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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A Injustiça que mata – por Magali de Figueiredo Esmeraldo

Deus fez um plano para toda a humanidade e os homens fogem desse plano. O ser humano é tão imperfeito, que em vez de fazer a vontade de Deus, persegue os mais fracos e humildes. E o que é pior, comete as maiores barbaridades contra os seus irmãos inocentes quando estão no poder, com a desculpa de defenderem a ordem. Esquecem até que o sol nasceu para todos.

No pequeno livro “O Beato José Lourenço e sua Ação no Cariri” de José Alves de Figueiredo muito me sensibilizou a maneira como o escritor fez a defesa do Beato José Lourenço. Embora já tenha lido sobre o Caldeirão, para mim, esse depoimento foi marcante, pois foi feito por alguém que viveu na época do beato e, era proprietário de um sítio vizinho ao Caldeirão e o conheceu de perto.

O Beato José Lourenço chegou ao Juazeiro muito jovem, com apenas 20 anos de idade, em l890, vindo da Paraíba, sua terra natal. Era um verdadeiro fanático do Padre Cícero e o enxergava como um santo superior, uma vez que em sua mentalidade estreita, a figura do padre se engrandecia. Quando o beato chegou ao Juazeiro, a beata Maria de Araújo ainda vivia e o fanatismo estava no auge. Em vez de ir explorar as pessoas como alguns faziam, preferiu pegar na enxada, dirigindo-se ao campo, para viver de modo honrado da profissão de agricultor. Com esse objetivo, foi se instalar numa parte do Sítio Baixa Dantas, arrendando essa terra ao seu proprietário, senhor João de Brito.

Dentro de pouco tempo transformou alguns hectares de terra seca, num lindo pomar com frutas variadas, como também uma cultura de algodão, cereais e mais outras qualidades de plantas e hortaliças. O beato José Lourenço com o seu trabalho foi prosperando e ganhando fama. E também, com seu elevado espírito de caridade, começou a acolher numerosas famílias pobres e encher de órfãos o seu próprio lar. Tinha tanto desprendimento, que não se incomodava de gastar o fruto do seu trabalho com essas pessoas que passaram a constituir a sua família.

Durante muitos anos, viveu tranquilamente na Baixa Danta, e ninguém o incomodou por levar uma vida de ajuda humanitária.

Na revolução de 1914, foi recolher-se em Juazeiro. Mas, mesmo estando disposto a morrer pelo Padre Cícero, não tomou parte na luta, porque tinha um coração extremamente sensível e não desejava fazer mal a ninguém.

Após o movimento ter acalmado, o beato voltou à sua lavoura, encontrando-a destruída em parte. Recuperou as perdas com muito trabalho em curto período de tempo.

O Padre Cícero ganhou de presente um touro de raça e o entregou a José Lourenço para este cuidar. Como o beato tinha afetividade para com os animais, empregou pessoas para cuidar do touro que se tornou um belo animal admirado por todos. Alguns fanáticos mais exagerados, achando que iam agradar ao Padre Cícero, enfeitavam os chifres do boi com grinaldas de flores. Além do mais acreditavam que a urina do boi servia de remédio.

A lenda do boi santo foi deturpada pela imprensa e José Lourenço acusado injustamente de estimulador de um grosseiro fetichismo. Foi preso e obrigado a comer a carne do boi “Mansinho” que era muito estimado por ele. Suportou todas as humilhações sem protestar. Quando solto, sem guardar mágoas de quem o perseguia, voltou a Baixa Danta para o seu trabalho.

O proprietário do sítio precisou vendê-lo e o novo dono queria receber a terra imediatamente. Com o seu desprendimento perdeu todo o seu trabalho, e sem causar confusão foi para o Caldeirão dos Jesuítas, terreno do Padre Cícero que fica situado entre os sítios Lagoinha e Cruzinha. Isso ocorreu no ano de 1926. O Caldeirão era uma terra sem nenhuma benfeitoria, mas o beato, assim como na Baixa Danta, construiu sua casa, um engenho de madeira e fez roças. Simultaneamente, diversas casas foram sendo construídas ao redor. O Caldeirão se tornou uma bela propriedade com uma população trabalhadora e obediente ao beato que, na mais rigorosa ordem a orientava para o bem. Não existiam armas, só instrumentos de trabalho.

O Beato José Lourenço sofreu inúmeras perseguições injustas como se fosse perigoso a ordem. Era mal compreendido e não sabia se defender, sendo preso várias vezes injustamente.

