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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

GRATA RECORDAÇÃO

Pedro Esmeraldo

No início dos anos 30, meu pai iniciou o plantio da cana de açúcar no Sítio São José. Considerando-me uma pessoa privilegiada, pois tive a sorte de conviver no meio da bagaceira, já que meu pai possuía dois engenhos, um em Crato e outro no município de Barro-CE.

Deixou-me como legado um patrimônio auspicioso que foi a educação. Esse engenho teve início em 1930. A princípio, de forma rudimentar, movido a tração a bois. No meio da década de 30, mudou para o engenho a vapor que perdurou até a vinda da energia elétrica de Paulo Afonso no ano de 1970, quando desapareceu o predomínio da rapadura que foi substituído pelos alimentos sofisticados dos tempos modernos.

Quando passo pelas ruínas do antigo engenho, no sítio pau seco, neste município, tenho grandes recordações daqueles tempos áureos de minha infância. Há mais ou menos 50 anos era um lugar aprazível, aconchegante e que favorecia uma relação harmoniosa de paz de espírito.

Convivi naquele local no meio de pessoas humildes, com comportamentos inusitados, constituído de várias naturezas, com semblante rústico, precisando de muita sutileza no equilíbrio emocional, decorrente da fadiga pela luta árdua e das canseiras diárias.

Meu pai, um cidadão sério, agricultor arrojado, praticava as atividades agrícolas por vocação. Sabia projetar com equilíbrio o trabalho agrícola. Conduzia com perfeição as manhas dos trabalhadores, mas manejava com altivez e bom senso crítico. Livrava-se dos perigos, utilizando palavras hábeis. Fugia com muita tranqüilidade das pessoas ardilosas que o obrigavam a se comportar com o máximo grau de bondade que o respeitavam e o obedeciam com sinceridade as suas ordens.

Como já relatei acima, meu pai, homem destemido e hábil, tinha o cuidado de colocar trabalhadores certos nos lugares certos.

Autodidata por natureza, dirigia com perfeição e conhecimento todos os trabalhos inerentes ao campo agrícola, saindo-se muito bem nessa atividade espinhosa, levando com brilhantismo e com direção arejada a luta do campo; sempre acompanhado de trabalhadores experientes, a fim de adquirir melhoria de produtividade, já que desejava aumentar o seu patrimônio dentro da tecnologia aperfeiçoada.

Seus trabalhadores tinham uma conduta séria e de comportamento exemplar, por isso granjeou muitas amizades, projetando bom desempenho, mostrando que com trabalho sério e honestidade o homem chega a ter sucesso em seu serviço.

Esses trabalhadores rudes que mais guardo na recordação da minha memória, são vistos pelo seu comportamento zombeteiro que foram indubitavelmente os cambiteiros: eram irrelevantes com procedimentos duvidosos, senhores absolutos, anarquistas, visto que desrespeitavam a pessoa humana. Tornavam-se figuras intolerantes em seus trabalhos com a posição de homens irregulares no campo de transporte de cana do brejo para o engenho. Nem tudo era desprezo para essa classe de trabalhadores rudes já que desempenhavam com muita satisfação à sua tarefa.

Trabalhavam sem cessar, como prestadores de serviço, pois tinham por obrigação conduzir com 5 (cinco) animais atrelados com arreios rústicos, como: cangalha, peça de madeira artesanal que seria colocada no lombo do animal, revestido de forro e pano de algodão e coroa de frade, embutido com produto cactáceo existente nas caatingas do nordeste, cilha (fita de couro que prendia a cangalha na barriga do animal), focinheira (espécie de cabresto) para facilitar o manejo dos animais, rabichola, que prendia a cauda do animal à cangalha, cambitos, peça de madeira que facilitava o transporte da cana.

Devido à rusticidade do trabalho, os cambiteiros se tornavam intolerantes pelos habitantes aos arredores dos engenhos. Ninguém gostava de sua conduta. Possuidores de comportamento repreensível, tornavam-se os intolerantes comprovados pela anarquia que, por natureza, ninguém o suportava de bom grado, eram os zombeteiros, intrigantes, quando iam pela estrada se desesperavam e não queriam saber quem viesse a sua frente; se a pessoa não se submetesse ao seu comportamento cairia no ridículo. Certa vez, observava uma cena que me deixou intrigado e que sempre preservei em minha memória esse comportamento desses anarquistas que vou relatar neste trabalho: um dia, chegava ao engenho um senhor de tez branca, querendo conhecer o movimento do engenho, mas de jeito afeminado, foi logo observado pelos cambiteiros o seu andar duvidoso: ai então um deles gritou: olha pessoal, como ele é delicado! Aí a vaia comeu de esmola e aos gritos o pobre homem saiu desesperado sem nunca mais pisar em bagaceira. Apenas desejei lembrar e repassar para os amigos como era o regime dos cambiteiros que ainda hoje sinto saudades dos velhos tempos de outrora que não voltam mais e jamais poderão ser substituídos por este modernismo desequilibrado e algumas vezes intolerante.

10 de Março de 2009.

Faleceu Dr. Carlos Barreto de Carvalho

Faleceu hoje, em Crato, 22 de novembro de 2011, aos 80 anos de idade, o rotariano e conceituado médico Dr. Carlos Barreto de Carvalho. O corpo será velado em sua residência na Avenida Pedro Felício Cavalcanti – Bairro Grangeiro – Crato – Ceará.

Dr. CARLOS BARRETO DE CARVALHO foi o 40º Presidente do Rotary Club do Crato no período de 1988 a 1989. Admitido no quadro social do clube no ano de 1958. O número do seu Registro em Rotary International é 1124747. Anos depois pediu afastamento do clube, ingressando novamente ao quadro social do clube no dia 22 de Novembro de 1985, tendo como proposto (padrinho) o Dr. Paulo Cartaxo Esmeraldo. Descendente de tradicional família da cidade de Jardim Estado do Ceará, onde nasceu no dia 26 de Março de 1931. Filho de José Carvalho e Maria Barreto Carvalho. Era casado com a pernambucana Dra. Gláucia Melo Barreto, também, descendente de importante família de Pernambuco, o casal tem os seguintes filhos: Carlos Barreto de Carvalho Filho, Maria Melo Barreto, Ana Isabel Melo Barreto, casada com o Dr. Antonio Rogério Portela Machado Dias, também ex-presidente do clube, Gláucia Maria Melo Barreto Carvalho (Glaucinha).

Dr. Carlos Barreto veio muito moço estudar no Crato foi um dos mais brilhantes alunos do antigo Ginásio do Crato, hoje Colégio Diocesano, aquela época dirigido por Monsenhor Montenegro.

Colou Grau em Medicina na primeira turma da Faculdade de Ciências Médicas do Recife. Era competente Médico dermatologista com grande experiência clínica, ocupou importantes cargos na saúde pública desde o antigo DENERU depois SUCAM hoje, Fundação Nacional de Saúde; Previdência Social e mais recentemente foi Secretário de Saúde do Município do Crato na Administração Moacir Soares de Siqueira (1998 a 2000). Tinha consultório médico na famosa Rua da Vala, hoje, Rua Tristão Gonçalves, nº 574. Pela sua competência ainda era muito procurado por pessoas da Região e de outros Estados. Residia em bela mansão que construiu na Avenida Pedro Felício, Bairro do Grangeiro, zona Sul da cidade do Crato.

Era um médico de privilegiada memória e cultura. Gostava de ler, era assíduo "freqüentador" dos jornais e revistas, reservava boa parte do seu tempo de aposentado na leitura de bons livros. Tinha excelente palestra. Conheceu as principais figuras políticas e economica do Crato. Era grande conhecedor da filosofia do Rotary, leitor assíduo do Boletim do clube da Carta Mensal do Governador do Distrito e da Revista Brasil Rotário. Era um grande auxiliar e orientado do clube. Ultimamente dividia o seu tempo entre o consultório e sua fazenda no Município de Jardim. Entretanto, ultimamente com a saúde debilitada já o privava até de frequentar o seu clube Rotary.

Fonte: Rotary Club do Crato