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quinta-feira, 17 de março de 2011

O silêncio dos idosos - Emerson Monteiro

Se há qualquer característica especial nas pessoas idosas, que sacode essa convicção irreverente que os jovens carregam de peito aberto, feita medalha de vitória colada ao peito, se trata do silêncio contundente, grave, que adorna esses senhores, essas senhoras, quietos pelos cantos à espera do farnel da derradeira viagem.
Parados, de olhares vazios presos nas extensões infinitas do espaço, eles mergulham na distância quais enxergassem de longe as portas do Reino, o porteiro e sua chave crepuscular. Às vezes, sorriem consigo, cúmplices das saudades que, presunçosas, amaciam as bordas das camas, a alvura dos lençóis e os braços gastos das poltronas puídas, nos abrigos transitórios.
Quando outros chegam, e quebram o clima sério dessas virtudes solitárias, de leve abrem o pano dos olhos baços e desprendem simpatia marota, como quem sabe para além dos saberes daqui de fora. E largam restos de sociabilidade nas poucas interrogações que lhes perseguem, atentos aos anos posteriores que ainda restam.
Pois bem, a solene presença desses avozinhos, campeões da longevidade, contempla netos e bisnetos, suas últimas relíquias preciosas. Passeiam pelo ar já rarefeito as ilusões que sumiram nas esquinas do passado, dança de cadeiras das gerações que saem bem devagar à coxia do teatro. Nisso, umas nesgas de alegria ainda persistem a escorrer da ponta dos dedos aos cabelos macios dos inocentes, atitude instintiva, débeis carícias abandonadas aos que tanto ensinaram a amar.
De outras feitas, contudo, ali, assim, fecham o semblante e demonstram lances pessoais de uma luta interna que lhes joga poeira às redondezas do rosto. Quais testemunhas isoladas nas primeiras sessões dos tribunais que defrontarão no campo da Eternidade, envoltos na eloquência desses julgamentos de consciência, crescem ao sabor da chama das réplicas os olhos murchos de lágrimas secas.
Postos de face com a face do destino, o drama secular das irrealizações humanas chora, quase grita. Por isso, angustia com força quem andar por perto deles, nos respingos da tempestade, no mar imenso dos sentimentos e ações antigas. Sofrer, com eles, esses tais silêncios incontidos das crises terminais dos sonhos significa, também, sofrer dentro da gente o alerta de que se aproxima a transição das certezas. Pernas parecem quase não cumprir os trechos finais da estrada de volta para casa. Olho, contudo, assustado essa indiferença dos nossos heróis que, agora, desfazem gavetas e arrumam as malas. Aquela gravidade carrancuda virará o rosto nessa hora da verdade, impondo maior respeito. Monumentos de outrora, erguerão a riste o indicador e reclamarão coragem aos que permanecerem, quando vestirem o manto da despedida. Nessa hora, vencerão a batalha das quimeras morais e dores físicas, e repousarão, em paz, nos braços aconchegantes da ausência inevitável.

Carta de um amigo - Pedro Esmeraldo

PEDRO, MEU PREZADO AMIGO

Tenho lido muitos dos seus escritos e, em quase todos você deixa transparecer o seu grande amor pelo Crato. Neles você fala das riquezas e belezas do município, mas clama a todos, segui-lo no seu intento de resolver os inúmeros problemas que ele tem e deixa à mostra o seu desapontamento por nada poder fazer sozinho. Há uma razão muito forte para esse amor tão grande; é que o Crato inspira e merece amor por parte dos seus filhos autênticos e você é um deles. Aliás o Crato, atualmente, está precisando muito do amor e da atitude dos seus filhos de verdade.

Eu, que não nasci aqui, mas como se filho fosse do Crato, quero bem ao município, à cidade, ao povo e, exatamente como um dos seus filhos mais fervorosos, vejo o quanto ele está lento em sua caminhada e o quanto realmente está precisando de todos os seus filhos.

Como você, eu não gosto quando vejo o descaso pela cidade, pelo município, quando vejo a cidade, como que esquecida, quando a vejo perder tanto do seu patrimônio, perder oportunidades, perder posições na corrida para o desenvolvimento, em todas as áreas, entre as cidades da região, perdendo assim até força econômica, não gosto quando vejo a cidade, a cada dia perder força política, quando vejo a cidade deixar de ser socorrida de imediato, quando se abatem sobre ela, catástrofes como a de há pouco, quando vejo o povo ser enganado por promessas, demagogia ou migalhas, como pequenas obras que são construídas apenas próximo às eleições, justamente para enganá-lo, e não gosto quando vejo a cidade, o município e o povo, perderem a sua autonomia.

