Seja colaborador do Cariri Agora

CaririAgora! é o seu espaço para intervir livremente sobre a imensidão de nosso Cariri. Sem fronteiras, sem censuras e sem firulas. Este blog é dedicado a todas as idades e opiniões. Seus textos, matérias, sugestões de pauta e opiniões serão muito bem vindos. Fale conosco: agoracariri@gmail.com

quarta-feira, 7 de março de 2012

SESC Juazeiro apresenta o espetáculo teatral "Esperando Comadre Daiana"


SESC Juazeiro apresenta o espetáculo teatral "Esperando Comadre Daiana" da Cia Livremente de Teatro. A peça foi inspirada num folheto de cordel em que duas irmãs (Esmeralda e Venância) escolhem a princesa inglesa Lady Daiana (falecida em 1997) para ser a madrinha da garota Perpétua, carinhosamente chamada de “Perpa”. A montagem faz um passeio pelas crenças e costumes tipicos do povo nordestino, e suas relações com a cultura e ídolos estrangeiros. 

Dia: 15 de março de 2012
Horário: 20h
Local: Teatro SESC Patativa do Assaré
Rua da Matriz, 227, Centro
Juazeiro do Norte - CE
ENTRADA FRANCA!

Programa Cultura SESC Cariri
(88) 3587 1065 (SESC Juazeiro)

UMA CIDADE PERSEGUIDA - por Pedro Esmeraldo


                                                                                                                    
Novamente, o Crato sofre da invasão súbita provocada pelas avalanches das águas que descem do pé de serra, inundam a cidade e deixam todo o povo apavorado.
Tudo isso é causado pela fraqueza dos nossos políticos que se entregam facilmente a essa massa inimiga do Crato, pois juntamente com o governador vêm tentando desmantelar esta cidade, o que nos traz aborrecimento e tristeza, contaminando o povo pelo surrupio de nossos bens que são levados pelos políticos da cidade vizinha.
Por isso, ouvíamos um senhor de aspecto irritado falando em praça pública, protestando contra essa falta de união e a perseguição que nos levam ao caminho do desespero. Gritava com todo ardor: “Aqui sempre nos perseguem e nos deixam amargurados, e ninguém reage”. Agora gritamos com voz ululante: “Por que prestigiamos esta gente que nos atrapalha e ainda vem de quebra dar título de cidadania a quem nada faz por esta terra? Isto é uma tristeza! É uma infâmia, dar apoio ao pessoal que só nos dá promessas desagradáveis e, ao mesmo tempo, tudo o que o governador traz para aqui é minguado e ainda de processo lento na sua construção.
Certa vez um político, parente deste pessoal, gritava aqui no Crato: “do Crato cuido eu”. E até hoje nada fez, apesar de ser bem contemplado com votação elevada. Agora perguntamos: “Pra que homenagear esse pessoal inimigo e ainda retirar o que temos de bom, levando para outro município que nada nos merece a atenção e constantemente vem com pieguice mostrar que querem bem ao Crato? Isto é balela. É uma mentira que não nos contempla e que vem constantemente ameaçar a retirada da Exposição Agropecuária.
O que é da Escola Profissionalizante lá no Bairro São Miguel? Por que não terminam o Centro de Convenções que há anos foi construído, e por maldade deixam lá abandonado? E o ginásio poliesportivo da URCA, que anda a passo de cágado? Por que o Senhor Governador faz vista grossa e tudo isso com má vontade, e não contempla o Crato com boas obras que dêem respaldo à cidade? O que é do Centro Industrial, já que o Crato é esquecido com esses melhoramentos? Que mal o Crato lhe fez, Governador, a não ser sufragar seu nome e do seu irmão para Deputado Federal? Não, senhor! O Crato não merece isso. Seja bonzinho para o Crato que nós saberemos responder com bons modos.

Crato-CE, 06 de Março de 2012

Autor: Pedro Esmeraldo

Alysson Amancio - Por uma dança que transforme





Pesquisador, artista e professor, Alysson Amancio vem nos últimos anos contribuindo para a consolidação da dança contemporânea no Cariri. Inquieto e viajado, Alysson não se conteve apenas em aprender a dançar e busca cotidianamente elementos para alimentar a sua percepção e produção estética e artística. Ele acredita ser possível lutar por um mundo mais humano, digno e igualitário e que as artes são impreterivelmente os melhores caminhos para as conquistas nesse embate social.

Alexandre Lucas - Quem é Alysson Amancio?

