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sexta-feira, 30 de abril de 2010

O risco das generalizações - Emerson Monteiro

Onda recente de notícias trouxe aos meios de comunicação ocorrências de pedofilia no seio da Igreja Católica, revelando as marcas humanas no seio da milenar instituição e sua longa história. Pessoas, sobre as quais pesavam responsabilidades extremas para o encaminhamento moral das novas gerações, no momento seguinte se veem no foco de acontecimentos ilícitos, a permitir o crivo da civilização que explora ao máximo o sensacionalismo e tende a precipitar conclusões, numa época fértil em denominações religiosas.
Defronte do quadro das mazelas verificadas no interior da maior e mais tradicional condutora de fiéis do Ocidente cabem algumas interpretações que signifiquem algo complementar aos libelos acusatórios impiedosos levantados.
A boa ciência reclama serenidade, invés de precipitação, nos sérios julgamentos. Porquanto há caldo volumoso, ainda a ser considerado, de serviços validos creditados aos quantos conduzem a Barca de São Pedro, como se costuma chamar a Igreja.
E no andar dos conceitos, desponta na memória o trecho da vida de Jesus quando lhe foi trazida ao exame uma mulher adúltera, que entre os judeus sofreria execução pública por causa do crime praticado, no império da lei vigente.
Perguntado qual sua posição ante a sentença, o Divino Mestre devolveu aos maiorais daquele povo, prontos exercer a pena e matar a mulher, as célebres palavras evangélicas: “Quem estiver sem pecados, atire a primeira pedra” (João 8, 1-11).
É isso que vem ao pensamento, na sede justicialista dos que reclamam justiça fria e cruenta aos delitos identificados nos grupamentos católicos, de algumas localidades do mundo, a esquecer aspectos valiosos de sensatez do conjunto católico, nas eras da sua história, evidenciando a exclusiva falibilidade humana dos níveis individuais de cada crime, o outro nome da generalização preconceituosa.
Igualmente, quase sempre os autores das severas condenações esquecem dos débitos da humanidade para com os sucessos multiformes da Igreja Católica em lances benfazejos. Apontar, de modo único e fatal, ordenar a pronta lapidação da instituição como responsável exclusiva pelos defeitos da raça composta de muitos indivíduos, que deve também ao espírito da justiça cristã sua vasta formação de mentalidade civilizadora, sujeita impor aos bons dores fruto de pecados particulares de uma parte desse todo, a denotar parcialidade e ingratidão.
Nisso a História prescreve um exame consciencioso dos casos indesejáveis e suas imediatas reparações, rumo aonde o joio nunca seja o trigo, sem pretender generalizar motivos parciais, coerência esta que ensina a Verdade, nas promessas do eterno Amor.

PSICOLOGIA, TEOLOGIA E FILOSOFIA: A ARGUMENTAÇÃO MARAVILHOSA, SIMPLES E CONVINCENTE DO PADRE FÁBIO DE MELO


(FOTO RETIRADA DA INTERNET)

Bernardo Melgaço da Silva
Já faz algum tempo que venho acompanhando, pela televisão, as palestras do padre Fábio de Melo. E mais recentemente, por uma questão de saúde, tenho mais tempo para assistir e analisar suas belas palestras – e ontem a noite (uma quinta-feira por volta das 22:00 horas – programa Direção Espiritual) foi um desses momentos raros e enriquecedores. Confesso que me emocionei com a sua facilidade de oratória e argumentação sustentada em três pilares: psicologia, teologia e filosofia. E padre Fábio tem ainda a seu favor uma qualidade de oratória carismática. Essas qualidades qualificam o seu verbo e o faz se aproximar das pessoas, aumentando cada vez mais os seguidores e admiradores (como eu!).

É importante frisar que não se deve confundir oratória com argumentação. São dois processos distintos, porém complementares entre si. Isto implica dizer que nem sempre um bom orador é também um bom argumentador. E vice-versa. O exemplo mais visível desse contexto-problema se percebe no campo dos debates da política partidária. Eu mesmo já tive a oportunidade de conhecer brilhantes oradores, no campo político, com deficiências graves de argumentação. Certa vez fui convidado por um jornalista, dono de um jornal local em Magé-RJ, para assistir uma reunião organizada no intuito de se desenvolver uma estratégia voltada para as eleições que se aproximavam. O dono do jornal me pediu, já no final da reunião, para que eu falasse alguma coisa para os candidatos ali reunidos. Falei apenas cinco minutos e agradeci pelo convite para participar daquela reunião partidária. É bom afirmar e informar que nunca me filiei a qualquer partido, isto porque a minha filosofia tem por base e fundamento um modo de vida unitária e jamais partidária. De modo que, no final da reunião o jornalista e também organizador do evento me chamou num canto da sala e fez a seguinte intervenção:

- Bernardo, eu sou um profissional da política, há mais de vinte anos, inclusive, já ajudei pessoas a se elegerem vereadores e/ou prefeitos. Eu sinto que você tem capacidade (e por isso percebeu) para avaliar a minha argumentação. Eu acho que hoje tive várias falhas – você percebeu isso?

Eu tenho um exemplo simples que mostra a diferença entre a oratória e a argumentação. O exemplo é o da caixa d´água. A caixa vazia e todos os tubos seriam a oratória. O conteúdo, a água, propriamente dito é a argumentação. Eu cheguei a fazer – há muitos anos! - um curso de oratória (aqui no Rio de Janeiro) com um senhor que, segundo ele mesmo, havia trabalhado como locutor no Rio de Janeiro ainda quando era bem jovem. E o seu apelido no meio artístico era “REI DA VOZ”. E de fato a voz daquele homem era de uma beleza rara (mesmo já bastante idoso!). Fui também professor da disciplina Teoria da Argumentação no curso de direito da Universidade Cândido Mendes (RJ).

Na antiguidade os filósofos (os verdadeiros!) gregos sabiam separar a oratória retórica da argumentação inteligente e ética. Os verdadeiros filósofos chamavam os retóricos de “PROSTITUTAS DO CONHECIMENTO”. E Jesus Cristo nos alertou: “cuidado com os falsos profetas [verdadeiros retóricos!]”. Nesse contexto, são raros aqueles que conseguem associar essas qualidades numa argumentação filosófica, teológica e psicológica - ao mesmo tempo! E Fábio de Melo é um desses religiosos que domina também a filosofia e a psicologia em suas palestras bastante saudáveis.

Prof. Bernardo Melgaço da Silva – NECEF/URCA (CE)

Hoje, Hoje, Show Musi(ca)minhos... às 19h, chegar às 18.40 por aí...

Com participações pra lá de especiais de:
Abidoral Jamacaru, Dihelson Mendonça,
João do Crato, Luis Carlos Salatiel,
acompanhados pela banda TRIO CARIRI e, o Mestre Jairo Starkey

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Os paulistas continuam o problema - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Tai, o pessoal da Dilma que me desculpe, mas Zé Serra é dos nossos. Fez movimento estudantil, estava ao lado das lideranças que defendiam o nacionalismo e o desenvolvimento brasileiro. Por isso teve que sair do país e depois voltou para a política dentro do PMDB, a grande federação de oposição ao que a ditadura significava. Quando o PMDB passou a ter a cara de apenas uma federação de interesses regionais, ajudou a fundar o PSDB com a bandeira da ética. Portanto, não procurem falar mal dele naquilo que ele tem de melhor. Estou com a pessoa dele, mas não com o personagem que hoje se apresenta para ser presidente.

O “personagem” tem a cabeça e o porte dos barões da Avenida Paulista, pensando que o Brasil é apenas eles e para eles. Por isso é contra o Mercosul. Por motivo específico. O motivo é que eles querem subordinar todo o resto ao modelo de São Paulo locomotiva, antes do Brasil e agora da América do Sul. Os vagões seguem lá atrás recebendo a brasa e a fumaça da Maria Fumaça. Explico melhor. Os Barões da Paulista ainda estão no tempo da Maria Fumaça.

O personagem decorou o texto e subtexto do pensamento liberal que veio desde Gustavo Corção, passando por “gênios” com Simonsen (recorde do separatismo do pai em 32) e Roberto Campos. Liberais, explico, nem tão assim, apenas a força de argumento para que tudo fique sob a guarda do núcleo único e superior do campo capitalista que se traduz, territorialmente, exclusivamente na elite paulista. As grandes famílias paulistas e todas as subordinadas no território nacional.

O texto, para que não venham cobrar-me a fonte, não é citação direta de Corção, Simonsen ou Campos. Ele passou pela CEPAL, é intelectualmente preparado e sabe fazer um “O” sem ajuda de uma quenga. É do “personagem” que falo, aquilo que representa. E ele representa aquele discurso liberal que viceja nas páginas da mídia das quatro famílias poderosas do texto paulistano: Frias, Civita, Mesquita e por adoção, os Marinho.

Uma questão deste pensamento se camufla por trás da questão Estado e Não Estado. Camufla-se atrás do discurso do Neoliberalismo, mas isso faz parte desta malandragem brasileira, “Prá Inglês Ver”. Aqui o Neoliberalismo tinha e tem um motivo. Qual seja o horror a que os fundos públicos venham a desenvolver o resto do país, tornando os outros estados mais fortes e relativizando o poder único paulistano.

Por isso mesmo as federações oposicionistas são isso mesmo, uma juntada de interesses, na maior parte das vezes, divergentes. Retornando à questão de então, quando o PMDB era muito forte em São Paulo. Hoje é muito difícil não pensar-se que as lideranças paulistanas, incluindo as velhas raposas do PSD, os medianos de movimentos de classe média e operária como Mário Covas e Almino Afonso, e o jovens intelectuais universitários como Serra e FHC não tivesse por trás o mesmo rancor aos militares. O rancor pela ousadia de alguns nacionalistas entre os líderes das forças armadas que pensaram num projeto nacional e tentaram abrir portas de desenvolvimento regional.

Agora sintam o motivo porque, mesmo sendo tão pródigo com a indústria automobilística paulistana, Juscelino Kubitschek sempre foi acusado de ser a fonte da inflação brasileira. E por quê? Por Brasília, mas não a cidade, mas a marcha para Oeste, criando novos pólos de desenvolvimento fora do círculo de giz paulistano.

Alguém, e com certa razão, apontará uma contradição. Mas se São Paulo é um mundo da concentração de capitais, o desenvolvimento regional só lhe seria favorável. É na tua cabeça, mas não na dos Barões, que são territorializados e amam os acordos unilaterais de livre comércio. São Paulo acima de tudo. Abaixo o Mercosul.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

COMPOSITORES DO BRASIL


Chorinhos e Chorões

Por Zé Nilton

Segundo o eminente pesquisador da Música Popular Brasileira, José Ramos Tinhorão, no seu livro Pequena História da Música Popular (da modinha à canção de protesto), Petrópolis, Editora Vozes, 1975, o chorinho nasce da polca, gênero muito cultivado a partir do final da primeira metade do Século XIX.