Fico triste quando penso em certos assuntos que a meu ver, são da maior importância, são o ponto chave para quase tudo de bom que nos poderia acontecer, mas que, infelizmente, nunca são tratados. São de fato alguns, os tais assuntos, mas eu gostaria de me referir ao principal, aquele que, só muito bem pensado, se a sociedade o encarasse com muita seriedade, iria, certamente, resolver muitos problemas que nos atingem e atrofiam, além de nos beneficiar com o que precisamos e merecemos. Falo do assunto que diz respeito à política.

Acompanho, guardando uma certa distância, naturalmente, o que sempre acontece quando se aproximam as eleições. Percebo, logo de início, que tal assunto, dada a sua importância, não deveria ser tratado apenas quando se aproximam as eleições. Percebo, logo de início, que tal assunto, dada a sua importância, não deveria ser tratado apenas quando se aproximem as campanhas eleitorais, vejo que as pessoas mais ligadas ao assunto ficam aguardando providências de pessoas alheias ao município, como se não tivessem autonomia para tratá-lo, vejo as lideranças esfaceladas, engalfinhando-se em lutas que só dificultam o entendimento e trazem a divisão das forças e fico triste quando vejo, às vezes, o povo sendo utilizado como massa de manobra.

O que acontece aqui à época das campanhas, eu acho até de certo modo, vergonhoso. Vemos muitos dos nossos políticos em verdadeira peleja, cada um querendo mais exibir o seu potencial, sem a devida preocupação com o povo, pesando mais nos seus próprios interesses, fazendo inclusive acordos com políticos de outros municípios, numa manifestação muito potente de descaso pelos nossos próprios valores, vejo a cada dia, nosso prestígio, perante as autoridades superiores se esvaindo, somos carentes de lideranças, poderíamos contar com forças poderosas a nível municipal, estadual e federal, mas só desentendimento acontece, justo na época quando o entendimento deveria prevalecer.

Acho que por tudo que acontece, nós pagamos muito caro, pois o que resta, o que fica após o tudo que até parece uma orgia, é, exatamente o que aí está à mostra, nós e o Crato entregues ao “deus dará”.

As nossas lideranças, os nossos partidos políticos, nossas entidades de classe, associações, clubes de serviço, sindicatos, Câmara de Comércio, enfim a sociedade, todos, deveriam atentar para isso, dar outro rumo a tudo que acontece porque, assim, no futuro, iríamos com certeza, auferir vantagens com que há muito não contamos.

O Crato é considerado uma cidade culta, civilizada, mas será que a nossa cultura não nos permite entender que o prestígio de um povo depende muito da força política que ele tem? Será que a nossa cultura não nos faz entender que ao vermos nossos votos negociados, o comprador negociou, comprou, pagou, recebeu e por isso não terá mais nenhum compromisso conosco, e isso nos torna muito enfraquecidos e desprestigiados? Será que a nossa cultura não é suficiente para sabermos que precisamos votar em candidatos da terra ou absolutamente comprometidos com ela, para termos então, representantes legítimos e assim mais força política? Será que a nossa cultura não nos mostra uma maneira de mudarmos este tão triste estado de coisas?

Eu acho imprescindível que mudanças aconteçam e, sem quere ser pretensioso eu arriscaria a apontá-las, reunindo tudo na palavra união.

Seria necessário que, todos os envolvidos no processo se despojassem de todo e qualquer interesse, que não o de município e seu povo, com interesse euprapartidário, se organizassem, se unissem, discutissem os problemas, escolhessem nomes de pessoas idôneas, competentes, vinculadas ao povo para submetidos às eleições, viessem ocupar os diversos cargos de vereador, prefeito, deputado estadual e federal. Assim, teríamos quem defendesse com firmeza e legitimidade os nossos interesses, certamente, veríamos resgatados os nossos valores, resgatados todos os nossos valores, resgatado o nosso prestígio, resgatada a nossa condição de povo autônomo e assim, reconquistaríamos a nossa tão necessária força política.

