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sábado, 9 de outubro de 2010

Os Prêmios Nobel da Semana - José do Vale Pinheiro Feitosa

Dois russos, um Peruano e um Chinês se destacaram na máquina de tornar famosos, alguns já famosos e outros nem tanto, do Prêmio Nobel. Os Vikings continuam em seus Drakar, movidos a remo e vela, pelos mares da política Européia fazendo saques rápidos para fustigar certos impérios e ajudarem a outros.

O prêmio Nobel dados aos russos foi pelo desenvolvimento de uma “ultrapelícula” com apenas um átomo de carbono e que dará um salto enorme no processamento de informações e ao potencial em geral dos circuitos eletrônicos. É um prêmio mais técnico, mas aponta o caminho para os investimentos futuros: em quem e no quê.

Já o Prêmio de Literatura atribuído ao Vargas Llosa tem um dom fantástico de politizar. Primeiro dando uma martelada na ferradura, as línguas latinas tão esquecidas ao prêmio. Afinal o prêmio é o espelho da potência editorial das línguas Anglo-Saxônicas. Os Italianos e Franceses de vez em quando. Mas Espanhol e Português é a grande premiação negada. O Brasil nunca foi. Não tem mercado editorial?

Outra coisa é o próprio Vargas Llosa um escritor que milita num feroz neoliberalismo, que combate a esquerda latino-americana. Com isso o prêmio fatalmente se associa a este componente do escritor. A outra coisa é a fábula do fotógrafo cego. O político Vargas Llosa é incapaz de compreender as próprias narrativas que constrói, de denúncia da violência contra os pobres e as minorias.

O Prêmio da Paz ao Chinês é o mais politizado de todos. Aliás, sempre foi. Mas nesse ano é a prova cabal que os desdobramentos da crise econômica mundial estão em curso acelerado para o conflito. A questão interna da democracia chinesa é igual a zero para os investimentos estrangeiros no país, para as reservas chinesas nas letras do tesouro americano e outros interesses maiores.

A questão é que a equação chinesa e americana na crise se encontra em dificuldade. O Dólar, o Yuan, o Real e muitas moedas do mundo precisam de um acordo em que não se permita uma guerra cambial que aprofunde a crise muito mais ainda. Acontece é que a contradição no mercado mundial é muito grande. Parecem inconciliáveis.

Os EUA querem a desvalorização rápida em mais de 20% do Yuan. Quer a saída da sua crise apertando o outro. Os EUA se tornaram um país de consumidores, está se desindustrializando, prevalece o emprego no setor de serviços e todas as marcas que pegam nas prateleiras têm “made in out EUA”.

O Nobel da Paz serve de combustível para o embate entre a primeira e a segunda economia do mundo. Democracia, direitos humanos, liberdade política, faz parte da pantomima de cenário a esconder outro drama. O drama do conflito generalizado tão comuns nas crises econômicas mundiais.

Lennon aos 70 anos de idade? - José do Vale Pinheiro Feitosa

E John Lennon hein? Se ainda fosse vivo estaria completando hoje 70 anos de idade. E este “se” nos leva a imaginar coisas.

Estaria o Lennon passeando num “of Road” pelas trilhas aburguesadas das últimas terras ditas indenes dos EUA, mas que já de muito estão contaminadas? Teria abandonado o Central Park e moraria num Rancho da Califórnia, tão imenso e desmedido como as fantasias de todos os milionários?

Ou o nosso Lennon continuava um rebelde, dando murros em ponta de faca, tendo sido expulso dos EUA por Bush e ido morar nas Ilhas Virgens por suas posições contra as guerras do Iraque e do Irã? Estaria futucando o Obama pelo desemprego que acabará com uma geração inteira de trabalhadores nos EUA? Ele hoje estaria fazendo perguntas sobre a escolha do Prêmio Nobel da Paz para o dissidente chinês. Um prêmio que tem muito pouco de paz, mas serve para fustigar dentro da guerra obscura das moedas subvalorizadas?

E Lennon ainda estaria com a seiva criadora da música ou como o Chico se retira para escrever romances? Quem sabe ainda manteria a criatividade, agora amenizada, ao gosto das salinhas de classe média? Como o nosso Caetano Velloso estaria na campanha dos Republicanos, mesmo sabendo do Tea Party de madame Palin?

Como seria o Lennon aos setenta anos se aquela bala mortal não fizesse fugir o seu sopro de vida? E muito nos conforma aquele momento radical que não permitiu um quadro de aceitação integral do sistema a quem condenava?

Mesmo assim a nossa imaginação poderia pensar muitas coisas. Uma delas é que ou ele tinha partido para uma ruptura definitiva ou se acomodaria mesmo que mantendo suas posições liberais. Certamente que a pasmaceira dos anos 80 e 90 e os 10 do segundo milênio morreu. A pasmaceira morreu em 2008.

Agora é a crise. E na crise as rupturas recomeçam. Umas autoritárias e outras libertárias. Estamos nos anos jovens do jovem Lennon. Retornamos a eles. Vamos viver muitos solavancos.