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quinta-feira, 10 de junho de 2010

SER HUMANO, QUEM É ELE?


Hoje (10/06/2010) bem cedinho me aprontei para sair de casa. Saí do meu quarto e passei pela cozinha da minha casa onde moro, aqui no Rio de Janeiro, com minhas duas irmãs. E a irmã mais idosa estava conversando na cozinha com o meu irmão mais velho do que eu. E o assunto da conversa deles era a homossexualidade de um homem conhecido deles. E eu antes de passar entre eles ouvi minha irmã dizer: “Essa coisa de homem ter relações sexuais com outro homem não é de Deus. Deus fez o homem e a mulher...”. Então, andando falei rapidamente sem olhar para eles:
- A questão não é essa. A questão é o instinto no homem.

Aqui tentarei me explicar melhor. A discussão da homossexualidade não está no plano de Deus permitir ou não. É um fenômeno instintivo que acontece também entre animais (p.ex.: os macacos). O que está em jogo na homossexualidade humana não é o Amor, mas o instinto humano presente e dominante. Amor, aqui, não é a libido, ou seja, o amor carnal ou psicológico-afetivo, mas o fenômeno transcendental do sentimento que Jesus batizou de Amor de Deus. E para mostrar o nível de experiência desse fenômeno vou adotar a imagem criada por um escritor que li quando eu fazia o meu doutorado na COPPE/UFRJ. O sobrenome desse autor europeu é SCHUMACHER, e o livro que retirei essa idéia magistral tem o seguinte título: UM GUIA PARA OS PERPLEXOS. A idéia dele é que o ser humano pertence a uma escala evolutiva que começa no mineral (representado por “m”) como sendo o primeiro degrau. O segundo degrau é o vegetal (que é representado por “m + x”). O terceiro degrau é o animal (que é representado por “m + x + y”). O quarto degrau é o humano comum (que é representado por “m + x + y + z”). O quinto degrau é o humano iluminado ou mestre espiritual-sábio (que é representado por “m + x + y + z + w”). A idéia original dele é que a passagem de um degrau para o outro “superior” não é uma ruptura com o que é “inferior” ou anterior na escala, mas sim que transcende em qualidade (inteligência e sensibilidade mais elevada do que o nível ontológico anterior). Nesse sentido, o homem guarda em si mesmo as qualidades ontológicas dos minerais, vegetais e animais. E ele se diferencia na passagem de um nível de inteligência e sensibilidade mais refinada ou elevada: por exemplo, todos os grandes mestres espirituais (inclusive Jesus, Buda, Gandhi, São Francisco de Assis, Chico Xavier, Madre Teresa de Calcutá etc.).
Dentro desse contexto, podemos dizer que a homossexualidade é o animal no homem agindo num nível de consciência pouco elevada, porque o Amor estaria no último degrau, ou seja, somente para aqueles que de alguma forma desenvolveram a sensibilidade e a inteligência para além das necessidades fisiológicos, psicológicas e afetivas comuns. Então, ter relações sexuais apenas não é o “x” da questão. O “x” da questão é como poderemos nos elevar e nos desprender do vício sexual? E não falo aqui apontando o dedo para longe de mim em direção a um outro semelhante inconsciente. E eu mesmo estando consciente dessa força poderosa de atração sexual me deixei levar e me viciar por sete anos consecutivos depois de ter ficado catorze anos como celibatário! E sei de que força estou falando....eu vivenciei seus efeitos hipermagnetizadores.