Poderá até parecer visionária esta idéia, mas que outra nos levaria a mudar a situação em que nos encontramos atualmente? Acho que há esse caminho e caso não consigamos percorrê-lo, ficaremos marcando passo, vendo as “carruagens passando”, rumo a lugares onde a sociedade organizou-se, uniu-se e está pronta, tanto para defender-se de acontecimentos infaustos, como para receber, cada vez mais, benefícios para o seu progresso e sempre mais, bem estar para seu povo.

Eu acho Pedro que devemos abrir mais os olhos, devemos fazer valer os nossos direitos, devemos unir as nossas forças, cobrar dos nossos políticos mais dignidade e respeito, exigir deles a união pelo Crato e deveremos, com muita consciência, muito cuidado, muito respeito, muita seriedade, muito amor à terra, exercer o nosso direito de votar com liberdade, escolhendo os nossos próprios candidatos, porque, só assim, eu acho, nós conseguiremos mudar a nossa realidade.

Sei que você pensa como eu e, bom seria que muitos outros que usam jornais, blogs, meios de comunicação, também pensassem e levantassem juntos a mesma bandeira.

Quem sabe não se desencadearia um grande movimento em prol de tudo o que o Crato precisa para retomar o seu verdadeiro caminho?

Eu torcerei sempre por isso.

Meu abraço.


Hélder Macário de Brito

Nota: Hélder Macário de Brito foi prefeito do município de Campos Sales e é irmão do ex-prefeito do Crato, Dr. Humberto Macário de Brito. Atualmente reside em Crato.

Calúnia e difamação- Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

A minha avó sempre dizia, que nunca devemos falar mal de alguém que não está presente para se defender. Ela agia com a sabedoria que vem de Deus, pois só quem tem o coração cheio de Deus é capaz de dar conselhos tão úteis aos netos. São esses valores recebidos dos pais e avós e que as pessoas deveriam absorver e aplicar na vida, para serem felizes e promoverem a felicidade dos outros. Infelizmente as pessoas hoje, deixam de lado as orientações tão importantes passadas pelos pais, para se apegarem a ambição desmedida que leva à prática da maldade e do desejo de destruir a reputação do outro.

O ser humano pode escolher dois caminhos: o da bondade e o da maldade. O da bondade nos aproxima do projeto de Deus, pois Ele quer que amemos uns aos outros e vivamos em harmonia. Só assim poderemos colocar a cabeça no travesseiro com a consciência leve e sabermos que estamos no caminho do amor. “É preciso saber viver”, diz Roberto Carlos na sua linda canção. A vida é um aprendizado para cada um que deseja fazer a vontade de Deus e construir a fraternidade entre os homens.

Se abrirmos a Bíblia, vamos logo encontrar a Palavra de Deus expressa pela palavra dos homens, onde é revelado o projeto de Deus. Pedro em suas cartas nos diz: “De fato, aquele que ama a vida e deseja ver dias felizes guarde sua língua do mal e seus lábios de proferir mentiras; afaste-se do mal e pratique o bem, busque a paz e procure segui-la.” (1Pd 3,10-11). Essa mensagem nos orienta para a vida, assim como toda a Palavra de Deus que nos revela a Bíblia. Viver praticando o bem e promovendo a paz é o verdadeiro caminho da felicidade. Não os bens materiais, como muitos pensam ser a felicidade suprema.

Tiago diz em suas cartas: “Irmãos não fiquem criticando uns aos outros! Quem critica o irmão ou julga seu irmão, está criticando uma lei ou julgando uma lei. E se você julga uma lei , você não é alguém que obedece a uma lei, mas alguém que a julga. Ora, só um é o legislador e juiz: aquele que pode salvar e destruir. Quem é você para julgar o próximo?”(Tg 4,11-12) . A lei de que Tiago está falando nesse trecho de suas cartas, é sobre o mandamento do amor. Só Deus pode julgar, pois só ele conhece inteiramente o coração do homem. Já no relacionamento humano não temos competência para julgar o outro, pois acabaríamos cometendo grandes injustiças.

O homem difamador separa os maiores amigos, destrói a reputação do seu semelhante, a harmonia de muitas famílias, colocando irmão contra irmão.

O Evangelho nos ensina: “se o seu irmão pecar, vá e mostre o erro dele, mas em particular, só entre vocês dois. Se ele der ouvidos, você terá ganho o seu irmão”. (Mateus 18:15-17). Vamos agir com justiça e nunca prejudicar ninguém, até para nosso bem-estar e felicidade, pois agindo assim teremos nossa consciência tranqüila.

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo