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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

História que não quer calar

Luiz Domingos de Luna *

Qual o agente motivador para o Estado Brasileiro em todos os seus segmentos ter feito uma verdadeira cruzada contra a Ordem Santa Cruz – Penitentes – Santa Igreja de Roma – pelo que Consta, o primeiro patriarca - Ceará - Padre José Maria Ibiapina primou pela caridade e pelo bem comum de um contrato social voltado para o bem estar da coletividade como um todo. Em sua gestão teve a Ordem Santa Cruz, aos irmãos, uma perseguição ferrenha, a nossa cidade modelo foi destroçada pelo estado, ficando a irmão Antonio conselheiro a alcunha de maluco, fanático, agitador e outras que consomem a mente do imaginário popular. A verdadeira história foi apagada e a banalização das idéias foi consumida, inclusive pelos estudiosos e historiadores, Por quê?
Já na administração do sucessor Padre Cícero Romão Batista se fez um caldo histórico sobre a igreja secular, o estado e, volta e meia, o caldeirão verdadeiro Monte Sinai do cariri (Crato Ceará) é também dizimado com a mesma tenacidade de canudos. O Estado até o final de meados do século XX tinha uma sede de sangue tão violenta, que, não fosse à rigidez de nossa regra bulada estaríamos, a exemplo dos pioneiros-Nordeste- sob uma cruz perdida no matagal do esquecimento histórico.
A Gestão de Frei Damião de Bozzano foi à luz do pulsar vivo existencial mais serena, em partes, pois, ai do irmão que na realização do culto não tivesse uma autorização judicial expedida pelo delegado de plantão. Ao rito a humilhação de ter um policial no encalço para, segundo a tradição dar proteção ao colegiado em miseré – É o que diziam, cabendo a nós a peregrinação vigiada por um estado opressor e coativo – porém para a sociedade e para o corpo policial um agente de defesa da causa e do bom cumprimento do nosso culto- O Encalço do policial - Quanta Hipocrisia.
Os livros da Ordem Santa Cruz foram tirados de circulação sob a alegativa de que a “a seita é secreta e, portanto nociva a sociedade” e o mais estarrecedor é que a sociedade comprava esta idéia e naturalizava em segundos. Assim fica a ordem, sozinha, abandonada, punida, julgada e condenada pelo sadismo social de um estado que conseguiu repassar para a mediana social que nós somos uma seita de malucos.
Ainda bem que no século XXI – Considerado por nós como o século das luzes – já não somos perseguidos pelo estado, pela sociedade, nem por ninguém, nossos trabalhos são muito bem vindos pela internet como um todo, sendo inclusive esta, uma ferramenta poderosa para a difusão de nossa máxima “todos para o bem estar da Coletividade humana como um todo, desde o aparecimento do homem na era cenozóica, período do pleistoceno aos dias atuais”.
Praza Deus encontremos escritores sérios para dar luz aos meatos de nossa história apagada por um estado, que conseguiu exterminar parte do todo, mas não conseguiu calar a voz dos que sonham por liberdade, igualdade e fraternidade.
(*) Integrante da Ordem Santa Cruz – Penitentes do Cariri Cearense –




José Alves de Figueiredo- Por Magali de Figueiredo Esmeraldo.

José Alves de Figueiredo foi um poeta, jornalista, farmacêutico e autodidata que se tornou um intelectual. Foi um importante representante da cultura cratense, que muito honrou e projetou a nossa terra. Nasceu em Crato, no dia 28 de abril de 1878 e faleceu em 25 de fevereiro de 1961. Seus pais eram: Pedro Alves de Lima e Ana Alves de Figueiredo.

Estou fazendo esta pequena homenagem a esse grande homem, como cratense que ama o Crato e, como neta que muito se orgulha daquele que com a graça de Deus, deu vida ao meu pai.

José Alves de Figueiredo, ainda muita criança, ficou órfão de mãe. Seu filho, José Alves de Figueiredo Filho narra com muita emoção no seu livro “Meu Mundo é uma Farmácia” a dor do pai, por ter perdido a mãe com menos de quatro anos de idade, contando todo o sofrimento que ele enfrentou na vida, por lhe faltar o carinho da mãe. Posteriormente ficou órfão de pai. Ainda criança, foi acolhido pelo tio José Antônio de Figueiredo, que o encaminhou para trabalhar na Farmácia Central de sua propriedade. Desde os dez anos de idade, ajudava na Farmácia. A família e os fregueses o chamavam de Zuza. Por isso ficou conhecido em toda a região do Cariri como Zuza da Botica.

