas, ao longo dos 18 anos de realização da Semana, com a inserção do poder público, houve um incremento nas atividades. Além das atividades nas escolas, este ano o evento se amplia, levando debate para a Universidade Federal do Ceará (UFC). No dia 22, às 19 horas, acontecerá a mesa redonda, com o tema "Padre Cícero, Padroeiro das Florestas", com pesquisadores, docentes e alunos.

Daniel Walker afirma que, em vida, o Padre Cícero já comemorava em sua residência o aniversário, com grande participação popular. Após a sua morte, as pessoas continuaram comemorando. "As romarias têm um número maior de pessoas, por ser outra forma de expressão, que se caracteriza pela saudade", reafirma ele. No dia da missa de aniversário, 24, às 6 horas, há a presença de romeiros, mas são mais funcionários públicos, aposentados, já que a grande maioria dos devotos provém das áreas rurais nordestinas.

Ele recorda a infância do "Padim", com a prática de soltar balões na noite de aniversário, abolida por conta dos riscos de incêndio. O show pirotécnico continua. O bolo gigante, coordenado por Mãe Cicinha, e feito de forma coletiva, é cortado no dia 23. Uma festa que há 22 anos acontece, no Bairro Socorro, nas proximidades da Capela, acompanhada de uma seresta comemorativa.

Na Praça do Socorro, ocorrem apresentações dos filmes: Dona Ciça do Barro Cru e Patativa - Ave Poesia, dia 23, às 18h30. Nos primeiros momentos, quando era apenas por iniciativa popular, o devoto Severino Alves, já falecido, saía no comércio solicitando apoio para as comemorações. A participação dos grupos de tradição popular também acontece. Há grupos que vêm de fora para reverenciar a figura do Padre Cicero neste dia.

Durante o mês de comemoração do aniversário do sacerdote, a tradicional missa do dia 20, que lembra a sua morte, no dia 20 de julho, chega a ter grande quantidade de fiéis. Esse momento fez parte de uma de suas recomendações, para haver celebração. No dia 24, feriado na cidade, a alvorada festiva acorda a população. Às 6 horas, a missa acontece na Praça da Capela do Socorro, onde estão os restos mortais do padre.

No mesmo dia, acontece a Corrida Padre Cícero, com saída do Crato em direção ao Juazeiro, às 8 horas, a tradicional Procissão das Flores, às 17 horas, saindo da sede da entidade organizadora, Sociedade Padre Cícero. Segundo o secretário de Turismo e Romarias, José Carlos dos Santos, este ano há uma solicitação para que os participantes levem imagens do padre e fotos, além das flores. É neste dia em que há uma participação popular mais expressiva.

Gratidão

"Sempre considerei esse momento uma festa de gratidão do povo de Juazeiro do Norte"
Daniel Walker
Pesquisador e escritor

MAIS INFORMAÇÕES
Secretaria de Turismo e Romaria, Praça do Cinquentenário, S/N
Socorro, Juazeiro do Norte
(88) 3511.4040

Reportagem e foto: Elizângela Santos
Fonte: Diário do Nordeste
Programação: www.juazeiro.ce.gov.br  

O sentido e a dimensão ontológica da experiência religiosa


segunda-feira, 1 de março de 2010
(http://metafisicaemodernidade.blogspot.com/)

José Luongo da Silveira

Desde o início, o homem apresenta-se como um animal de sinais e símbolos, de signos significantes que realizam a mediação entre o mundo “visível e funcional e o invisível e modelar”, entre o vivenciado e o imaginário. Os grandes símbolos são criados ou descobertos pelo homem e permanecem no horizonte da humanidade como estruturas ontológicas subjacentes, incapazes de serem desveladas inteiramente. Essas estruturas ontológicas geram sentimentos de segurança e de auto-identidade, situando-se no plano do inconsciente.

“A segurança ontológica é uma forma, mas uma forma muito importante, de sentimentos de segurança [...] A expressão se refere à crença que a maioria dos seres humanos têm na continuidade de sua auto-identidade e na constância dos ambientes de ação social e material circundantes [...] a segurança ontológica tem a ver com o ‘ser’ ou, nos termos da fenomenologia, ‘ser-no-mundo. mas trata-se de um fenômeno emocional ao invés de cognitivo, e está enraizado no inconsciente”.(GIDDENS, A. As Conseqüências da Modernidade. São Paulo: UNESP, 1991, p. 95).