A questão que se coloca aqui é essa: qual é o sentido da vida? O sentido seria fazer “o que der na telha” sem que mais tarde tenhamos que responder por nossos atos? O bom senso diz que não. Somos responsáveis pela escolha de experiência que idealizamos ou nos fizeram acreditar. E com certeza as escolhas mal feitas no passado não poderemos mudá-las – somente poderemos mudar as escolhas do presente em direção ao futuro. E é ai que Deus foi generoso com suas criaturas. Devemos cuidar do presente para frente e aprender com o que aconteceu de “errado” (mal escolhido) no passado. Será que estamos tão hipnotizados que não conseguiremos ter forças humanas para tal mudança histórica-pessoal-ontológica? Eis a questão que cada um precisa responder junto à intuição que serve de referência e mestre invisível dentro de cada um: “conhece-te [intuitivamente] a ti mesmo” – Sócrates. Então, se você não fez ainda, faça agora: dê um abraço bem forte em você mesmo e agradeça de verdade a presença Dele que não se cansa de te convidar para subir mais um degrau evolutivo (se desligando da força magnetizadora do passado). Sinta a Presença elevada de Deus ou Espírito em seu interior e a partir daí separe o joio do trigo (a razão da intuição). Pois, a razão é um degrau superior ao instinto, mas é também um degrau inferior à intuição. A evolução humana está nesse processo e mérito de se elevar pelas próprias forças intrínsecas que Deus depositou (uma dádiva Dele!) em cada sistema ou estrutura humana. Basta aprender intuitivamente a usá-la para se alcançar o que todos os homens e mulheres desejam inconscientemente: serem felizes na libertação do ego instintivo.

Acredite – Deus fala através de seres humanos-canais de mensagens elevadas. Disse Jesus: “as minhas ovelhas ouvem a minha voz”. Só não escuta quem não tem uma sensibilidade fina adequada. Nada foi criado para ser escondido ao ser humano. Tudo está senso revelado a cada um em seu tempo e em seu momento evolutivo! Sabendo disso: Não julgue! Não condene! Não se desespere! “Ame, se esforce e vencerás” – mensagem espírita que ouvi quando eu tinha meus dezesseis anos de idade e nunca mais esqueci. Deus fala o tempo todo entre os homens e mulheres de boa fé, de inteligência elevada e de sensibilidade fina ou refinada. Fique atento (a)! Somente colhemos a semente daquilo que plantamos em nós (cultura) ou no solo orgânico (agri-cultura)! Ser culto é, portanto, ter mente elevada e sensibilidade refinada para ver, agir e colher o fruto da sabedoria que cresceu em si mesmo.

No fundo do seu coração escute quieto uma voz doce quase inaudível dizendo para você – somente para você mesmo (a)! - “EU SOU DEUS!”. E se te der vontade de chorar de alegria e contentamento – faça isso! - pois Ele virá para te acariciar e te consolar com suas próprias mãos humanas!

E lembre-se de GANDHI quando disse: “o único tirano que aceito em minha vida é uma voz doce e suave dentro de mim”.

Bernardo Melgaço da Silva
Prof. e Pesquisador do Núcleo de Estudos Sobre Ciência, Espiritualidade e Filosofia – NECEF/URCA (Universidade Regional do Cariri)

A COMÉDIA DA MALDIÇÃO CONTINUA NAS RUAS DO CRATO

CIA. CEARENSE DE TEATRO BRINCANTE
APRESENTA COMÉDIA EM PRAÇAS, RUAS E TERREIROS DO CRATO


A Cia. Cearense de Teatro Brincante / Sociedade Cariri das Artes – Ponto de Cultura do Brasil está desenvolvendo o projeto “Comédia na Rua das Tradições”, com a circulação do espetáculo teatral “A Comédia da Maldição”, escrito e dirigido por Cacá Araújo, na modalidade “teatro de rua”, em praças públicas, ruas e terreiros de mestres da cultura tradicional do município de Crato.

A peça tem o texto em versos e traz a Mula-sem-cabeça, mito sertanejo-universal, como tema central. Um grande espetáculo de rua para todas as idades...

O projeto promove o teatro popular e oportuniza a vivência de atores e técnicos contemporâneos com mestres e brincantes de folguedos tradicionais, como laboratórios/oficinas de formação no que se denomina “cena brincante”, que procura difundir valores do folclore e da cultura nordestina através de estética dramática sertaneja, alinhada ao imaginário popular e ao resgate de tradições ancestrais.

Outro aspecto importante é a formação de platéias, especialmente juvenis, inspirando senso crítico e auto-estima em termos de identidade cultural, potencializando-as para o convívio e interação com outras culturas e linguagens artísticas, ressalta Cacá Araújo, diretor da companhia.

Com essa missão, o espetáculo já foi apresentado no Distrito Bela Vista (dia 30 de maio, tendo a participação do Maneiro Pau do Mestre Cirilo), Bairro Muriti (em 5 de junho, integrando-se ao Reisado Decolores Dedé de Luna, da Mestra Mazé Luna), Bairro Gisélia Pinheiro – Batateiras (na última quarta, dia 9 de junho, com o Coco das Mulheres da Batateiras); e encerrará sua primeira temporada neste sábado, 12 de junho de 2010, às 20 horas, na Praça da Sé, em Crato-CE, com a participação da Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto.

