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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

COMPOSITORES DO BRASIL


NOEL ROSA X WILSON BATISTA
A Peleja Musical do Século XX

Por Zé Nilton

Prefiro chamar de peleja e não de polêmica a refrega musical ocorrida no começo dos anos 30 entre Noel Rosa e Wilson Batista. Peleja é melhor que polêmica. Peleja é assim como uma teima. Um teima daqui, o outro teima dali, e a coisa se desembesta ficando cada vez mais interessante. Peleja conota um sentido musical e está mais pras coisas se saírem de um jeito alegre e em paz. Já polêmica, bom, o certo é que a Música Popular Brasileira ficou mais robusta e marcou toda uma geração de grandes sambistas o encontro desses dois titãs na velha/nova Rio de Janeiro.

Wilson Batista é de Campos e Noel carioquíssimo. Este é três anos mais novo que aquele. Interessante é que no plano da musicalidade ambos falam a mesma linguagem do samba urbano. A questão não está posta em termos do contraste rural x urbano, e sim do espaço físico, musical e o enfoque da época em cima de temas como a malandragem, a vadiagem, o bamba do não trabalho etc.

Nesta perspectiva fica demarcada a questão de classe na escrita e na temática. As letras de Noel são mais rebuscadas e de fino acabamento. Noel filho da classe média, branco e estudante de medicina. Wilson Batista vem de uma família pobre, preto e seu aprendizado do mundo se dá nos lugares da boemia e da marginalidade. Sua escrita é rica em conteúdo, direta é por vezes agressiva, sem perder o encanto.

Mas tudo começou quando Wilson Batista sob o pseudônimo de Mário Santoro lançou a música “Lenço no Pescoço”. Na época estava havendo um movimento dentro da MPB no sentido de (re) valorizar temas mais poéticos em detrimento dos atuais insistentemente focados em orgias, gandaias e nas “delícias do não trabalhar”, no dizer de Almirante. Noel ouviu bem e retrucou Wilson Batista com a música “Rapaz Folgado”, aconselhando-o a trilhar por outro caminho na estética e na vida.

Então, é toda esta conversa em torno do assunto embalada pelas músicas de ambos que apresentaremos nesta quinta feira no Compositores do Brasil, programa radiofônico levado ao ar pela Rádio Educadora do Cariri, de Crato.

Na sequencia:

LENÇO NO PESCOÇO, de Wilson Batista com Sílvio Caldas e Diabos do Céu, 1933;
RAPAZ FOLGADO, de Noel Rosa com Mart´nália e Martinho da Vila
MOCINHO DA VILA, de Wilson Batista com Jorge Veiga
FEITIÇO DA VILA, de Noel Rosa com Aracy de Almeida
CONVERSA FIADA, de Wilson Batista Moreira da Silva
PALPITE INFELIZ, de Noel Rosa com João Gilberto
FRANKENSTEIN DA VILA, de Wilson Batista com Jorge Veiga
JOÃO NINGUÉM, de Noel Rosa com Antônio Carlos Jobim
TERRA DE CEGO, de Wilson Batista com Jorge Veiga
DEIXA DE SER CONVENCIDA, de Noel Rosa e Wilson Batista com Roberto Paiva

Quem ouvir verá!

Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri(www.radioeducadoradocariri.com)
Acesse: www.blogdocrato.com
Quintas-feiras. De 14 às 15 h.
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Direção Geral: Dr. Geraldo Correia Braga


O crime do aborto - Emerson Monteiro

O saber natural em sua ação persistente criou as condições de gerar filhos e os seres humanos em sua ignorância os expelem a sangue frio natimortos, quais eliminassem animais desnecessários, seus próprios semelhantes.
Houvesse leis pela preservação da vida em soberbas características de contenção dos desmandos praticados em redor do mundo e, decerto, a história mostraria inegáveis oportunidades de felicidade a esses tontos mortais esfomeados de prazer imediato.
Jamais, senão agora, demonstrações de ausência de lucidez parecerem crescer no horizonte esfumaçado da destruição na flor da idade, em meio aos escombros da barbárie que toma conta dos séculos. Símbolos de paz viraram motivos de ausência de critério, nas promoções desencontradas de minorias vencidas.
Mas falávamos da covardia do aborto... Que pouca honestidade para com os semelhantes a nascer essa atitude dos legisladores lusitanos... Nem de longe se deve imaginar uma coisa dessas para o Brasil, povo originário dos avôs do outro lado das marés, que desta vez desistem de querer renovar a espécie. Exemplos melhores já nos deram, com certeza... Lições práticas de vida, a língua, o sentimento latino, o fervor, a musicalidade. Agora, contudo, quebraram a cara e nós nos negamos a segui-los.
Tirar a vida, como querer? Não sabemos repor o viver de quem morre, por isso não se devem eliminar os seres humanos que aguardam as mesmas chances de brotar, crescer e conhecer.
A morte dos inocentes em gestação clama consciência, portanto. Falar na esperança dessas vidinhas em sumidouro, desejos de viver na lama dos ausentes, dói e requer disposição de ânimo aos que lutam pela paz. Aquilo que seria a festa das famílias, chegar de novos filhos, torna-se chama apagada no vento abusivo de vazias palavras soltas, derramadas.
E falar em amor exige coerência a uma civilização bandida, revirada nos laços das armadilhas, caminhos tortuosos, vilã matreira de poucas luzes. Gritos de promessas, entretanto, rasgam o espaço de sombra. A força de sobreviver, falando alto nas entranhas das gentes, indica o valor carinhoso de novos sonhos.
Quisessem reverter os quadros fantasmagóricos da indigência e praticassem hábitos justos e alegres de salvar os que, mais que antes, precisam nascer...