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domingo, 31 de agosto de 2008

UM NOVO GOLPE DE ESTADO?

Golpe de Estado, em resumo, é a tomada do governo fora das regras de sucessão e manutenção do poder. No Brasil os golpes de Estado são conhecidos e suas práticas exaustivamente estudadas pelos historiadores. Normalmente estas rupturas de processo ocorrem sob tensões sociais, quando setores conseguem manipular a opinião pública numa escala em que a manutenção do poder se torna insuportável. Os exemplos mais clássicos foram a instalação da república, a revolução de 30, a deposição de Getúlio em 45 e o Golpe de 64. No entanto tentativas frustradas sempre ocorreram ao longo do século XX sendo a maior frustração aquela em que Getúlio suicida-se para desespero dos golpistas.

Não parece que o país reúna uma situação de tensão social que sustente uma ação golpista. No entanto a prática de levantamento da opinião pública é constante, especialmente através da mídia. Hoje o centro da tensão, no entanto, é política, especialmente a política que envolve a própria noção de Estado "Mostesqueiriano". O poder executivo ultrapassa os limites do poder legislativo através de medidas provisórias e o poder judiciário, através do STF ultrapassa simultaneamente os poderes legislativo e executivo. Voltou-se à república dos "sábios" dos "doutos" que sob o manto medieval de suas vestimentas, decidem sobre tudo, até sobre o território nacional. Agora sobre algemas, noutro dia sobre aborto e segue a substituição dos poderes.

Os presidentes do STF se tornaram, por isso mesmo, agentes de visibilidade dos poderes econômicos e político. O atual presidente Gilmar Mendes não passa um dia que se apresente como o verdadeiro detentor de todos os poderes. Hoje mesmo diz que chamará o presidente da república "às falas". Um coloquialismo de esquina que não honra quem pronuncia a frase arrogante e nem a liturgia do cargo. No mesmo dia os principais jornais do eixo Rio-São Paulo, abrem suas manchetes para o fato. Gilmar Mendes atua como correia de transmissão de uma reportagem da revista VEJA.

Correia de transmissão, o motivo deve ser esclarecido. A revista publica na edição de final de semana uma denúncia de ação ilegal de escuta pela ABIN. O Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres teriam sido grampeados. Fonte da notícia não esclarecido, documentação da matéria não apresentada, os órgãos denunciados desmentem a notícia. Então se trata de suspeitas e suspeitas devem ser resguardas para a investigação.

No entanto, é aí que o golpe, na velha prática histórica brasileira se manifesta. Toda a mídia que tem peso estampa e denuncia a ABIN. Gilmar Mendes puxa as orelhas do presidente de um outro poder. Provoca uma situação de confronto. No mesmo dia, o senador Heráclito Fortes, convoca uma tal de Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso. Uma comissão mista que já quer ouvir o Diretor da ABIN Paulo Lacerda e o General Jorge Félix. O presidente do Senado já se manifestou. Nesta semana tem golpe em todos os textos. Claro que haverá a manifestação do contragolpe, isso é sempre necessário nestas questões políticas.

Pelo que se pode vislumbrar, a operação pode ser mais provinciana. Como estão presentes personagens importantes das organizações Daniel Dantas, inclusive a VEJA, é possível que tudo se organize para derrubar Paulo Lacerda e atar os braços da Polícia Federal na investigação SATIAGRAHA. É possível, mas no Brasil golpe é fato recorrente. E de qualquer modo as instituições já estão combalidas, especialmente o Senado e o STF (este por excesso de protagonismo político).

Noticias do domingo


Resgatando a memória de Crato
O Cura da Sé, Padre Edmilson Neves Ferreira, está tentando junto à Prefeitura de Crato reaver a pequena imagem de São Fidelis de Sigmaringa, ora exposta no Museu Histórico. A imagem pertencia à Catedral, mas foi doada ao museu anos atrás. Para quem não sabe, São Fidelis de Sigmaringa foi declarado co-padroeiro de Crato, por Frei Carlos Maria de Ferrara, quando este erigiu a pequena capela de taipa, coberta de palha, dedicada a Nossa Senhora da Penha. Se conseguir a devolução, Padre Edmilson construirá, na catedral, um nicho para expor a imagem de São Fidelis. Já existe até um projeto nesse sentido – feito por Armando Lopes Rafael – que prevê um afresco (pintura sobre parede) com Frei Carlos de Ferrara e sua capelinha e apequena imagem do co-padroeiro de Crato. Até que enfim seria materializada a primeira homenagem ao fundador da cidade!
Aqui me tens de regresso...
Em maio passado, a OceanAir anunciou o encerramento de suas atividades no Cariri. Agora, a empresa aérea voltou atrás. Nos próximos dias reiniciará suas operações no Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes. Brevemente serão divulgados os novos vôos – e novos horários – da OceanAir, a partir de Juazeiro do Norte.

Só no Crato...
E a nota publicada neste site, sobre a cassação do nome da Rua Imperatriz Leopoldina, como patrona de uma rua de Crato teve repercussão com lances inimagináveis. Descobriu-se que existem em Crato 3 (três) ruas com o nome Orestes Costa (uma no Grangeiro; uma avenida ao lado da Grendene e a mais recente: substituindo o nome da primeira imperatriz, a quem o Brasil deve na prática sua independência política). Pois é! Enquanto isso, o maior benfeitor de Crato – Dom Vicente de Paulo Araújo Matos – não foi considerado digno de ter seu nome numa rua da cidade. Até onde vai a insânia dos nobres vereadores...