Cenas da apresentação no Bairro Gisélia Pinheiro (Fotos de Gessy Maia)













A nossa identidade antropológica - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Os historiadores não são isentos de sua própria história. Nem o matemático ou o físico. E a própria história além de eventos vividos é também a narrativa (explicativa) das gerações que antecederam tais eventos. Por tal, como exemplo, o cearense acha que é um unidade narrativa, com seus mitos fundadores (mesmo que literário em Iracema) e toda a “odisséia” até os dias atuais. Todos acham assim?

Os Estados Nacionais, que se formaram de fragmentos díspares e contraditórios num passado não tão remoto assim têm a sua narrativa feita por mitos fundadores e pensam sua formação como uma unidade étnica e de origem comum. Isso já foi derrubado há muito tempo, mesmo um país que exagerou no tema como a Alemanha ariana, se descobre tão fluido em sua origem quase que igual a estes das Américas com etnias de todos os continentes.

Estamos o tempo todo tentando descobrir uma “identidade” como povo e a cada vez caímos no denominador comum da humanidade. Isso não foi sempre assim, uma religião poderia criar um senso de identidade, um território também, ou uma atividade produtiva ou cultural, mas tudo foi se transformando numa unidade planetária, ainda inconclusa, mas cada vez mais evidente nas comunicações e nas percepções de produtos e até mesmo do meio físico como o clima.

Esta questão da dissolução do antigo modo de enxergar fratias, procurar a ordem monárquica, o eixo divino, a linearidade da formação dos povos pode bem ser vista na análise do povo Judeu. Façamos um esforço de analisá-lo na perspectiva sionista que é a visão que melhor identifica a sua linearidade bíblica e que se manteve intacta por mais de dois mil anos. Qual a visão histórica dos judeus sob o ponto de vista do sionismo?

Segundo esta visão o povo judeu existe desde a entrega da Torá no monte Sinai e hoje são os descendentes diretos e exclusivos. Saíram do Egito com Moisés para a Terra Prometida, edificaram o reino de Davi e Salomão, que originou a Judéia e Israel. O judeu manteve-se o mesmo apesar dos dois exílios que experimentaram: depois da destruição do Primeiro Templo, no século VI a.C., e após o fim do Segundo Templo, em 70 d.C. Esta última diáspora durou 2 mil anos e eles se dispersaram pelo Iêmen, Marrocos, Espanha, Alemanha, Polônia e ao mais remoto da Rússia. No entanto eles preservaram os laços de sangue e mantiveram sua unicidade.

Enquanto isso a Palestina era a mesma Terra Prometida à espera do seu povo original. Ela pertencia aos judeus, e “não àquela minoria desprovida de história que chegou lá por acaso”. “Por isso, as guerras realizadas a partir de 1948 pelo povo errante para recuperar a posse de sua terra foram justas. A oposição da população local é que era criminosa”. (1)

Acontece que esta narrativa do povo judeu é um mito religioso, de uma religião que foi poderosa em muitos continentes antes mesmo do cristianismo ou do islamismo. Religiões que tinha a linearidade étnica como formulação divina, mas não como prática biológica, antropológica e até mesmo social. Como todas as religiões modernas tenderam para o denominador comum da humanidade, em muitos continentes, em muitos povos e muitas realidades sociais diferentes.

Os judeus modernos pertencem a origens sanguíneas diferentes, mesmo com práticas de consangüinidade em casamentos, seria impossível se manter a etnicidade semita em tão largo espaço do planeta e em tanto tempo. Os judeus da Europa central são europeus centrais, os ibéricos vieram com berberes e outros povos e assim por diante. Quando tentamos localizar as nossas origens familiares estamos falando de antepassados numa escala geométrica.

A verdade é que a humanidade que nos une cada vez mais será a nossa identidade, que continuará fluindo para outras formas de cultuar a identidade. Não sejamos infelizes por isso, mas ao contrário, muito mais ciente qual seja o nosso mundo.

(1) – trecho retirado do artigo “Como surgiu o povo Judeu” de Shlomo Sand, historiador da Universidade de Telavive.

Pensamento para o Dia 10/06/2010


“As pessoas acreditam que as encarnações de Deus só acontecem por duas razões: punição dos maus e proteção dos justos. Essas razões representam apenas um aspecto. O Avatar ou Encarnação Divina é realmente a concretização do anseio dos que buscam Deus. É a doçura materializada da devoção piedosa dos aspirantes. A concessão de paz e contentamento e o sentimento de realização para os buscadores que têm lutado por muito tempo... essa também é Sua tarefa. A principal razão para o Divino sem forma assumir a Forma é para o bem dos aspirantes e buscadores.”
Sathya Sai Baba

A Copa do Mundo pela galena. – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Vivíamos o mês de junho de 1958. Eu estava cursando a primeira série do antigo curso ginasial no velho Colégio Diocesano do Crato. Numa segunda-feira, cheguei um pouco atrasado e o interno, que era sineteiro, acabara de tocar o último sinal para início das aulas. Ainda ouvi quando ele comentou com outro colega: “Mas que vitória bonita aquela do Brasil ontem: três a zero na Áustria!” Quis saber dele do que se tratava e ele me disse que era um jogo pela Copa do Mundo. Não minto! Foi a primeira vez que eu ouvi falar em Copa do Mundo. Ao término da aula, tão logo cheguei a casa, procurei entre as revistas de um dos meus irmãos noticias sobre a Copa do Mundo. Havia uma revista “O Cruzeiro” que trazia tudo sobre a seleção brasileira, fotos dos jogadores, os grupos em que cada país estava distribuído e a tabela dos jogos. Fiquei sabendo que a Copa era realizada na Suécia, que graças ao excelente professor de Geografia José do Vale Feitosa, eu sabia muito bem onde ficava sua posição no globo. Então, como bom brasileiro achei que era importante acompanhar os jogos e torcer pelo Brasil. No segundo jogo, uma quarta-feira à tarde, eu fui à casa da minha tia Pia Cabral, uma irmã do meu avô, onde vários primos ouviam a transmissão da partida contra a Inglaterra. Era bastante animado, mas o jogo foi oxo (zero a zero), não obstantes as preces da tia Lurdinha para Santa Terezinha, a santa de sua devoção, com a qual ela afirmava tudo conseguir.

Depois vieram os jogos contra a Rússia, Pais de Gales e França. O jogo contra a França foi no dia de São João e eu estava voltando do Mauriti ao Crato, acompanhando os resultados parciais em cada café da beira da estrada. Mas soube que no Crato, antes do inicio do jogo contra a França, a tia Lurdinha se retirou da sala onde estava o velho rádio telefunken, dizendo que ia conversar com Santa Terezinha para o Brasil ganhar da França. Huberto Cabral protestou: “Santa Terezinha é francesa!” Houve uma gargalhada geral. Mas acredito que nesse dia Santa Terezinha, lá do céu, se esqueceu da França e foi fiel à sua amiga, pois o Brasil começou arrasador com um gol do vascaíno Vavá, logo aos 2 minutos de partida.

Na final contra a Suécia, já estávamos de férias no São José. Era um domingo e o jogo seria iniciado às 11 horas da manhã. Naquele tempo não havia energia elétrica no São José, nem rádios de pilha. O único rádio que havia lá em casa era um velho RCA, à bateria de carro, que estava descarregada. Meu irmão Luis Flávio disse que iria ouvir o jogo na casa do Assis de Melo, um nosso parente distante. Este era um solteirão, que morava sozinho num enorme casarão que herdara dos pais, bem próximo do canavial. Tinha mania por eletrônica e sua casa era repleta de rádios velhos, todos danificados de tanto ele fazer experiências. Eu e o primo José Esmeraldo Gonçalves acompanhamos Luis e papai nos pediu para que fôssemos avisá-lo a cada gol do Brasil. Seria uma boa caminhada, pois a casa do Assis distava mais de dois quilômetros da nossa.