O choro não aparece logo como gênero, mas como “uma forma de tocar” estilizada por músicos populares do Rio antigo.

Do violão, os músicos tiravam tons usando as cordas mais graves, os bordões, que passaram a marcar a música tal qual um baixo, daí a expressão “baixaria” para este tipo de modulação.

“Pois seriam esses esquemas modulatórios, partindo do bordão para decaírem quase sempre rolando pelos sons graves, em tom plangente, os responsáveis pela impressão de melancolia que acabaria conferindo o nome de “choro” a tal maneira de tocar, e a designação de “chorões” aos músicos de tais conjuntos, por extensão.”

Do cavaquinho, saia o saltitante contracanto e a marcação rítmica, quando não o solo choroso que, com o advento da flauta, na segunda metade do Século XIX, estava assim formada a base musical do choro. O pandeiro entra bem depois, quando o violão perde o sentido da marcação e o samba batucado exige a percussão como acompanhamento rítmico.

Tinhorão, como bom marxista, releva esta expressão da nossa música como nascida no seio da baixa classe média do Segundo Império e da Primeira República.

Ele diz que “esta afirmação pode ser comprovada com o simples levantamento das profissões de 300 músicos, cantores, compositores, mestres de bandas e boêmios ligados a grupos de choros, referido pelo carteiro carioca Alexandre Gonçalves Pinto em seu livro de memórias intitulado “O Choro, Reminiscências dos chorões antigos”, publicado em 1936”.

Eu tenho este livro numa reedição do MEC/FUNARTE, de 1978. Uma curiosidade: o autor, Alexandre Gonçalves Pinto convida “o maior cantor e poeta de todos os tempos”, Catulo da Paixão Cearense, para prefaciar sua obra. Este se desculpa e não aceita tal empreitada pelos infindáveis erros gramaticais de toda a sorte encontrados nos originais. Mas aí já é outra história...

Em comemoração ao Dia do Choro, ocorrido em 23de abril pp. que coincide com o dia de S. Jorge, vamos apresentar um pouco da história do choro e tocar algumas de suas mais antigas/novas músicas desse gênero, no Programa Compositores do Brasil desta quinta.

Na sequencia:

Odeon, de Ernesto Nazaré, com Fernanda Takai
Corta Jaca ou “Gaúcho”, de Chiquinha Gonzaga, com Altamiro Carrilho.
Brasileirinho, de Waldir Azevedo, com Baby Consuelo
Um chorinho, de Chico Buarque, com Chico Buarque
Choros No. 1, de Heitor Villa-Lobos, com Turíbio Santos
Ingênuo, de Pixinguinha e Benedicto Lacerda, com Regional de Evandro
João Gilberto (raridade) – Carinhoso, de Pixinguinha e João de Barros, com João Gilberto
Noites Cariocas, de Jacó do Bandolim, com Jacob do Bandolim
Pedacinhos do Céu, de Jacob do Bandolim, com Ademilde Fonseca
Tico-tico no Fubá, de Zequinha de Abreu, com Roberta Sá
Chorinho nervoso pro Hermeto Pascoal, de Sivuca, com Sivuca
Tua imagem, de Canhoto da Paraíba, com Canhoto da Paraíba

Quem ouvir verá!


Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri – 1020
Quintas-feiras, de 14 às 15 h.
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Apoio Cultural: CCBN
Retransmitido pela rádio www.cratinho.blogspot.com

VESTIBULAR NO IFCE CAMPUS CRATO PARA CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO E ZOOTECNICA


Finalmente saiu do papel os vestibulares do IFCE CAMPUS -CRATO, para os cursos de Zootecnia e Ciência da Computação - os primeiros dois cursos superiores da nova entidade educacional, que garante um marco histórico em oferta de cursos superiores na região do Cariri cearense.

O IFCE CAMPUS CRATO inicia a sua divulgação no dia 15 de Abril, onde as inscrições serão de 3 de maio a 4 de junho, podendo ser feitas pela Internet (www.crato@ifce.edu.br) ou em qualquer Campus do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Estado do Ceará ( Crato- Umirim -Juazeiro do Norte -Iguatu - Cedro - Fortaleza - Limoeiro - Quixada - Sobral, etc). Porém as provas, que serão realizadas nos dias 21 e 22 de Junho de 2010, só se realizarão na cidade do Crato e em sua unidade de Umirim (região norte).

É o IFCE CAMPUS CRATO cumprindo a promessa de trazer para o Cariri os bacharelados de Zootecnia e Ciencia da Computação, dando mais uma opção educacional à nossa juventude, acabando de vez a dependência dos deslocamentos de nossa comunidade a centros mais avançados com objetivo de se preparar nestes dois cursos.

Fonte: Blog Retrato do Cariri Agropecuário

Estudantes do Polivalente se preparam para espetáculo "Nós, o estopim"


O espetáculo pretende interagir com o público e fazer uma grande brincadeira popular no dia 27 de maio no Sesc Crato.

Preparação do Espetáculo “Nós, o estopim” movimenta os estudantes da Escola de Ensino Fundamental e Médio Polivalente Gov. Adauto Bezerra no Crato. O Espetáculo reúne diversas linguagens artísticas, como teatro, dança, performance, música, poesia e audiovisual.

O espetáculo será apresentado no dia 27 de maio no Teatro do Sesc Crato e faz parte do projeto desenvolvido pela instituição chamado “Performance Poética e Armazém do Som”.

“Nós, o Estopim” é composto de fragmentos de cenas e acontecimentos em que o público a todo instante é instigado a participar. As poesias engajadas de Rosemberg Cariry, Salete Maria, Patativa do Assaré, Cacá Araujo e Alexandre Lucas narrará o discurso do espetáculo numa mistura entre a linguagem contemporânea, a cultura de massa e as manifestações da tradição popular.

Cerca de 50 estudantes deverão participar da apresentação. A idéia é aproveitar as habilidades dos estudantes. Para participar do espetáculo, os alunos passarão por oficinas de teatro, malabares, dança e produção de máscaras.

O espetáculo conta com a parceria da Companhia Cearense de Teatro Brincante, Coletivo Camaradas, Projeto Nova Vida, EEFM Polivalente Governador Adauto Bezerra Crato, Projeto Nova Vida.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Comentário sobre o trabalho de Geraldo Junior

Música: Geraldo Junior

April 23rd, 2010
 
Sexta-feira é dia de relaxar, deitar numa boa rede e uma boa música escutar.

A partir de hoje, a sexta-feira será o dia de trazer  aqui para o blog o que estamos escutando em nossa agência. Compartilharemos com vocês colegas, clientes e parceiros, um pouco do som que rola por aqui e nos trás a inspiração de cada dia.
Geraldo Junior
Geraldo Junior - Foto: Junior Panela

Começaremos com o CD – Calendário – O Tempo e o Vento, do músico Cearense Geraldo Junior, que, no momento, é o som mais “ouçado” na agência.
E para aqueles que gostam da boa música e do verdadeiro forró, aproveitem para saber um pouco mais sobre a história do Geraldo, assistir vídeos, ver fotos e até mesmo fazer o download do cd, através do seu site www.geraldojunior.com.br
Aproveitamos para parabenizar este cabra da peste que representa a nossa região à altura e desejarmos todo sucesso do mundo.

Vejam a matéria original no blog Leriado:

http://vf2.com.br/leriado/2010/04/musica-geraldo-junior/

Avatar - por José do Vale Pinheiro Feitosa

1 Rubrica: religião.
na crença hinduísta, descida de um ser divino à terra, em forma materializada [Particularmente cultuados pelos hindus são Krishna e Rama, avatares do deus Vixnu; os avatares podem assumir a forma humana ou a de um animal.]
2 processo metamórfico; transformação, mutação

James Cameron's epic motion picture, Avatar”.

Com tais palavras o site oficial do filme explica a que veio. Com todas as suas metáforas, fantasias, lendas das forjas de Hollywood, o pretensioso se mostra muito aquém (ou além) do resultado. É um filme pipoca, bebe nas águas de Walt Disney, mergulha nos diversos “Guerra nas Estrelas” e emerge, quase faltando o fôlego, com o discurso oficial da sociedade americana. Qual discurso?

Da sociedade e dos governos do hemisfério Norte. As riquezas materiais do território do sul não podem ser exploradas. Tudo aquilo que antes era reserva ao sul do equador, deve permanecer como tal para um futuro uso dos habitantes do Norte. Não é esta a metáfora direta, geraria revolta a sul e quem sabe até ao norte. É a metáfora indireta, aquela que, por travessa, diz o essencial: não toquem nisso que não é de vocês, é nosso.

É a posse “internacional” do território que antes ainda era tido como o inviolável das nações. A Amazônia é deles, o petróleo do pré-sal, também, o que é nosso é o subdesenvolvimento e a pobreza. Vamos olhar para o Avatar James Cameron: numa manifestação, internacional, contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte. Bem aqui no território nacional, junto a quem de direito e com o espírito, não metafórico, da mídia amiga do imperialismo.

Agora vamos à qualidade do discurso hollywoodiano tanto de Al Gore quanto este recente de Cameron. Aliás, se encontra mais explicitamente no filme 2012, quando o mundo é salvo, com uma arca de Noé moderna, construída para salvar apenas os espécimes do G8. Deve ter sido roteirizado e filmado antes da crise que caiu no colo deles com mais vigor que o argumento do filme.

É um discurso tipicamente de psicologia social, disfarçado de bem comum, para defender a reserva da qualidade de vida das sociedades avançadas, que consomem escalas assombrosas da energia do planeta e dos seus recursos minerais não renováveis e aqueles renováveis. Falam do bem comum com aquele direito de intervir no outro, preservando o seu modo como herança de privilégio.

Ora eles têm que pagar mais pelo que nos tiram. Devem consumir menos do que estragam para que, também, possamos. Precisamos de água limpa, escola decente, saúde coletiva, moradia de qualidade, melhorar enormemente as nossas cidades, articular a malha de transporte numa escala centenas de vez maior do que a de hoje. A metáfora deles corrompe os jovens e vicia os que desistiram das próprias pernas.

O Avatar não é nossa fantasia. É, sobretudo, o processo metamórfico, ou a mutação do discurso imperialista como modo de preparar o futuro exclusivo para eles. E o futuro deles não é tão distante assim. Amanhã virá o segundo capítulo com a exploração dos recursos.

Os culpados pela pobreza

Percival Puggina aponta causas da pobreza que os auto-proclamados e afetados defensores da "justiça social", com sua típica ignorância, nem se dão conta que existem.