O senhor José Antônio de Figueiredo mantinha a Farmácia Central com o objetivo de deixá-la para o filho José Alboíno de Figueiredo, estudante de medicina na Bahia. O pai achava vantajoso para o filho, além de médico com possibilidade de grande clientela, possuir uma farmácia. Aconteceu que o futuro médico apaixonou-se por uma moça cratense, prometendo casar-se com ela tão logo concluísse o curso. Mas o pai do futuro médico não gostou da moça. E tão logo o filho se formou, tratou de lhe enviar um telegrama mandando-o seguir da Bahia para o Rio Grande do Sul e que lá procurasse o tio Antônio Bernardo de Figueiredo, coronel do exército, pessoa muito bem relacionada no Sul. Em pouco tempo ele esqueceu a moça cratense e casou-se com uma prima, filha do coronel Bernardo Figueiredo.

Com a morte de Dário Guerra, boticário da Farmácia Central, o seu tio José Antônio entregou a responsabilidade da Farmácia ao sobrinho Zuza, ainda um adolescente, que nem licença tinha, apesar de ter muita prática.

Um fato interessante, coisa difícil de acontecer, é que o Coronel Secundo Chaves, proprietário da outra farmácia rival, ajudou o jovem Zuza a tirar a licença, orientando-o na preparação dos papéis e o encaminhando a Fortaleza com recomendações a amigos. Atitude bonita de um concorrente, que poderia até ficar contente, se a única farmácia rival fechasse por estar nas mãos de um adolescente sem licença.

Zuza da Botica sempre trabalhou com afinco e muita dedicação desde que ingressou na profissão. Seu dia de trabalho começava às seis horas da manhã e encerrava às nove horas da noite. Além do mais, assumiu a responsabilidade de cuidar da família de seu pai, que tinha casado novamente depois da viuvez e de uma sua irmã que enviuvou cedo. Só anos mais tarde é que conseguiu comprar a Farmácia Central do tio e se tornar o único proprietário. Entretanto, apesar da vida dura e do exaustivo trabalho, nos poucos momentos de folga, Zuza se agarrava aos livros na ânsia de aprender, o que não conseguiu na escola. José Alves de Figueiredo, além de manusear formulários terapêuticos, lia todas as novidades literárias que chegavam à tranqüila cidade do Crato vindas de Recife, Porto e Lisboa. Desde jovem adquiriu o gosto pelas letras. Dedicando-se a imprensa, escreveu em todos os periódicos cratenses. Foi fundador do jornal “Sul do Ceará” e redator do “Correio do Cariri em 1904. Junto com Antônio Nogueira fundou e dirigiu o “Crato Jornal”. No ano de 1924, “O Araripe foi restaurado por ele. Colaborou na “Gazeta do Cariri “e em outros jornais da região e de Fortaleza.

Gostava de se divertir decifrando charadas e logogrifos. Ganhou prêmios decifrando e compondo charadas com o pseudônimo de Gastão de Lorena.

Destacou-se como poeta e escritor indo buscar inspiração na natureza e nos costumes simples da gente da terra.

Casou-se em 25 de janeiro de 1902 com Emília Viana de Figueiredo. Desse casamento nasceram os seguintes filhos: José Alves de Figueiredo Filho, Mário Viana de Figueiredo que morreu aos dezessete anos, Letícia Viana Figueiredo, Lili Viana de Figueiredo e Aníbal Viana de Figueiredo. O casal teve mais três filhas que morreram ainda crianças. Foi um pai amoroso e enérgico que fez de tudo para instruir os filhos e encaminhá-los em diversas carreiras. Contudo, confiou a educação doméstica deles a sua esposa Emília.

Teve também destaque na política onde foi vereador por mais de uma legislatura e também prefeito Municipal (1925-1926). Zuza foi um homem que soube superar as barreiras e sofrimentos da vida, com dignidade, honestidade, trabalho e muito estudo. Ainda hoje serve de exemplo para netos e bisnetos.

O povo cratense lhe fez merecidas homenagens dando seu nome a uma Escola e à avenida por onde passa o Rio Granjeiro, hoje a bonita Avenida José Alves de Figueiredo. Olhem os versos que ele compôs para mostrar o seu amor ao Rio Granjeiro e ao Crato:

A Voz do Granjeiro

Este rio que passa aqui gemendo
E vem da serra envolto em mil cipós,
Anda plangente desde que me entendo,
Desde que se entenderam meus avós.

É um rio de amor que vem trazendo
O cristal que regala a todos nós.
Seu gemido é segredo que eu desvendo,
Pois nele fala o Crato em terna voz.

Cantem outros o encanto de outros rios,
Como fez o Tejo o vale luso,
Que eu cantarei em doces murmúrios,

Do Granjeiro esta voz que sempre acuso
Como um lamento, um canto de amavios,
Um lamento de deusas que eu traduzo!

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo
Fonte de pesquisa: “Meu Mundo é Uma Farmácia” J. Figueiredo Filho
“Versos Diversos” José Alves de Figueiredo

É hoje!