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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Letras musicais - (homenagem ao dia do compositor) - Por Claude Bloc

Letras musicais
onde viceja o néctar
claves de sol ,
sonatas, sinfonias,
o despertar do amor
em dó maior

flores do âmago,
o mínimo no máximo,
o sedutor encanto,
o brinde aos sentimentos
sustenidos ...


Um toque musical
sensibilidades
sons e tons
melodias vibrantes
que se soltam pelo vale
em ré, em mi
em pura harmonia...
e neste dia
que já seria
feliz em si (bemol?)
será também em ti,

compositor!

.
Homenagem aos compositores de nossa terrinha e em especial a Pachelly, Abidoral, Cleivan Paiva, Zé Nilton, Salatiel, Célia Dias, Correinha, Ulisses Germano, Calazans Callou, Tiago Araripe ... sem esquecer tantos outros que encantaram e adornaram nossa vida com a sua música.


Texto por Claude Bloc
.

A volta da banda Fator RH

A banda Fator RH, uma das pioneiras do movimento roqueiro caririense, está de volta para uma única apresentação. Será na abertura do Festival Estudantil da Canção, neste próximo sábado, dia 10, às 19:30, no Centro Cultural do Araripe (antiga Rffsa).

Da formação original, já confirmaram presença Carlos Rafael, Marcos Leonel e Igor Arraes.

Enquanto não chega a hora do show, matem a saudade com essas fotos e um texto escrito por Marcos Leonel, publicado no Cariricult.


BANDA FATOR RH- Final dos anos 80, Baile Rock à Fantasia,
Bar Banho de Bica, em Crato. Da esquerda para a direita: Sergestes
Tocantins, Lupeu , João Eymard (na bateria), Calazans Callou e
Marcos Leonel.



UMA QUESTÃO DE SANGUE

Por Marcos Leonel




Essa é a primeiríssima formação do Fator RH, segunda banda de rock autoral do Cariri. Após o término da pioneira Pombos Urbanos, - que tinha em sua formação Carlos Rafael, bateria e voz; Nicodemos, guitarra e voz; Segestes Tocantins, baixo e voz; e Marcos Lubisome, guitarra - eu, Segestes e Rafael formamos um grupo de ensaio que originou a banda Fator RH. Primeiro Calazans se juntou ao grupo, para tocar baixo. Depois Lupeu foi integrado como vocalista e anarquista. Logo em seguida Calazans trouxe João Eimar para tocar bateria no lugar de Rafael, que passou à linha de frente nos vocais. Estava feita a conspiração, só faltava a guerrilha.

Corriam os anos 80, a new wave comandava o cenário musical do rock lá fora e aqui começava a todo vapor o chamado Brock. Estávamos lá, inconformados com a falta de oportunidades e com a pasmaceira do quadro cultural caririense. O Fator RH estava na área, não para fazer o papel de testemunha ocular, mas participar de tudo aquilo, mesmo entrando pela porta de trás e sem nenhum convite. Nossa trincheira era o discurso poético, tendo à frente as sacações geniais de Rafael, o cinismo beat de Lupeu e a lisergia do meu universo musical. Ouvíamos de tudo: desde a música independente brasileira até às experimentações da Orchestra Universal de Sun Ra.

Nossas influências eram a música crua do Hasker Dü, do Ramones, Sex Pistols e Raul Seixas, via Segestes Tocantins; a pauleira sem misericórdia do Sepultura e do Slayer, via Lupeu; os blues e a música alternativa brasileira, via Rafael; o experimentalismo de Robert Frip e Frank Zappa, da minha parte; o rock dos anos 70, através de João Eimar; e a poesia bem sacada de Zé Ramalho, através de Calazans. Nosso som era cru, era na veia, era muito mais rock’n’roll do que aquilo que fazia sucesso, como Paralamas, Legião e outras coisas mais intragáveis como Kid Abelha e Gang Noventa. Nosso som estava mais para Talking Heads e Joy Division do que para o heavy metal poser do período; estava muito mais para Isca de Polícia e Tiago Araripe do que para Titans ou Legião.

Era um período difícil demais para quem fazia rock, sendo autoral ainda nem se fala. Não existiam espaços. Nós é que inventávamos, como em encontros de estudantes e campanhas eleitorais do PT. Também não existia público, nós é que inventávamos que tínhamos público. Comprar encordoamento era uma verdadeira aventura, e cara. Quando João Eimar anunciou que tinha uma bateria, foi uma verdadeira festa. Os ensaios valiam mais do que as próprias apresentações. Eram verdadeiras epopéias. Ensaiávamos na casa de Segestes, um sítio, fora do Juazeiro (hoje é o parque ecológico das Timbaúbas). Muitas comédias temos para contar. São lances pitorescos, dignos de um best seller. Essa formação do Fator RH tinha cerca de sete músicas no repertório, o que já era demais. Entre elas figuravam: Nomes, Buraco Negro, Fator RH, Margarete, Marinalva e outras pérolas do cancioneiro rebelde caririense. Pena que eu não lembro onde foi essa apresentação. Sei que era Rafael de bateria e voz; Lupeu nos vocais; eu e Segestes de guitarra; e Calazans no baixo.

