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sábado, 20 de março de 2010

A longa espera de um náufrago - Emerson Monteiro

Que inigualável o pensamento!... De um momento a outro, formam-se nuvens de imagens e apontam no horizonte as palavras, quadro nítido a contar o que isso quer dizer, no trânsito filosófico de conceitos, à pulsação de significados. Existência quer falar, neste mar sem fim. Os endereços das mensagens abrem portas, pedindo clemência, num fervilhar de ancas, dançarinas fogosas de lábios convidativos, e descem pelas veias do instante a seiva de persistir, diferente de quando o barco afundou, largou tripulantes no alto mar, ou em meio aos rochedos afiados de continentes escuros, ou areias escaldantes de ilhas desertas, indiferentes projetos ilusórios que antes alimentavam sonhos fantasmagóricos, perdas largadas nas ondas por náufrago agarrado a vida incógnita qual derradeira esperança irresponsável.
Vem o Sol, vem a Lua, as Estrelas, dias e noites pontuais... Popas distantes de outros barcos passam ao largo inalcançáveis... Chuva... Vento... Uma lâmina impaciente de vagas brilhantes cobre de espumas cinzentas narinas ofegantes.
Boiar sobre escombros, agarrado aos laços de cordas rotas, língua seca e lábios tostados, marcas purulentas de esverdeadas escamas lhe cobrem a pele. Nisso, luz intensa perfura-lhe os olhos, enquanto a pulsação das águas fustiga o flanco do destino à deriva, ritmo de canção entranhada na memória sem qualquer sentido, que persiste no oceano de inconsciente sonâmbulo, vadio marulhar forte na caverna dos ouvidos.
Lento esperar por quem nunca avisou que chegaria aos comboios próximos das circunstâncias possíveis... Porém mandara subscrito inevitável demonstrando a obrigação de viver enquanto no peito sacudir o tambor do coração...
Ao apagar das luzes do verão absurdo, fogo-fátuo indiferente crepita o infinito da planura e saltam mechas derradeiras de poente, cenário próprio ao delírio da sede que lhe corrói as entranhas, aviso pegajoso do trilho comum a todos os seres vivos.
Retornam, através da sensação, espasmos frios de gotas saltitantes, desejo apreensivo de rever a família reunida em torno do pão, à mesa do jantar, quando filhos se divertem com menores assuntos. Ouvir o futuro, abandonar asas ao crepitar sereno das tardes simples, solenes, espaço das certezas que fogem, fagulhas amolecendo na brisa de ausências que apenas aguardam outras combinações de letras e argumentos, exemplos eternos da cena seguir em frente, maior do que meros organismos que se dissolvam.
Essa espera também domina o Universo; aves resvalam terras douradas, às vezes bem aqui, outras distantes, reforços do instinto de sobreviver, contenção da indesejável solidão do cérebro tostado no calor das tempestades da alma. Dormir bem que acalmaria por algum tempo o impulso de levar aos outros aquela aventura vivida, e ver outra vez nascer o dia.

E o centro da cidade? - Por José do Vale Pinheiro Feitosa

As cidades tinham um centro. Territorial: juntava a polis em ação econômica, social e política a um determinado local.

O Crato tinha um centro. Sumiu. Onde se encontra? Talvez apenas por estudos antropológicos ou sociológicos se possa saber. Mesmo assim apenas como um conceito teórico, já que em lugar nenhum se encontra. Não seria mais territorial.

Aqui em Paracuru, em franco processo de tornar-se um apêndice metropolitano, ainda existe um centro. Onde a alma da cidade se manifesta. Com as crianças correndo, um grupo de capoeira jogando, os velhos olhando as pernas das moças, as senhoras com um olho nas netas e outro na circulação da vida alheia.

Ali se encontra o velho e o novo. A roda dos comerciantes naturais da cidade, filhos das antigas famílias, normalmente ajuntados com a situação do governo municipal e outra roda, um tanto balançante, mas mesmo assim uma roda. A roda dos comerciantes “estrangeiros”, gente de outros estados e europeus que por aqui ficaram.

