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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A COMÉDIA NOVAMENTE EM CARTAZ!!!



TEATRO RACHEL DE QUEIROZ - CRATO-CE
18(sab), 19(dom) e 20(seg) de setembro de 2010, às 20h
Ingressos: R$ 10,00 (inteira) / R$ 5,00 (meia) / R$ 4,00 (antecipado)

TEATRO DRAGÃO DO MAR - FORTALEZA-CE
29(qua) de setembro de 2010, às 20h
Entrada: 1Kg de alimento não perecível

Quem vai pela cabeça dos outros? – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Há muito tempo que eu não escuto uma expressão popular usada insistentemente pelos moradores da região do Cariri, por volta das décadas de 1950 e 1960: “Quem vai pela cabeça dos outros é piolho.” Era equivalente a outra sabedoria de pára-choques de caminhão, “Se conselho fosse bom era vendido...” Ambas estão em desuso, talvez por influência dos modernos escritórios de consultoria que vendem seus conselhos para empresas multinacionais, que os compram a peso de ouro, para que depois, nós paguemos a conta. De minha parte, toda vez que eu fui pela cabeça dos outros, terminei de uma forma ou de outra “quebrando a cara.

Nos primeiros anos da década de 1980, o Rotary Clube do Crato trouxe à nossa cidade um famoso psicólogo de Fortaleza para aconselhar os casais cratenses. Como bom rotariano que éramos, eu e Magali comparecemos. Foi numa tarde de um sábado, com auditório lotado de casais, onde muitos ensinamentos foram derramados por aquele mestre das ciências da alma. Numa palestra bastante agradável, o psicólogo, que também era sacerdote católico, discorreu sobre sexo, como viver em harmonia e principalmente a educação e formação dos nossos filhos. Enfim, coisas que todo pai e mãe desejam e gostam de ouvir para imediatamente porem em prática. Entre os muitos conselhos que ele nos deu, havia um aparentemente pertinente. “Levem os filhos qualquer dia ao local de trabalho, para que eles vejam a luta de vocês para ganhar o pão.”

Na semana seguinte, numa bela tarde, lá ia eu em direção à Coelce, meu local de trabalho, acompanhado pelos meus três filhos, com idade de oito, seis e quatro anos, respectivamente. Ao chegarem, desceram do carro feito loucos, correram pelos corredores e jardins, visitaram todas as salas e numa fração de segundo exploraram todos os pontos da repartição, um prédio de dois pavimentos, que ocupava quase um quarteirão. Depressa descobriram a cantina e eu os apresentei ao dono, dizendo que servisse tudo que eles quisessem. No final do expediente, faria o pagamento das despesas. Quanta coragem! Mas era assim que eu pensava: deixando-os livres, poderia ter um pouco de sossego e trabalhar com tranqüilidade.

Vez por outra, eles subiam ao andar superior, abriam a porta da minha sala de trabalho, olhavam de soslaio e desapareciam em seguida. Lá pelas quatro horas, o mais novo deles, cansou e sentou-se por alguns minutos num sofá defronte ao meu birô. Continuei trabalhando, atendendo ao telefone, recebendo clientes e registrando alguns dados para ordens de serviços. E o caçula, sentado ali, balançando as perninhas e observando tudo. Quando eu o olhava, ele sorria meio desconfiado.

Finalmente, o dia terminou e antes de sair, lembrei-me de pagar a conta que eles fizeram na cantina. Puxa! Que conta salgada! Os três consumiram todo o estoque de chocolates, bombons, sorvetes e comeram sanduíches por um ano inteiro, para felicidade do cantineiro, que nunca havia vendido tanto em tão breve espaço de tempo.

Mas ao chegar à nossa casa, é que notei a grandiosa besteira que fiz, indo pela cabeça daquele psicólogo. Ao receber as crianças, Magali exclamou para eles: “Ih! Passaram a tarde toda vendo o papai trabalhar...” Ao que o mais novo, aquele que demorou alguns minutinhos descansando na poltrona à minha frente, respondeu: “Papai não trabalha, não. Passa o tempo todo atendendo telefone e escrevendo uma cópia, sem olhar para nenhum livro...”

É isso mesmo! Eu mereci!... Quem mandou ir pela cabeça de psicólogo? Grande piolho é o que eu fui!

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

CARIRIANAS


DA IBIAPABA

Por Zé Nilton*

Sabe chilito, aquela coisinha feito binga de cabrito, amarelinha, que faz a festa da criançada pobre do Nordeste? Pouco se encontra à venda em Viçosa do Ceará. Estamos na terra da peta, uma iguaria feita de polvilho, um filhós pequeno, crocante, muito gostoso e que só faz bem. Nas ruazinhas das partes altas da velha cidade, uma casa e outra não, do lado direito da rua, e em todas as casas da esquerda, o fabrico doméstico de peta não chega pra quem quer. Viçosa do Ceará é pródiga em peta, pródiga em cachaça e igualmente pródiga em história.

Olha só: a maior concentração de índios da capitania de Pernambuco resultou no maior aldeamento indígena do Nordeste, aqui na Serra da Ibiapaba. Todos os olhares da catequese por via lusitana acorreu para a Serra Grande a partir da segunda metade do século XVII . Em 1700 se instala seu primeiro Aldeamento e Missão dos Índios Tabajara, em Viçosa da Ibiapaba.

