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segunda-feira, 5 de julho de 2010

A liberdade de pensamento sempre será bem vinda. José do Vale Pinheiro Feitosa

Tudo que é moral está sujeito a revisão. A própria ética deixou de ser absoluta e se relativizou pelas múltiplas visões do mundo. Tudo que é regulamentado está sujeito a revisão. Isso é novidade? Sempre foi assim, apenas que se aceleraram em razão da grande quantidade de novos “atores” políticos, sociais, culturais e econômicos no território que antes foi exclusivo.

Isso quer dizer que estamos perdendo valores fundamentais? Acho que em parte é isso, mas não chega a ser toda a verdade. Na verdade a humanidade se transforma há mais de quinhentos anos num ritmo muito mais acelerado do que antes. Neste processo valores se tornaram obsoletos e outros nasceram, além de que muitos mais foram reforçados.

Vejamos a questão do holocausto judaico. A condenação ao genocídio passou a ser um valor universal e muito se deveu à própria luta do povo judeu e de novas vozes a denunciar os regimes políticos e as guerras como momentos tirânicos. A condenação ao genocídio atingiu idéias políticas chaves do século XX, como o Nazifascismo e o Comunismo e até mesmo instituições milenares como a Igreja Católica.

Uma questão chave para a nossa compreensão do momento é a própria internet e o telefone celular. Passamos a ter maior interação entre nós, mais versões sobre o mundo, maior possibilidade de receber e perder informação por substituição dado o enorme fluxo no mundo. Vivemos o momento em que recebemos a informação por via horizontal, bidirecional, entre nós mesmos.

Outro fato é que passamos a ler e ver coisas que antes não vinha a público. A própria noção do público e do privado se modifica, pois o lapso entre os dois universos se estreitou. O próprio conflito ficou mais evidente e o estranhamento mais freqüente, mas certamente, mas tolerante. É que, de fato, não precisamos mais das velas dos navios para explicar a curvatura da terra, existem fotos. Não precisamos de uma única versão, existem várias.

Sobre a questão da responsabilidade. Não imagino que seja um problema de exposição, pois este é um momento de exposição em si. A questão se encontra mesmo é na perseguição pessoal, no ataque a um dos lados da natureza mesmo da comunicação nos dias de hoje (horizontal, bidirecional, entre duas pessoas). E é preciso entender que a própria liberdade de expor implica em aceitar o contrapor. E o contrapor não é negar o outro, nem diminuir sua natureza de troca de informação, mas lhe opor o que expôs.

De vez em quando vemos na internet certo comportamento moleque, carregado de pedradas e palavrões. Isso nunca foi novidade na nossa cultura e há muito soubemos trabalhar estas práticas. Não é incomum que um grande furor argumentativo surja na defesa das idéias. Mas tratar de virulência, também, não é novidade, isso nós sabemos.

Portanto continuo achando que a liberdade na internet é tudo. Até para dizer besteira. O que se pode no máximo é preservar as margens do rio, nunca represá-lo.

O Reencontro – por Carlos Eduardo Esmeraldo

Os casais Roberto e Lia, Abreu e Gilda se conheceram na famosa praia Porto das Galinhas. Eram vizinhos de chalés alugados com antecedência para os feriados da Semana Santa. Ao se cumprimentarem com um protocolar bom dia, ocorreu entre os dois uma grande empatia. Ambos tiveram a sensação de já se conhecerem há bastante tempo. Roberto, 68 anos, aposentado do Banco do Brasil e juntamente com Lia, eram alagoanos e residentes nos Aflitos. Abreu e Gilda residiam no bairro Apipucos, bem próximo do Convento dos Irmãos Maristas. Eram servidores públicos aposentados, com todos os filhos casados e espalhados por esse Brasil afora.

A amizade entre os dois casais brotou nesses breves dias em que traçaram uma rotina comum. Banho de sol e mar aos primeiros raios solares, almoçavam juntos e repartiam um animado carteado durante a tarde, estendendo-se até quase meia-noite. Ambos eram exímios jogadores de canastra.

No domingo à noitinha, os dois casais se despediram, retornaram para Recife
com promessas de trocarem visitas e planos de retornarem àquela praia nas férias do final de ano.

Algumas semanas depois, Gilda caminhava pela calçada da Praça Treze de Maio, para retirar algum dinheiro na agência da Caixa Econômica da Rua do Hospício. Qual não foi o seu espanto quando encontrou Roberto. Pararam e começaram a conversar animadamente defronte a um banco da praça, no qual estava sentado um senhor já bastante idoso que observava a conversa dos dois.

Gilda estranhou que as pessoas que passavam pela mesma calçada se viravam para ela e começavam a rir. E mais gente passava rindo da cara dela e parava a pouca distância formando um grupo que a observa, e ria dela sem parar. Ficou muito intrigada com aquela atitude das pessoas. Tão logo se despediu do amigo Roberto, indagou de alguns adolescentes que faziam parte desse grupo que dela ria: “Por que vocês estavam rindo tanto da minha conversa com aquele meu amigo?” “Xi, pessoal, a coroa tá pirada! Conversava com um amigo invisível?” Exclamou e em seguida indagou um deles. “É, a senhora estava falando sozinha. E aquele velhinho sentado no banco de frente foi o único que não riu de coisa tão estranha.” Disse-lhe outra adolescente. “Eu não estava falando sozinha. Aquele senhor que está sentado naquele banco ouviu toda nossa conversa. Vamos lá para provar isso.” Respondeu Gilda.