Tinha um grande coração, pois num período de seca sustentou por vinte e três meses dando uma refeição diária, além do pessoal que já morava com ele, a mais quinhentas pessoas, com alimentos que tinha guardado nos depósitos do Caldeirão.

José Alves de Figueiredo foi preso no tempo do Estado Novo, por ordem do chefe de Polícia da época, simplesmente por ter defendido José Lourenço com o artigo publicado no jornal “O Povo, de Fortaleza em 07.06.1934.
O Caldeirão foi uma experiência comunitária baseada na mensagem igualitária da Bíblia. As autoridades temendo que essa experiência se tornasse uma nova Canudos destruíram o Caldeirão em 1936 com muita crueldade, realizando um grande massacre, cujos números mortos nunca se soube quantos.

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo
Tendo como fonte: “O Beato José Lourenço e sua ação no Cariri” de José Alves de Figueiredo, Museu do Ceará, Fortaleza, 2006

Construção do Centro do idoso em Juazeiro



A Prefeitura de Juazeiro do Norte está construindo através da Secretaria de Infraestrutura, o Centro de Referência do Idoso (ao lado do CSU). O custo da obra de 740 metros quadrados é de R$ 360.759,46. Consta de sala de coordenação, cantina, cozinha, consultórios médicos, espaço multiuso, além de outras dependências e piscina.

A Secretária Fátima Bandeira, disse que por determinação do prefeito Dr. Santana, a SEINE executa também, reforma e ampliação de vários estabelecimentos de ensino e creches, restauração da Praça Adalgisa Gomes de Figueiredo, no Conjunto Frei Damião (Baixa da Raposa), calçamento na Vila Nova (Aeroporto) e em outras localidades, além serviços de tapa-buraco, atendendo solicitações da população.

Cultura realizará I Encontro de Escritores



Está confirmada para a próxima quinta-feira, 4, a realização do I Encontro de Escritores, Poetas, Cordelistas e Repentistas da Região Metropolitana do Cariri. De acordo com a titular da pasta, Glória Tavares, o evento se dará no Teatro Marquise Branca.

A programação constará de café da manhã, pronunciamento do prefeito Dr. Santana, e da secretária de Cultura Glória Tavares.

Acontecera palestra com o tema: registros de trabalhos literários na Biblioteca Nacional, ficha catalográfica, direitos autorais e informações para os literatas, com Renato Casimiro. Outra palestra abordará o Centenário de Juazeiro do Norte, com o pesquisador Daniel Walker.

Os participantes se dividirão em grupos para discutir três eixos: a) participação dos Escritores, Poetas, Cordelistas e Repentistas na elaboração do Plano Municipal de Cultura, b) participação do segmento dos festejos do Centenário de Juazeiro do Norte e c) Participação do segmento no Juaforró 2010.

A realização é da Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte, através da Secretaria de Cultura com parceria do Instituto Cultural do Vale Caririense (ACVC), Academia dos Cordelistas do Crato e Secretaria de Ação Social, SEBRAE e Centro Cultural Banco do Nordeste.

Ciro diz que mantém candidatura: santo Lula está errado

O deputado federal Ciro Gomes (esq.) concede entrevista na Assembleia Legislativa do Ceará. (Foto: Bruno de Castro/Especial para Terra).

O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) disse que vai manter sua candidatura à Presidência da República, contrariando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pede união da base aliada na candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Para Ciro, Lula comete um grave erro ao avaliar que sua desistência beneficiaria a petista. "O PSDB e o PT querem que eu retire a minha candidatura. Algum dos dois está errado. A única pessoa que está certa de querer tirar a minha candidatura é o Serra. Significa que o santo Lula nesse assunto está errado", disse Ciro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A declaração do deputado ocorreu na terça-feira, dia de retorno das férias parlamentares e um dia após a divulgação da pesquisa do Instituto Sensus pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) indica que a presença de Ciro na disputa garantiria a realização de segundo turno entre a ministra e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB). De acordo com o levantamento, com Ciro na disputa, Dilma tem 27,8% das intenções de voto e Serra, 33,2%. Ciro fica em terceiro lugar, com 11,9%, e a senadora Marina Silva (PV) em quarto, com 6,8%. Em um cenário sem Ciro Gomes, Serra aparece com 40,7% das intenções de voto, Dilma, com 28,5% e Marina com 9,5% - 11,4% votariam branco ou nulo e 10% não sabem. A pesquisa CNT/Sensus foi realizada entre os dias 25 a 29 de janeiro com 2 mil entrevistados em 136 municípios. A margem de erro é de três pontos percentuais. O número de registro é o 1570/2010.

