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domingo, 28 de dezembro de 2008

A bandeira do Ceará


Das atuais bandeiras dos estados brasileiros, a única a lembrar a Bandeira da Monarquia é o do Ceará.
Ela surgiu assim: o comerciante fortalezense João Tibúrcio Albano tinha por hábito – no início do século passado – hastear, nas datas importantes, a bandeira do Maranhão, terra da sua esposa. Como cearense João Tibúrcio Albano ficava frustrado, pois seu torrão natal ainda não possuía um pavilhão. Um dia teve a idéia de adaptar às armas do Ceará numa bandeira brasileira. Para isso, mudou a cor da esfera. Saiu a azul com estrelas substituída pela esfera de cor branca. Consta no Anuário do Ceará: “por muito tempo a bandeira idealizada por João Tibúrcio Albano serviu de modelo a muitas outras que tremularam nas sacadas dos nossos educandários.
Só em 1922 o Presidente Justiniano de Serpa assinava decreto instituindo o pavilhão cearense, determinando fosse este formado do retângulo verde e o losango amarelo da bandeira nacional, tendo ao centro um circulo branco em meio do qual deveria situar-se o escudo do Ceará”.
Em 1967 o Governador Plácido Castelo assinou a Lei 8.889 que definia a composição da bandeira do Ceará.

Saudando Padre Rocildo

Saudação ao Padre Rocildo Alves Lima Filho quando de seu ingresso no Instituto Cultural do Cariri
Por: Armando Lopes Rafael


Sinto-me duplamente feliz, ao fazer esta saudação ao Padre Rocildo Alves Lima Filho, no momento do seu ingresso no Instituto Cultural do Cariri. Primeiro, pelo fato de a cadeira que ele ocupará ter como patrono Monsenhor Francisco de Holanda Montenegro, de cuja memória sou devedor dos mais profundos sentimentos de admiração, gratidão e respeito.

Segundo, porque o primeiro ocupante desta cadeira, ou seja, o Padre Rocildo, é reconhecido por todos como um dos bons valores da nova geração de intelectuais do Cariri. Coincidentemente, Padre Rocildo também substitui Monsenhor Montenegro, na direção do tradicional Colégio Diocesano de Crato. Um digno substituto, diga-se de passagem.

Conheci bem o saudoso Monsenhor Francisco Holanda Montenegro. E isto me autoriza a dar um depoimento presencial sobre ele. Fui seu aluno. A ele devo os meus estudos, relativamente aos antigos cursos de Humanidades (ou Ginasial) e Científico, como se chamavam, àquela época. Explico. Oriundo de família pobre, meu pai não possuía condições de pagar um colégio particular para o filho mais velho, pois tinha mais nove filhos para sustentar, com o pequeno salário de funcionário público. Mesmo assim, fui matriculado no Colégio Diocesano de Crato, para fazer o antigo Exame de Admissão ao Ginásio. Concluído este, estavam em curso as providências de minha transferência para uma escola pública, quando, certo dia, Mons. Montenegro me encontrou num intervalo de aula, e disse-me:

– “Vou conseguir uma bolsa de estudo para você. Só espero que, no futuro, você não me atire pedras, como têm feito muitos a quem tenho ajudado...”

E foi graças a essa “bolsa de estudo” que me eduquei, no melhor colégio da cidade... E graças ao que ali aprendi consegui aprovação em concurso público do Banco do Nordeste, no qual trabalhei, por 36 anos, chegando a galgar, naquela instituição, elevadas posições, além de ter, posteriormente, a oportunidade de obter graduação na Universidade Regional do Cariri.

Como disse, guardo imorredouras recordações de Monsenhor Montenegro. Ele era austero, sério, mas sempre comunicativo! Em algumas ocasiões, tinha rasgos de generosidade que causavam admiração. Tendo dedicado quase toda a sua vida à educação, principalmente na direção do Colégio Diocesano de Crato, esta atividade lhe proporcionou conviver com pessoas de diversas categorias sociais. Nesse mister, conseguiu fazer dezenas de centenas de amigos. Foi padrinho de batismo de bom número de crianças, com cujos pais cultivou laços de amizade.

