Seja colaborador do Cariri Agora

CaririAgora! é o seu espaço para intervir livremente sobre a imensidão de nosso Cariri. Sem fronteiras, sem censuras e sem firulas. Este blog é dedicado a todas as idades e opiniões. Seus textos, matérias, sugestões de pauta e opiniões serão muito bem vindos. Fale conosco: agoracariri@gmail.com

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A estrutura familiar - Emerson Monteiro

Os seres humanos reclamam cuidados imensos quando chegam ao mundo e superam os demais seres no esforço inicial de formação e sobrevivência, até dispor dos meios necessários a seguir com as próprias pernas a jornada de habitar este mundo. Antes dos sete anos, os filhos do bicho gente exigem, dos pais e da sociedade, extremos arranjos, a ponto de depender, em caráter quase absoluto, dos outros para limpeza, alimentação, vacinas, alojamento, vestimenta, primeiros passos, fala, pensamentos, repouso, formação moral, intelectual, etc.
Esse grau de dependência da nossa raça representa o empenho da família em dirigir suas baterias na sobrevivência e no zelo dos filhos, salvaguarda e herança cultural da sociedade. Ninguém foge dos valores trazidos pela família e que lá adiante não venha a defrontar dificuldades e traumas de adaptação perante o desconhecido, nas dobras do caminho.
Por isso, os sábios dão importância inestimável à saúde dos laços familiares, para considerar a célula doméstica a mãe das comunidades e resposta aos desafios de todo tempo. Desorganizada a família, as outras instituições perdem o prumo e a paz perde a razão. Os abalos nesta fonte original implicam nos desmanches que a história registra, no caos das guerras medonhas verificadas em turnos diversos, custando preço astronômico de sofrimento, desespero e trabalho.
A bandeirada desses primeiros passos humanos, dada pelos pais já na infância, reserva sobremodo a esperança possível dos adultos e das suas circunstâncias posteriores, vindas desde a escola filial, nos sentimentos, lembranças e emoções que lhe marcam o modelo de personalidade depois vivenciado no decorrer das gerações.
Conhecimento de padrões fundamentais vindos no começo apresenta frutos na humanidade, o que demonstra as ameaças constantes de que é vítima a família, nesse jogo de dor e prazer da sua experiência. O mal e o bem, que organizam os porões e a bagagem, nessa viagem de seres humanos, na sombra e na luz das situações, trabalham os tais valores de formação das pessoas em movimento, nos grupos sociais.
Tiradas, pois, essas e algumas conclusões mais, a razão do abalo nos países vem do descaso para com os atores do drama ainda na gravação dos letreiros iniciais das consciências, no berço de vilões e mocinhos junto dos responsáveis pela sua formação. Nisso, entra em cena a família para constituir cidadãos com a mesma face dos tempos sonhados e vividos que irão acontecer logo ali adiante, num futuro imediato.

CONVERSA NA BEIRA DO RIO

Foto de Cacá Araújo
Um grupo de pessoas discutia à beira de uma das enormes crateras abertas pela força das águas do Rio Grangeiro, no centro da cidade do Crato. O religioso atribuía o caos aos castigos divinos em virtude dos pecados humanos nesta parte do mundo. Um político que se opunha ao prefeito, vendo que muitos circunstantes os ouviam, soltou, com aquela característica empolgação de palanque, depois de pigarrear ridículo de canastrão, um discurso em que se comprometia a honrar suas responsabilidades de homem público buscando soluções junto a seus aliados nos governos do estado e do país. Já um bêbado, ainda segurando um pedaço de casca de laranja na ponta dos dedos, disse que não acreditava nessa cambada de vereadores, deputados, senadores e nem no governador, pois se eles gastassem a metade do que investiram comprando votos daria para amenizar ou quem sabe resolver o problema. Depois de mais uma golada de cachaça, olhou em volta e perguntou pelo governador. Veio um desses aduladores de plantão e informou que sua excelência estava de férias no exterior, mas que havia mandado seu vice visitar a cidade, e, inclusive, ordenando que despachasse cem mil reais para ajudar no prejuízo catastrófico sofrido pelas famílias e comerciantes. Um estudante ia passando e de imediato protestou alegando que o governador não tinha contrato de trabalhador, mas função de gestor público e que esse negócio de férias não estava correto. Alfinetou, ainda, dizendo ser uma piada, insuficiente e humilhante o valor que o governo havia liberado. Com lágrimas nos olhos, uma professora alertou para a situação das famílias desabrigadas, das crianças e velhos sem agasalho e comida, e conclamou todos a se unirem numa campanha de solidariedade, até que os que se acham donos do poder resolvam ouvir o clamor da sociedade que agoniza e espera. Convicto, o ambientalista afirmou que eram necessárias a completa desocupação e revitalização das áreas onde outrora fora o leito original do rio, construção de moradias em localidades seguras para as famílias removidas, e urgente o combate ao desmatamento da Floresta Nacional do Araripe, proteção de morros e eficiente educação ambiental. Refeito um pouco de sua embriaguez, o bêbado gritou de seu canto afirmando que dinheiro para fazer tudo isso existe, sai do Cariri em forma de vil arrecadação para os cofres estaduais e federais e para retornar em benefício do povo é uma novela sem fim. A prefeitura não tem recursos e eles só liberam considerando a filiação partidária do administrador municipal, somou o nosso ébrio questionador. Um poeta que a tudo assistia tomou a palavra e deu o mote para a conquista do merecido respeito e do atendimento às reivindicações populares: o povo tem que sair às ruas, protestar, exigir a execução de medidas corretas para a reconstrução da cidade e prevenção de novos desastres. Ao redor dos debatedores já estava se reunindo uma multidão de populares, quando recomeçou a chuva e todos se dispersaram temendo a fúria das águas. O religioso se benzeu, segurou forte seu terço, correu e se trancou na igreja ao som de trovoadas retumbantes.