Alysson Amancio - É sempre difícil falar quem eu sou, pois, todos nós seres humanos temos diversas facetas e mudamos o tempo o inteiro as nossas ideologias de acordo com as experiências nas quais somos atravessados.
Nas minhas características imutáveis, sou um caririense, criado por uma família unida e trabalhadora e que me deu a base e liberdade para ser um sonhador e realizador ao mesmo tempo.
Sou um artista, professor, pesquisador. Um homem do bem que realmente acredita ser possível lutar por um mundo mais humano, digno e igualitário e que as artes são impreterivelmente os melhores caminhos para as conquistas nesse embate social.

Alexandre Lucas - Quando teve inicio seu trabalho artístico?

Alysson Amancio - Meu primeiro contato com o teatro foi na escola, no ensino fundamental. Apaixonei-me completamente pelas artes cênicas e nunca mais parei. Da escola fui para grupos amadores, depois procurei oportunidades para trabalhar com grupos mais profissionais, paralelamente fiz duas graduações em Dança. Participei de vários festivais nacionais e internacionais. E após retornar para Juazeiro do Norte, iniciei a produção da minha própria companhia de dança, meu projeto de formação e difusão da dança através da Associação Dança Cariri e meu trabalho como docente na Universidade.

Alexandre Lucas - Quais as influências do seu trabalho?

Alysson Amancio - Atuando como artista e professor tudo me interessa e influencia o meu trabalho desde as culturas populares até as intervenções mais contemporâneas. Leio muito, vejo muitos filmes em casa, observo atenciosamente as pessoas que convivo e procuro estar cotidianamente concatenado mesmo que virtualmente com a dança cênica produzida no mundo hoje. Em relação a profissionais de dança mais especificamente, amo a vida e obra da coreógrafa Martha Graham. E sobre as minhas influencias atuais: dos brasileiros admiro muito o trabalho do Flávio Sampaio, Andrea Bardawill, Fauller, Wilemara Barros, Ana Vitória, Alejandro Ahmed, Henrique Rodovalho, Rodrigo Pederneiras, Isabel Marques, Roberto Pereira e estrangeiros William Forsythe, Maguy Marrin, Pina Bausch.

Alexandre Lucas – Como foi esse contato com a dança contemporânea?

Alysson Amancio - Sempre gostei de dança contemporânea mesmo quando não sabia o que era essa linguagem. Na minha adolescência ficava fascinado quando via Elina Feitosa ou a companhia de Danielle Esmeraldo em cena. Ainda fiz algumas aulas de dança no Crato com Elina, mas o meu primeiro contato de fato foi em 1997 na cidade de Fortaleza nas aulas com Andrea Bardawill e na Companhia de Dança Janne Ruth. Desde então o contemporâneo tem sido meu principal objeto de estudo, fonte de pesquisa e área de ensino. Essa possibilidade infinita de conceitos e estéticas que a dança contemporânea permite, me instiga profundamente.


Alexandre Lucas – Fale da sua trajetória:

Alysson Amancio - Considero o Grupo de Teatro Expressões Humanas da Herê Aquino e a Companhia de Dança Janne Ruth como sendo minhas primeiras experiências profissionais nas artes cênicas. Depois disso trabalhei na Adão Companhia de Dança e posteriormente no Rio de Janeiro na Cia de Dança da Cidade e na Esther Weitzman Companhia de Dança. Entretanto, creio que o divisor de aguas na minha trajetória sem dúvida foi o Colégio de Dança do Ceará e a minha graduação em dança no Rio de Janeiro. Estreitar os laços entre a minha dança e o pensamento acadêmico me impulsionou a querer ser mais que um bailarino. Projetou-me para coreografar, pesquisar e escrever sobre dança. Entendendo que essa linguagem artística é extremamente poderosa e capaz de transformar a sociedade de forma avassaladora. É com esse pensamento que desde que retornei para Juazeiro do Norte em 2006, que procuro desenvolver minhas atividades, difundindo e aplicando a Dança com todo o potencial que ela aglomera.

Alexandre Lucas – A dança no Cariri é marcada pela diversidade de estilos?

Alysson Amancio - Existe uma ideia muito cristalizada que o Cariri é o celeiro da cultura popular. Temos realmente uma cultura popular riquíssima e que precisa ser valorizada e reconhecida, todavia essa não é a única possibilidade de arte produzida na região. Esse imaginário, lamentavelmente, contribui para que outras manifestações da dança que não seja o reisado, a lapinha e a banda cabaçal não sejam vistos também como representantes da dança caririense.
Aqui nós temos reisados, lapinhas, banda cabaçais, coco, mas também temos balé clássico, dança contemporânea, dança de rua, quadrilhas juninas, dança do ventre, dança de salão, danças sagradas, dentre outros. Enfim, são muitos os estilos para o nosso deleite.
Estou escrevendo um livro sobre a história da dança cênica caririense que será lançado ainda no primeiro semestre de 2012. Espero que a partir dessa publicação novas pesquisas sejam feitas para documentar a dança local, pois, até hoje não existe nada que eu conheça que tenha esse foco.