Entre esses grandes símbolos se situa o fenômeno religioso, algo que se encontra no imaginário comum de todos os povos, tempos e lugares. O fenômeno religioso interage com o sentido da vida e do mundo e se apresenta à consciência como uma construção da imagem do ser, algo inserido num contexto relacional que se articula para a formação de uma dimensão axiológica dentro das relações de tempo e espaço. A intercomplementaridade do mundo interior e exterior dá sentido à vida das pessoas e constituem-se num corpo de verdades que determina o seu agir e o seu topos no mundo. O sujeito epistemológico responsável pela formação das estruturas cognitivas realiza a função de re/construção da realidade e marca o nível de interação mental entre o mundo funcional e o mundo modelar. Na verdade, os símbolos religiosos são semióticos, exprimem o mistério, o desconhecido, trata-se de “um corpo distante de conhecimento [...] uma visão dinâmica da significação enquanto processo”.

O fenômeno religioso constitui a primeira e original leitura do mundo, fez parte de todas as culturas cuja relevância resulta do fato inconteste de sua recorrente atualidade. E quando o homem moderno se satura da fragilidade das sínteses científicas, que não respondem o sentido da vida, volta a abrigar-se na fé. A fé renasce e avança no mundo contemporâneo, apesar das suas ambigüidades.

“Já que religião é a auto-transcendência da vida no reino do espírito, é na religião que o homem começa a busca da vida sem-ambigüidade e é na religião que ele recebe a resposta. mas, a resposta não se identifica com a religião, já que a própria religião é ambígua. A realização da busca da vida sem-ambigüidade transcende qualquer forma ou símbolo religioso no qual ela se expressa. A auto-transcendência da vida nunca atinge incondicionalmente aquilo rumo ao qual transcende, embora a vida possa receber sua auto-manifestação na forma ambígua de religião”.(TILLICH, Paul. Teologia Sistemática. São Paulo: Paulinas, 1967, p. 467).

A linguagem inconsciente do mistério, algo que está mais além (o anda não) se constitui numa ordem simbólica, num campo aberto a outros campos de sentido. Por isso, nunca se esgotam as possibilidades de interpretação dos símbolos religiosos, eles são arquétipos com cunho transpessoal e estão na raiz da nossa experiência existencial. segundo Jung:

"It is impossible to give an exact definition of the archetype, and the best we can hope to do is to suggest its general implications by "talking around" it. for the achetype represents a profound riddle surpassing our rational comprehension: (...) there is some part of its meaning that always remains unknown and defies formulation. consequently a certain element of the "as if" must enter any interpretation”.(JUNG, G. Complex/Archetype Symbol in the Psychology of C. G. London: Routledge & Kegan Paul, 1959, p. 31).

O cristianismo e as grandes religiões não se contentam em recorrer somente à experiência religiosa, há o kérygma de uma fé encarnada na história. Existe um momento inicial, focal, de construção da fé numa comunidade específica e que se sedimenta ao longo da história desse povo, a exemplo do povo hebreu. Com base nessa constatação, o fenômeno religioso deixa de ter uma dimensão geral, indeterminada, e afasta-se do resultado de uma iluminação individual, para expressar algo que nasce numa comunidade, na qual a revelação se fez sentir – a experiência da fé. esse marco, prenhe de historicidade, traz a fé à esfera de cognição, contudo, o seu princípio arquitetônico transcende as dimensões espácio-temporais.

Agostinho de Hipona traduz essa dualidade entre a historicidade e a transcendência da fé revelada, dizendo: “através da luz da razão natural e da revelação divina que se manifestam as exigências e os apelos da sabedoria eterna”. Por conseguinte, a revelação pressupõe a existência da razão, há um “ponto de conexão”, porque só o ser racional pode ser iluminado pela fé. Contudo, a razão chega somente aos umbrais da revelação, não há como a estrutura cognitiva possa ultrapassar os marcos históricos e penetrar na natureza da fé revelada. A fé não pode ser atingida pela lógica racional, porque pressupõe uma iluminação espiritual para aclarar o mysterium fascinans da revelação. Esse é o ponto de discórdia entre a fé e a razão, ou seja, a compreensão de que a fé precede à razão.

A modernidade pensa que superou o dualismo entre o espírito e a matéria, o sagrado e o profano, negando o sagrado, como um enxerto artificial que se insere na realidade da vida. A modernidade esqueceu que o sagrado não é dist do cotidiano, não é um não-mundo ou um antimundo.

“O drama da nossa modernidade é que ela se desenvolveu lutando contra a metade dela mesma, fazendo a caça ao sujeito em nome da ciência, rejeitando toda a bagagem do cristianismo que vive ainda em descartes [...], (destruindo) a herança do dualismo cristão e as teorias do direito natural que haviam provocado o nascimento das declarações dos direitos do homem e do cidadão nos dois lados do atlântico”.(TOURAINE, Alain. Crítica da Modernidade. Petrópolis: Vozes, 1994, p. 219).

Quando santo agostinho, o maior pensador ocidental da alta idade média, diz que a fé precede a razão, está querendo dizer que há um ponto de conexão, aonde a razão não chega sozinha. Que o homem necessita da sensibilidade, da emoção e do mistério, tanto quanto da razão. É impossível alcançar uma definição exata dessa fé que ilumina a razão, o melhor que pode fazer é sugerir uma abordagem em torno do tema, porque seu sentido permanece intangível.

Quando aborda o lume espiritual, Santo Agostino refere-se a algo muito próximo da intuição originária de Husserl, dizendo que “a fé é a lâmpada da razão”, propiciando assim a discussão entre os dois elementos. a diferença entre a intuição e a fé torna-se sutil, ao levar-se em conta que ambas globalizam o real de modo direto e imediato. Contudo, a intuição pode ser empírica (experiência sensorial) e racional, enquanto que a fé escapa à lógica da compreensão discursiva e intuitiva. A intuição situa-se nas imediações da fé, pelas características aproximativas entre a apreensão total da experiência intuitiva e o compromisso último, imediato, direto e total da fé.

A fé pertence ao campo da teologia e, nesse contexto, é definida como dom gratuito e sobrenatural, testemonium spiritus sancti internum, embora não seja autoprojeção do eu e não possa ser alcançada pelo raciocínio discursivo, intuitivo ou estados emocionais. Esses processos podem estar presentes, mas silenciam quando a fé mergulha em seu estado próprio de abandono e auto-entrega.

A fé, sobretudo a fé cristã, apresenta-se de modo paradoxal. ela teima em chegar à vitória final depois do fim da vida terrena. É “o sucesso prometido além de todos os fracassos”. A fase escatológica da fé, a sua esperança sobrenatural, ou a dialética entre a morte e o mundo vindouro, torna-se incompreensível à razão.

O sentido e a dimensão ontológica da experiência religiosa consiste especificamente na possibilidade de uma compatibilização, ou uma aliança entre a facticidade e a transcendência. Contudo, essa síntese satisfatória, a conciliação entre o sagrado e o profano, torna-se difícil. corre-se duplo risco, de um lado, o
“[...] estreito transcendentalismo sobrenaturalista e alienante, totalmente desconexo com o aqui e agora; por outro lado, o imanentismo secularista, essa pura facticidade foi responsável pelo caráter dramático da desesperança desse final de milênio”.(SILVEIRA, José Luongo da. Noções Preliminares de Filosofia do Direito. Porto Alegre: Fabris Editor, 1998, p. 233).
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CRUBELLIER, M. Sens de L’Histoire et Religion. Paris: Esclée de Brouwer, 1957, p. 187.
DEELY, John. Semiótica Básica. São Paulo: Ática, 1990, p. 40.
MAGALHÃES, Rui. Textos Hermenêuticos. Porto: Res-Editora, s/d, p. 7
JUNG, G. Complex/Archetype/Symbol in the Psychology of C. G. London: Routledge & Kegan Paul, 1959, p. 31.
GIDDENS, A. As Conseqüências da Modernidade. São Paulo: UNESP, 1991, p. 95.
GUSTAF, Aulén. A Fé Cristã. São Paulo: Aste, 1965, p. 97.
LEPARGNEUR, Hubert. Espenrança e Escatologia. São Paulo: Paulinas, 1974, p. 60.
MONDIN, Battista. Antropologia Filosófica: História, Problemas e Perspectiva. São Paulo: Paulinas, 1979, p. 8-13.
SANTO AGOSTINHO. in Enarratio in Psalmum, LXII 16: CCL 39).
__. De Civitate Dei, Livros XV, XVI, XII e XVIII, Paris: Opera Omnia, 1838.
__. Confissões. Livro XI. Coleção Patrística 10. São Paulo: Paulus, 1997).
SILVEIRA, José Luongo da. Noções Preliminares de Filosofia do Direito. Porto Alegre: Fabris Editor, 1998, p. 20.
TILLICH, Paul. Teologia Sistemática. São Paulo: Paulinas, 1967, p. 467.
TOURAINE, Alain. Crítica da Modernidade. Petrópolis: Vozes, 1994, p. 219.
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* Vide o idealismo fenomenológico-transcendental de Husserl (HUSSERL, El Idealismo Fenomenológico. Buenos Aires: Rev . do Ocidente, 1931, p. 8 a 77).
* Subjetivismo axiológico de Ortega y Gasset, Meinong, Chistian von Ehrenfels, etc. (Vide NADER, Paulo. Filosofia do Direito. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1992, p. 49).
* JUNG, G. Complex/Archetype/Symbol in the Psychology of C. G. London: Routledge & Kegan Paul, 1959, p. 31. (“É impossível alcançar uma definição exata de arquétipo; e o melhor que podemos fazer é sugerir as suas implicações gerais, estabelecendo uma abordagem ‘em torno do tema’, porque o arquétipo representa um enigma profundo, que ultrapassa a nossa compreensão racional: (...) uma parte do seu sentido permanecerá sempre intangível e avessa à formulação. Conseqüentemente, um certo elemento de ‘como se’ comporá, necessariamente, qualquer interpretação”. Tradução livre de Luiz José Veríssimo).
Kérigma: de Keryx, palavra grega que significa mensageiro, arauto que proclama a Boa Nova, pregação original cristã.
* SANTO AGOSTINHO explica que a Providência se revela ao homem “através da luz da razão natural e da revelação divina que manifestam as exigências e os apelos da sabedoria eterna” (in Enarratio in Psalmum, LXII 16: CCL 39).
* Sobre a relação ente a fé e a razão, vide a Carta Encíclica Veritais Splendor. Papa João Paulo II, São Paulo: Paulinas, 1993, p. 75 e ss.
* Santo Agostinho. Confissões. Livro XI: “O vosso Verbo é esta mesma razão e princípio de todas as coisas o qual também nos fala interiormente”. (Vide Santo Agostinho. Confissões. Coleção Patrística 10. São Paulo: Paulus, 1997).
* Seguindo a concepção platônica, Santo Agostinho divide o conhecimento em conhecimento espiritual e conhecimento racional. (Vide SANTO AGOSTINHO. De Civitate Dei, Livros XV, XVI, XII e XVIII, Paris: Opera Omnia, 1838).
* Isaías, 7: 9, LXX; Em Santo Agostinho, não há nenhum absurdo ou “credo in absurdum” quando afirma que a fé é uma condição da racionalidade, “nenhuma criatura, conquanto racional ou intelectual, é iluminada de si mesma, ou por si mesma, mas é iluminada ao participar da verdade eterna”. (in: Psal. 119, Serm. 23, 1).
* O mundo do espírito, como uma das dimensões da vida. Terminologia análoga para diferentes povos: para os latinos spiritus , para os estóicos_

Pensamento para o Dia 18/03/2010



“A sílaba ‘man’ na palavra ‘Manthra’ indica o processo de indagação através da mente. A sílaba ‘thra’ significa aquilo que tem a capacidade de libertar ou salvar. Em suma, ‘Manthra’ é aquilo que o salva quando sua mente nele imerge. Enquanto ritos, rituais e sacrifícios são realizados, você deveria lembrar-se de sua natureza e de seu significado. Você deve repetir os Manthras para atingir os objetivos pelos quais você ora. Se você recitá-los mecanicamente, sem aprender o significado, eles serão infrutíferos. Você pode colher a recompensa total somente quando recitá-los com o conhecimento de seu significado e de sua importância.”
Sathya Sai Baba

Cursos para jovens e adultos



A Prefeitura de Juazeiro do Norte, através da Secretaria de Assistência Social (SEASC) e em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) promovem cursos de frentista e serigrafista para 40 pessoas inscritas nos CRAS (Centro de Referência da Assistência Social). As aulas acontecem no período da tarde, de segunda à sexta-feira. No pólo das Timbaúbas, o curso de frentista, e, no anexo do CRAS, no bairro Jardim Gonzaga, o de serigrafia. Ambos, com carga horária de 160 horas. Posteriormente, esta parceria promoverá cursos de culinária, corte e costura e cabeleireiro.