Bem-vindos
O jornalista Lira Neto – que está escrevendo nova biografia do Padre Cícero – desembarca no próximo dia 12 em Juazeiro do Norte. Vem participar da consagração (no dia 15 de setembro), da Basílica-Santuário de Nossa Senhora das Dores. Quem também virá a Juazeiro do Norte, com igual finalidade, é o jornalista irlandês Tom Henningan, correspondente do “The Sunday Times”, de Londres, no Brasil. Tom também escreve para o jornal “Irish Times”, de Dublin, Irlanda.

Na crista da onda
E por falar em Juazeiro do Norte, o jornal eletrônico “Juazeiro do Norte on line”, está publicando matérias resgatando as visitas de Presidentes da República a Terra do Padre Cícero. Foram seis visitas: Castelo Branco, Ernesto Geisel, José Sarney, Collor de Melo, Fernando Henrique Cardoso e Lula da Silva. Foi em Juazeiro do Norte, durante visita para lançar o projeto de saneamento da cidade, que Collor de Melo, republicanamente, disse que “tinha aquilo roxo”...

A Imperatriz Leopoldina


No início de 1817, a Arquiduquesa austríaca Leopoldina de Habsburgo chegava ao Brasil, para se casar com o herdeiro do Trono de Portugal, o futuro Dom Pedro I. A vida do casal demonstrou que havia poucos pontos em comum entre ela e D. Pedro. Era Dona Leopoldina a primeira pessoa com uma boa bagagem cultural com quem ele entrou em contato íntimo. Ela o excedia muito em educação e cultura: Falava francês e italiano, estudava o inglês e aprendia o português rapidamente. Ainda pintava retratos e paisagens e tocava piano com perfeição. Tinha grande inclinação pela natureza e pelas ciências naturais. Com muita dedicação colecionava coisas referentes às ciências naturais, sobretudo à mineralogia. No setor da flora, da fauna e mineralogia, adquirira apreciáveis conhecimentos (OBERACKER, 1985 : 156).

Dona Leopoldina veio com sua Corte, formada de médicos, zoólogos, botânicos e músicos. A eles devemos os primeiros estudos feitos sobre o Brasil, na área das ciências naturais. Deve-se, ainda, à Imperatriz Leopoldina a primeira floresta urbana do mundo, a Floresta da Tijuca, existente na cidade do Rio de Janeiro. A essas virtudes, era possível acrescentar um senso político extremamente aguçado, uma notável capacidade de pressentir o momento da ação, e sugeri-la ao marido.

Vinha esse senso marcado por um acentuado amor, que desde logo desenvolveu, pela terra e pela gente do Brasil. Dona Leopoldina teve um papel decisivo na nossa independência. Em agosto de 1822, os brasileiros já estavam cientes que Portugal pretendia chamar D. Pedro de volta, rebaixando o Brasil, de Reino Unido para voltar a ser uma simples colônia. Com a eminência uma guerra civil que pretendia separar a Província de São Paulo do resto do Brasil, D. Pedro passou o poder à Dona Leopoldina no dia 13 de Agosto de 1822, nomeando-a chefe do Conselho de Estado e Princesa Regente Interina do Brasil, com todos os poderes legais para governar o país durante a sua ausência e partiu para apaziguar São Paulo.

Neste ínterim, a Princesa Regente recebeu notícias que Portugal estava preparando uma ação contra o Brasil e, sem tempo para aguardar a chegada de D. Pedro, Leopoldina, aconselhada pelo Ministro das Relações Exteriores José Bonifácio e usando de seus atributos de chefe interina do governo, reuniu-se na manhã de 2 de Setembro de 1822 com o Conselho de Estado, assinando o Decreto da Independência, declarando o Brasil separado de Portugal. José Bonifácio convocou o oficial de sua confiança, Paulo Bregaro, para levar a sua carta e a de Leopoldina para D. Pedro em São Paulo. Bregaro encontrou-se com o Príncipe e a sua comitiva nas margens do riacho Ipiranga no dia 7. Ao ler as cartas sobre os acontecidos no Rio, D. Pedro, referendando a medida tomada pela Princesa Regente, proclamou a Independência do Brasil.

Enquanto se aguardava o retorno de D. Pedro ao Rio, a Princesa Leopoldina, já como a primeira governante interina do Brasil Independente, idealizou a Bandeira do Brasil: Com o verde da família Bragança e o amarelo ouro da família Habsburg. A Princesa Leopoldina assinou o Decreto da Independência, separando o Brasil de Portugal em 2 de setembro de 1822, mas temendo uma repercussão negativa, por ela ser austríaca, José Bonifácio aconselhou-a a deixar o anúncio do decreto assinado a cargo de D. Pedro, este proclamou em 7 de setembro de 1822 o Decreto da Independência assinada pela Princesa Regente. Leopoldina dedicou seu trabalho à construção do Império do Brasil, depois da Coroação de D. Pedro, o casal visitava repartições públicas, inspecionava a alfândega e hospitais.

Morreu no dia 11 de dezembro de 1826, longe de seu país e de seu marido. Quando os sinos das igrejas e os canhões das fortalezas anunciaram sua morte, a população em massa foi prestar sua homenagem a Imperatriz, que era extremamente bem quista. Mulher de educação esmerada, à frente de seu tempo, de fino trato com as pessoas fizeram dessa mulher uma das personagens mais queridas do Brasil no início do século XIX.