Alexandre Lucas – Como é trabalhar dança contemporânea na região do Cariri?

Alysson Amancio - Ninguém gosta daquilo que não conhece. O grande trabalho atualmente na região do Cariri é estimular o maior número possível de produções e circulação de espetáculos de dança contemporânea. Quanto mais grupos ou artistas independentes produzirem trabalhos contemporâneos, mais ampliaremos o número de apreciadores e consequentemente o mercado de trabalho. Quando voltei, em 2006, era tudo muito mais difícil, todas as pessoas que produziam dança contemporânea estavam paradas. Felizmente ao longo de varias ações, criou-se um circulo ativo nessa área. Seis anos depois, eu enxergo com muita alegria mudanças concretas no que se refere a produção de dança contemporânea caririense, inclusive em relação ao olhar de fora sobre a nossa fomentação. Os profissionais de dança mais renomados do Brasil me enviam currículo e propostas para vir dançar ou ministrar oficinas em Juazeiro do Norte.

Alexandre Lucas - Qual o papel social do artista?

Alysson Amancio - Essa frase soará um tanto clichê, mas não vejo como escrever outra coisa. O principal papel do artista é transformar o mundo em algo melhor.

Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho?

Alysson Amancio - Não trabalho sozinho, eu trabalho com uma equipe que busca cotidianamente ampliar essa rede e agrupar mais pessoas nesse coletivo. Pensamos grande: queremos projetar a dança do/no cariri para o mundo inteiro. Produzir e fortalecer a dança cênica caririense é a nossa grande motivação. Por isso iniciamos esse trabalho exatamente aqui. Toda grande mudança acontece de dentro para fora. Queremos que o garoto do Bairro João Cabral aprecie os espetáculos de dança locais, e num futuro próximo os Cariocas e depois os Parisienses.

Alexandre Lucas - O que representou e representa para você o trabalho de pesquisa?

Alysson Amancio - Não existe arte sem pesquisa. O artista não pode ser medíocre e acomodado. A curiosidade e coragem devem ser os motores da sua arte. Por isso a minha grande luta é para a criação do Curso Superior de Dança no Cariri. Nós já temos as três linguagens da arte. Música na UFC – Cariri e Teatro e Artes Visuais na URCA. Por que não temos dança?
Em 2008, a Associação Dança Cariri fez um abaixo-assinado com os artistas da dança caririenses e recolhemos mais de 2600 assinaturas, entre estudantes e profissionais da dança reivindicando a criação desse curso.
Em 2011, o Centro de Artes Reitora Arraes de Alencar Gervaiseau aprovou o projeto para a criação do Curso Superior de Dança. Agora falta apenas o Conselho Superior da Universidade Regional do Cariri aprova-lo e o Governador Cid Gomes assinar o termo de criação. Infelizmente isso será o mais difícil, pois a sua politica tem demonstrado pouquíssimo interesse em fortalecer nem o ensino, a extensão e a pesquisa no âmbito acadêmico.

Alexandre Lucas – No Ensino Básico do Estado do Ceará existem profissionais habilitados para trabalhar a dança no Ensino de Artes?

Alysson Amancio - Em Fortaleza sim, já que lá existe o Curso Técnico de Dança e o Curso Superior de Dança da Universidade Federal do Ceará. Além disso, o Vila das Artes, da Prefeitura Municipal de Fortaleza através da Secretaria de Educação financia o Projeto “Dançando na Escola”, proporcionando profissionais capacitados atuarem nas escolas formais de ensino.
Nos interiores cearenses a realidade é completamente diferente. No Cariri, por exemplo, são raríssimas as escolas que oferecem dança além das montagens coreográficas em datas comemorativas. As poucas que se arriscam nessa empreitada desconhecem profissionais realmente qualificados para tais funções e acabam empregando profissionais de outras áreas, que muitas vezes fazem um desserviço no que se refere ao ensino de dança.

Alexandre Lucas – O que representa a dança na sua vida?

Alysson Amancio - A dança é a minha vida. Paixão, razão e profissão. Tenho a grande felicidade de trabalhar com o que eu amo. Portanto, defendo e luto diariamente para a valorização e reconhecimento dessa linguagem artística. A dança pode ser utilizada como entretenimento, terapia, atividade física e profissão. São tantas e possibilidades e benefícios, que eu acho muito triste o homem que nunca se permitiu essa vivencia na sua vida.