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sábado, 4 de abril de 2009

Irmã Dulce é declarada venerável



A religiosa baiana Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, morta em 1992, aos 77 anos, conhecida no Brasil como Irmã Dulce, já pode passar a ser chamada de venerável. O decreto que reconhece a vida de virtude heroica da freira foi assinado ontem na Cidade do Vaticano pelo papa Bento XVI e ratifica a decisão tomada, por unanimidade, pelo colegiado da Congregação para a Causa dos Santos, do Vaticano, em 20 de janeiro. O título significa o último estágio antes da beatificação da freira, cujo processo corre desde janeiro de 2000.
A oficialização da elevação de Irmã Dulce a venerável pegou de surpresa os fiéis da religiosa, que aguardavam a assinatura do sumo pontífice apenas para junho. E fez crescer a expectativa em torno da beatificação. Antes de morrer, foi personalidade muito popular em Salvador. Para que Dulce seja reconhecida beata, a Santa Sé precisa reconhecer um milagre que tenha ocorrido por intercessão da religiosa. De acordo com o frade italiano Paolo Lombardo, postulador do processo de beatificação da religiosa, esse reconhecimento está próximo. “Esperamos que a confirmação do milagre passe pela última análise nos próximos meses”, afirma o religioso, conhecido no meio como o “advogado dos santos”. Estão sob seus cuidados 80 causas de beatificação e canonização de religiosos de todo o mundo. “Ela (irmã Dulce) seguramente será beatificada”.
As expectativas giram em torno de um possível milagre ocorrido em Sergipe. Ao dar à luz, em parto normal, uma mulher teve uma intensa hemorragia, que fugiu do controle dos médicos. Acabou sendo desenganada. Os familiares, então, teriam chamado o padre da cidade para fazer uma corrente de orações à religiosa. Pouco depois, a mulher recuperou a saúde. (das agências)

Um passo histórico



por André Herzog (*)

O último dia 30 assinalou uma ocasião muito expressiva para a Universidade Regional do Cariri. Teve lugar a primeira defesa de Dissertação de Mestrado de um programa autônomo de pós-graduação de nossas universidades sediado fora da capital, o programa de Bioprospeção Molecular da Urca.
Essa pode parecer uma ocasião trivial. Isso porque o Brasil tem apresentado indicadores excelentes no crescimento do número de mestres e doutores titulados anualmente. No entanto, esse resultado guarda uma indesejável assimetria na distribuição desses programas. Do total de 4115 cursos de mestrado e doutorado recomendados pelo órgão nacional competente, a Capes, 2194 estão localizados na região sudeste, apenas 117 em toda região norte e 680 no nordeste. Destes 680 o Ceará sedia 112, dos quais apenas 2 no interior do Estado, reproduzindo em escala estadual uma assimetria nacional.
A análise desse indicador revela a importância da efeméride. Entretanto, seu valor não se limita ao relevante aspecto da oferta de qualificação nessa modalidade. O programa de Bioprospecção Molecular foi criteriosamente concebido para efetivar, no âmbito da Urca, a importante dimensão da investigação científica, e para cumprir a missão definida para a Universidade, que é a de ser um agente do desenvolvimento regional. O programa qualifica recursos humanos em uma área estratégica de grande importância, que é o estudo dos recursos da biodiversidade. Sua abordagem, multidisciplinar, é ampla o suficiente para envolver importantes temas, desde a biodiversidade pretérita (os fósseis) a atual (os diversos organismos vivos), em diferentes escalas de complexidade e tamanho, até em nível molecular, quando isola e investiga as atividades farmacológicas dos princípios ativos contidos nas espécies de plantas e animas da região. Esse é o caso do primeiro trabalho que comprova a atividade cicatrizante e gastroprotetora do óleo do pequi, uma espécie de grande importância local. O responsável mestrando é também um docente da Universidade. Nada mais emblemático.
Os resultados já alcançados pelos projetos em desenvolvimento, todos baseados no aproveitamento racional dos recursos naturais da região e de grande importância científica e sócio-econômica, já apontam para o êxito da iniciativa e para os frutos futuros, que certamente poderão conduzir até a desejável geração de produtos protegidos por propriedade intelectual, transformando conhecimento em riqueza. Muitos são os merecedores de créditos elevados por essa conquista.

(*) André Herzog - Doutor em Ciências pela Unicamp é professor do Departamento de Química Biológica
(Artigo publicado no jornal O POVO deste sábado, 04-04-2009)