Fonte: Redação Terra

ÁRVORE DO CENTENÁRIO - Mudas de Juazeiro para fiéis

Elizângela Santos (Jornal Diário do Nordeste)

ROMEIROS receberam mudas da árvore Juazeiro ontem, como parte da programação da Festa das Candeias

Tornar o sertão "uma mata só" era o conselho ecológico do Padre Cícero, como incentivo à arborização do campo

Juazeiro do Norte. Começa a arrancada, neste município, para a distribuição de um milhão de mudas da árvore Juazeiro, em todo o Nordeste brasileiro. A planta símbolo da terra do Padre Cícero está sendo distribuída por meio do Projeto Árvore do Centenário e a meta é cumprir com a distribuição total até julho de 2011. Nesta primeira etapa, foram distribuídas 3 mil mudas entre os romeiros.

Uma equipe esteve na Praça Padre Cícero e na sala de informações da Paróquia, preenchendo os cadastros dos romeiros que pegaram as mudas. A ideia é já fazer um acompanhamento a partir da próxima romaria para verificar como está sendo o desenvolvimento das plantas. Junto com a muda, os fiéis do Padre Cícero também levam um cartão com os 10 preceitos ecológicos do Padre Cícero. Um deles aconselha o plantio a cada dia de uma árvore de algaroba, caju, de sabiá ou de qualquer outra árvore, até que o sertão todo seja "uma mata só".

O trabalho tem o acompanhamento de técnicos e está sob a responsabilidade da Fundação Mussambê, de Juazeiro do Norte. A parceria se estende às secretarias de Turismo e Romaria, Meio Ambiente, Banco do Nordeste e Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Estado (SDA). Segundo o coordenador de Núcleo Agrário da Fundação, Erisvaldo Figueiredo, foram investidos, nessas primeiras mudas, cerca de R$ 50 mil, com recursos da SDA. As próximas mudas terão incentivo do Banco do Nordeste, que repassará mais R$ 50 mil para a aquisição das novas mudas.

A ideia inicial era fazer a entrega das mudas em tubetes biodegradáveis, mas, segundo o coordenador, o projeto acabou ficando inviável. O valor ficou alto, em torno de R$ 800 mil. Nessa primeira etapa da entrega, conforme Erisvaldo, estão sendo repassadas poucas mudas, mas na próxima grande romaria a perspectiva é distribuir 200 mil ou até 300 mil mudas. O mês de maio é o mais propício para a coleta de sementes.

Condições de plantio

As primeiras mudas estão com três meses. Mesmo aparentemente pequenas, o coordenador de Núcleo Agrário afirma já estarem em condições boas para o plantio. "Já tem acima de seis folhas e isso facilita a sobrevivência da planta, típica do semiárido", diz ele. A árvore do Juazeiro, com o nome científico de Ziziphus joazeiro, é a única planta que fica verde no verão. Serve como pasto apícola, oferece boas condições de sombreamento e garante pasto para os animais de pequeno porte no sertão, como ovinos e caprinos.

No início da terra do Padre Cícero, eram três pés de Juazeiro, uma capela e a pequena vila. A árvore tem um significado histórico para a cidade. Segundo o historiador Daniel Walker, da Comissão do Centenário, o objetivo do projeto é arborizar o Nordeste, e que os romeiros tenham no seu quintal ou na sua cidade, a árvore símbolo de Juazeiro do Norte.

Daniel lembra dos preceitos ecológicos do Padre Cícero, e diz que, durante as missas que ele celebrava, sempre levava as mensagens ecológicas para os fiéis. "Foi o precursor da ecologia no Cariri", ressalta o estudioso, lembrando os conselhos do sacerdote para preservar as manifestações de vida na natureza.

No Nordeste, a árvore de Juazeiro também é chamada de "Juá". Para a romeira alagoana, Laura Pedro de Sousa, é uma bênção poder ter um pé de Juá em sua porta. "Um santo remédio. É uma bênção de Deus".

Para Erisvaldo Figueiredo, a distribuição das mudas tem uma simbologia diferenciada, por ser uma recordação viva da terra do Padre Cícero. Ele explica que daqui a cinco ou oito anos a planta já estará adulta. "É a planta que deu origem a nossa cidade e que vai perdurar por muitos anos", completa.