A juventude toda se expande. Mais radical do que em certas áreas das grandes cidades. Com o Hip Hop, um gosto pelo Funk, sem contar as freqüentes incursões aos sons do forró eletrônico. Vestem-se com as grifes, mesmo que de camelôs. Bonés e não falta, para o incrível que pareça, casacos de frio com aqueles capuzes e eles cobrem a cabeça como em algum morro ou comunidade do Rio e São Paulo.

Mesmo com essa enorme pressão exterior ainda há, em Paracuru, um interior que outras cidades maiores perderam. Assim como era em Crato: os jovens dos anos 40 e 50 imitando os paletós e as “farwest” que surgiam nas telonas do Cine Rádio Araripe, Cassino e Moderno. Aqui há toda a influência vinda pela televisão, o DVD e as pessoas que chegam a busca de Kite Surf vindas de todas as partes do mundo. Reforçando a idéia: em Paracuru ainda existe um centro no qual a polis se manifesta.

Mais ainda: existe o centro do centro. Este se encontra na barbearia do “Seu Nenen”, bem na esquina ocidental do mercado. Aquela esquina que recebe o vento refrescante do nascente e do mar. Quando nas manhãs o sol lhe penetra o ambiente, lentamente sobe e por volta das 10 horas a suas duas calçadas já são quase sombra. Após o meio dia é lugar de sentar em roda, trocar uma conversa sobre tudo que se quer, principalmente como dizia Adoniran Barbosa: “coisas que nós não entende nada”.

Ali se pratica a mais divina alma cearense. A alma do repente, do chiste, da pronta resposta à provocação. E como se provoca. Seu Nenen, é um mestre da pronta resposta. Alguém chega pela porta, ali permanece e lhe entrega uma nota de 20. Seu Nenen pede que um ajudante, um velho com um problema circulatório nos membros inferiores, faça o troco. Enquanto isso vem a provocação: Seu Nenen, o cabelo do homem está cheio de ponta. A resposta imediata: cabelo é coisa da natureza de ponta. Tu já viu cabelo sem ponta?

Aqui em Paracuru, no presente, com um gostinho do Crato que se perdeu, como Tom e Vinícius falando de Ipanema.

Pensamento para o Dia 20/03/2010



“As pessoas tendem a demorar a fazer suas obrigações. Mas para a realização de práticas espirituais, não há ontem nem amanhã. Este exato momento é o momento. Se você tiver gravado essa compreensão em seu coração, então você pode fundir-se ao Senhor Shiva. Se essa verdade não é assimilada e você imerge em objetivos para hoje e amanhã, e estabelece as bases para o apego mundano, então você nascerá de novo e de novo, tendo o Darshan de Yama (o Deus da Morte)! Aqueles que percebem essa verdade não falharão, mesmo em pequena escala, em suas práticas espirituais. É direito de todo aspirante ter a visão de Shiva (Senhor da Auspiciosidade).”
Sathya Sai Baba

A "direita" que a esquerda adora.

