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segunda-feira, 16 de junho de 2008


No próximo dia 31 de outubro a capela de Santa Teresa de Jesus completará 85 anos da sua inauguração. Devemos a construção dessa capela à Cruzada Carmelitana, uma associação religiosa existente em Crato, fundada em 1914, pelo então vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Penha - padre Quintino, um ano depois eleito primeiro bispo da nossa diocese.

A Cruzada Carmelitana era formada por senhoras e jovens da sociedade cratense. Além da parte religiosa, seus membros desenvolviam uma grande ação social na comunidade. Na prática religiosa, basta destacar que as festas de Nossa Senhora do Carmo (16 de julho) e Santa Teresa d’Ávila (15 de outubro) eram comemoradas com grande pompa, precedidas de Tríduo Festivo e encerradas com uma missa solene. Tudo acompanhado pelo Coral das Teresinas, onde se sobressaía a maravilhosa voz de Iraídes Gonçalves. De tudo isso só nos restam as gratas lembranças e os registros históricos...

Foi notável o empenho da Cruzada Carmelitana na construção da sua capela. As ricas obras talhadas em madeira de lei (altar-mor, quatro nichos laterais, confessionário, sólio episcopal, bancada e grade do altar) foram esculpidas por Mestre José Lucas, conhecido artista cratense. Tão bonito é o sólio episcopal que, posteriormente, ele foi cedido à Sé Catedral, onde ainda hoje está, tendo servido aos cinco bispos da diocese do Crato.

As imagens da capela foram adquiridas na Itália. No altar-mor está o “Trio Carmelitano”: Santa Teresa d’Ávila pontifica como padroeira, tendo ao seu lado Nossa Senhora do Carmo e São José. Os quatro nichos laterais abrigam as estátuas de São João da Cruz, Santa Teresinha do Menino Jesus, São Geraldo e São Quintino.

Toda a construção e acervo da capela de Santa Teresa foram viabilizados no primeiro quartel do século passado, quando o Crato vivia longe (quase isolado) dos grandes centros do Brasil. Naqueles tempos, as estradas e os meios de comunicação eram precários e a nossa economia dependia unicamente do produzido nas fainas agrícolas e na incipiente pecuária da época. Mas o importante é que o povo tinha fé!
Tanta, que este pequeno templo aí está, para atestar essa fé...

A capelinha - talvez por desígnio da Divina Providência - resistiu às más administrações públicas do Crato, responsáveis pela destruição de prédios históricos, a exemplo de todo o quarteirão da rua Miguel Limaverde. Resistiu às falsas idéias de modernismo, que tiveram como auge a medíocre década 60 e a construção do “monstrengo” chamado Brasília. Resistiu até aos tempos confusos pós Concílio Ecumênico Vaticano II, tempos esses felizmente encerrados com a eleição do Papa João Paulo II, para a Cátedra de São Pedro, em 1978.

Pouca gente sabe: essa capela é propriedade da diocese do Crato, e está, há longos anos, sob a custódia da Congregação das Filhas de Santa Teresa, que souberam conserva-la em toda a sua originalidade. Que ela permaneça, neste novo século há pouco iniciado, do jeito que está. Sacral! Altaneira! Digna! Plena de Imponderáveis... No cenário do nosso maltratado patrimônio arquitetônico a capela de Santa Teresa de Jesus é “um edifício que conta o passado ao presente...”.

Orgulho de ser político

Um filho advogado, engenheiro, administrador, professor, médico, todo mundo quer! Mas você DESEJARIA, do fundo do seu coração, um filho político de carreira? Você vê isso com muita freqüência? No Brasil de hoje? Difícil encontrar um pai, muito menos uma mãe, desejando uma carreira política para um filho. Ao pé da letra, não há nada demais nisso. Pelo contrário, ter a oportunidade de administrar o desenvolvimento de uma cidade, um estado, ou até mesmo um país, de criar leis que beneficiem o bem estar de um povo e o progresso de uma nação, é das tarefas mais nobres que um homem pode receber.

Mas vamos aos fatos. Todos os dias ao abrirmos os jornais, ou ligarmos a televisão, vimos o que? Escândalos! Um atrás do outro! Em todos os partidos, por todo Brasil. Interrompidos apenas por: Futebol, Carnaval, Natal, uma catástrofe natural ou um “crime bárbaro” de vez em quando. Nos últimos anos, os “esquemas” começaram a ser desbaratados e as máscaras começaram a cair, uma a uma. Mas a coisa parece estar impregnada. Político do quilate do ex-senador Jefferson Péres é exceção, e não a regra. Como pode um possível pretendente a um cargo público entrar numa campanha sabendo que suas despesas somariam 2, 3, 4...vezes o valor total de seus 4 anos de mandato? Não dá? E não venha me dizer que a campanha é financiada por empresários, pois quem dá quer receber! E de que jeito este “investimento“ volta? Deus sabe... Acho até que Deus preferia nem saber!

E o povo não vê? Vê! Mas finge que não vê que os tais não vão pra cadeia, porque CPIs acabam em pizza, porque denuncia não dá em nada, nada dá em nada! “Ruim com ele, pior sem ele!”, “Rouba, mas faz!”. A realidade parece clara. A verdade parece estar à vista de todos, mas parece que somos um povo “acostumado”, “conformado”, “apático”. Desconhecedores do nosso valor somos tangidos como gado, a cada 4 anos, para um curral onde se oferecem: camisas, bonés, cimento, tijolo, um belo e ludibriante discurso com trio-elétrico animado por alguma banda de forró da moda. E depois disso? Depois disso você vota, e como se diz por aqui, perde seu valor! O eleito assume o cargo e faz o que quer, do jeito que quer, afinal ele foi eleito...

Sabemos que políticos dizem ter orgulho de serem políticos. Que se orgulham de “serem”: vereadores, prefeitos, deputados, senadores, governadores ou presidente, neste país. Mais interessante é que NÓS tenhamos orgulho dos políticos que temos! Aliás, a postura imperial de alguns deles, percebida através da arrogância e tom de superioridade, faz parecer que mal sabem que, quando eleitos, “estão” e não “são” vereadores, prefeitos, etc... Se conscientes fossem, revestiriam-se do cargo sabendo que ele é transitório. O Brasil que viu o império virar república, a escravidão ser abolida, o trabalhador ter direitos garantidos, precisa agora ver o estado ser governado e legislado por homens honestos e capazes de promover os melhoramentos, maciçamente, “prometidos” de: educação, saúde, emprego, transporte, moradia e segurança. Neste mar de desesperança, existe uma única praia, o voto. Bom que fosse não obrigatório, mas já que não o é, melhor que fosse dado a algum político, no bom sentido da palavra, preparado para servir AO POVO. Tenhamos orgulho de votar. Tenhamos orgulho de nossos governantes.


Dimas de Castro e Silva Neto, M.Sc.
Eng. Civil, Prof. do Departamento de Construção Civil da URCA

Artigo publicado no Jornal do Cariri de 10/06/2008.