Nos últimos anos de sua vida, já na ancianidade, Monsenhor Montenegro – um Arauto do Evangelho e da Educação – exerceu atividades pastorais na Capela de Nossa Senhora da Conceição, no Bairro Granjeiro, por ele construída e onde repousam seus restos mortais, à espera da ressurreição final. Foi ali, na sua residência, ao lado dessa capela, onde, já aposentado e com o tempo disponível, ele escreveu sua produção intelectual que é de grande valor.
À sua heróica memória a nossa devoção, as nossas orações pelo amor que nos legou e de que não somos merecedores; o nosso agradecimento por todo o bem que fez, na sua profícua existência.

Ilustríssimo e Reverendíssimo Padre Rocildo:

Esta casa o recebe com alegria. Atributos para compor este sodalício, V. Reverendíssima os tem de sobra. Possuidor de dois bacharelados: o de Filosofia, feito no Instituto de Ciências Religiosas, de Fortaleza e concluído em 1983; e o de Teologia, cursado no Instituto Teológico Pastoral do Ceará e concluído em 1987.

Ressalte-se que constam no seu currículo: o curso de especialização em Comunicação Social e Pastoral, feito na Universidade Popular Autônoma de Puebla, no México, em 1994; e a Licenciatura em Filosofia, cursado na Universidade Estadual do Ceará, concluída em 1998.

Merece ainda ser citado o seu Mestrado em Filosofia, feito na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, Itália, e concluído em 2001. Sua experiência pastoral registra o exercício da função de Pároco nas Paróquias: São José de Crato (1988-1992); Santo Antônio da cidade de Jardim (1992-1999); São Vicente Ferrer, de Crato (em 1999); São João Bosco de Juazeiro do Norte (2001-2002); Sagrado Coração de Jesus, do Bairro do Seminário, em 2003.

Entre os anos 1990 a 1992, Padre Rocildo exerceu o cargo de Reitor do Seminário Diocesano São José. No magistério, registre-se sua passagem nos Colégios Pequeno Príncipe e Santa Teresa de Jesus, ambos de Crato (nos anos 1990-1991); no Instituto Diocesano de Filosofia de Crato (nos anos 1986-2003).

A partir de 2002, passou a ser professor concursado da Universidade Regional do Cariri; e desde 2003 assumiu o cargo de Diretor do Colégio Diocesano de Crato.

Some-se a todas essas atividades, que acabei de mencionar, o fato de Rocildo Alves Lima Filho ter optado por exercer o ministério sacerdotal. Ser Padre – nos difíceis tempos de hoje – é, sobretudo, saber ser rosto de Deus Pai, num mundo órfão de paternidade e ávido do verdadeiro sentido de maternidade...
E se todo padre já carrega em si a missão de um educador, mais ainda é exigido dele, quando é dirigente de um estabelecimento de ensino, tendo como missão preparar a juventude para os embates da vida. Um padre-diretor de um educandário católico – e essa tem sido a missão do Padre Rocildo, nos últimos tempos – deve dar uma dimensão social a cada profissão; deve fazer o papel de um sociólogo que não se abstém de comentar a sociedade, à luz de princípios humanistas, em vez de relatar apenas os fenômenos sociológicos.
Continua bem atual o que escreveu São Paulo – na Carta aos Filipenses – sobre os que optaram por pregar a palavra de Cristo: “Em meio a uma geração depravada e corrompida, vós brilhais como tochas no mundo, pregando-lhe a palavra de Vida”.
Não sendo obrigado a conhecer todas as experiências de vida – coisa que, aliás, nenhum ser humano possui na plenitude - o sacerdote católico deve saber dar uma visão evangélica, sempre que confrontado com temas que interessam ou preocupam os adolescentes, os jovens e até pessoas maduras, nos dias atuais. Por isso, todo o padre é orientador. Muito mais que um orientador, deve ser uma pessoa que ajuda a pensar, a abrir horizontes e a garantir – para quem o procura – um conselho para as decisões da vida.
E tudo isso, pela graça de Deus, Padre Rocildo vem cumprindo a contento.
O Instituto Cultural do Cariri, repito, sente-se honrado em acolher tão ilustre sócio. Portanto, não é ao Padre Rocildo que devemos dar os parabéns, nesta noite. Os parabéns devem ser dados ao Instituto Cultural do Cariri, por abrigar no seu meio uma pessoa com as características do Padre Rocildo...