O Projeto Árvore do Centenário foi inspirado numa romeira. O depoimento ouvido pela irmã Annete Dumoullin foi inspirador para criar o projeto de arborização, disseminando o símbolo de Juazeiro do Padre Cícero. Dos caroços das frutas da "terra do Padim", consumidas pelos romeiros, novas plantas surgiam em suas cidades. Na igreja, ao meio dia de ontem, as mudas receberam as bênçãos na hora da despedida do romeiro. Uma planta sagrada para os fiéis, e símbolo da terra que já é considerada santa por grande parte dos nordestinos. Uma consciência de ecologia incentivada, a partir dos preceitos do Padre Cícero.

ENQUETE

O que o Sr. (a) acha da distribuição das mudas?

LAURA PEDRO DE SOUSA
67 ANOS
Dona-de-casa
Essa planta é uma bênção de Deus. Serve de remédio para ferimentos, para lavar os cabelos e escovar os dentes

GENILDA SILVA DE MORAIS
57 ANOS
Aposentada
É uma boa ideia, importante para a natureza e as pessoas terem consciência ecológica. Vou cuidar bem dessa planta

SEVERINO SANTOS SILVA
81 ANOS
Aposentado
É uma novidade aqui em Juazeiro. Vou levar a muda e pedir autorização ao padre para plantar de frente à igreja

MAIS INFORMAÇÕES
Secretaria de Turismo e Romaria, Praça do Cinquentenário, S/N
Socorro, Juazeiro do Norte
(88) 3511. 4040

Fonte: Diário do Nordeste (edição de 3 de fevereiro de 2010)

Justiça do Ceará condena empresa de telefonia a indenizar cliente em R$ 100 mil

A decisão da magistrada foi publicada no Diário da Justiça da última sexta-feira, 29

A juíza da 20ª Vara Cível do Fórum Clóvis Beviláqua, Maria de Fátima Pereira Jayne, condenou a empresa de telefonia Brasil Telecom S/A ao pagamento de indenização no valor de R$ 100 mil, por danos morais, a J.L.N.M.. A decisão da magistrada foi publicada no Diário da Justiça da última sexta-feira, 29.

De acordo com os autos, J.L.N.M., ao tentar fazer uma compra de passagem aérea em janeiro de 2005, foi informado de que estava com o nome no cadastro de devedores por causa de uma dívida com a empresa de telefonia, com a qual jamais manteve relação comercial ou de consumo.

Segundo a assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça do Ceará, a Brasil Telecom S/A alegou que houve um erro substancial na contratação e que não podia prever o uso do CPF de outra pessoa.

Na decisão, a juíza afirma que a empresa de telefonia não é imune ao Código de Defesa do Consumidor, citando o artigo 3º da Lei nº 8.078/90. Assim, “a fornecedora de serviço responde objetivamente pelos danos que vier a causar ao consumidor, só se exonerando desta responsabilização se provar culpa exclusiva deste”.

Para a magistrada, não ficou devidamente provado que a culpa dos fatos se deveu única e exclusivamente ao autor. “O que ficou caracterizado foi que, mediante o fornecimento de um número de CPF, a requerida procedeu uma contratação sem a menor cautela”.

Fonte: Redação O POVO Online com informações do site do TJ

Interesses individuais X Interesses coletivos - Por Océlio Teixeira

No último domingo, dia 31, após a missa das 9h, na Igreja da Sé, resolvi circular pela cidade sem compromisso. Meu objetivo era apreciar a beleza das nossas praças, ouvir os pássaros cantar e refletir um pouco sobre a vida. Aos poucos, porém, meus olhos foram ficando espantados com a quantidade de bares com cadeiras nas calçadas, dificultando a passagem dos transeuntes e obrigando-os a se deslocarem para as ruas. Então, pus a me indagar: qual o espírito de coletividade que existe entre nós, cidadãos que habitamos uma mesma cidade, no caso o Crato? Como estamos cuidando da nossa cidade? O que temos feito para deixar nossa cidade mais bonita, humana e civilizada?

Nesse sentido resolvi postar as imagens abaixo para que nós possamos fazer uma reflexão. É fácil falarmos mal da cidade, criticar a administração do município, falar mal da Igreja, dos partidos, etc. Mas o que temos feito pela nossa cidade? Não estou querendo atirar pedras em ninguém. Apenas quero contribuir para que nossa cidade fique mais bonita, mais organizada, mais humana. Assim, quero também fazer a seguinte pergunta: existe alguma lei que normatiza essa questão?

Vejam as imagens e, se possível, reflitam e contribuam com a discussão.

Obs: Os bares fotografados não foram escolhidos, apenas foram os que encontrei ao longo da minha perigrinação pela cidade. Como esses, devem existir diversos outros espalhados pelos bairros da cidade.






