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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

A incrível e corajosa história de um juiz federal



Esse cidadão merece nossos aplausos.

Odilon de Oliveira, de 56 anos, estende o colchonete no piso frio da sala, puxa o edredom e prepara-se para dormir ali mesmo, no chão, sob a vigilância de sete agentes federais fortemente armados. Oliveira é juiz federal em Ponta Porã , cidade de Mato Grosso do Sul na fronteira com o Paraguai e, jurado de morte pelo crime organizado, está morando no fórum da cidade. Só sai quando extremamente necessário, sob forte escolta. Em um ano, o juiz condenou 114 traficantes a penas, somadas, de 919 anos e 6 meses de cadeia, e ainda confiscou seus bens. Como os que pôs atrás das grades, ele perdeu a liberdade. 'A única diferença é que tenho a chave da minha prisão.'

Traficantes brasileiros que agem no Paraguai se dispõem a pagar US$ 300 mil para vê-lo morto. Desde junho do ano passado, quando o juiz assumiu a vara de Ponta Porã, porta de entrada da cocaína e da maconha distribuídas em grande parte do País, as organizações criminosas tiveram muitas baixas.Nos últimos 12 meses, sua vara foi a que mais condenou traficantes no País.

Oliveira confiscou ainda 12 fazendas, num total de 12.832 hectares , 3 mansões - uma, em Ponta Porã , avaliada em R$ 5,8 milhões - 3 apartamentos, 3 casas, dezenas de veículos e 3 aviões, tudo comprado com dinheiro das drogas. Por meio de telefonemas, cartas anônimas e avisos mandados por presos, Oliveira soube que estavam dispostos a comprar sua morte.
'Os agentes descobriram planos para me matar, inicialmente com oferta de US$100 mil.' No dia 26 de junho, o jornal paraguaio Lá Nación informou que a cotação do juiz no mercado do crime encomendado havia subido para US$ 300 mil. 'Estou valorizado', brincou. Ele recebeu um carro com blindagem para tiros de fuzil AR-15 e passou a andar escoltado. Para preservar a família, mudou-se para o quartel do Exército e em seguida para um hotel. Há duas semanas, decidiu transformar o prédio do Fórum Federal em casa. 'No hotel, a escolta chamava muito a atenção e dava despesa para a PF.' É o único caso de juiz que vive confinado no Brasil. A sala de despachos de Oliveira virou quarto de dormir. No armário de madeira, antes abarr otado de processos, estão colchonete, roupas de cama e objetos de uso pessoal. O banheiro privativo ganhou chuveiro. A família - mulher, filho e duas filhas, que ia mudar para Ponta Porã, teve de continuar em Campo Grande. O juiz só vai para casa a cada 15 dias, com seguranças. Oliveira teve de abrir mão dos restaurantes e almoça um marmitex, comprado em locais estratégicos, porque o juiz já foi ameaçado de envenenamento. O jantar é feito ali mesmo. Entre um processo e outro, toma um suco ou come uma fruta. 'Sozinho, não me arrisco a sair nem na calçada.'

Uma sala de audiências virou dormitório, com três beliches e televisão. Quando o juiz precisa cortar o cabelo, veste colete à prova de bala e saicom a escolta. 'Estou aqui há um ano e nem conheço a cidade.' Na última ida a um shopping, foi abordado por um traficante. Os agentes tiveram de intervir. Hora extra. Azar do tráfico que o juiz tenha de ficar recluso. Acostumado a deitar cedo e levantar de madrugada, ele preenche o tempo com trabalho. De seu 'bunker', auxiliado por funcionários que trabalham até alta noite, vai disparando sentenças. Como a que condenou o mega traficante Erineu Domingos Soligo, o Pingo, a 26 anos e 4 meses de reclusão, mais multa de R$ 285 mil e o confisco de R$ 2,4 milhões resultantes de lavagem de dinheiro, além da perda de duas fazendas, dois terrenos e todo o gado. Carlos Pavão Espíndola foi condenado a 10 anos de prisão e multa de R$ 28,6 mil. Os irmãos , condenados respectivamente a 21 anos de reclusão e multa de R$78,5 mil e 16 anos de reclusão, mais multa de R$56 mil, perderam três fazendas. O mega traficante Carlos Alberto da Silva Duro pegou 11 anos, multa de R$82,3 mil e perdeu R$ 733 mil, três terrenos e uma caminhonete. Aldo José Marques Brandão pegou 27 anos, mais multa de R$ 272 mil, e teve confiscados R$ 875 mil e uma fazenda.

Doze réus foram extraditados do Paraguai a pedido do juiz, inclusive o 'rei da soja' no país vizinho, Odacir Antonio Dametto, e Sandro Mendonça do Nascimento, braço direito do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. 'As autoridades paraguaias passaram a colaborar porque estão vendo os criminosos serem condenados.' O juiz não se intimida com as ameaças e não se rende a apelos da família, que quer vê-lo longe desse barril de pólvora. Ele é titular de uma vara em Campo Grande e poderia ser transferido, mas acha 'dever de ofício' enfrentar o narcotráfico. 'Quem traz mais danos à sociedade é mega traficante. Não posso ignorar isso e prender só mulas (pequenos traficantes) em troca de dormir tranqüilo e andar sem segurança.'

Texto veiculado na Internet por e-mail

LAPINHAS VIVAS

A influência ancestral dos três principais mundos formadores da alma brasileira permanece pulsante na vida do sertanejo simples, cuja religiosidade se manifesta à flor de seus atos e ditos. E é na efervescência dessa estética universal que nascem e se fortalecem as tradições culturais populares; em nosso caso, resultantes do caldeamento cultural havido entre os indígenas donos da terra, os brancos ibéricos invasores e os negros de várias nações para cá trazidos como escravos.

Lapinha Mãe Celina (Crato-CE)


A Lapinha assume, neste contexto, uma espécie de demonstração da prevalência do cristianismo sobre as crenças e religiões dos outros povos. Entretanto não escapa à aculturação decorrente dessa convivência, sabida por nós nada pacífica ou cordial. J. de Figueiredo Filho, em seu O Folclore no Cariri (1960: p. 32) nos afirma que à Lapinha, “de procedência lusitana, foi acrescentada muita cousa de fonte indígena ou africana, como os caboclos, a canção da formosa tapuia, ou temas inteiramente abrasileirados.” Na mesma obra (pp. 33-39), ilustra seu caráter multicultural verificando a presença do anjo, índios, do sol, da lua, baianas, beija-flor, pastores, vaqueiros... além dos três Reis Magos.

É a Lapinha Viva, pois, a reconstituição dramática popular da visita dos três Reis Magos ao recém-nascido Jesus, com o fim de lhe ofertarem presentes. Sua significação transita da representação quase que ainda medieval, com pessoas interpretando santos, bichos e coisas da natureza como simples e profunda louvação ao Deus-Menino, até a complexa peça de antropologia cultural que traz em si grande parte da história da humanidade. Lá estão não somente símbolos de culto cristão, católico, mas fortes traços que nos remetem aos primitivos tempos em que o homem vivia em diálogo e harmonia com a natureza, assim como elementos que podem “contar” os processos de formação cultural e social da nação brasileira, sem descuidar de nos remeter aos povos ancestrais de antes do encontro em nossas terras.

Hoje, no Cariri, as nossas Lapinhas Vivas apresentam praticamente as mesmas características dramáticas de outrora, sendo acrescidas quase sempre da louvação de um grupo de Reisado, que também representa a peregrinação dos Reis Magos a Belém, pertencendo ambos ao ciclo natalino, e, às vezes, de uma Banda Cabaçal. Quando se juntam os três folguedos, multiplicam-se a beleza estética, o brilho dramático, o riso brincante, o alcance histórico.

O fortalecimento e a difusão do folclore e das manifestações tradicionais populares, a exemplo das Lapinhas, devem servir principalmente à causa do (re)descobrimento de nossa identidade cultural, pois que oferecem uma farta leitura do mundo em variadas dimensões e diferentes tempos. É a história se doando generosamente à elaboração de um novo pensamento, que dê vazão a sinceras atitudes libertárias, que restabeleça o espírito e a festa da dignidade humana, da democracia, do respeito à natureza, da felicidade, do amor.

Cacá Araújo
Professor, dramaturgo e folclorista
Diretor da Cia. Cearense de Teatro Brincante

Comentários sobre o texto postado no CARIRICATURAS: Carlos Castaneda por Miguel Duclós

(http://cariricaturas.blogspot.com/)

Prezada Amiga Socorro,

Adorei o texto. Ele me fez voltar no tempo – 1988! Foi nessa época de grandes transformações e crises internas no meu mundo interior que tomei ciência das obras de Castaneda. Eu li e estudei todos os livros lançados por ele. Eu ficava fascinado pela sabedoria de D. Juan. Isto porque me identificava com os fenômenos da consciência alterada relatados por Castaneda em seus livros. Até hoje procuro seguir certos procedimentos recomendados pelo índio: parar o mundo, o diálogo interior, a intenção, a história pessoal, ver o ovo luminoso, identificar os pontos de aglutinação (chakras) etc.

Os livros de Castaneda muito tem para nos ensinar sobre os mistérios da consciência, das energias sutis e dos mundos paralelos. D. Juan era um homem sábio e misterioso incompreendido pelas mentes racionais condicionadas, principalmente ocidentais.
Eu conseguia ler e entender o contexto metafísico onde ocorriam as experiências de D. Juan e Carlos Castaneda porque naquela época em que tomei ciência dessa obra riquíssima de Castaneda eu estava passando por uma experiência de consciência alterada muito próxima do lugar existencial em que eles estavam e apontavam para nós nos livros escritos.
Obrigado!

Um abraço,

Feliz Natal

Bernardo

Pensamento para o Dia 24/12/2009


“Se um homem deseja ser feliz, o primeiro exercício que deve fazer é remover de sua mente cada mau pensamento, sentimento e hábito. Tristeza e alegria são frente e verso da mesma experiência. A alegria é quando a dor termina; tristeza é quando a alegria acaba. O que é exatamente tristeza? É apenas uma reação à perda de algo que se ganhou ou o fracasso na obtenção de algo desejado. Portanto, a única maneira de escapar da tristeza e do sofrimento é superar o desejo pelo ilusório. O segredo da felicidade não está em fazer aquilo que se gosta, mas em gostar do que se tem que fazer. Independentemente do trabalho que se deva fazer, você deve fazê-lo com prazer e gosto.”
Sathya Sai Baba