Marcos Leonel

Zé Quieto - Zé Kéti - por Norma Hauer


Ele não nasceu em 6 de outubro de 1921 e sim em 16 de setembro. De seu registro civil consta a data da 6 de outubro o que era cumum, visto que os pais demoravam a fazer o resgistro e, para não pagarem multas registravam com uma data futura.
Recebeu o nome de José Flores de Jesus, mas ficou conhecido como ZÉ KETI, mesmo assim só nos anos 60. Antes era conhecido como Zé Quieto.

E por que Zé Keti? Porque quando ele atingiu o êxito de sua carreira a letra K estava em evidência nos nomes de três presidentes: o do Brasil (Juscelino KUBITSCHECK), o dos Estados Unidos (John KENNEDY)e o da União Soviética (Krushev). Porque ele também não teria K em seu nome?
Assim, ficou conhecido como ZÉ KETI.

Ele nasceu aqui no Rio, no bairro de Inhaúma e como todo menino pobre, exerceu várias profissões, tendo servido durante três anos na Polícia Militar.

Em 1937, morando em Bento Ribeiro, passou a freqüentar a Portela, tornando-se mais tarde um de seus compositores. Desentendo-se com colegas por causa de direitos autorais, transferiu-se para a Escola União de Vaz Lobo. Somente em 1954 regressou à Portela.

Em 1939, levado pelo compositor Luiz Soberano foi conhecer a Casa Nice (não Café,mas Casa) travando conhecimento com os compositores e cantores que faziam ali seu "quartel general" ali.
Apesar disso, ainda não era um nome conhecido, apesar de já ter composto vários sambas.

Foi com o samba "A Voz do Morro", gravado em 1955 por Jorge Gouilart, e que fez parte da trilha do filme "Rio 40 Graus",de Nelson Ferreira dos Santos, que seu nome apareceu, ainda como Zé Quieto.
Jorge Goulart voltou a gravar um samba de Zé Keti em 1960 .Título: "Não Sou Feliz".

Em 1964, com Nara Leão e João do Vale, fez parte do Grupo Opinião.

Em 1967, seu maior sucesso: "MÁSCARA NEGRA", que foi gravado por ele e também por Dalva de Oliveira.
Esse samba ganhou ao primeiro lugar no concurso de músicas carnavalescas estipulado pelo Conselho de MPB do Museu da Imagem e do Som.
Em 1998 recebeu o Prêmio Shell, pelo conjunto de sua obra. Foi homenageado pelos companheiros da Portela, como Paulinho da Viola, Elton Medeiros e Velha Guarda da Portela.
Foi realizado, no Canecão, um espetáculo por essa homenagem, dirigido pelo jornalista e escritor Sérgio Cabral.

Tendo composto mais de duzentas músicas, destacarei algumas:
"A Dama das Flores"; "A Felicidade Vem Depois";Desquite";"Despedida de Solteiro"; "Samba Folgado";"Diz que foi por aí...";"Desprezo"...

Zé Keti faleceu em 14 de novembro de 1999 aos 78 anos,deixando um vácuo em nossa música popular.
Norma Hauer

RECURSOS PÚBLICOS - NA LUPA DO CARIRI !

Luiz Domingos de Luna*

A Região do cariri vive um momento muito afirmativo de desenvolvimento, no entanto o crescimento econômico na sua conjuntura geográfica, poderia ter um ritmo bem mais acelerado e constante, o que não acontece - Por quê ? Ora, os canais de distribuição de recursos públicos da federação e do próprio estado são muito capilarizados, o que causa na sua trajetória pontos de obstrução por conta de detalhes técnicos, necessários para o bom funcionamento do estado democrático de direito, porém com prejuízo no compasso do tempo as demandas sociais.
Assim, obas, ou serviços que deveriam ser repassadas a sociedade ficam presas no gargalo das instituições, muitas vezes passam meses aguardando um carimbo, uma quitação, uma assinatura.(....) Enfim, um detalhe, neste ínterim é comum à população e, mesmo parte da mídia, partir para cobrança de forma exagerada, na maioria das vezes, usando uma linguagem de naturalização grosseira, não condizente com o processo desenvolvimentista global, assim, todo o conjunto emperra, e a sociedade com justa causa sempre a procurar um culpado pelo engessamento da concretude das ações públicas, na falta de atitude dos agentes públicos, "é pleno ser a verdade".
Este raciociocínio simplista em nada contribui para o crescimento das cidades satélites do cariri cearense.
Os parlamentos mirins do cariri, via de regra, estão quase sempre esvaziados, plenários totalmente vazios, os edis parlamentares debatendo os problemas das outras cidades entre si. Por que o plenário em dia de sessão não está sempre lotado ?, Por que os sites de fontes geradoras, ou mesmo repassadores de recursos são pouco acessados pela população ? Por que a população não usa os meios democráticos de fiscalização do estado democrático de direito ?. Ora, mas alguém pode argumentar que a classe política esta desacreditada, sim, mas quem elege a classe política.
Por que não se faz um estudo prévio e bem acentuado do testemunho de vida dos futuros gestores públicos ? E na sequência, a participação política de fato e de direito, ao invés de ficar somente nesta cantilena de lançar pechas sociais na classe política que em nada contribui, para o desenvolvimento social, político, econômico, turístico (...) da linda região do cariri cearense.
(*) Professor da Escola de Ensino Fundamental e Médio Monsenhor Vicente Bezerra - Aurora