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segunda-feira, 22 de junho de 2009

Tipos populares do Crato (2)

Sorriso

Todas as cidades prezam e desprezam, com a mesma intensidade, seus loucos. É uma espécie de catarse, para as pessoas tidas como normais extravasarem a pressão que pode levá-las à loucura.

No Crato, não é diferente. Ainda, hoje, apesar do rápido crescimento observado nos últimos anos, tanto do seu perímetro urbano quanto de sua população, é comum o triste espetáculo de malhação pública das pessoas tidas como exóticas, a exemplo dos bêbados, homossexuais e loucos.

Sorriso era uma louca que só vivia sorrindo, perambulando maltrapilha pelas ruas, becos e avenidas.

Em tempos de moralismo extremado, o tabu da virgindade era muito forte. Havia um forte preconceito contra as garotas que não fossem virgens, o que, fatalmente, custaria um casamento dentro do padrão esperado. Para os garotos, só restava uma alternativa para aliviar a libido: fazer sexo com prostitutas. No entanto, essa via era problemática. Só os maiores de dezoito anos podiam frequentar os prostíbulos (aqui chamados de cabaré). Os comissários de menores, a quem chamávamos de “come-sapo”, eram implacáveis e, por isso, muito temidos. Ou seja, sexo com prostitutas nos cabarés era uma possibilidade muito difícil. Restavam duas opções: as empregadas domésticas ou as loucas. E dentre as loucas, Sorriso era a primeira opção.

Sorriso teve muitas gestações indesejadas e, por conseguinte, muitos filhos indesejados também.

Por isso, talvez, Sorriso vivia a embalar uma boneca de plástico, como que lhe substituindo os filhos, tomados dela para serem criados por famílias abastadas ou não.