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segunda-feira, 26 de maio de 2008

Um bom sinal: ditador Fidel Castro critica Barack Obama

Pelos frutos se conhecem as árvores, afirmou Jesus Cristo. Um ditador comunista criticar um candidato à presidência dos EUA já é um bom sinal. Se é verdade que os semelhantes se atraem, também é verdade que os filhos das trevas odeiam os filhos da Luz. Abaixo nota divulgada no site: www.veja.com.br:
Depois do criticar o virtual candidato republicano à Presidência dos EUA, John McCain, o ditador aposentado de Cuba, Fidel Castro, decidiu atacar também os democratas. Nesta segunda-feira, o líder octogenário publicou artigo na imprensa estatal local em que disse que as proposta do pré-candidato à Casa Branca Barack Obama para reaproximação entre EUA e Cuba são "fórmulas de fome" para a ilha.
"O discurso do candidato Obama se pode traduzir numa fórmula de fome para a nação, as remessas como esmolas, e as visitas a Cuba em propaganda para o consumismo e o modo de vida insustentável que o apóia", escreveu Fidel. Na semana passada, Obama propôs liberar viagens de imigrantes cubanos para a ilha, atualmente restritas pela administração Bush. O candidato prometeu ainda facilitar o envio de dinheiro a Cuba.

INTELECTUAIS ESTIMULAM PRECONCEITO CONTRA NORDESTINOS

Quando o trajeto do êxodo fez zig zag, seus viajantes culparam o líder da marcha. O conceito resumido nesta frase justificaria todo o cabedal intelectual, construído aqui no sudeste, para culpar as elites nordestinas pela miséria nacional. É bem verdade que alguns tipos são bem merecidos focos da ira, mas não menos também o seriam alguns personagens da Avenida Paulista, de Copacabana, Ipanema ou Barra da Tijuca. Pois foi assim numa mesa de conversa nas proximidades do alto Leblon (aquela parte da floresta do Morro Dois Irmãos invadida por empreendimentos para ricos e que hoje se encontra com o avanço da Favela da Rocinha). Uma saliente intelectual, dedicada à análise da violência, após alguns sucos de lima da pérsia, gelo e uma boa quantidade da "mardita".

Quando tudo ia bem no centro das garfadas de uma excelente feijoada, um vulcão desceu corroendo as encostas e os morros inundados de nordestinos. A intelectual acusou-os da miséria do Rio de Janeiro, da violência sem igual, do cotidiano no qual apenas se vive no intervalo da morte. E , da verve da intelectual, brotaram tantos adjetivos depreciativos como se fora todo um roseiral em floração. Foram tantos que nem nos próximo 500 anos, os borbotões de qualificação ao contrário poderão "purificar" o genitivo para o ser nordestino.

Por último, dada a presença óbvia de nordestinos na sua mesa, ela retornou ao tema, com a voz pastosa, num gargarejo que tudo era a elite nordestina. Na ocasião entendi. Não é a elite nordestina que incomoda esses intelectuais dos centros decisórios do Brasil. As elites nordestinas há muito deixaram de ser protagonistas da história nacional. Tão somente grafam com a caneta maldosa da política paulista, carioca e mineira. Fora um certo deslumbramento da pequena classe média regional (nos seus apartamentos que lembram os jardins suspensos da babilônia), o nordestino incomoda porque migra. Migra e vem para a soleira da porta dos intelectuais "clean". Os intelectuais que não imaginam um povo, apenas apresentam normativos inalcançáveis sem renda mínima e sem democracia popular verdadeira.

Eis um novo tipo de pensamento gestado nas academias nacionais. Um intelectual que pousa de "especialista" nos noticiosos das televisões, assinam colunas nos grandes jornais e são "convidados" para os convescotes promovidos com a finalidade de apontar o dedo para o outro. Mas não tem como negar e todos se preparem. O que acontece na África do Sul com os assassinatos de migrantes, a céu aberto nos becos das ruínas humanas, não se diferencia da revolta recente do Tibet; como também as "políticas" anti-migração dos países mais dinâmicos da União Européia. Os intelectuais "normativos" apenas repetem este estranhamento, que é o mesmo de Israelenses contra Palestinos, Americanos contra Mexicanos e aprofundam a razão para uma perseguição que ocorre ali na esquina, e não nos supostos casarões da chamada "elite nordestina".