Heitor De Paola 28 Fevereiro 2010 - Conservadorismo

Quando eu militava na esquerda a maioria destes falsos conservadores sequer tinha nascido ou ainda usavam fraldas.Não vim para debater, mas para combater.
Não sei se a frase em epígrafe já foi dita por alguém. Caso não tenha sido, é minha mesmo, pois resume a segunda parte deste artigo. Inverti a ordem original porque estou irritado, profundamente irritado! Nos dois últimos dias, desde a morte de Orlando Zapata coincidindo com a visita de Lula a Cuba, tenho recebido inúmeros emails de pessoas que se dizem conservadoras, "de direita", e artigos de jornalistas idem, profundamente chocados com o silêncio de Lula em relação aos "dereitos omanos" por lá, ou condenando sua "pusilanimidade". Será que ainda não entenderam que o encontro de Lula com Fidel foi o encontro entre os dois fundadores do Foro de São Paulo, a maior organização comunista que já existiu na Iberoamérica? Será que ainda não entenderam que Lula É comunista? Continuam achando que Lula é apenas "populista" e pertence a uma fantasiosa "esquerda vegetariana" e é um aliado da direita para enfrentar Chávez e a ficção chamada "bolivarianonismo"? Será que realmente acreditam que Lula queria protestar e não o fez por pusilanimidade (ao menos como entendo o termo: covardia, fraqueza, timidez)? Será que ainda não entenderam que Lula apóia incondicionalmente tudo o que acontece em Cuba e quer implantar aqui e, se ainda não o fez é porque temos instituições que o impedem, principalmente as Forças Armadas que seu governo tudo faz para sucatear e destruir, principalmente o Exército? Será que ainda não entenderam que se Lula falasse algo seria a favor, o que quase fez ao condenar a greve de fome como instrumento de luta (com o que concordo!) e deve ter sido objeto de vários brindes de excelente rum e baforadas de charuto entre Lula, Fidel e Raúl? O único depoimento sincero é o do Granma, órgão oficial do Partido Comunista Cubano (vejam o título e as fotos no site).
Retorno agora à epígrafe cuja autoria reivindico: enquanto o comunismo avança celeremente sobre nós, financiado por banqueiros e empresários corruptos que já estão sentindo e gostando do bafo no cangote, o que faz a "direita"? Eventos e conclaves - financiados pelos ditos - para debater populismo, liberdade de expressão e qualquer coisa que imaginem que, se discutirem bem, vai resultar alguma coisa. É a direita seguindo as diretrizes do PT: "precisamos discutir com toda a sociedade!". Só que aprenderam mal: o PT discute somente entre as esquerdas, a "direita" burra convida comunistas para discutir sobre liberdade de expressão!
Sugiro que sigam outras diretrizes também, como discutir o orçamento dos grandes bancos na forma do "orçamento participativo"- e me convidem, de preferência para a "democratização" do capital!
Este bando que tem a desfaçatez de se dizer defensor das liberdades, da democracia, do estado de direito, ao mesmo tempo precisa sempre condenar a "ditadura", pois tem vergonha de reconhecer que foi a Contra-Revolução de 64 que os (nos) salvou de já estarmos há 46 anos sob um regime castrista que ainda teremos, se depender destes idiotas cujo único interesse é amealhar fortunas ou conseguir um empreguinho nos grandes grupos de comunicação enquanto o Brasil afunda! Jamais reconhecem que o desenvolvimento de nosso País foi obra dos "milicos" que odeiam tanto quanto a esquerda.
Quando eu militava na esquerda a maioria destes falsos conservadores sequer tinha nascido ou ainda usavam fraldas. Enquanto eles ainda não sabiam falar ou controlar os esfíncteres, eu já estava nas ruas tentando conseguir armas para a campanha da "Legalidade" de Leonel Brizola, fazendo pichações contra a "ditadura" da qual só ouviram falar e nem sabem o que foi, pois acreditam no discurso esquerdista como sua bíblia. Enquanto eles começavam a balbuciar, eu estava preso em Fortaleza.
Mas naqueles tempos existia uma direita de verdade que nos derrotou. A Ação Católica, os militares honrados que assumiram o poder e morreram pobres (Castelo Branco, Emílio Medici), políticos com ideologia definida - Carlos Lacerda, Adhemar de Barros, Magalhães Pinto, Mem de Sá, Britto Velho, Daniel Krieger - e não como hoje, interessados apenas em guardar dinheiro nas meias - só se distinguindo do PT pela peça do vestuário preferida como cofrinho! Aquela direita já teria expulsado a quadrilha que tomou conta de Brasília desde 1994. Combatia, não debatia!
Lula já disse: no Brasil a direita acabou! E o burro é ele? Com esta "direita" a esquerda está feita na vida!

RECADO AO IMBECIL COLETIVO DA PSEUDO-DIREITA (Instituto Millenium - cuja grana é administrada pelo Armínio Fraga, office-boy de George Soros -, Reinaldo Azevedo, Demétrio Magnoli, et caterva): sou, sim, radical! Radical no sentido de que só se extermina a erva daninha matando a raiz, radical no sentido do Tea Party Express, movimento tipicamente grassroot (raiz de grama) significando gente arraigada aos princípios fundadores da única Nação onde impera a liberdade e o rule of law, radical no sentido de defender os princípios Judaico-Greco-Cristãos da Civilização Ocidental.