Fotos: Océlio Teixeira

Candeias: a mais bela das romarias

As ruas de Juazeiro do Norte novamente foram iluminadas pelas velas dos milhares de devotos de Nossa Senhora das Candeias, na mais bela das grandes romarias da cidade

Rita Célia Faheina
Enviada a Juazeiro do Norte

O casal Francisco José e Maria Braz de Jesus participa da Romaria das Candeias há 32 anos. Mora na localidade de Poço Redondo, a 150 quilômetros da capital de Sergipe, Aracaju, e viaja para Juazeiro do Norte de pau-de-arara. Francisco e Maria não reclamam das 12 horas de viagem sentados em pedaços de madeira que servem como bancos. ``A gente vem cantando, rezando e nem sente as horas passando. Quando dá conta já chegamos na terra de meu Padim``, diz dona Maria, agricultora como o marido.

Os dois compareceram a todas as celebrações da festa de Nossa Senhora das Candeias, como fizeram os mais de 260 mil fiéis que estiveram na cidade durante os cinco dias de romaria (de sexta-feira, 29, até ontem). O maior número de pessoas foi do estado de Alagoas.

A procissão em homenagem a Nossa Senhora das Candeias ou da Luz chama atenção porque todos os participantes caminham com suas velas acesas. Antes de começar a caminhada, as velas são bentas pelos sacerdotes.

Os caminheiros saíram da Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, onde está o túmulo do padre Cícero Romão Batista, e seguiram pelas ruas centrais até o pátio em frente à Basílica de Nossa Senhora das Dores, quando receberam as bênçãos dos padres e do bispo diocesano do Crato, dom Fernando Panico. ``Agora voltamos pra casa com a certeza de que fomos abençoados pela nossa Mãe das Candeias e nosso Padim Ciço e, se Deus quiser vamos nos encontrar de novo aqui no ano que vem``, despediu-se Francisco José.

Para os romeiros que seguiram viagem antes da procissão, a despedida foi ao meio-dia, na chamada ``missa do chapéu``.

``Na festa de Nossa Senhora das Candeias ou da Luz relembramos a data em que a Virgem Maria e São José se apresentaram no templo, em Jerusalém, conforme a lei judaica, 40 dias após o nascimento de Jesus. Levaram o Menino para apresentar ao sumo sacerdote e também ofereceram o sacrifício: dois pombinhos``, explicou o bispo diocesano do Crato. Ele também disse aos romeiros que eles voltavam para casa mais fortalecidos na fé e pediu que praticassem a justiça e a fraternidade.

Pés de Juazeiro
Durante a celebração do meio-dia, o padre Paulo Lemos abençoou as mudas de juazeiro doadas aos romeiros pela prefeitura do município já como um dos eventos do centenário da cidade que será comemorado em 2011. ``Estou levando para plantar no meu terreiro``, disse dona Mariana Francisca da Silva que mora em Gravatá (PE).

A prefeitura pretende doar um milhão de mudas da planta nas romarias deste ano - a árvore é o símbolo do centenário de Juazeiro do Norte que nasceu entre três pés de juá. Irmã Anette Dumoulin aconselhou os romeiros a cuidarem de seus juazeiros para que, no futuro, ``sirvam de sombra para as conversas, as orações, as celebrações dos romeiros``.


EMAIS

- No mês de julho próximo, quando se realizará a romaria de 17 a 20, lembrando a morte do padre Cícero, os fiéis vão ter uma novidade: a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida.

- É a primeira vez que a imagem estará na terra do padre Cícero. Virá da Basílica de Aparecida, no Vale do Paraíba, em São Paulo.

- Na Romaria das Candeias, a novidade foram as relíquias de São João Bosco que também estiveram pela primeira vez na cidade. Chegaram na segunda-feira e permaneceram até ontem.

- Os fiéis puderam ver as relíquias no Santuário do Sagrado Coração de Jesus, de administração dos padres salesianos. As relíquias (a mão e osso do braço) peregrinam por 143 países, celebrando os 150 anos da congregação religiosa.


NÚMEROS

260
MIL DEVOTOS PARTICIPARAM DA ROMARIA DAS CANDEIAS
5.204
PESSOAS VISITARAM O MEMORIAL PADRE CÍCERO, DURANTE A ROMARIA

42
MIL PESSOAS ESTIVERAM NO MEMORIAL PADRE CÍCERO EM 2009

1
MILHÃO DE MUDAS DE JUAZEIRO DEVEM SER DOADAS AOS ROMEIROS EM 2010

Fonte: Jornal O Povo