Isso é tão claro que hoje mesmo no jornal O Globo uma pesquisa demonstra, à exaustão, a "ignorância funcional" do nordestino. Isso pelos indicadores de analfabetismo, de escolaridade e proficiência após anos de estudo. Quem entende o valor humano como a sua simples presença, neste mesmo momento e no mesmo espaço, sabe o quanto tais textos desqualificam os nordestinos presentes. São textos tortos, malandros, com viés de verdade, que não tratam da questão central de toda análise social e econômica: a questão não é congelar o quadro é justamente modificá-lo. Qual o texto da revolução nordestina?

Não há. Apenas um pincel em tons de claro e escuro em que tudo é por que assim o é. reside o perigo de certas "denúncias" da miséria nacional. Recordo, quando fui médico de uma favela aqui no Rio, o quanto a literatura de massa e a intelectualizada tratava de denunciar a manipulação popular, a inapetência do povo para a luta de soerguimento. Denunciava-se com tanta freqüência a derrota popular, que se revelava o verdadeiro objetivo da denúncia: não adianta mesmo. Tudo ficará do mesmo modo. A prova era tanta que incursões ilegais da polícia militar eram feitas, invadiam-se lares sem mandato judicial, aprisionavam-se pais de família com enorme efeito humilhante diante dos filhos. E isso era uma política da elite carioca, elite que falava por meio do Jornal do Brasil, do Globo e da Televisão Globo.

Hoje mesmo no Globo, um burocrata do IBGE faz a famosa frase de efeito: o Brasil tem uma dívida histórica com o Nordeste, e parece ainda não saber com pagá-la. Que dívida meu camarada? Onde isso ficou contabilizado? Não se trata de pagar dívidas, até por que em nenhum lugar o Brasil é homogêneo; existem sudestes no nordeste, sul no centro-oeste e nordestes no norte. O problema continua o país inteiro, tratando de suas prioridades em todo o seu espaço nacional, especialmente o educacional. A única dívida que pode existir é essa da acumulação desenfreada da renda, do empobrecimento da renda popular e da falta de investimento em fortes políticas sociais. E, atenção "especialistas", investir no capitalismo se traduz em valor monetário, vamos deixar de "besteirol" como "gastança" do governo, impostos sufocantes e outras traquitanas, que por dentro do discurso tramam contra o investimento social.

O paradigma norte-americano, por Armando Lopes Rafael

Primeira bandeira republicana do Brasil
(que só durou 4 dias:de 15 a 18-11-1889)

Peço sua atenção (e paciência) amigo leitor. Para falar sobre um fato pouco enfocado da História do Brasil.
Quando o golpe militar de 15 de novembro de 1889 proclamou entre nós a república as novas autoridades mudaram o nome da nossa pátria. Deixamos de ser o Império do Brasil e recebemos o nome oficial de "Estados Unidos do Brazil". Isso mesmo: Brazil com z, seguindo a ortografia da época. Ignóbil imitação à grande nação norte-americana. Essa denominação vigorou até 1967, quando mudaram o nome outra vez. Dessa feita para "República Federativa do Brasil". A implantação da República entre nós – entre tantos males – trouxe-nos o paradigma norte-americano como modelo de vida. Nossas raízes e tradições, geradas a partir da mistura das culturas portuguesa, indígena e africana, viraram coisa de sub-raça. Como diriam os adamados cronistas sociais de hoje: uma coisa "out". Bom mesmo eram os Estados Unidos, com o seu "way of life”. O modelo artificial de Hollywood e o estilo do "self-made man" americano foram tomando conta dos ambientes brasileiros. A nossa sociedade deu as costas a um passado glorioso e aceitou, sem espírito crítico, o que nos foi sendo empurrado pelos vitoriosos republicanos que se inspiravam no big brother americano...
Mas era sobre um fato pouco comentado que eu ia falar! Chamou minha atenção um artigo do Prof. Paulo Napoleão Nogueira da Silva, da Universidade Estadual Paulista, que diz entre outras coisas:

"Nos cem anos durante os quais vigorou a proibição de sequer falar-se em monarquia, o País foi programaticamente induzido a esquecê-la. Diretrizes governamentais de todos os tipos, explícitas ou dissimuladas, foram adotadas nesse sentido. Substituíram Pedro I por José Bonifácio, na iconografia oficial da Independência, mas a figura do Patriarca não calou fundo, além do que ele próprio era um defensor da Monarquia. (...) "Desde os primeiros dias da República os autores de livros didáticos para os cursos primário e secundário, segundo critério de orientação e exigências do Ministério da Educação, passaram a só estampar o retrato de Pedro II com as longas barbas e o aspecto cansado dos seu últimos anos de vida, para associar à Monarquia a imagem de velhice, decrepitude e coisa antiga. “Esses mesmos livros tratavam, e ainda hoje tratam, de evidenciar as glórias da proclamação da República, o heroísmo de Deodoro e o idealismo dos seus companheiros, como se tivessem participado de uma feroz batalha em prol da liberdade.”

A proclamação da república foi na verdade a primeira das inúmeras quarteladas que o Brasil viria a presenciar. Isso todos sabemos. Não sabíamos era do maquiavelismo oficial usado para enganar tantas gerações ao estudarem a história da nossa sofrida e querida pátria. Moral da história: compramos gato por lebre...
(*) Armando Lopes Rafael é historiador

O Ceará e o Sagrado Coração de Jesus - por Armando Lopes Rafael

Há 130 anos – em 1878, quando o território do nosso Estado formava uma única diocese – o 1º bispo do Ceará, Dom Luiz Antônio dos Santos, junto com as autoridades civis e o povo de Fortaleza, fez a consagração do Ceará ao Sagrado Coração de Jesus. Àquela época o Ceará enfrentava o segundo ano consecutivo de terrível seca que trouxe a destruição das lavouras e dos rebanhos, além de perdas humanas. Na página 5, do Álbum Histórico do Seminário Episcopal do Ceará, lemos o seguinte: “Tanta calamidade levou (Dom Luiz) a fazer, em nome da Diocese, o voto de edificar um templo ao Sagrado Coração de Jesus e de consagrar-Lhe o seu rebanho. Radiante de cumprir esse voto, Dom Luiz, a 15 de setembro de 1878, celebrou o ato de consagração do Ceará ao Coração de Jesus, entre imensa multidão de fiéis, que nesse dia concorreu e participou da Sagrada Comunhão".

Os Evangelhos e a tradição católica mostram as riquezas insondáveis do coração de Cristo, nas suas atitudes de perdão e de misericórdia, para com os povos e terras que lhe são consagrados. O Ceará é prova disso! Ao longo dos últimos 130 anos nosso Estado recebeu imensas graças desse Coração Amoroso. Aqui, as vocações religiosas foram (e continuam sendo) abundantes. O Ceará progrediu materialmente. O povo cearense não conheceu a guerra, nem a fome generalizada, nem grandes catástrofes da natureza, como aconteceu com outros povos. Mesmo o fenômeno da seca, velho conhecido do cearense, tem sido mais brando, de 1878 para cá. Não se repetiram calamidades iguais a de 1877, que passou à história tanto pelo rastro de destruição, com elevado número de perdas humanas e materiais, o que fez o imperador Dom Pedro II declarar: "Venda-se a última pedra da minha coroa, mas não morra nenhum nordestino de fome".
Lamentavelmente, nos últimos anos, a violência e a crise moral vêm assolando o nosso povo e, com mais intensidade, a bela capital cearense. Penso que já é hora dos bispos do Ceará (agora são nove as dioceses) junto com as autoridades e o povo renovarem a Consagração feita por iniciativa de Dom Luiz Antônio dos Santos em 15 desetembro de 1878. Seria não só uma reparação devida ao Coração Salvador do gênero humano, mas, também, um pedido de perdão pelas vezes que deixamos de cumprir os preceitos daquele que é "O Caminho, A Verdade e A Vida". Esse nosso afastamento do Coração de Jesus, tem sido a causa da violência e a decadência moral, que ora grassam na generosa terra cearense.
Bem que o nosso querido bispo diocesano, Dom Fernando Panico (ele mesmo um missionário do Sagrado Coração de Jesus), enviado pela Providência para pastorear o Sul do Ceará poderia tomar a iniciativa de renovar essa consagração, quando da instalação oficial da Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores, de Juazeiro do Norte, que ocorrerá (seria mera coincidência?) no próximo dia 15 de setembro, exatamente na data que completa 130 anos da consagração feita por Dom Luiz em 1878...



(Artigo publicado no "Jornal do Cariri")