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sexta-feira, 12 de março de 2010

As regiões do Cariri e Centro Sul debatem Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Superior para o desenvolvimento

O evento acontece no próximo dia 17, no Salão de Atos da URCA, das 8 horas às 13h30. A abertura contará com a presença do Secretário de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Estado (SECITECE), Professor René Barreira, além do Reitor, Professor Plácido Cidade Nuvens. Na ocasião, estarão reunidos diversos segmentos da esfera governamental, acadêmica e civil em torno de discussões sobre o atual e o futuro cenário da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Superior do Estado. No Cariri, a abrangência dos trabalhos envolve representações de 43 municípios do Cariri e Centro Sul.

A II Conferência Regional marca momento preparatório para a Conferência Estadual, a ser realizada em Fortaleza, dias 8 e 9 de abril. Também estarão presentes no evento, gestores universitários e representantes regionais. Com o tema “Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Superior para o Desenvolvimento Sustentável do Ceará”, a Conferência Estadual irá traçar demandas que serão incorporadas a um Documento Final, contendo recomendações para uma Política Estadual de CTI&ES. O relatório será encaminhado para apreciação do Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia, presidido pelo Governador Cid Gomes.

Estão à frente dos trabalhos de organização e divulgação professores da Universidade Regional do Cariri e representantes de outras instituições de ensino, a exemplo da Universidade Federal do Ceará (UFC), CEFET, Sebrae e Senac A coordenação geral está sendo executada pela professora Francisca Clara de Paula Oliveira, da URCA, que está se reunindo continuamente com o grupo, no sentido de mobilizar a sociedade para se integrar neste importante momento de discussão, voltado ao desenvolvimento de áreas como a Ciência e Tecnologia, dento do contexto educacional e as atualidades nesse campo.
Fonte: Assessoria de Comunicação
Universidade Regional do Cariri - URCA
(88) 3102-1212 ramal 2617
www.urca.br
Crato, 14 de Março de 2010

Livro resgata memórias da xilogravura cearense - Postado por Océlio Teixeira

Será na próxima quarta-feira , às 18 horas, no MAUFC, o lançamento do 58° livro de Gilmar de Carvalho, professor da Universidade Federal do Ceará e pesquisador das tradições populares. “Memórias da Xilogravura” começou a ser produzido em 1986, enquanto Gilmar ainda desenvolvia sua pesquisa de Mestrado. Na época, revisitou a Lira Nordestina, antiga Tipografia São Francisco, em Juazeiro do Norte, que conhecera dez anos antes.

O livro traz entrevistas com 11 xilogravuristas de reconhecida importância: Antônio Batista, Lino, Iraci, Zé Caboclo, Arlindo, Ezígio, Abraão, Stênio, Francorli, Zé Lourenço e Walderêdo, que morreu com o título de Mestre da Cultura. Os artistas falam, em conversas com Gilmar de Carvalho, sobre seus trabalhos e a própria arte da xilogravura, entre outros temas. Ilustram o livro, dedicado a Damásio Paulo, um dos “maiores gravadores de todos os tempos”, xilogravuras pertencentes aos acervos do próprio autor e do Mauc.”

Fonte: Site da UFC, via blog do Eliomar

Quem será a próxima - por José do Vale Pinheiro Feitosa

O surto de violência que de algum modo atingiu todos os países centrais, se alastrou pelo Brasil, chegou primeiro às capitais e se instalou no interior do país. Como toda “pandemia” existe variações locais, a depender de fatores sociais, políticos e econômicos, mas tem algumas características bem comuns.

Entre as características mais comuns, ele atinge com maior incidência aos jovens, pobres e do sexo masculino. A natureza básica ainda continua tomando por ódio as diferenças sociais e econômicas, recebendo as variações locais como sociedade de consumo, bebidas alcoólicas, drogas, corrupção política e no aparelho de Estado. A considerar a materialidade dos meios com os quais se realiza o ato violento: armas de fogo leve, veículos motorizados para evasão rápida e rádios de comunicação à distância (celulares).

A natureza das políticas públicas tem muito peso na forma como a violência se dissipa no tecido social. No Ceará, por exemplo, a percepção da sociedade é que a violência se amplia, que o governo não consegue implementar uma política adequada ao tamanho do problema e que a própria sociedade se encontra num estágio confuso que pode levar a diversos efeitos.

Uma abordagem rápida destas três questões: percepção, política de segurança do governo atual e o trato político (social) da questão. A percepção é paralisante. Há uma sensação generalizada que todos já foram acometidos pelo surto, que o surto está fora de controle, que o modo como uma pessoa pode se vitimar é duplamente contraditório: certo e aleatório. Assim como a morte, certo que vem só não se sabe como. É o próprio limite da paralisia.