Destas terras altas se narram episódios e figuras marcantes da trajetória da colonização portuguesa no Ceará e no Nordeste. Desde a saga do primeiro emissário jesuíta enviado de Pernambuco para aplacar a ira da indiada na Ibiapaba, logo após a beligerante passagem de Pero Coelho, e que resolvendo seguir até o Maranhão, o padre Francisco Pinto, terminou por ser trucidado pelos índios da nação Trarairiús, salvando-se seu coadjutor, o padre Luiz Filgueira.

Padre Pinto tornou-se o santo de todas as tribos do médio e baixo Jaguaribe e zona norte do Siará Grande. Tem também a passagem do intelectual, exímio orador e temido pelas cortes da época, o padre Antonio Vieira. Sem falar do imponente índio tabajara, na defesa documental de Tristão de Alencar Araripe(1), o assim batizado Antonio Felipe Camarão, aliás, Dom Antonio Felpe Camarão, título inédito dispensado a um índio,outorgado pelo Rei Felipe IV, por sua luta contra os holandeses desde o Ceará até Pernambuco.

A Ibiapaba é lembrada igualmente como paisagem e lugar de contendas portuguesas, indígenas e francesas na famosa obra do capuchinho Claude D´Abbeville, escrita em França no ano de 1614, logo após sua brava permanência de quatro meses em terras maranhenses.

Viera junto a uma companhia francesa a mando do rei Luiz XIII cujo fito era instalar a França Equinocial após a malograda tentativa da França Antártica, no Rio de Janeiro. E como missão católica, tirar os povos indígenas dos confins do inferno e trazê-los à purificação cristã.

Sua descrição sobre a passagem pela enseada de Camucim, olhando a Serra Grande, bem distante, é de uma sutileza própria da escrita dos viajantes europeus.

Sem dúvida uma leitura pra lá de prazerosa sobre uma faceta político-religiosa-militar empreendida por uma França ávida em implantar colônias no novo mundo.

Eurocentrismo, etnocentrismo, visão de mundo e forte inclinação apologética à parte, Claude d´Abbeville narra em detalhes a bravura da empresa francesa e todas as conquistas e todas as ações positivas e negativas em favor da salvação das almas selváticas e do domínio francês no Maranhão e terras circunvizinhas. Narra a história, a geografia, a cosmologia, a cosmogonia e a antropologia da grande nação Tupinambá, habitante do litoral brasileiro e sua concentração na Ilha do Maranhão.

Dei-me a mim um presente nos meus completos e bem vividos sessenta anos, a ansiada leitura da “ História da Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas”, do padre d´Abbeville, reprodução fac-similar da edição publicada pela Livraria Martins Editora, em 1945; tradução de Sérgio Milliet.

Dela e de outras obras como a de Jean de Lery, de Frei Martinho de Nantes, de Ives d`Evreux, de Vicencio Mamiani, de André de Thevet e de tantos viajantes e missionários que descreveram seus encontros com o outro, os índios do Brasil, sejam do litoral sejam dos sertões, tenho a lamentar a falta desses escritos sobre os nossos Cariri da parte do Ceará.

É imergir num quebra cabeça a tarefa de historicizar de seu ponto de vista a saga guerreira e duas vezes vencidas a passagem desses povos pelos solos que pisamos.

Só para dizer, nunca me convenceu a infame característica Cariri difundida pelo seu mais ferrenho oponente o Tupi, e alimentada e reproduzida por quase todos os escritores indigenistas como “calados, desconfiados e macambúzios”. Um povo que sustentou uma luta inglória por tanto tempo, como ser isto? Bom, mas aí é outra história.

Escrevo estas linhas da capital da Ibiapaba, Tianguá, terra de caboclos trabalhadores, a perfeita mistura dos Tabajara com europeus.

(*)Antropólogo. Professor do Departamento de Ciências Sociais da URCA. jn-figueiredo@hotmail.com
(1)História da Província do Ceará, dos tempos primitivos até 1850. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2002.

Antes tarde do que nunca -- postado por Armando Rafael


Fidel Castro admite que modelo cubano não funciona mais

Fonte: jornal O POVO com matéria da AFP

Fidel Castro adotou um tom de incomum de arrependimento sobre fatos do passado, revelou entrevista

O "modelo cubano" já não funciona, inclusive na própria ilha, admitiu o líder Fidel Castro à revista americana The Atlantic, que publica nesta quarta-feira uma entrevista com o "comandante". Entrevistado ao longo de vários dias pelo jornalista americano, Fidel Castro adotou um tom de incomum de arrependimento sobre fatos do passado, revela a entrevista, que está sendo publicada desde a segunda-feira passada.


Castro, 84 anos, disse a Goldberg estar arrependido por ter pedido em 1962 ao líder soviético Nikita Kruschev, durante a crise dos mísseis, que atacasse os Estados Unidos com armas nucleares caso fosse preciso.O ex-presidente cubano voltou recentemente à vida pública, particularmente para alertar sobre o risco de uma guerra nuclear no Oriente Médio devido à queda de braço entre Israel e Irã.


Na mesma entrevista, Fidel criticou a retórica antissemita usada pelo presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad: "Não acredito que alguém tenha sido mais difamado que os judeus. Diria que muito mais do que os muçulmanos. Foram mais difamados que os muçulmanos porque são acusados e caluniados por tudo. Ninguém culpa os muçulmanos de nada". "Os judeus tiveram uma vida muito mais dura do que a nossa. Não há nada que se compare ao Holocausto".Segundo o líder cubano, o governo iraniano contribuiria para a paz se tentasse entender porque os israelenses temem por sua existência.


Goldberg foi convidado pelo próprio Fidel, que se interessou por um artigo seu sobre as tensões entre Irã e Israel.

AFP