Cadastro Único do Bolsa Família em Juazeiro do Norte



A Prefeitura de Juazeiro, através da Secretaria de Assistência Social implantou novo sistema de Cadastro Único (CadÚnico) para Programas Sociais. Para melhor realizar este serviço, algumas pessoas foram enviadas à Fortaleza, no período de 08 a 12 deste mês, para treinamento. O CadÚnico coleta dados e informações para identificar famílias de baixa renda existentes no país e, posteriormente, é feita a inclusão destas no Programa Bolsa Família. Ainda, realiza análise das principais necessidades, auxiliando o poder público na formulação e gestão de políticas sociais. A partir deste ano, os moradores de rua serão incluídos no cadastro. Atualmente, Juazeiro atende mais de 30 mil famílias.

Seresta de Padre Cícero quer repetir êxito dos anos anteriores

A Seresta do Padre Cícero é um dos eventos tradicionais da semana em comemoração ao aniversário do sacerdote. Ela foi idealizada pela professora Nair Silva em 1988 e chega à sua 22ª edição sempre na noite do dia 23 de março. Este ano terá um componente a mais: a autora de livros de contos, crônicas e ensaios, Nilze Costa e Silva, lançará o romance “A Mulher Sem Túmulo” por volta das 20 horas antes do início da seresta. Trata-se de um ensaio sobre a vida romanceada de Maria de Araújo, famosa beata dos milagres ocorridos em Juazeiro.

Desde a morte de Nair Silva que o advogado Nildo Rodrigues coordena a seresta e ele faz questão de destacar o apoio que vem recebendo do professor José Carlos dos Santos, Secretário de Turismo e Romarias. Segundo adiantou, os ensaios serão realizados no auditório do Memorial Padre Cícero nos dias 20 e 22 de março sempre das 9 às 11 horas. Para este ano serão 22 seresteiros e a exigência na execução apenas de músicas relacionadas com Padre Cícero para não fugir a tradição da festa.

Ele historia que o sacerdote gostava muito de músicas. O ponto culminante será a oferta do “Caldo da Nair”, no início da madrugada do dia 24 de março data dos 166 anos do “Padim”. Junto ao caldo, o bolo que terá sido cortado logo após o canto de parabéns e em meio a um show pirotécnico. Zé Carlos adiantou que a prefeitura de Juazeiro convidou 166 pessoas a levarem os seus bolos para homenagear o aniversariante. Ele informa que a temática da festa está relacionada com o Centenário de Juazeiro que acontece no próximo ano, mas já em ritmo de comemoração.

Urca em notícias

Reitor destaca necessidade de Concurso para contratação imediata de Professores, em Conferência Regional
Um momento de reflexão voltado para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e educação superior, aconteceu, na manhã de ontem, durante a II Conferência Regional de Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Superior para o Desenvolvimento Sustentável do Ceará. O evento, promovido pelo Governo do Estado/Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior (SECITECE), aconteceu na URCA e reuniu participantes de diversas instituições de ensino superior e técnico do Cariri e estado. O Reitor da URCA, Professor Plácido Cidade Nuvens, destacou a necessidade urgente para realização de concurso e contratação de professores.

Realidades de cada instituição foram abordadas pelos participantes, que tiveram a oportunidade de propor alternativas para um futuro melhor nessas áreas. O evento contou com a presença de autoridades de toda a região. Foi aberto pelo Secretário da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Estado, Professor René Barreira e o Reitor da URCA, Professor Plácido Cidade Nuvens, além do representante do Prefeito do Crato, Samuel Araripe, o Vice-Prefeito, Raimundo Bezerra Filho, entre outras autoridades. A Conferência no Cariri é a segunda de quatro a serem realizadas em outras regiões do estado. É um encontro preparatório para a II Conferência Estadual.

O Secretário René Barreira, no primeiro momento, apresentou as diretrizes de trabalho aos participantes, que, posteriormente divididos em grupos, deram a contribuição necessária para a dinâmica da Conferência. Os principais representantes das instituições de ensino tiveram a oportunidade de fornecer subsídios para os debates, abordando as principais demandas de cada órgão.

O Reitor, Plácido Cidade Nuvens, destacou o momento crucial da URCA, com um quadro reduzido de professores. Ele disse que a Instituição necessita, urgentemente, da convocação de um concurso para ingresso imediato de 60 docentes, para suprir vagas de profissionais que pediram exoneração. Classificou como muito séria a situação. “Nós estamos vivendo às vésperas de um colapso, caso não nos seja concedidos professores para reposição das nossas demandas. Não é possível fazer ciência e tecnologia sem a reposição dos nossos professores. Não tem sentido uma conferência sobre educação superior, sem falar na necessidade da Instituição, assim como as nossas universidades estaduais”, diz o reitor, que pautou a sua fala nessa questão. Inicialmente, fez um agradecimento à equipe que coordenou a organização e divulgação do evento, no Cariri.

Para o Reitor, a Conferência é um ato de coragem cívica. “Vivemos a era da tecnologia e do conhecimento aplicado”, diz. De acordo com ele, a ciência, tecnologia e a educação superior, representam passos indispensáveis para o avanço da região, no âmbito do desenvolvimento sustentável. A Conferência Estadual será realizada em Fortaleza, dias 8 e 9 de abril. O secretário esteve, ainda na parte da tarde, reunido com servidores da URCA. Em seguida, participou de reunião, em que foi apresentado trabalho de avaliação institucional da URCA, com a presença da Vice-Reitora, Otonite Cortez, a secretária Adjunta da SECITECE, Tereza Mota, além de Pró-Reitores, Diretores de Centro e Professores.

Seminário Regional de Ética Pública será realizado hoje, na URCA
Será realizado hoje, dia 18, no Salão de Atos da Universidade Regional do Cariri – URCA, das 8 horas às 12 horas, o Seminário Regional de Ética Pública. O evento, promovido por meio da Controladoria de Ouvidoria Geral do Estado, se constitui como fórum de discussão e um meio efetivo de participação da sociedade na construção do Código de Ética e Conduta da Administração Pública Estadual.

Conforme a Controladoria, a necessidade de divulgação e revisão pela sociedade da proposta do Código de Ética e Conduta da Administração Pública Estadual. Este é um momento importante para a discussão da ética pública e de regras voltadas à garantia dos valores da coletividade. Os Seminários Regionais de Ética Pública irão ocorrer durante o mês de março de 2010 em vários municípios do estado.

Comissão da Estatuinte da URCA encerra debates
A Comissão da Estatuinte da URCA encerrou os debates sobre o Estatuto, na manhã de ontem. O Presidente, Professor Antonio Ambrósio, convocou para a próxima segunda-feira, a partir das 15 horas, as comissões de sistematização, legislação e redação final da estatuinte. A finalidade é elaborar o documento que irá ser encaminhado ao CONSUNI para homologação. Segundo o Presidente da Comissão, esse é um importante momento democrático da URCA. O encerramento dos debates se deve ao esforço concentrado dos membros da comissão, que estiveram cerca de 30 dias reunidos, diariamente, para poder complementar os trabalhos.

O Professor afirma que a equipe teve abertura no cumprimento de suas atribuições, oportunizando um amplo debate sobre as questões estatutárias. “Construímos o documento moderno e em consonância com a legislação vigente que, com certeza, terá a aprovação da Assembléia Legislativa, sem grandes restrições”, admite. Por outro lado, o Vice-Presidente da Comissão da Estatuinte, da URCA, Professor José Cavalcanti da Silva Filho, disse que será votado um cronograma para os trabalhos finais até a apresentação à comunidade universitária. Segundo ele, a comissão fará questão de acompanhar a tramitação do documento, até que seja aprovado, para garantir a eficácia dos trabalhos da comissão.

No encerramento da reunião, os membros da equipe se mostraram emocionados e gratificados pela conclusão dos debates, e também honrados por terem contribuído com a melhoria da qualidade de sua universidade. "Esse foi um privilégio de, mais uma vez, ser protagonista de um momento histórico tão importante de nossa instituição. Tenho a satisfação de ter essa participação no meu currículo”, concluiu o Vice-Presidente da Comissão.

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