Você sabe por que o Brasil não consegue solucionar o problema da miséria? Porque, de um lado, deixamos de agir sobre os fatores que lhe dão causa, e, de outro, nos empenhamos em constranger e coibir a geração de riqueza sem a qual não há como resolvê-la. As recentes mobilizações contra o agronegócio são apenas isso - as mais novas expressões de um fenômeno tão antigo e renitente quanto descabido. O pior de tudo é que minha experiência de seis décadas e pico me adverte: são mínimas as possibilidades de emergirmos dessa histórica tragédia que afronta toda consciência bem formada.

Creem os profetas de megafone, escrutinando os fatos com as lentes do marxismo, que os pobres no Brasil têm pai e mãe conhecidos: a natural perversidade dos ricos e a ganância essencial dos empresários. Em outras palavras, a pobreza nacional seria causada justamente por aqueles que criam riqueza e postos de trabalho em atividades desenvolvidas sob as regras do mercado.

Estranho, muito estranho. Eu sempre pensei que as causas da pobreza fossem essencialmente juspolíticas, determinadas por um modelo institucional todo errado (o 93º pior do planeta em 2009, segundo o WEF). Pelo jeito, enganava-me de novo quando incluía entre as causas da pobreza uma Educação que prepara semianalfabetos e nos coloca em 88º lugar no Índice de Desenvolvimento Educacional da Unesco. Sempre pensei que havia relação entre pobreza e atraso tecnológico e que nosso país não iria longe enquanto ocupasse o 68º lugar nesse ranking. Na minha santa ignorância, acreditava que a pobreza que vemos fosse causada, também, por décadas de desequilíbrio fiscal, gastos públicos descontrolados e tomados pela própria máquina, inflação e excessivo crescimento demográfico, notadamente na segunda metade do século passado. Cheguei a atribuir responsabilidades pela existência de tantos miseráveis à concentração de 40% do PIB nas perdulárias mãos do setor público (veja só as tolices que me ocorrem!). E acrescento aqui, se não entre parêntesis, ao menos à boca pequena, que via grandes culpas, também, nessas prestidigitações que colocam nosso país em 75º lugar no ranking da corrupção.

Contemplando, com a minha incorrigível cegueira, os miseráveis aglomerados humanos deslizantes nas encostas dos morros, imputava tais tragédias à negligência política. Não via como obrigatório o abandono sanitário e habitacional dos ambientes urbanos mais pobres. Aliás, ocupamos a 61ª posição no ranking mundial do acesso a saneamento básico. Pelo viés oposto, quando vou a Brasília, vejo, nos palácios ali construídos com dinheiro do orçamento da União, luxos e esplendores de desfile de escola de samba. O mais recente é o do TSE. São 115 mil metros quadrados de puro requinte, orçado em R$ 328 milhões (com essa grana se constroem 15 mil casas populares!). E só o escritório do comunista Oscar Niemayer abocanha R$ 5 milhões, graças ao monopólio de projetos que estabeleceu sobre a Capital Federal.

Mas os profetas de megafone juram que estou errado. A culpa pela pobreza, garantem, tampouco é do patrimonialismo, do populismo, dos corporativismos, do desrespeito aos aposentados, do culto ao estatismo, dos múltiplos desestímulos ao emprego formal. Não é sequer de um país que, ocupando a 167ª posição no ranking da desigualdade, vai gastar, sob aplausos nacionais, algo entre R$ 50 bilhões e R$ 100 bilhões no somatório da Copa de 2014 com os Jogos de 2016. Existem pobres, asseguram-nos, por causa da economia de empresa e dos empreendedores.

domingo, 25 de abril de 2010

As cidades atuais - Emerson Monteiro

Nas suas origens, a cidade surgia como solução dos problemas de uma humanidade solitária, assuntada em face das intempéries naturais. Quando os seres humanos notaram que a ordem individual das pessoas precisava encontrar alternativas comuns para seus problemas, naquele momento decidiram abrir mão dos valores da paz pessoal em nome da formação dos aglomerados coletivos e seguros.
E agora, transcorridos milênios de experiências, o que vemos são essas cidades lotadas de interrogações quanto a um futuro melhor, onde os dramas de que as pessoas fugiram ao deixar a selva apresentam face talvez tão pavorosa quanto no início da grande aventura social.
Às portas das residências urbanas batem hoje demandas de tão difíceis respostas que agoniam o espírito moderno como garras afiadas a pescoços descobertos. Em velocidade estúpida, o crescimento desordenado das populações já invade áreas de risco inadequadas e inóspitas; a construção de moradias anda a passos lentos em relação ao número de habitantes; as distâncias impõem milhões de transportes que abarrotam vias de circulação e tornam lentos os percursos entre a casa e o trabalho; a sobrevivência reduz conceitos morais em níveis jamais suportados de perversão, ocasionando guerra de classes e desconfiança mútua entre as pessoas, num somatório desordenado de vícios e violência, na coletivização da insegurança e da promiscuidade, tudo levando de roldão o sonho dourado da paz às raias de pesadelos e desencantos avassaladores.
Diante disso, os caminhos da política, velha reserva das respostas negociadas na praça pública, tornam-se tortuosos e ineficazes para oferecer frutos doces de honestidade a que se propunham nos primórdios.
As cidades, em consequência disso, acordam, dia após dia, na longa fila de espera dos novos meios promissores, e a natureza humana apenas amargura pela vida o descumprindo de seu papel de aprimoramento em grupo na força da paciência e da esperança.
Sob este impacto de mais desafios do que de satisfação segue o barco da história, a repassar às outras gerações aquilo que caberia aos contemporâneos resolver com habilidade, concluímos a título de um diagnóstico antes das soluções urgentes necessárias.

Pensamento para o Dia 25/04/2010


“Sua devoção por Deus deve ser contínua e ininterrupta como o fluxo de óleo de um recipiente para outro. Você deve ter observado que o jovem macaco se baseia em sua própria força para se proteger. Onde quer que sua mãe salte, ele tem de se agarrar rapidamente à barriga da mãe e não deve afrouxar seu abraço, mesmo quando separados. Igualmente, como um devoto, você deve passar pelo teste nas mãos do Senhor e abraçar o Nome do Senhor em todos os momentos e em todas as condições, incansavelmente, sem o menor traço de antipatia ou aversão, suportando ridicularização, críticas do mundo e superando os sentimentos de vergonha e derrota. A prática da devoção desse tipo é chamada Markatakishora Marga. Prahlada, grande devoto, filho do Senhor, praticou esse tipo de devoção.”
Sathya Sai Baba

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Óleo

Quando tu deixaste de lado
o porre e a loucura

fizeste inimigos.

Não é tão simples
largar da velha túnica.

Queimar os ossos.
Afogar-se no próprio oxigênio.

Quando percebeste a tolice
do eterno retorno

entes soberbos
diante do teu silêncio
ergueram-se com ira.

Mas nenhum mal (nem do céu nem da terra)
poderá te ferir a dileta alma

(nascida do fogo
e pelo fogo santa).

Mudar de pele
(enquanto os tolos blasfemam)
não é um milagre natural.

É preciso refluxo constante
da chama dentro do peito.

Dias e noites
margens opostas

pisando pântanos
jardins etéreos.

Ainda sentirás garras aos teus tornozelos.
Ouvirás vozes de veludo aos teus ouvidos.

Mas nenhum mal (nem do céu nem da terra)
cairá sobre tua cabeça
ornada por nuvens brilhantes.

Humano permanecerás atento.
Cercado de descuidos.

Leva contigo somente esta verdade:
nunca mais terás o sossego dos fracos.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

COMPOSITORES DO BRASIL


OS GRANDES FESTIVAIS

Por Zé Nilton

A Música Popular Brasileira recebeu forte impulso, nos anos 1960, com as edições de festivais. A TV Record foi a campeã em realizações de festivais, começando, em 1960, com o Primeiro Festival da Música Popular Brasileira, indo até 1969 com o quinto da série. Inda teve a primeira Bienal do Samba, em 1968.

A Globo tentou reviver o clima dos festivais a partir dos anos 1980 e em 2000, sem muito sucesso, embora contribuindo para o aparecimento de novos talentos.
Nesta quinta-feira vamos dar início a uma série de apresentações dos mais importantes festivais da MPB no Programa Compositores do Brasil.

Do primeiro festival, ocorrido em 1960, realizado pela TV Record não temos nenhum registro das músicas. Acredito ter sido um festival morno, pois seus compositores e intérpretes não eram tão conhecidos como o do ano de 1966, o segundo Festival de Música Popular Brasileira que, de cara, houve dois primeiros lugares: A Banda, de Chico e Disparada, de Vandré e Theo de Barros.

Vamos falar e ouvir as músicas do 2º. e do 3º. Festivais, e igualmente da Primeira Bienal do Samba, realizados pela Record, São Paulo.

Eis a programação:

2º. FESTIVAL DE MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
TV.Record – SP – 1966.
1º. Lugar
A Banda, de Chico Buarque, com Chico Buarque & Nara Leão
Disparada, de Geraldo Vandré e Téo de Barros, com Jair Rodrigues, Trios Maraiá e Novo.
5º. Lugar
Ensaio geral, de Gilberto Gil, com Gilberto. Gil (interpretada originalmente por Nara Leão)

3º. FESTIVAL DE MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
TV. RECORD – SP. 1967
1º lugar
Ponteio, de Edu Lobo e Capinam, com Edu Lobo, Marília Medalha & Quarteto Novo.
2º lugar
Domingo no Parque, Gilberto Gil, com Gilberto Gil & Os Mutantes
3º.lugar
Roda Viva, de Chico Buarque, com Chico Buarque e o conjunto MPB4.
4. lugar
Alegria, Alegria, de Caetano Veloso, com Caetano Veloso e o conjunto Beat Boys
5. lugar
Maria, Carnaval e Cinzas, de Luís Carlos Paraná, com Roberto Carlos e o Grupo
1ª. BIENAL DO SAMBA – TV. Record – S.P – 1968.
1º. Lugar
Lapinha, de Baden Powel e Paulo.C. Pinheiro, com Elis Regina
2. lugar
Bom Tempo, de Chico Buarque, com Chico Buarque
3. lugar
Pressentimento, de Elton Medeiros e Hermínio Belo de Carvalho, com Marília Medalha.
4º. Lugar
Canto Chorado, de Billy Blanco, com Os Originais do Samba (originalmente com Jair Rodrigues)
5º. Lugar
Tive, Sim, de Cartola, com Cyro Monteiro

Quem ouvir, verá!