A mídia ajuda a formar esta sensação paralisante sem dúvida alguma. Muita gente ganha a vida a criar um “clima” de que tudo descambou e que a resposta se encontra na própria violência. Assim como um Canudos em suas guerras terminais. Outro dia num velório de uma empresária vítima de assalto, uma professora de sociologia, com pesar de sua ciência dizia: tem que matar alguns para que outros se assustem e se inibam. Assim como o Barão de Jeremoabo pensava do Conselheiro.

Sobre a política do governo do Ceará com o assunto? O governo está perdendo o debate por uma série de fatores. Não apresenta e discute as estatísticas de violência em face desta política. Valorizou excessivamente o efeito externo, com veículos caríssimos, jovens bem vestidos e há uma crítica que tais “carrões” se tornaram apenas meios de locomoção e passeio destes jovens. Enfim, o governo perde na comunicação social. Quem já sofreu algum tipo de agressão traduz a política de segurança do governo Cid Gomes como a polícia do pós fato. Apenas existe para registrar o acontecido. E tem algo mais grave: dentro das corporações de segurança há um enorme descontentamento salarial e, certamente, uma autofagia que redunda em sabotagem das ações táticas e estratégicas.

Se o Cid Gomes pode, politicamente, pagar caro por sua política, não menos as soluções desta mesma sociedade, paralisada e crítica da política do governo deixa de ser um desastre. Ampliam-se os esquemas privados de segurança. Cria-se a pior espécie de “sociedade policial”, aquela que não é mais republicana, se forma por “milícias” avulsas e armadas como se todos vivessem aqueles velhos esquemas do sistema feudal. Se tivermos juízo faremos o debate correto sobre o assunto.

E certamente pensar o assunto é criar um pacto social que traga não a paz das armas, nem a sociedade do medo (é flagrante como os ricos, agastados pelas investidas de jovens assaltantes desejam implantar o medo entre os mais pobres), mas a paz do debate, da divergência como método de apreensão do que já diferente e a convergência como sistematização de políticas públicas e republicanas.

Eu fui ao Crato - por José do Vale Pinheiro Feitosa

O Cariri continua lindo. Com seu verde hidratado, seus babaçus arrojados, quintais floridos e toda a curvatura que se posta respeitosa ao talude magno da Chapada do Araripe. Este vale é mais ainda, pois se abre sobre a planície das léguas tiranas dos sertões. Não é como aqueles vales acanhados, apertados entre saliências que estão ali para dizer-lhe: és vale pelo meu poder permissionário. O Cariri é vale a desafiar o semi-deus da caatinga circundante.

Logo no primeiro dia andei pelo centro da cidade do Crato. Fervilhante centro. Tão comercial como se reduziu tudo aquilo que antes fora sociedade e política. As famílias migraram, as praças perderam a ambiência do debate, confesso que senti certa vergonha de, na madrugada de uma sexta-feira, encontrar a Praça da Sé coalhada de copos descartáveis e sobre suas calçadas as varetas de ferro das barracas da “camelotagem”. Tudo só comércio.

Um comércio sem peias. Apenas propaganda e uma vontade imensa de vender. Uma espécie de “crack” fumado todas as manhãs ao se abrirem as caixas registradoras. Um vício a matar a cidade. A cidade se reconhece pelas suas ruas e suas ruas apenas existem pelas suas edificações. E as edificações? Estão escondidas, aprisionadas, humilhadas pelas placas um tanto imbecis da mercancia. A maior demonstração de que tudo anda sem medidas se vê por uma placa imensa “deletando” a visão do prédio do Coronel Antonio Luiz. A cidade foi adonada por uma volúpia que apenas pode ser controlada por fora, talvez pelo poder público se ele se manifestar. Pois não se manifesta. Como aquele biombo que esconde um dos prédios mais representativos da alma da cidade e que faz uma propaganda de uma coisa esdrúxula: DENTISTA POPULAR.

Dentista popular. Lembrou-me um incidente do grande Advogado Sobral Pinto com um coronel nos idos da ditadura militar. O Coronel: Dr. Sobral nós estamos inventando a democracia à brasileira. Ao que o mestre rebateu: não exista tal, o que existe é peru à brasileira. Não existe dentista popular, pois se é dentista apenas existe para atender ao povo. O comércio do centro do Crato parece que inventa a fachada colorida sem história e sem vida, apenas loucura de droga.

Neste mesmo centro não se precisa ir ao Chile e nem ao Haiti. O terremoto aconteceu ali mesmo. No que antes era a quadra central da vida social, política e histórica da cidade. Alguma decisão sem humanidade derrubou todo um quarteirão, deixando os escombros como prova cabal de que a propriedade privada sobrepõe-se a tudo, inclusive ao interesse histórico, social e, portanto, histórico. Mata-se a alma do Crato como os fumadores de “crack” fazem com a própria, em caráter particular.

À noite um grupo de pessoas da cidade me deu o sentido de que tudo existe, tudo ainda acontece. Na casa de Roberto Jamacaru, tive inveja de quem lá não esteve. O Crato ainda existe. O Cariri é lindo. Esta beleza é mais que a fugacidade “daqueles fumos inebriantes”.