Infelizmente não havia nenhum rádio em funcionamento na casa do Assis de Melo e ele nos disse que dava para acompanhar o jogo pela galena. Galena é um receptor de onda média, bem simples, que funciona sem precisar de energia elétrica. Trata-se de uma bobina enrolada por semicondutores do mineral galena ligada a uma antena externa composta de fios bem compridos estendidos e, que se escuta por meio de um fone de ouvido. Sintonizava sempre a emissora mais potente ou a mais próxima. Como o sítio do Assis era mais perto do Juazeiro, a galena sintonizava exclusivamente a Rádio Iracema que retransmitia da Rádio Bandeirantes de São Paulo. O meu irmão Luis tomou conta do fone de ouvido e repassava os lances para nós. A cada gol do Brasil, eu ou primo José Esmeraldo saiamos correndo para avisar ao papai. Como houve uma chuva de gols naquela partida, enquanto um voltava após ter comunicado que o Brasil empatara o jogo, encontrava o outro pelo caminho com mais novidades. E o nosso coração batia tão forte, quão forte eram as passadas que dávamos na nossa correria. Foram mais de seis idas e vindas, pois o Brasil ganhou sua primeira Copa do Mundo com uma elástica goleada.

Essa foi a Copa do Mundo mais emocionante da minha vida. Nem as imagens a cores transmitidas ao vivo pela televisão me fizeram reviver as emoções daquele dia 29 de junho de 1958, um dia de São Pedro, em que pela primeira vez o Brasil se sagrava campeão do mundo.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Palavras ao vento - Emerson Monteiro

Busco a espontaneidade para chegar aqui na frente desta máquina incandescente e me expressar livre de tensões ou preparações, dizer da apreensão quanto ao meu tempo e seus acontecimentos, qual testemunho do que precisar ser presenciado.
Falar com franqueza a propósito das aberrações que vêm sendo perpetradas pelo próprio homem de cuja humanidade também participo. Erguer a voz de modo objetivo a respeito das fraquezas exploradoras dos países opressores em detrimento dos povos indefesos. Circunscrever as aferições de burrices desencontradas, como a do vazamento esdrúxulo de milhões e milhões de barris de petróleo no Golfo do México, sangria ainda desatada por pura incompetência do capitalismo em desenvolver suas aventuras, detrimento impune da grande natureza, sem que se ergam, nos quadrantes do Planeta ofendido, vozes altivas e eficientes de nações similares, reivindicando a responsabilização dos principais culpados pelos desmandos praticados.
Nas guerras desencontradas dos interesses inconfessáveis da ganância, que possam a delinear os equívocos da destruição em massa de culturas milenares, o que se dá com ênfase no Afeganistão e no Iraque, nesta hora, sem atitude proporcional de repúdio dos bilhões de seres humanos que, apáticos, impotentes, assistem ao genocídio, semelhante ao que outros conquistadores simplesmente consideraram objetivos pessoais dos grupos que representavam, o quanto disseminaram de sangue e miséria Alexandre, César, Napoleão, Hitler, ao bel prazer das circunstâncias maléficas dos tempos, aplaudidas nos bastidores pelos magnatas detentores do dinheiro, dos minérios, das indústrias, mercados, seus financiadores clandestinos insaciáveis.
Agir pelas palavras que os meios permitem, para fincar marcos divisórios entre a consciência e a imbecilidade humanas, deste período, refletindo os valores da minha época, numa função denunciadora dos crimes praticados a céu aberto, à luz do meio-dia, ausentes da penitência daqueles que detêm o lucro, fator da subjugação dos ricos sobre as massas alienadas, relegadas a inúteis planos. Responder, na altura do drama, ao desafio do silêncio cúmplice dos absurdos desmatamentos e tanta destruição dos recursos naturais, a pretexto de produzir armas ou alimentos prejudiciais às espécies, sob os olhares obsessivos da rapinagem detentora do poder no mundo. Enquanto a máquina infernal da propaganda conivente usufrui do repasto oficial, passando caco de vidro por diamante, nas luxuosas feiras internacionais de tecnologia.
Usar a fala numa definição de princípios justos, destacando a honestidade como a melhor política e a dignidade como o único sentido dos sacrifícios coletivos, e fator de sobrevivência social, em um cenário de máscaras e fingimento, quando mentiras proliferam às escondidas e as versões satisfazem ao gosto amargo dos donatários nacionais, na medida em que adotam princípios inconfessáveis para comandar o destino da solitária multidão.
No andamento da escalada histórica de séculos e séculos assim jogados na lama, imprevidentes comandos desfilam, feras indomáveis, nos horários nobres das gerações, e tropas municiadas de sede e esperança gesticulam, nas trincheiras, avisos constantes da natureza seviciada, e sacodem, nos braços doloridos, as marcas dessa cavalgada grosseira. Novos dias, contudo, vêm nas margens do horizonte ao resplendor claro do Sol, exemplo maior de perfeição, num convite aos sonhos de união e paz a velhos corações indiferentes dos autores adormecidos da cena, que somos todos nós.