Programa: COMPOSITORES DO BRASIL
Rádio Educadora do Cariri
Todas às quinta-feiras, às 14 horas
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Apoio: Centro Cultural Banco do Nordeste.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Pensamento para o Dia 21/04/2010



“Aquele que está envolvido em meditação, práticas espirituais e está imbuído de autocontrole e disciplina é querido ao Senhor. Tais devotos personificam fé, paciência, camaradagem, bondade, alegria e têm amor genuíno por Deus. Eles possuem discernimento, humildade, sabedoria e renúncia, e estão sempre conscientes de seu Eu interior. Eles estão constantemente imersos na contemplação da peça divina do Senhor (Leelas). Quem quer que se apóie sobre o nome do Senhor a todo tempo e em todas as condições, e derrama lágrimas de Amor quando o Nome do Senhor é ouvido de qualquer lábio, saiba que eles são devotos genuínos.”
Sathya Sai Baba

Convite


CD Tributo a Jacinto Silva
Produção de Tiago Araripe

O SOFRIMENTO DA ALMA E A FELICIDADE DO ESPÍRITO


figura retirada do livro MÃOS DE LUZ

Bernardo Melgaço da Silva

É difícil imaginar alguém que não sofre ou que nunca sofreu. Até mesmo Jesus sofreu na alma e na carne: “Pai, porque me abandonastes!”. Todos os seres humanos em todos os tempos sofreram de alguma forma. Somente o cadáver - o corpo! – não sofre. Eu não estou aqui falando apenas do sofrimento físico. As sensações de dor física e/ou psicológica são as mais vivenciadas e conhecidas. Em sã consciência ninguém deseja sofrer sem motivo algum. O sofrimento é um estado da alma: ”Pai, afasta de mim esse cálice (da tortura)” – Jesus Cristo na véspera de sua crucificação. Enquanto estado do ser de corpo, alma e Espírito vivendo numa mesma interdependência ontológica, o sofrimento humano faz parte da conexão sutil entre eles. E segundo Francisco Otaviano:

Francisco Otaviano

“Quem nasceu em brancas nuvens
E em plácido repouso adormeceu
Quem não sentiu o frio da desgraça
Quem passou pela vida e nunca sofreu
Foi espectro de homem – não foi homem
Passou pela vida
E não viveu”

A sensação de sofrimento e sua intensidade depende de cada um em seu estágio de experiência. Por exemplo, eu tenho uma amiga de 70 anos de idade (moradora do CRATO-CE) que sofre por ver sofrer um amigo seu qualquer. A alteridade é um fenômeno humano abstrato, mas vivenciado por todos. E o sofrimento da dor do outro em si, nesse contexto, é a alteridade no ato de compaixão sincera. Então, o que todos desejam em suas vidas? A resposta, segundo FREUD, não pode deixar dúvidas: é a felicidade. Todos querem ser felizes! Por inferência, pode-se dizer que todos não querem sofrer conscientemente. Então, por que sofrem? E por que não são felizes plenamente? As respostas são variadas, segundo seus autores. Assim, para FREUD (no livro Mal-Estar da Civilização) é devido ao caminho seguido na escolha do prazer. Ou seja, a maioria dos seres humanos confunde o prazer com a felicidade. Essa decisão equivocada faz com que se persiga um objetivo aparentemente verdadeiro, mas que se torna falso durante o processo de experiências e descobertas: “Existe um caminho que nos parece correto, mas que nos leva à morte!” (Bíblia Sagrada?????). E segundo o mestre Jesus Cristo, a causa é essa: ausência de Amor nos “corações” humanos! Os seres humanos não sabem o que e como fazer (“Pai, eles não sabem o que fazem”) com a energia sutil da felicidade, pois canalizam seu poder unilateralmente para o mundo concreto e conflituoso da alma. Por isso, nunca se realizam plenamente!
BUDA, há milhares de anos já afirmava que o mundo concreto é MAYA (ilusão). A decisão equivocada de seguir o impulso da libido e dos prazeres imediatos do corpo se torna falsa ou ilusória.

A história humana está repleta de sofrimento (p. ex.: o esquartejamento de Tiradentes) de si e do outro. Uma parte considerável da humanidade acredita que a causa de seu sofrimento é decorrente apenas de um fenômeno externo e independente da (sua) vontade humana. Tanto o budismo quanto o hinduísmo pregam o desprendimento ( segundo EINSTEIN: “faz-se necessário restrição e renuncia”) das coisas materiais. Entendo, que a maioria dos grandes mestres que descobriram o caminho da renuncia ou desprendimento, na verdade estavam falando do fenômeno do equilíbrio sutil das energias humanas em níveis mais elevados e transcendentais dos CHAKRAS (centros de energia e poder latentes em todo ser humano!). Nesse contexto, a felicidade (não confundir com o prazer de consumo sem limites) não depende diretamente de posição social, ideologia, posse ou propriedade de coisas materiais. Ela depende essencialmente do despertar da consciência para a existência desses centros de energia e poder (por isso esses centros foram citados diversas vezes pelo índio D. Juan nas histórias (livro) de Carlos Castaneda). E por inferência, pode-se dizer que o sofrimento humano é um caminho oposto de alienação de si mesmo. As doenças graves que provocam o estado de sofrimento tem em suas raízes no desequilíbrio energético como princípio desorganizador e perturbador dos impulsos circulantes nos diversos campos da multidimensionalidade (para além do gen!) humana.

A palavra-chave para a correção do caminho da felicidade incondicional é essa: disciplina interior com desenvolvimento da sensibilidade fina (o processo de racionalização se torna incapaz de nos fazer saltar para estados da consciência de dimensões sutis).

Em resumo: não se deve pensar obstinadamente – concentre-se e sinta o Amor que É você mesmo! Eu descobri, por caminho próprio, que a paz incondicional e todos os outros valores nobres são apenas conseqüências naturais dessa ciência ou caminho interior de vida-escolha própria.

“Conhece-te a ti mesmo” - Sócrates.
“A maioria prefere olhar mais para fora do que para dentro de si mesmo” – Einstein.
“O Reino de Deus está em vós” – Jesus Cristo.

Bernardo Melgaço da Silva
Prof. Do Departamento de Ciências Sociais da URCA
Pesquisador do Núcleo de Estudos sobre Ciência, Espiritualidade e Filosofia – NECEF/URCA

Superproteção - Um Castigo.

Luiz Domingos de Luna*

Os adolescentes, ao tempo da ditadura militar, sonhavam com a liberdade como um instrumento de auto-afirmação na família, nas comunidades e na sociedade como um todo. Pois, apesar do regime de exceção, a alma do espírito democrático a rondar o inconsciente ou "consciente maturativo". De que algo no espaço social, político precisava ser mudado. Este eixo espiritual não foi destruído pela força de dominação do militares à época.

A noção de mudança, sempre presente no tecido sociológico brasileiro, a inquietação grassava desde as camadas sociais mais baixas às mais altas – Elites.

O espírito mudancista marcado no meio social em todas as suas arestas, em proporções e intensidades constantes, como uma massa pensamental uniforme e invisível a incomodar o regime de opressão – Uma permanente inquietação.

A entrada no regime democrático um sonho realizado de um povo que não acostomou-se com a mordaça.

A mancha negra do regime de exceção não pode e nem deve ser um trauma para superproteção de crianças, adolescentes, ou mesmo adultos, por algo que não pertence mais ao mundo deles, pois, o relativismo político do estado brasileiro foi incorporado ao Estado Democrático de Direito.

Ao se propalar a superproteção às novas gerações, que vivem a liberdade, ideal sonhado pela anterior, está se criando um grande paradoxo, pois a própria liberdade almejada pela geração anterior não pode ser utilizada como ferramenta egoista, vez que, os pais passam a controlar os passos de seus filhos de forma intensiva, coercitiva desde o nascimento, formando assim, não filhos reais, mais filhos ideais, modelos, referências, projetos, tudo, menos,uma vida autônoma e soberana no espaço tempo.

A vida não pode ser um projeto de vida que não deu certo em um ideal sonhado por outrem, visto cada um, ser único, especial e total. Educação, orientação, sim, porém superproteção nunca, pois a superproteção é apenas um castigo disfarçado.
* Professor – Aurora – Ceará.
* Colaborador do Blog Cariri Agora.

Turnê mostrará trabalhos inéditos de Pachelly Jamacaru – Por Vitória Régia

Pachelly Jamacaru mora mais lá à frente. Pode subir que ele mora pertinho do topo da serra”, explicou a moradora da localidade de Belmonte, à cerca de 6 km do centro de Crato. Há mais de 24 anos, o compositor, fotógrafo e escritor que arrancou diversos elogios dos críticos, mudou-se para lá e descortina diariamente a paisagem exuberante da Chapada do Araripe. Ele se vê tão acimentado por estas terras que sua trajetória contundente incide com a história artística da região.

“As letras são inteligentes, o ritmo é marcante e bem diverso”, diz Francisca Silveira, que há três anos mantém uma banda de garagem.“Me inspiro nele ao tentar levar o Cariri no que produzo”. “Eu nasci com a sinfonia das reboadas dos trovões, numa noite de clarões no céu e sons dos atabaques dos Índios Cariris ressoando na Floresta do Araripe”, conta ele, revelando a ária de poesia que penetra desde as fotografias que cria ao seu comportamento.

Segundo Jamacaru, algumas vivências e imagens da infância já revelariam um legado de 400 composições. “O meu pai foi um seresteiro e comerciante. Dentre os produtos comercializados em seu armarinho, os instrumentos musicais eram os de vitrine. Nos dias de feiras, sanfoneiros, zabumbeiros e toda sorte de cantores populares, compravam e fazia cantorias no recinto, um prato cheio para os ouvidos de um menino descobrindo o universo dos sons”.

A face que mais ele se permite revelar é a multiplicidade, ou a qualidade de ser caleidoscópico, diria Clarice Lispector. Jamacaru ressalva que existem dois seres nele. O da arte e a pessoa comum. Ambos se reprocuram a todo instante, constroem valores e destroem os falsos valores. “Ora aprendiz, ora transmissor de conhecimentos. Um capricorniano estrito, vírgulas e ponto. Quanto ao artista, a crítica constituída, aqueles que conheceram o meu trabalho que tirem suas conclusões”, desafia.

Difícil ser ao menos indiferente à sua obra, visto que a própria arte dele parece açoitar o espectador. Suas músicas se enquadram em “tribal, urbano, rock rural, samba, baião, côco, canções ao vento, sons dos córregos, cascatas, da chuva, trinar de pássaros e canto de gia”, diz. A turnê Musicaminhos, no Centro Cultural Banco do Nordeste – Cariri às 19h30 da sexta-feira (30), mostrará composições inéditas em versões adaptadas à voz e violão.

Fonte: Jornal do Cariri

Vários anos após Tiradentes - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Entre as mais belas, históricas, simbólicas e bucólicas cidades brasileiras se encontra a cidade de Tiradentes em Minas Gerais. Ao lado da Serra de São José, a cidade tem ruas inclinadas, ladeiras consideráveis, um patrimônio barroco importante e numa das ruas principais se encontra o atelier de Oscar Araripe. Este nascido no Rio de Janeiro e descendente do território do Cariri.

Desta junção da cidade, que leva o apelido de Joaquim José da Silva Xavier, e o artista descendente do movimento Republicano de 1817, relevante na cidade de Crato, é que nasce esta história. A história de Tiradentes, nesta terra de doutores que até hoje se imaginam os herdeiros naturais da liderança nacional, basta ver que o argumento entra como fel da oposição ao Presidente Lula. Afinal o nome Tiradentes fazia parte da depreciação com que os “aristocratas” a serviço do colonialismo português e do sistema imperial, como humilhação, deram a uma das tarefas com que o jovem e pobre revolucionário ganhava a vida.

Uma coisa não se pode esquecer com o movimento republicano brasileiro, seus heróis começaram a vir do povo e não da “nata do lixo”. Tiradentes, com a República, passou a ser um dos primeiros heróis de origem fora da aristocracia escravocrata, de modo figadal ligada à Europa e não ao jovem país. Por isso, a 21 de abril, se lembra o enforcamento e posterior esquartejamento deste homem, 46 anos após seu nascimento não por acaso no distrito chamado de Pombal.

A morte de Tiradentes ocorreu 25 anos antes da revolução de 1817 e há apenas 3 anos após a Revolução Francesa. O requinte do processo fazia parte do “terror” com que a elite portuguesa e seus acólitos nacionais sentiam aquele tsunami a revolucionar a economia e a política européia. Deram-lhe a alcunha pejorativa, foi o único efetivamente executado e criaram “maldades” que até hoje infestam certas instituições e o pensamento político de certo tipo de gente.

Não se pode pensar em democracia que não se pense em igualdade. A humilhação do nome Tiradentes é a prova histórica da pretensão ao privilégio e à ética do meu pirão primeiro com que certo tipo de “condutor” e “formador de opinião” pretende perpetuar um mundo privado apenas para si e os seus. Corre no sangue, está na medula desta gente que teima em deixar cadáveres estendidos no chão.

Cadáveres não apenas enforcados. Mas esquartejados como Tiradentes. Com seu sangue escrever um documento declarando sinistra a sua memória. Deixar pedaços do seu corpo à margem do leito onde os brasileiros transitam para que se aterrorizem com o que lhes pode acontecer. Finalmente, no panteão do gólgota, apresentar sua cabeça decepada.

Assim agindo, se imaginam protegidos atrás das cercas elétricas e dos carros blindados. Pensam ter cortado toda a esperança da revolta e do ódio – pois o ódio é uma das esperanças mais intensas que existe – tanto em pensamento como em obra. Imaginam-se, como então, rasgar os escritos dos Iluministas e as cartas da revolução que tendem a fugir ao controle dos capitalistas.

CONVITE

SEMINÁRIO - NEGÓCIOS DA MÚSICA NO CARIRI

Convidamos todos os participantes da CADEIA PRODUTIVA DA MÚSICA DO CARIRI para participar deste evento que será um marco no desenvolvimento dos negócios da música no Cariri.

INSCRIÇÕES GRATUITAS

DATA: 29/04/2010 - 8 às 18h

LOCAL: TEATRO SALVIANO ARRAES, CRATO-CE

Programação

Painel 1 - MERCADO

Exportação de Música Brasileira

David McLoughlin (SP) – Gerente do Programa de Exportação de Música Brasileira executado pela BM&A (Brasil Música e Artes)

Mesa 1 – ASSOCIATIVISMO

Como pensar um novo mercado a partir do associativismo

Pablo Capilé (MT) – Membro do Espaço CUBO (MT), fundador do Circuito Fora do Eixo, Associação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin) e Casas Associadas.

Rafael Bandeira (CE) – Empresário do setor da música é proprietário do Hey Ho Rock Bar casa de show de Fortaleza, produtor de eventos, diretor da Associação Brasileira das Casas de Show e Casas Associadas de Fortaleza, membro da Rede Ceará de Música.

Painel 2 – CASES SEBRAE

Apresentação dos cases Brazil Central Music e Música do Espírito Santo

Décio Coutinho (GO) – Gestor de Projetos de Cultura e Artesanato do Sebrae Goiás

Roberto Maciel (ES) – Gestor do Projeto de Cultura do Sebrae Espírito Santo

Mesa 2 – PRODUÇÃO CULTURAL

Evolução e Profissionalização da Produção na Música Independente

Talles Lopes (MG) – Membro do Coletivo Goma de Uberlândia (MG), do Circuito Fora do Eixo Minas, Associação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin) e Casas Associadas, produtor de eventos culturais como o Festival de Música Independente Jambolada

Ivan Ferraro (CE) – Vice-Presidente da Associação dos Produtores de Disco do Ceará e diretor da Feira da Música de Fortaleza

Édio Callou (ADM 4899)
SEBRAE/CE
Escritório Regional do Cariri
Tel: (88) 3523.2025
Fax: (88) 3523.4455

terça-feira, 20 de abril de 2010

POLÍTICOS SEM HORIZONTES


Pedro Esmeraldo

Eis ai um título sombrio. Mas por que sombrio? Perguntava um jovem ingénuo que não compreendia esse significado. Bem, ao nosso ver, assim respondíamos: é por que não notamos interesses desses políticos em trabalhar pelo beneficio do povo. Atualmente, vemos um Crato esquecido, desprezado pela massa governamental. Agora mesmo, uma horda de beócio impede o desenvolvimento desta cidade.

Não suportamos mais esse descaso político. Observamos que alguns dele usam a prática de idiotices cometidos constantemente pelos subalternos, obedecendo fielmente ao seu grupo. Permanecem inconsequentes e são comandados por um bando de malfeitores que andam ao seu rumo dentro de uma esfera bajulatória .

Não queremos comentar fatos desagradáveis, mas desejamos retirar do nosso meio essas figuras dilacerantes, já que não reagem aos insultos provocativos e consideramos como sendo amigos de nossa terra. Isso nós não aceitamos de bom gosto porque notamos falsidade no seu procedimento.

Nesse momento, observamos alguns que permanecem na estaca zero, sem lutar e andam sem coragem não procuram solucionar os problemas agudos com expressão automática.Ocorre porém que a maioria desses homens exercem cargo político somente para usufruir das suas benesses e ocupam cargos relevantes que só satisfazem aos seus interesses.

Necessitamos de homens sérios, competentes, equilibrados e que tragam resultados com trabalhos eficientes que permeiam com forças de homens dignos, empurrando o barco no caminho do desenvolvimento. Olhem senhores, o Crato, desde há muito tempo, antes de aparecerem essas figuras incontroláveis e inconseqüentes no caminho da política, vem sofrendo amarguras, comendo o pão que o diabo amassou. Almejamos que essas pessoas assumam o comando, orientem a juventude para seguir o caminho que traga o limite da interseção desenvolvimentista da região.

Infelizmente, hoje não vivemos de bom grado com essa massa governamental que anda perambulando à toa, sem energia, dentro de um princípio democrático o que vive mergulhado numa lama putrificada, provocado pelos descases de certos políticos que não visam o povo e só visam a si mesmo, enriquecimento ilícito e impedem a permanência de pessoas dignas e convenientes de exercerem a profissão política.

Vivem pensando errado, sem nada produzirem. Quiséramos que dessem apoio a outras pessoas mais dignas e mais capacitadas para o trabalho.

Talvez não temos tanta inteligência como desejamos para exercer o comando de ordem administrativa e, por sua vez, pudéssemos substituir essa velharia arcaica por uma camada de jovem inteligentes e ao mesmo tempo, segurar o barco com força, a fim de evitar a decreptude com intuito de obtermos forças para transformar o ambiente num grau de vivacidade e de equilíbrio moral.

Cratenses, fujam dessa tortura imensa, procurem equilibrar-se permanecendo num ponto coesivo para que possam viver com equilíbrio estável e com coragem, igualar aos tempos modernos.

Somos revoltados porque somos desequilibrados moralmente. Temos que reagir, temos que lutar, pois avisamos que, até pouco tempo, o cariri seria uma maneira pensante, pois tudo que viesse para a região, o Crato seria bem favorecido porque era o equilíbrio percussor do desenvolvimento. Hoje, meu Deus, não somos mais bem aprimorados, já que, para se ter uma ideia, o regionalismo de hoje só é concentrado na cidade de Juazeiro do Norte. Por isso, temos de reagir, já que nos alegam que têm representação, isso é um descalabro, um desvio de força depressiva, um abalo moral, um desprezo ás outras cidades.

Ah! Assim dizem eles: É porque temos representação e por isso temos mais merecimento; Consideramos esta representação somente digna para ele, pois esses ditos representantes, que se dizem merecidos, vão buscar votos em outras cidades, prometendo loas mas não cumprem com suas palavras durante a sua campanha eleitoral.

Cratenses, tomem cuidado, temos forças para reagirmos, deixem de lado o comodismo e evitem que o Crato caia na mão desses carcarás que consideramos como sendo persona non grata para nós pois seu objetivo é dilacerar o Crato e nada mais.

Senhores políticos orientem a juventude façam-na entrar na política por que ela virá com mais coragem e disposição para o trabalho.

Crato, 19 de abril de 2010

Pensamento para o Dia 20/04/2010



“Quem destina sua riqueza, força, inteligência e dedicação para a promoção da humanidade é digno de reverência. São aqueles que nascem com um propósito nobre. Eles observam o voto sagrado do serviço, que não é manchado pelo pensamento em si mesmo. Esse ideal de serviço e a necessidade de praticá-lo constituem o cerne da educação. Isso é puro amor em sua manifestação principal. Deus ama as pessoas que empreendem atividades em benefício de outras pessoas como sendo seus filhos queridos. Esses são os irmãos e irmãs ideais como compatriotas.”
Sathya Sai Baba

Ainda haverei de ver! (?) - Por Jorge Carvalho

Concluído e revitalizado o estádio Virgílio Távora (O Mirandão). As ruas da minha cidade limpas, calçadas arborizadas, depósitos para a coleta seletiva do lixo. Praças revitalizadas e propícias ao lazer de crianças, jovens e idosos (os que as abandonaram criminosamente punidos pelo Ministério Público). As serestas retornaram a da Sé. Ainda haverei de ver! Os bairros do meu sofrido Crato sendo respeitados, seus moradores com direito fundamental de andar por ruas limpas, saneamento básico presente. Ainda haverei de ver O Sport Club do Crato, o querido rubro-negro da cidade, sendo o nosso representante no Campeonato Cearense (1ª ou 2ª Divisão). Ainda haverei de ver (ouvir) em uma emissora de rádio educativa ou universitária, instalada em minha cidade, a música de Abidoral, Pachelly, Salatiel, Leninha, João do Crato, Correinha, Eduardo Júnior, Aécio Ramos; Reisado do Mestre Aldenir, Côco das mulheres da Batateira, Reisado Dedé de Luna, Maneiro Pau do Mestre Cirilo, a poesia de Luciano Carneiro. Olival Honor, Bastinha, Josenir Lacerda, as crônica de Emerson Monteiro, Dr. José Flávio, Roberto Jamacaru, os artigos educativos de Alexandre Lucas. Ainda haverei de ver minha cidade possuir um sistema de transporte coletivo que atenda dignamente as crianças, adolescentes e trabalhadores que, confortavelmente se desloquem ao seu ambiente de trabalho ou seu local de estudo. Retornando da mesma maneira aos seus lares. Ainda haverei de ver as nossas escolas de samba retornarem à avenida iluminada (Dr. João Pessoa, Praça da Sé) num trabalho sério de resgate desta manifestação popular (o carnaval). Ainda haverei de ver as nossas festas tradicionais, cívicas, comemorativas (dia de reis, carnaval, dia do município, festas juninas, festa da padroeira, semana do folclore, malhação do Judas, natal... ) calendarizadas, discutidas com a população e não realizadas “em cima da hora” com intuito político eleitoreiro. Ainda haverei de ver o secretário(a) de cultura sendo eleito pelo voto popular. Ainda haverei de ver os nomes do saudoso Eloi Teles, do inesquecível e injustiçado Correinha sendo lembrados para “darem” denominação a alguns futuros logradouros que por casualidade a atual administração venha a construir (ainda haverei de ver?). Ainda haverei de ver na entrada da minha cidade, via bairro São Miguel, uma bela placa, bem iluminada com a frase: “BEM VINDO, AQUI NASCEU CEGO ADERALDO”. Outra, no bairro Batateira, com a frase: “VEM VINDO, AQUI NASCEU SÁ RORIZ – HERÓI DA SEGUNDA GRANDE GUERRA”. Ainda haverei de ver?

Jorge Carvalho
Abril/2010

segunda-feira, 19 de abril de 2010

ARTE, MÍDIA E ESPIRITUALIDADE: O NOVO PARADIGMA ESPIRITUAL (CHICO XAVIER)


Bernardo Melgaço da Silva
De tempo em tempo um novo paradigma surge para substituir, complementar ou transcender um outro fenômeno coletivo indutor, condutor e orientador. Na maioria das vezes os paradigmas estão superpostos ao longo do tempo, semelhante as fases de energia no campo do eletromagnetismo. De um modo geral, uma das fases (paradigma) se sobressai e domina um grupo, nação ou contexto histórico mais amplo. As outras fases continuam no ritmo natural de suas naturezas vibratórias.

A arte sempre esteve presente nas formas de representação da realidade ou na construção ou formatação do imaginário na base dos paradigmas. A música, o teatro, o artesanato, a pintura e outras formas de manifestação foram utilizadas e aperfeiçoadas pela humanidade. Assim, o homem evolui num processo criativo de aperfeiçoamento de seus instrumentos de representação bem como incorpora novas percepções decorrentes dessas experiências e descobertas. Nesse sentido, a identidade humana se entrelaça e se confunde com os instrumentos e objetos psíquicos, biológicos e metafísicos intrínsecos à realidade vivida. A força da criação está no poder de elevar a compreensão do homem: do ser fazendo e fazer sendo.

Nesse contexto, nos defrontamos com um paradoxo histórico. Pois, todo homem é ser antes de fazer, mas também é antes de tudo criador fazendo-se a si mesmo nas diversas circunstâncias em que as leis da natureza chama-o para um novo salto da consciência: autotranscendência. Ele é tanto a escultura quanto o próprio escultor de si mesmo! As expressões latinas EDUCARE e EDUCERE (educar de dentro para fora e educar de fora para dentro), nos faz compreender muito bem o duplo movimento da educação.

Assim sendo, fazemos e somos a realidade que desejamos e vivemos. Não há como fugir dessa verdade! Recentemente o cinema lançou um filme que já virou sucesso de bilheteria. O filme Chico Xavier! A arte se prestando a mostrar a realidade vivida por um homem comum numa cidadezinha do interior de Minas Gerais. Chico é um exemplo marcante da vontade humana que em sua humilde e pobre condição sócio-econômica mostrou para milhões que vale a pena aprender fazendo e fazer criando - e descobrindo! - a verdade mais profunda e universal de todos os tempos: a disciplina interior!

O caráter é, portanto, a alma esculpida com disciplina. Foi o que nos mostrou Chico Xavier. Chico não era apenas um médium dotado de uma capacidade rara de percepção do invisível. Ele é uma referência brasileira de caráter, integridade, honestidade, caridade, bondade e amor. Chico era um artista da alma humana. Ele esculpiu, pintou, representou e ensinou a ciência ou arte do ser-fazer-ser. No mundo caótico e escuro em que vivemos, ele se mostra com humildade como luz e exemplo de valores notáveis a serem seguidos. Por isso mesmo, o seu esforço e disciplina impecável coloca-o no topo dos grandes mestres da humanidade, ao lado de Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, São Francisco de Assis, Irmã Dulce etc.

O filme mostra um Chico humano com uma imensa espiritualidade-humanidade. O Chico-mito ou Chico-santo ele mesmo não desejava para si (segundo seus amigos mais próximos). Ele era simples, alegre, amigo, caridoso, hospitaleiro e consciente de suas fraquezas e deficiências humanas. O cinema religioso-espiritual brasileiro está de parabéns com esse lançamento. O próximo lançamento parece prometer sucesso também: o filme NOSSO LAR (baseado no livro psicografado por Chico Xavier). E para concluir vou citar uma frase de um pensador do século passado: “o próximo século será espiritual, ou, então, não será!”.

Bernardo Melgaço da Silva

A Semana que Passou - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Qual o resumo dos eventos internacionais da semana passada?

No início da semana

O Presidente dos EUA, antes fazendo alguns acertos com a Rússia, a segunda maior potência nuclear, convocou uma reunião com alguns países importantes do mundo. Para dizer o quê?

Qual seria a sua política nuclear e as repercussões dela em todo o mundo. E qual a do Irã nisso?

Nada, não tem coisa alguma, é apenas o sparring do big boxer do mundo. Dizendo para todo mundo que o Império ainda não caiu e que cada presidente, a seu bel prazer, decide como usar a Bomba sobre os outros. Antes o método Bush de agir, agora o de Obama.

Do meio para o fim

Quatro países com grandes extensões territoriais e grandes populações (o Canadá é apenas um Dândi que faz chá de caridade) se reuniram no Brasil e procuraram definir um plano de ação conjunta. Não caíram no jogo do Big Boxer de falar em armamento, simplesmente demonstraram que não usarão o Irã como sparring e partiram para coisas “piores” que a bomba.

Por exemplo: excluir os dólares das suas transações correntes; criar mecanismos de financiamento de suas trocas comerciais, ajudas estratégicas em vários setores de desenvolvimento.

Realmente a chamada crise está mudando o cenário mundial! Vejamos o que acontecerá nos próximos anos, tanto no calor do cotidiano pleno de reviravoltas, quanto no arco maior das grandes mudanças. Aliás, além de monitorar as reviravoltas, o mais importante é a grande mudança.

E o vulcão da Islândia?

Como tudo que é humano, está sujeito a saber-se onde o evento mais encolhe o sapato já apertado do sujeito com calos. Por exemplo, todo mundo enxerga o caos aéreo (isso é uma invenção da mídia brasileira em luta pela privatização da INFRAERO). Muitos aeroportos europeus amanheceram parados por conta da nuvem de poeira de um vulcão na Islândia. Então é isso o que significa o vulcão, para os viajantes, aviões no pátio e a impossibilidade de ir para determinado lugar. De outra forma já se sabe o que acontece: não saem do lugar. De castigo, ali mesmo.

Mas tem o pessoal do meio ambiente. O gelo da Islândia diminuiu, o solo ficou mais leve e os vulcões estão vomitando o magma da terra. Que dizer não irrompia antes, pois estava arrolhado pelo gelo.

Esta é a verdadeira e principal demonstração da dialética Hegeliano: o gelo e o fogo. O pessoal só não deve criar medo onde o horror já existe, o efeito é outro. Como a propaganda contra as drogas, apenas amedrontando onde existe tanto “barato”, como diria Geraldo Vandré: pelos campos há delírios, em tantos tormentos.

domingo, 18 de abril de 2010

Pensamento para o Dia 18/04/2010



“O trabalho feito sem interesse ou desejo pelo seu lucro, puramente a partir do amor ou de um sentido de dever, é Yoga. Tal trabalho destrói sua natureza animal e o transformará em um Ser Divino. Sirva a outros visualizando-os como Almas Divinas. Isso ajudará seu progresso e o salvará de cair do estágio espiritual que você alcançou. O serviço é muito mais salutar que votos e adoração. O serviço desintegra o egoísmo latente em você e alarga seu coração. Ele faz seu coração desabrochar.”
Sathya Sai Baba

No Metrô do Cariri - Carlos Eduardo Esmeraldo

Em 1977, em Reunião do Rotary Clube do Crato, um grupo de rotarianos defendia a retirada da Estação Ferroviária do centro da cidade, para instalá-la no Muriti. Esse grupo alegava que a ferrovia fechava sete ruas do centro da cidade. Opus-me a essa idéia porque em todas as grandes cidades brasileiras, as estações ferroviárias situavam-se no centro e os trilhos poderiam servir futuramente à implantação de um metrô de superfície ligando o Crato ao Juazeiro do Norte. No dia seguinte, um colega engenheiro da Coelce ouvia no noticiário do radialista Antônio Vicelmo, um resumo do que fora discutido na reunião do Rotary Clube do Crato do dia anterior. Então ele espalhou entre os demais colegas de trabalho que eu havia apresentado um projeto para instalação de um metrô no Crato. Por isso, fui vítima de muitas chacotas dos demais colegas da Coelce de Fortaleza.
Hoje faço esse registro. Eu andei no metrô do Cariri! Uma realidade que estaria ainda distante, ou possivelmente inviável se aquela idéia dos rotarianos cratenses tivesse sido posta em prática.
Espero que aquele meu colega da Coelce, a quem convidarei para ler este texto, tome conhecimento da realidade em que se tornou aquele meu palpite.
E que retorne o trem de passageiros de Fortaleza ao Crato.


Estação do São José, onde eu e Magali descemos procedentes do Crato!
(Nesta estação os dois trens se encontram na metade do percurso)
Fotos: Magali

Por Carlos Eduardo Esmeraldo.

sábado, 17 de abril de 2010

Um certo Padre Gomes - por Everardo Norões


Um certo Padre Gomes

Everardo Norões


Dez horas da manhã.
Na sala de aula, duas altas janelas cortam
o claro dos céus em pedaços.
O professor profere a chamada.
O verbo é ‘proferir’; ele nunca chama: ordena.
Ele é padre, mas nada tem a ver com seus pares.
Basta ver o corte da batina, a faixa à cintura
que mais parece um obi de samurai.
Postura de quem está sempre à espreita,
aguarda o ataque.
Pronuncia os nomes, não os repete; olha a cara de cada um,
baixa a vista para o livro de anotações, escreve.
O que contam esses registros?
Depois, se não aprova o nominado,
ele o dispensa antes do início da classe.