Retornou sozinha e indagou do velho: “O senhor viu se eu estava falando sozinha aqui na sua frente?” E o senhor respondeu: “Não senhora. A senhora estava conversando com um senhor de óculos, bigode, vestido numa camisa azul. Ao se despedir enviou lembranças para Lia, a mulher desse seu amigo”.

Intrigada com o fato, Gilda, tão logo retirou o dinheiro da Caixa, resolveu ir até a casa da amiga Lia para contar o que sucedera e saber se Roberto havia saído naquela tarde. Então entrou no primeiro táxi e rumou para os Aflitos.

Ao chegar no endereço que o casal amigo lhe fornecera, foi surpreendida com a saída de um caixão de defuntos. Chegou a tempo de ver a amiga Lia abraçada por uma mulher ainda jovem. Ao vê-la, Lia, em prantos, disse-lhe: “Eu pensei em lhe avisar da morte do Roberto, mas fiquei tão sem planos... Ainda bem que você veio.” E se abraçaram por algum tempo, dividindo aquela imensa dor.

Presença do sobrenatural? Reencontro com o amigo morto que veio avisar da sua partida definitiva? Essas indagações povoavam a cabeça de Gilda e as deixaram várias noites insones. Antes que enlouquecesse, procurou um médico amigo e este lhe recomendou uma consulta com frei Joaquim, um frade português, residente no Recife, que era parapsicólogo.

O parapsicólogo frei Joaquim explicou a Gilda que, ela, a amiga Lia e o velho que estava sentado no banco da praça possuíam uma percepção extra-sensorial e receberam uma comunicação telepática da amiga Lia, quando esta pensou em lhe comunicar a morte do marido. Nós, indivíduos ditos humanos, somente conhecemos dez por cento da nossa capacidade mental. Há nela poderes que para nós são ainda inexploráveis.

Nota: A história é real e os nomes dos casais são fictícios. O parapsicólogo Frei Joaquim esteve em Crato há mais de 20 anos e narrou esse fato no Auditório do Teatro Rachel de Queiroz.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

O Paradoxo Existencial

Por Luiz Domingos de Luna – Professor em Aurora*

É incrível o poder de inquietação dos que não conseguem se adaptar a naturalização das mesmices de uma terra, lugarejo, logradouro (...) que à luz do tempo, nada a oferecer, a quem sonha com a tenacidade, com o enfrentamento de um mundo mais concorrido, quem sabe! Cruel, às vezes, com certeza, uma luta desigual, pois “o exilado” de seu torrão natal, nunca entende se tratar de um exílio, mas sim, de um ser que abandonou o seu berço existencial para a plenitude, conseguida com sangue suor e lágrimas, passando inclusive, por agruras tão doloridas, que, em não suportando o peso do acirramento competicional, uma parcela se dilui na argamassa humana dos anônimos, vencidos pelo tempo e pelo cansaço existencial, à dor de uma renitência pisoteada, humilhada e violada, transformando , o grande objetivo do desbravador social em um sonho caído, um sonho quebrado, um sonho perdido.Porém, nesta guerra na selvageria social, sempre há, os que, de tudo fizeram para continuar na linha de frente de um combate, onde a vitória e a derrota, são o saldo positivo ou negativo de todos que se propõem a dar brilho, luz e foco a sua própria história de vida.Trazer o troféu de herói, dos mais longínquos espaços geográficos, para expor ao torrão natal, como exemplo a ser seguido para as gerações atuais e vindouras, é sempre motivo de dor e sacrifício, pois, os laços etnográficos, a filtrar pela lente da emoção e das reminiscências, um dualidade de uma complexidade estrutural muito forte e coesa, pois,por parte do desbravador: um débito que não existe, mas,está presente nas lembranças que nunca deixam de ser lembradas.Ao torrão natal a cobrança ao desbravador, que na verdade, foi expulso, unicamente, por falta de oportunidades. Eis o grande paradoxo, na expulsão, um fracassado que sai, e, ao retorno com o troféu da vitoria, um devedor a consertar tudo que deu errado, exatamente, na sua ausência.
(*) É colaborador do Blog Cariri Agora

Pensamento para o Dia 05/07/2010


Pensamento para o Dia 05/07/2010
“A capacidade de superar as tendências (Gunas) da Natureza (Prakriti) não é inerente a qualquer um; isso se trata de uma Graça do Senhor. E essa Graça é conquistada pela repetição do Nome de Deus (Japa) e meditação (Dhyana). A verdade deve ser experimentada a fim de que não possa escapar da consciência, e a disciplina necessária para isso também é Japa e Dhyana. Isso deve ser primeiro e claramente entendido: é impossível para alguém controlar as tendências de Prakriti, o poder é possuído apenas por aqueles que têm Prakriti sob contrôle e cujos comandos, Prakriti obedece. Prakriti é a base de tudo no Universo. É a base da Criação e da Existência. Tudo isso é Prakriti: homens ou mulheres, feras ou pássaros, árvores ou plantas; na verdade, tudo o que pode ser visto é inseparável de Prakriti.”
Sathya Sai Baba