Não dêem rabo a nambu – por Pedro Esmeraldo

Esta frase eu vi pela primeira vez ser pronunciada por uma camponesa, moradora no Sitio São José neste município. Guardei-a em minha memória e agora passo a narrá-Ia para o conhecimento dos apreciadores da filosofia matuta.

Em décadas passadas, havia um afro-descendente que se dizia esperto e trabalhador, vangloriava- se, de momento a momento, achando que era o maioral. Bisbilhoteiro contumaz, afirmava que era versátil em seu trabalho. Esnobava e dizia que venceria a vida sem ajuda de ninguém. Os seus companheiros, não gostando de suas chatices, achavam ridículo as palavras exdruxulas que não expiravam nenhuma confiança. Apesar de inteligente, era completamente analfabeto, mas desempenhava bem as suas tarefas. Era sagaz e veloz no seu serviço. Era invejoso, pois tinha inveja do seus companheiros que melhoravam de vida. Salpicava conversas intolerantes, visto que se considerava o mais bem aquinhoado entre todos os seus colegas do sítio. Tinha um só pensamento, pois não tinha acordo com seus companheiros a não ser quando viesse em seu próprio benefício. Dizia que no futuro próximo seria rico sem ajuda de ninguém.

Um dia, não gostando da cozinheira do engenho do meu pai, inventou uma conversa caluniosa com essa mulher, queixando-se que estava sendo desprezado pela dita cuja. Meu pai, homem sério, gostava das coisas positivas, sem discriminação. Foi diretamente repreender a cozinheira dizendo para ela que todo mundo era igual e não aceitava discriminação.

A pobre mulher, muito ativa e com sutileza, olhou para o meu pai dizendo: Seu Zé, não dê rabo a nambu, porque nambu não tem rabo. Meu pai, muito experiente, compreendeu logo a resposta daquela mulher que quer dizer: Não dê valor a quem não tem.

Nesse episódio, relato o caso de alguns políticos do Crato, principalmente os ex- prefeitos que deram total valor ao Distrito da Ponta da Serra, desprezando totalmente os outros distritos. Esse pequeno lugarejo foi bem aquinhoado por esses políticos de pensamentos curtos e obteve todos os melhoramentos provindo da cidade - mãe - Crato, tudo isto provocado pela causa inobservante desses prefeitos que viviam pela cata de votos, causando aborrecimento aos demais distritos como: Santa Fé e outros e ainda, prova-se que, no sítio São José, que é totalmente desprezado pela municipalidade o único melhoramento que recebeu foi o fechamento de uma escola que está ocupada por marginais.

Nesse caso, observa- se que esses prefeitos preferiram valorizar a quem não merece, visto que acarretou a maior fatia do desenvolvimento, deixando os outros distritos ao abandono. Isso é um desaforo e um desrespeito ao contribuinte que paga imposto e não vê os melhoramentos desejados.

Como cratense autêntico, tenho de gritar, com brados bem alto e ao mesmo tempo, reclamar a falta de credibilidade desse políticos urubus do poder legislativo estadual. Um deles, sendo filho adotivo do Crato, apareceu com grande desrespeito, tirando do Crato um grande património, merecedor de melhores condições sociais, educativos e saúde, dando um equilíbrio moral e corti atividade peculiar a nobre cidade do Crato.

Lembro que o pequeno município é considerado como uma ave de asa quebrada, pois não pode voar e vive se arrastando pelo chão, exposta ao predadores.
Convém notar que esse distrito, bem contemplados pelo poder público, devia por ser, perto da cidade do Crato, tranformar-se em bairro; pois é melhor para si e para a cidade do Crato.
Crato - CE, 10 de Junho de 2010.