(Comenta-se que presa à faixa não há uma katana,
o sabre japonês, mas um Smith&Wesson .38 duplo.
Única concessão que faz ao império do Tio Sam.)



Assim fala a fotografia:
cinzento é o ginásio na sua arquitetura cansativamente simétrica,
corredores de piso de mosaico, campainha para retinir recreios,
sanitários malcheirosos a lançarem seus eflúvios
sobre o amplo pátio.
O pátio:
um quadrado de terra vermelha,
onde nenhuma grama cresce, como no chão de Átila.
Às 5h30 da manhã, e durante uma hora a fio,
os alunos, na aula de educação física, aqui são tratados
como cabos de guerra pelo sargento do Tiro.
A cor da argila designa o bairro do Barro Vermelho,
lugar onde foi fuzilado Pinto Madeira, pertinho daqui.
Ainda se busca a mancha de sangue, o buraco da bala,
o sopro da última palavra.
Inútil:
tudo aqui foi destruído:
a rua de azulejos portugueses,
a calçada dos morféticos,
o piano que ressoava na rua
as lembranças de Branca Bilhar.


(A cidade conspurca com crueldade seus espectros.)



Ao lado do retângulo vermelho, a dita sala, igual a vinte outras,
com seus trinta alunos sentados em carteiras de madeira de lei.
Numa delas, as duas iniciais de um nome;
em outra, um signo-salomão, uma meia-lua ou um ferro de gado.
Nada de sugestões pornográficas ou insinuações subversivas.
Ninguém se iluda:
neste reduto da diocese não apenas se aprendem
as matérias do currículo:
aqui também se é iniciado no exercício da delação.


A aula começa.
O professor comenta a diferença entre os homens do interior
e os que ficaram pelos litorais,
a arranharem a terra como caranguejos,
dixit Frei Vicente do Salvador, ou Vicente Rodrigues Palha,
nome laico do jesuíta baiano que descreveu a vida na Colônia.
A linha de pensamento do mestre se insinua
pelos meandros do rio São Francisco.
É regida pelas observações do mais brilhante historiador
de seu tempo, Capistrano de Abreu, ateu e, para seu desgosto,
pai de uma freira que se refugiou no claustro
e fez voto de silêncio.



O curso do pensamento do professor acompanha
o do Grande Rio, desemboca no Riacho da Brígida.
Busca um Ulisses,
entre preadores de índios da Missão do Miranda, ex-Itaytera.
Um Ulisses capaz de conservar engastado o rochedo
sob os pés da Virgem da Penha,
para impedir que a Serpente não o rompa
e sejamos arrastados pela Grande Água.
Na brecha dos mitos, ele, o padre, professor, pesquisador,
vasculha nomes carreados de Sergipe, Pernambuco, Bahia,
catapultados pela Casa da Torre,
perdidos nos brejos, ribanceiras, serranias.
Onde estará nossa Ítaca?



(Como discernir na partitura do tempo o que se tornou usura da história?
Todo texto é ficção, dizem.
Nenhuma sessão da memória se repete com a fidelidade do cinema.
Apenas o cenário pode permanecer imutável.
Remontagens arqueológicas sedimentam nossos delírios e
as ruínas refeitas guardam detritos que suscitam apontamentos bizarros,
registros em cadernos esquecidos.
Pois a história, escreve José Honório Rodrigues, “não é só fato:
é também emoção, o sentimento, o pensamento dos que viveram
– a parte mais difícil dos negócios humanos”.)



Voltemos ao Padre, seu outro lado,
seu silêncio martirizado no quarto de estudos,
onde dormir é privilégio.
Aí doma seus fantasmas, suas letras.
Não tem com quem conversar, aprofundar argumentos,
buscar o verme que contamina o miolo de seu fruto,
o fruto vermelho da História.
Busca nos alfarrábios, cruza garatujas de batistérios.
E sempre Nascimento e Morte de permeio,
desmontados em árvores desenhadas em páginas coladas,
para chegar ao mais idiota descendente
de um coronel qualquer da Guarda Nacional.



O Álbvm do Seminário do Crato, de 1925
– álbvm com ‘v’, para imitar o latim da Santa Igreja –,
registra o aluno na página 202; o clérigo, na 207.
A fotografia da página 189, carcomida pela traça, revela:
batina, barrete, mas sem a capa romana
que o acompanharia durante tantos anos,
tremulante e negra sob o sol dos Cariris.
Pois assim reza o artigo 12
do capítulo III do Regulamento do Seminário Maior:
“Uma modéstia sem afetação e um porte digno
resaltem do seu todo, mormente nos actos religiosos
e quando estiverem recebendo instrucção” (sic).



É necessário lupa para recompor feições e formas.
Segundo da segunda fila, da direita para a esquerda.
A cabeça encoberta inclinada à direita;
deixa-se ver o relógio de algibeira,
quem sabe um Patek Philippe.
O rosto é magro; o nariz, aquilino, mouro;
as orelhas não se deixam passar despercebidas.
Não mira a objetiva do fotógrafo.
É uma visão para o largo,
um ar que o distingue da bonomia do grupo.
Tem um ar triste, inquieto.
Escreverá mais tarde:



“A zona é percorrida por rios secos e serranias de altura medíocre,
de platôs e faldas férteis, abrindo-se em depressões
vulgarmente conhecidas por boqueirões.
Florestas e serras de altura de mil metros, mais ou menos,
e as margens de rios, águas em lagoas, olhos d’água e cacimbas,
barreiros salgados, forragens substanciosas,
campos mimosos e agrestes ao lado de catingas,
carrascais e ilhas de cacto,
eis outra face da fisionomia natural da terra,
tudo conforme acentuou Capistrano de Abreu”.



Sempre Capistrano, o grande Mestre.
E, já assimilada, a leitura de Euclides.


Um homem sozinho atravessa a cidade:
batina negra, capa romana, faixa à cintura.
Segue o trajeto que vai da igreja da Sé ao Ginásio.
Quantas vezes terá feito esse percurso?
Saúda Tandô, sentado no meio-fio da praça.
“Em que pensa esse padre, com jeito de homem”,
se pergunta o anão?
Aqui tudo é vigiado.
A cada janela há um olho à espreita.
O padre caminha sem prestar atenção a quem passa,
nem atentar para quem se furta por detrás das gelosias.
Anda rápido para dar tempo à chamada do refeitório e,
logo depois, recomeçar reflexões e leituras.
Abrirá a porta de vidro da estante de cedro
com a chave escondida dentro do sapato, enrolada na meia.
Lembrança do regulamento, de quando era regente:
“Só poderão fazer leituras extra-programma mediante prévia
autorização do Padre Prefeito” (sic).
(As duas maiúsculas encerram o assunto.)


Equivoca-se quem pensa que sua busca tem como finalidade
cruzar ramos de famílias, desvendar mancebias,
revestir de letras de nobreza alguns filhos da terra.
Sua história tem dupla leitura:
de um lado, parece agradar a quem procura na veia
mínima gota de sangue caramuru.
Mas a outra vertente é a que mais lhe importa:
seguir os rastros do autor
de Caminhos do povoamento,
contrapor aos heróis oficiais de guerras subalternas
a saga dos anônimos.
Ou seja: catar os detritos da história,
cônscio de que o passado nunca fica para trás:
continua a vicejar entre os vivos,
como as bactérias nos corpos em putrefação.



Em 9 de janeiro de 1941, Padre Gomes,
nos Cariris, longe de tudo, ensina, pesquisa, escreve,
elabora e medita, sozinho.
Nesse mesmo dia,
sob a França ocupada e 5 dias
após a morte de Henri Bergson,
Paul Valéry pronuncia na Academia Francesa
o belíssimo elogio fúnebre ao filósofo,
de uma simplicidade que surpreende quem está familiarizado
com a escrita carregada de erudição e de refinamento do poeta.
Diz da alta figura de homem pensante que foi Bergson,
talvez um dos últimos, segundo Valéry, que teriam exclusivamente
e profundamente pensado, num mundo
em que se pensa cada vez menos:
“enquanto a miséria, as angústias, as limitações de toda espécie
deprimem ou desencorajam os empreendimentos do espírito”.
Observações sobre um homem pensante:
aplicam-se perfeitamente ao padre de Brejo Santo.


Passa o Padre Gomes e Tandô, o anão, se pergunta:
“Em que diabo está pensando esse homem?”
Somente hoje é possível compreender
o porquê daqueles passos apressados,
daquela inquietação permanente,
de sua genialidade e equívocos.



A fotografia:
não é mais necessário lupa para recompor as feições.
Não mira a objetiva do fotógrafo.
É uma visão para o largo,
um ar que o distingue do resto.
Tem um ar triste, inquieto.
Pensa num mundo mais largo, sem cadeias,
distante do jugo das genealogias,
longe de um sol que é o mesmo sol de todos os dias,
segundo Machado de Assis,
onde nada existe que seja novo,
onde tudo cansa, tudo exaure...

por Everardo Norões

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Acordos e desacordos na Mídia Televisiva - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Pedreiro joga duas filhas da ponte

E não foi a ponte que caiu, mas valeria o trocadilho. Inconformado com a separação da família e com a ordem judicial que o proibia de chegar perto das filhas, um pedreiro, na cidade de Serra, jogou as duas filhas pequenas de cima de uma ponte. A cena foi vista por testemunhas e os bombeiros procuravam os corpos.

E a cara de asco dos apresentadores de televisão da rede nacional? É que esqueceram o espetáculo que foi o noticiário da investigação, indiciamento e condenação do casal Nardoni. Didaticamente ensinando pais a jogar filhos indefesos do alto.

Propaganda dos ruralistas contra o MST

A Confederação Nacional da Agricultura - CNA, diga-se a Senadora Kátia Abreu do Democrata, pagou em cadeia nacional, no caríssimo Jornal Nacional, uma propaganda contra o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - MST. Como todo bom disfarce da propaganda, elogia os hectares da Reforma Agrária. Não é esta a vocação da CNA.

Na verdade a luta de duas organizações: a dos Proprietários contra a dos Não Proprietários querendo propriedade. Ao invés dos versos “como o céu é do Condor”. Mas é a contradição do capitalismo proprietário: todos a querem. Pelo meio da tarde de ontem, correu a denúncia que a CNA queria que o Jornal Nacional divulgasse um vídeo feito por ela, com pessoas sendo supostamente torturadas por integrantes do MST, como se fosse um fato jornalístico. A matéria caiu, mas seria fatal se tivesse sido veiculada no mesmo dia da propaganda.

Chuvas matam pessoas por deslizamento. Em Salvador!