Cacá Araújo
Professor, Folclorista e Dramaturgo
Diretor da Cia. Cearense de Teatro Brincante
Crato-Cariri-Ceará-Brasil, em 1º de fevereiro de 2011.       

ÚLTIMAS NOTÍCIAS - Prefeito do Crato institui auxílio social de R$120,00 para os desabrigados


O prefeito do Crato, Samuel Araripe, instituiu o "aluguel social" para atender às famílias desabrigadas pelas chuvas, que não têm para onde ir. O valor do auxílio social é R$ 120,00 e vai durar o tempo que for necessário à recuperação de suas casas. O prefeito baixou o decreto de nº 2801001/2011, colocando o município em situação de emergência. Com a enxurrada, cinco casas desabaram totalmente e outras sete tiveram partes danificadas. As famílias já estão sendo assistidas pela administração e algumas casas já foram alocadas para os desabrigados. A vítima da enchente deve procurar a secretaria de Ação Social do município, para requisitar o benefício. Um técnico vai ao local para fazer a avaliação e elaborar o laudo. O cadastro já pode ser feito. O aluguel será pago as famílias que estão em abrigos e àquelas que precisam ser removidas de áreas de risco.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS - 3.200 pessoas afetadas pela enchente em Crato


Uma notificação preliminar de desastre foi apresentada por meio dos levantamentos realizados pela Defesa Civil, diante dos estragos causados com a tempestade que se abateu sobre o Crato, na madrugada da última sexta-feira. O prefeito do Crato, Samuel Araripe, estima prejuízos para a cidade de mais de R$ 50 milhões na cidade. O documento foi apresentado ainda no último final de semana, com número relacionado às vítimas diretas da enchente. O relatório preliminar dá conta de 3.200 pessoas afetadas pelas chuvas. Nove famílias que ficaram sem abrigo, com suas casas totalmente destruídas, foram encaminhadas para prédios públicos e casas alugadas pela administração municipal. Segundo o Sistema Preliminar de Desastre, feito pela equipe da Defesa Civil no município, ficaram desalojadas 111 pessoas.

Prefeito vai à Brasília onde se encontra com o Ministro da Integração Social

Uma audiência com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, deverá acontecer ainda esta semana, juntamente com parlamentares da região. O deputado federal, Arnon Bezerra, esteve ontem no Ministério, no intuito de marcar a reunião. O prefeito do Crato, na ocasião, irá apresentar projeto que promete uma solução definitiva para o local. A chuva de 200mm milímetros ( medidos na Chapada do Araripe ) foi o suficiente para arrastar parte considerável do canal. Com o transbordamento, parte da cidade ficou inundada, principalmente no centro, invadindo centenas de residências e casas comerciais. Ainda segundo os dados do relatório preliminar foram invadidas pelas águas 103 residências, cinco delas públicas, uma comunitária e 10 ficaram totalmente destruídas. A precipitação pluviométrica registrada, segundo o relatório, esteve acima da média verificada pelo município, especialmente na área urbana, em canais de drenagem.

Fonte: ASCOM - PMC

ÚLTIMAS NOTÍCIAS - Prefeitura contrata mais de 200 homens para atuar na limpeza da cidade

Uma equipe extra de colaboradores foi contratada pela administração para realizar a limpeza na cidade. Segundo o prefeito Samuel Araripe, mais de 200 homens e máquinas auxiliam na retirada da terra e lama que invadiu a cidade. Várias ruas estão interditadas e o trânsito difícil. A cidade tem contado com a solidariedade de empresários, com a doação de equipamentos para ajudar na limpeza. Uma campanha para receber donativos para as vítimas foi desencadeada pela administração local.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS - Equipes multidisciplinares continuam em campo orientando e prestando socorro às vítimas


O
trabalho de orientação das famílias nas áreas de risco, retirada e acompanhamento das pessoas está sendo feito por 10 equipes multidisciplinares. 200 cestas básicas estão no Corpo de Bombeiros e começarão a ser distribuídas para os moradores. Cerca de R$ 200 mil serão repassados de forma imediata pelo Governo do Estado para os municípios de Crato e Juazeiro do Norte, que estão com várias áreas afetadas. Serão destinados ao Crato R$ 100 mil, para construção de casas para os desabrigados. O prefeito do Crato, para minimizar a situação, instituiu o aluguel social, no valor de R$ 120,00 para as famílias carentes.