Na semana passada, escudada por um relatório do Tribunal de Contas da União, o Jornal Nacional, no calor da tragédia das chuvas no Rio de Janeiro, acusou o governo federal de só ter beneficiado a Bahia com verbas. Era uma pequena parcela das verbas federais com financiamento de obras que podem conter enchentes.

Ontem Salvador sofreu o impacto das chuvas. Morreram pessoas em deslizamentos. Áreas forma alagadas. Sergipe também sofreu. As verbas federais, em conjunto com recursos do Estado e do Município ajudaram muito em várias áreas.

O Jornal Nacional, no plano profundo da cultura, levantou o velho preconceito contra o Nordeste. Não é por menos que no final deste ano conversando com um subsecretário da fazenda de Santa Catarina, ele se queixava que a tragédia das chuvas por lá, tinha uma causa nas despesas federais com os pobres nordestinos. Trazia, na maior como se não estivesse conversando com um nordestino, a mesma lenga-lenga da direitista Liga Norte Italiana, querendo empurrar o Sul da Itália, simbolicamente, para as costas da África.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Programa Compositores do Brasil com Pedro Caetano

Por Zé Nilton


A ginga das músicas desse paulista e excelente compositor brasileiro, chamado Pedro Walde Caetano, é tipicamente carioca. Chegou muito novo ao Rio de Janeiro e, a partir da década de 1940, inicia, como muitos, a vida de compositor no Rio de janeiro, centro por excelência das artes no Brasil.

Pedro Caetano passa para a História da MPB como um compositor de estilo simples, mas de composições em que realçam valores melódicos e harmônicos, resultando em contribuições à renovação da nossa música popular. O detalhe é que não teria vivido economicamente somente da música, fez mais de 400. Nunca abandonou o ofício de Calçadista, e morreu pobre, igualmente a muitos e grandes compositores brasileiros.

No Rio de Janeiro, Pedro Caetano se fez compositor e teve muitos parceiros, como Wilson Batista, Evaldo Gouveia, Guilherme Brito etc., sendo um deles – Claudionor Cruz – também paulista, seu parceiro predileto.

Remeto o leitor interessado em conhecer mais da vida e da obra do compositor Pedro Caetano para os sites informativos sobre a Música Popular Brasileira.

Enquanto isso, esperamos contar com a audiência do ouvinte, nesta quinta-feira, no Programa Compositores do Brasil, quando estaremos rendendo homenagens a Pedro Caetano, apresentando algumas de suas mais belas composições, como:

- Disse me disse de Pedro Caetano e Claudionor Cruz, com Carlos Galhardo, gravação de 1945;
- Haja carnaval ou não- Francisco Alves (Pedro Caetano e Claudionor Cruz, com Francisco Alves, gravação de 1945;
- O que se leva dessa vida, de Pedro Caetano, com Ciro Monteiro, gravação de 1946;
- É com esse que eu vou, de Pedro Caetano, com Elis Regina, gravação de 1972;
- O Samba agora vai, de Pedro Caetano, com Quatro Ases e um Coringa, gravação de 1946;
- Eu brinco, de Pedro Caetano e Claudionor Cruz, com Francisco Alves, gravação de 1946;
- Botões de laranjeira, de Pedro Caetano, com Cyro Monteiro, gravação de 1942;
- A Dama de vermelho, de Pedro Caetano e Alcy Pires Vermelho, com Francisco Alves, gravação de 1942;
- Foi uma pedra que rolou, de Pedro Caetano, com Joel e Gaúcho, gravação de 1940;
- Onde estão os tamborins, de Pedro Caetano, com Quatro Ases e Um Coringa, gravação de 1947;
- Um juramento falso, de Pedro Caetano, com Pedro Caetano, gravação de 1964.
- Nova ilusão, Pedro Caetano, com Paulinho da Viola, gravação de 1972.

Quem ouvir, verá!

Programa: COMPOSITORES DO BRASIL
Rádio Educadora do Cariri
Todas às quinta-feiras, às 14 horas
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Apoio: Centro Cultural Banco do Nordeste.

O Programa Bolsa Família e a Educação - por José do Vale Pinheiro Feitosa

E o Bolsa Família? Demonizado por alguns setores como um programa demagógico, que “vicia o cidadão”, não tem uma porta de saída e apenas serve como esmola. O Bolsa Família vai muito além do “preconceito”, do ódio partidário e do desprezo a quem vivia no limite da vida sob os pés da irresponsabilidade social, econômica e política de uma sociedade egoísta.

O Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (CIP-CI) do PNUD, órgão das Nações Unidas, em parceria com o Governo Brasileiro, examinou o Bolsa Família. Do ponto de vista inclusivo, ou seja, analisando os desdobramentos históricos do Programa e apontando a porta de saída para o mesmo. O melhor ponto de corte é a educação, aquele valor que todos, à direita e à esquerda, consideram universal para o progresso das pessoas e das famílias.

A primeira indicação é de que este programa de transferência de renda combate os dois empecilhos principais para o acesso à escola: a) o trabalho infantil e, b) custos diretos com educação como uniforme, livros e mensalidades. E para deleite dos dois principais partidos em luta eleitoral este ano, PT e PSDB, o estudo começa em 1998, ainda com o Bolsa Escola, e foi até 2005.

Usando indicadores da educação, o estudo conclui que nas escolas públicas em que havia alunos beneficiados pelo Programa, a taxa de matrículas cresceu em todo o ciclo do ensino fundamental (5% da 1ª a 4ª e 6,5% da 5ª a 8ª), houve redução da taxa de abandono e aumentou a taxa de aprovação. E tem um efeito mais importante ainda, resolve o problema da equidade, ao impactar mais sobre as populações mais desiguais e sendo assim as taxas de matrículas que mais cresceram foram: negros, pardos e índios.

Após um ano de programa, o aumento das matriculas foi 2,8% na média das escolas, mas chegou a 13% nas escolas que atendem populações mais predominantemente negras. Vale salientar que estes percentuais que podem fazer alguém torcer o bigode por achá-lo baixo, considere que este foi o crescimento na população escolar como um todo, considerando as crianças que não recebem os benefícios do programa. No entanto, quando se observa o impacto apenas sobre o segmento mais pobre da população, onde estão os beneficiários do programa, se viu um aumento de 18% na taxa de matrícula, de 2% na taxa de aprovação e redução de 1,5% na evasão escolar.

Agora algo para se refletir muito bem. A municipalização se mostra cada vez mais virtuosa para o progresso da população brasileira. Programas de Previdência Social, Transferência de Renda, Educação, Saúde e Saneamento, entre outros, não teriam a mesma eficiência sem a flagrante intervenção municipal. Pode dar desvio, isso acontece, perseguições eleitorais etc., mas nada é mais eficiente em termos de políticas públicas.

Enfim: a sociedade precisa ser menos egoísta, mais inclusiva e muito menos arrogante quando pensa apenas com o fígado das disputas eleitorais. Toda sociedade possui valores que vão além desta disputa. Bandeiras que unem a todos.

terça-feira, 13 de abril de 2010

A fé – Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

A fé é um dom gratuito de Deus que além de deixar os nossos corações purificados, nos salva. Através da oração, ela pode ser aumentada. Quem tem fé faz a diferença e supera dificuldades que parecem impossíveis, pois ela nos dá um melhor discernimento para solucionar nossos próprios problemas. A pessoa que tem fé, além de acreditar na existência de Deus, faz-se necessário que acolha o seu projeto, fazendo a vontade Dele. A fé em Deus deve estar em primeiro lugar do que a confiança em qualquer coisa. Se buscarmos a fé, Deus a fortalece.

A fé não nos desliga da realidade, ao contrário, ela nos impulsiona a participar da vida das pessoas na comunidade. Ela exige que tenhamos coerência de vida: na política, nos negócios, no lazer, na profissão, na família e na própria religião. A fé está ligada a esperança e ao amor e não aliena as pessoas, pois fé e vida andam juntas. Com os olhos da fé podemos enxergar melhor e termos consciência dos problemas dos nossos semelhantes. Por isso além de louvar a Deus, temos que ajudar na transformação do mundo procurando torná-lo melhor.

Quem tem fé confia que o plano de Deus está se realizando em seu íntimo, apesar das forças do mal, das incompreensões dos outros, das dificuldades e da demora nas transformações interiores.

O Evangelho de João nos traz a memória do apóstolo Tomé, que só acreditou em Jesus ressuscitado quando o viu. Esse fato nos faz compreender que as testemunhas oculares são tão importantes, quanto às pessoas que não estiveram perto de Jesus ressuscitado. Apesar de Tomé ter estado com Jesus antes da paixão, ele impõe uma condição para crer: “Se eu não vir as marcas dos pregos nas mãos de Jesus, se eu não colocar o meu dedo na marca dos pregos, e se eu não colocar a minha mão no lado dele, eu não acreditarei”.(Jo 20,25). Quantos de nós não somos como Tomé e exigimos provas para acreditar?

Jesus se apresenta diante de Tomé não de modo particular, mas na comunidade, juntos dos discípulos. Pois desta maneira, é que as futuras gerações acreditarão na ressurreição. Como? Participando de uma comunidade e, fazendo uma adesão a Jesus Cristo, graças ao testemunho dos outros.

No evangelho de João quando Tomé responde a Jesus “Meu Senhor e Meu Deus,” (Jo 20,29) ele está realizando a maior profissão de fé, reconhecendo Jesus como Deus.

Tomé simboliza aqueles que não acreditam no testemunho da comunidade. Atualmente observamos que muitas pessoas são como Tomé, teimosas, que só podem crer no que vêem e tocam. É também uma época em que se sofre por falta de fé. Algumas vezes, existe em nós um Tomé, com dificuldades para enfrentar os problemas da vida, sentindo-se medroso diante da fé, quando esta parece enfraquecida. Entretanto, Jesus transforma o medo em alegria e deseja paz para todos. A paz, que é um dom de Deus, é uma conquista humana, que só se adquire superando o medo, assumindo os riscos e, abrindo as portas para o mundo.

A fé autêntica deve vir acompanhada de atos concretos. Tiago em suas cartas diz que a fé sem obras é morta: “Meus irmãos, se alguém diz que tem fé, mas não tem obras, que adianta isso? Por acaso a fé poderá salvá-lo? Por exemplo: um irmão ou uma irmã não tem o que vestir e lhes falta o pão de cada dia. Então alguém de vocês diz para eles: “Vão em paz, se aqueçam e comam bastante”; no entanto, não lhes dá o necessário para o corpo. Que adianta isso? Assim também é a fé: sem obras, ela está completamente morta.” (Tg 2, 14-17).

A fé não é só sentimento interior ou algo abstrato, é compromisso manifestado por gestos e atitudes visíveis. Essa prática vai expressar a fé de cada pessoa. Quem tem fé não pode pensar só em si, tem que se preocupar com o irmão necessitado.

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo