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quinta-feira, 31 de julho de 2008

ANISTIA TARDIA

Com 98 anos de atraso, o governo declarou na quinta-feira 24 que está anistiado o marinheiro João Cândido Felisberto, o famoso “Almirante Negro”, que liderou em 1910 a Revolta da Chibata, no Rio de Janeiro – dois mil marujos insurretos ameaçaram bombardear a cidade exigindo o fim dos castigos corporais nos navios. Na época, o presidente Hermes da Fonseca negociou o fim da revolta com a anistia que nunca foi dada. João Cândido morreu em 1969, aos 89 anos.

Por Tatiana de Mello
Fonte: Revista ISTOE N° 2021
http://www.terra.com.br/istoe/

Foi publicado no "Jornal do Cariri",edição de 29-07-2008:

Joaquim Pinto Madeira

Armando Lopes Rafael (*)


Pessoa interessante – e quase desconhecida – esse Joaquim Pinto Madeira! Em 1946, o médico e historiador cratense Irineu Pinheiro escreveu um trabalho sobre Pinto madeira, o malogrado caudilho caririense, nascido em Barbalha – no lugar denominado Silvério – ao sopé da Chapada do Araripe.
Pinto Madeira participou, ativamente, no Cariri, dos acontecimentos da Revolução Pernambucana de 1817 e da Confederação do Equador, esta em 1824. Era monarquista convicto, mas, diferente do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, Pinto Madeira era rancoroso e vingativo. Esses defeitos lhe acarretaram muitos inimigos.
Derrotados os revolucionários republicanos cratenses de 1817, coube a Pinto Madeira conduzir à prisão, em Fortaleza, os 20 presos políticos, a maioria da família Alencar ou seus agregados. No percurso, consta que esses presos teriam sofrido humilhações da parte do caudilho.
Irineu Pinheiro escreveu: “Nunca perdoaram os Alencares e os liberais cratenses a ação de Joaquim Pinto Madeira naquelas duas agitadas fases da nossa história”. Pinto Madeira era acérrimo inimigo dos republicanos e liberais. Quando da abdicação do Imperador Dom Pedro I ao trono brasileiro – fato ocorrido em 7 de abril de 1831 – Pinto Madeira aliou-se ao atrabiliário Vigário de Jardim, Padre Antônio Manoel de Sousa, julgando que os liberais brasileiros teriam forçado o Imperador a abdicar. Ledo engano, desmentido posteriormente pela história.
Os dois organizaram uma milícia, com cerca de dois mil homens, a maioria armada com rudimentares espingardas e invadiram a cidade de Crato para dar cabo das pessoas simpatizantes dos liberais. Na versão dos inimigos de Pinto Madeira, à falta de espingardas, o Padre Antônio Manoel benzia cacetes e os distribuía aos membros da milícia. Daí lhe vem o apelido de “benze - cacete”.
Pinto Madeira entrou triunfalmente em Crato. Mas, não pôde (ou não quis) conter os violentos revoltosos que saquearam o comércio e residências, cometeram assassinatos e queimaram arquivos públicos. A essa invasão seguiram-se as batalhas nas localidades Buriti, Coité, Barbalha, Missão Velha e Icó. Em 05 de junho de 1831 a Câmara de Crato decretou a prisão de Pinto Madeira. Pressionado pelo Governo Imperial o caudilho negociou sua rendição com o famoso General Labatut, em troca da garantia de vida.
O General cumpriu o trato e remeteu Pinto Madeira para Recife. Retornando ao Rio de Janeiro, Labatut não mais acompanhou Pinto Madeira que foi mandado ao Maranhão, onde sofreu muitas torturas. Retornou preso ao Ceará em 1834. Foi escoltado de Fortaleza a Crato, onde – num júri parcial – composto por inimigos seus, Pinto Madeira foi condenado à forca em 26 de novembro daquele ano. Não por crime da sua sedição, mas porque teria, anos antes, ordenado a morte de um parente de um dos jurados. Pinto Madeira tentou usar o direito de apelação, o que lhe era garantido pelas leis vigentes, o que lhe foi negado pelo juiz de forma ilegal.
Vendo que era o seu fim, alegou sua condição de Coronel pedindo para ser fuzilado ao invés de enforcado. Irineu Pinheiro arremata com maestria: “Morreu virilmente Pinto Madeira. Conta a tradição, ouvida por mim desde criança, que momentos antes do fuzilamento, ofereceu-lhe um lenço para que vedasse os olhos um dos seus mais implacáveis inimigos, José Francisco Pereira Maia. Recusou o condenado a oferta, replicando ter no bolso lenço próprio. Durante anos a fio, fez-lhe promessas o rude povo dos sertões, considerando-o um mártir, isto é um santo”.
(*) Armando Lopes Rafael é historiador. Artigo publicado no “Jornal do Cariri” em 30 de outubro de 2001.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

A FÉ DA RAPAZIADA

O Brasil possui a terceira população jovem mais religiosa do mundo, segundo estudo da consultoria alemã Bertelsmann Stiftung: pelo menos 95% dos brasileiros entre 18 e 29 anos declararam que seguem uma religião. Esse índice coloca o País entre os mais religiosos do planeta – estamos apenas atrás da Nigéria e da Guatemala. Marrocos e Indonésia (países muçulmanos) têm os mesmos índices do Brasil (predominantemente católico). Os jovens brasileiros também estão entre os que mais rezam: 74% declararam fazê-lo diversas vezes ao dia, embora um terço deles tenha admitido que não vive totalmente de acordo com os preceitos da religião.

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Por Tatiana de Mello
Fonte: Revista Istoé N° 2021
http://www.terra.com.br/istoe/

Notícias da Semana


O PRIMEIRO AUTOMOVEL DE CRATO
Pertencia ao comerciante Manuel Siqueira Campos o primeiro automóvel chegado a Crato (foto acima). Às 5 horas da manhã de 29 de setembro de 1919 a população da então pequena cidade ouviu, pela primeira vez, o barulho do motor de um automóvel. Na manhã do dia seguinte foi inaugurada a estrada para o Lameiro construída pelo então prefeito Antônio Luís Alves Pequeno. Hoje é difícil conseguir estacionamento para carros no centro de Crato. E o Lameiro é um dos bairros da cidade.

E POR FALAR EM SIQUEIRA CAMPOS...
Quem passa pela Praça Siqueira Campos observa tapumes que estão sendo colocados para nova reforma no logradouro. Falta a placa indicativa da obra. Entretanto, os freqüentadores da praça mais antiga de Crato informam que, dentro da reforma, será construída uma coluna para um relógio com quatro faces. Tomara que – dentro dessa obra – não seja retirado um busto do comerciante Siqueira Campos, colocado no local durante a última reforma do logradouro, feita na administração de José Adega. Crato possui poucos monumentos públicos. E o busto homenageia um comerciante progressista, pioneiro do calçamento das ruas de Crato. Pavimentação, aliás, feitas às expensas de Siqueira Campos.

JUSTIÇA FEITA
Há tempos vozes sensatas reclamam uma homenagem da cidade de Crato ao seu fundador: Frei Carlos de Ferrara. Os poderes públicos foram omissos até agora. Entretanto, consta que a Diocese de Crato vai criar o Centro Cultural Frei Carlos Maria de Ferrara, que englobará o Departamento Histórico Diocesano Padre Antônio Gomes de Araújo e o futuro Museu Diocesano. A Diocese de Crato estará, assim, corrigindo a gritante omissão.

A VERDADE NUA E CRUA 1
O Governo pouco ajuda o agronegócio brasileiro. Existe muito dinheiro, mas a prioridade é financiar a reforma agrária em terras invadidas pelo MST. Essas terras, quase sempre, viram “favelas rurais”, pois a maioria dos assentados (recrutados de outras localidades distantes do local invadido) não possui experiência nem competência para tocar uma mini propriedade rural. Enquanto isso o agronegócio tem dado mostras de um vigor extraordinário. Cerca de 40% do PIB nacional – mais de 50 bilhões de dólares nas exportações – e 40% dos empregos do País vêm do agronegócio.

A VERDADE NUA E CRUA 2
Eis uma amostra dos feitos do agronegócio brasileiro: a safra de grãos ultrapassou 140 milhões de toneladas; somos o maior exportador de soja do mundo; no setor de açúcar e álcool teremos produção recorde de 30 milhões de toneladas de açúcar e 23 bilhões de litros de álcool (equivalente a 400 mil barris de petróleo/dia); a produção de laranjas cresceu 30% e em cada dez copos de suco de laranjas bebidos no mundo, oito são do Brasil; somos o maior produtor mundial de café, o segundo de milho. E o rebanho bovino do Brasil, com 200 milhões de cabeças, é o dobro do norte-americano...

COMEMORAÇÕES
Em 2008-2009, a diocese de Crato está comemorando 140 anos das Missões Populares do Servo de Deus Padre Ibiapina no Cariri. Servo de Deus é o título que se dá a quem teve processo iniciado no Vaticano visando beatificação e posterior canonização. Também neste ano serão comemorados os 260 anos de criação da Paróquia de Nossa Senhora da Penha de Crato, fato ocorrido em 04 de fevereiro de 1768.

CINEMA CARIRIENSE
O cineasta cratense Jackson Bantim (o conhecido “Bola”) prossegue sua batalha para concluir o curta-metragem “As Sete Almas Santas Vaqueiras”. Bola resgata uma história do imaginário popular nordestino. O filme teve cenas externas filmadas no distrito Santa Fé, em Crato e tem como diretor-assistente o cineasta Glauco Vieira. A trilha sonora é de Luiz Carlos Salatiel e o diretor de fotografias é Catulo Teles. Jackson Bantim merece ser ajudado pelas instituições culturais cearenses, pois o cinema caririense vem crescendo em qualidade nos últimos tempos.

Vergonha de ser honesto

A população brasileira já começa a esquecer a “Operação Satiagraha” deflagrada pela Polícia Federal em 8 de julho passado contra uma quadrilha que praticava crimes financeiros, tendo a frente o banqueiro Daniel Dantas, ligado às fraudes cometidas no esquema do Mensalão. Alguém lembra do “Mensalão”?
Golbery do Couto e Silva – o misterioso general que fundou e dirigiu o Serviço Nacional de Informações (SNI), o “feiticeiro” político dos governos militares pós-1964 – dizia que o brasileiro não tem memória. E acrescentava: a memória coletiva brasileira quando muito durava só 15 dias. E isso se não for véspera de carnaval ou da Copa do Mundo de futebol.
Tinha razão o “bruxo” Golbery!
Nos últimos tempos a República brasileira viveu uma sucessão de escândalos. Todos esquecidos. Ninguém mais fala, por exemplo, no escândalo Waldomiro Diniz, nos “Vampiros” do Ministério da Saúde, nos dólares na cueca, na empreiteira que pagava as despesas de Renan Calheiros ou na crise do Apagão Aéreo... A opinião pública parece anestesiada e conformada. Tem-se a impressão de que tudo no Brasil corre as mil maravilhas. O pior é que a coisa vem de longe, de muito longe...
Já em 1914, quase um século atrás, Rui Barbosa nas suas “Obras Completas”, Volume 41, Tomo 3, 1914, página 86, escreveu:

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto... Essa foi a obra da República nos últimos anos. No outro regime (na monarquia) o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre - as carreiras políticas lhe estavam fechadas.
Havia uma sentinela vigilante (Dom Pedro II), de cuja severidade todos se temiam a que, acesa no alto, guardava a redondeza, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça e da moralidade gerais. Na República os tarados são os tarudos. Na República todos os grupos se alhearam do movimento dos partidos, da ação dos Governos, da prática das instituições. Contentamo-nos, hoje, com as fórmulas e aparência, porque estas mesmo vão se dissipando pouco a pouco, delas quase nada nos restando”.

Palavras atuais. A propósito, alguém sabe quem foi Rui Barbosa?

Armando Lopes Rafael

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Os quatro barbudos

A historinha abaixo foi contada pelo articulista Henrique Sorrisa. Ele estava num restaurante com um amigo quando este iniciou uma prosa:
– Estive na fazenda de Flecha, um verdadeiro latifúndio, com cerca de 30 mil hectares que ele herdou dos ancestrais.
Os ocupantes das mesas vizinhas, ao ouvirem o tamanho da fazenda, ficaram atônitos e começaram a prestar atenção no papo. Ao ser perguntado o que Flecha plantava o amigo respondeu:
–Não planta nada, a não ser uns pés de mandioca. O que ele faz mesmo é serrar madeiras de lei para vender.
Ouviu-se um burburinho ao redor e todos apuraram os ouvidos para acompanhar a conversa. Numa mesa próxima estavam quatro barbudos que já externavam um olhar de ódio. Enquanto isso, o amigo de Henrique falou:
Nunca tive um fim de semana tão bom. fui caçar com flecha, matamos um jacaré e uma capivara. Na volta pegamos alguns palmitos e fizemos um churrasco para o almoço usando pau-brasil como lenha.
Henrique ainda argumentou que isso é crime inafiançável, mas seu amigo retrucou:
–Não se preocupe, a Flecha é fazendeiro poderoso!
Ao ouvirem isso os quatro barbudos se levantaram indignados e partiram para a mesa de Henrique. O primeiro barbudo foi logo dizendo que era de um partido de esquerda e foi enfático:
– É um absurdo isso. Enquanto milhões morrem de fome, sem ter onde plantar, esse opressor dos pobres tem 30 mil hectares improdutivos. Precisamos invadir a terra desse latifundiário.
O amigo de Henrique ainda abriu a boca para dizer que invadir terras é ilegal (ainda que sejam improdutivas) e perguntou onde estavam os cadáveres dos milhões vítimas da fome, mas foi calado pelo segundo barbudo (que disse pertencer a uma ONG ecológica) aos gritos:
– Vamos descobrir onde mora esse seu amigo Flecha e vamos mandar prende-lo, pois além de latifundiário é um predador da natureza.
O terceiro barbudo entrou em cena e falou com voz calma:
– Deus não deixou escritura para ninguém; a terra é de quem nela trabalha; os primeiros cristãos dividiam tudo. Estudei a Teologia da Libertação e precisamos difundi-la para conscientizar o povo explorado pelos latifundiários.
Antes que o amigo de Henrique pudesse falar, berrou o quarto barbudo:
– A reforma agrária tem que ser feita a qualquer preço, na lei ou na marra! Vamos invadir essa fazenda para pressionar o governo a agilizá-la...
Só então o amigo de Henrique conseguiu explicar:
O Flecha é um índio...
Ao saberem que o latifúndio era uma das inúmeras áreas demarcadas, os quatro barbudos se acalmaram. Ah bom! E passaram a defender o direito dos índios terem vastas extensões de terra. Índio pode! Não pode é o Cara Pálida! Esqueceram até que Deus não tinha deixado escritura para ninguém. Quem acompanhou toda a conversa comprovou: tudo que os barbudos falaram antes era pura demagogia...

Armando Lopes Rafael

quinta-feira, 24 de julho de 2008

NOTICIAS DA SEMANA



MANTENDO O RITMO

Na foto ao lado, vemos o poeta Patativa do Assaré ladeado (à esquerda) pelo Padre Joaquim Ivo, pároco de Assaré e por Dom Fernando Panico (à direita). A foto foi feita poucos meses antes do falecimento de Patativa do Assaré, ocorrido em 08 de julho de 2002.

Dom Fernando Panico encontra-se em Guaramiranga, desde o dia 21, pregando o retiro dos frades capuchinhos do Ceará. Retorna na próxima 6ª feira, 25, para iniciar visitas pelas paróquias. Impressiona o ritmo de trabalho do bispo de Crato. É do Padre Andriola esta frase: “Dom Fernando é como uma bicicleta: se parar cai

UMA BOA NOTÍCIA
Está à venda – nas bancas de revistas de Crato – a edição fac-similar do livro "Apontamentos para a história do Cariri", escrito por João Brígido em 1858. Esse livro foi publicado inicialmente pelo “Diário de Pernambuco”, de Recife, em forma de folhetim, em 1861. Uma 2ª edição veio a lume em 1888 publicada pela Tipografia da Gazeta do Norte, de Fortaleza. Muito provavelmente esta é a primeira publicação sobre a História da Região do Cariri, constituindo-se, portanto, numa verdadeira preciosidade para os pesquisadores, profissionais e interessados na História do Sul-Cearense. A nova edição de “Apontamentos para a História do Cariri” foi feita pela Universidade Regional do Cariri, no início de 2007, mas só agora se encontra à disposição do público. Os interessados devem se apressar por só foram colocados à venda 100 (cem) exemplares.

PINTO MADEIRA 1
O próximo numero do “Jornal do Cariri” que circulará na próxima 3ª feira (dia 29) trará matéria de página inteira sobre Pinto Madeira, o caudilho caririense nascido no sítio Silvério, no sopé da Chapada do Araripe, em Barbalha. Pinto Madeira participou, ativamente, no Cariri, dos acontecimentos da Revolução Pernambucana de 1817 e da Confederação do Equador, esta em 1824. Era monarquista convicto, mas, diferente do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, era rancoroso e vingativo. Esses defeitos lhe acarretaram muitos inimigos.


PINTO MADEIRA 2
Por conta disso, Pinto Madeira foi condenado à morte, num júri parcial – composto por inimigos seus – em 26 de novembro de 1834, numa casa onde hoje funciona o Museu de Fósseis de Crato, na Praça da Sé. Não por crime da sua sedição, mas porque teria, anos antes, ordenado a morte de um parente de um dos jurados. Numa monografia– publicada em 1946– Irineu Pinheiro escreveu: “Morreu virilmente Pinto Madeira. Conta a tradição, ouvida por mim desde menino, que momentos antes do fuzilamento, ofereceu-lhe um lenço para que vedasse os olhos um dos seus mais implacáveis inimigos, José Francisco Pereira Maia. Recusou o condenado a oferta, replicando ter no bolso lenço próprio. Durante anos a fio, fez-lhe promessas o rude povo dos sertões, considerando-o um mártir, isto é um santo”.

POVO MARCADO, POVO FELIZ
Na verdade, o título desta nota ia ser: “É temporada de eleições”. Mas se eu tivesse colocado este título o leitor pularia a nota. Pouca gente iria ler. O brasileiro está de saco cheio com o tema “eleições”... Pobre povo brasileiro. Via de regra ele não vota num plano de governo. Elege sempre a campanha mais bem feita de um candidato maquiado por uma agencia de publicidade. Como nesta República não existe tradição partidária, o povo é obrigado (literalmente) a votar nos candidatos e não nos partidos. Aí está o chamado “Pulo do Gato” para nossos políticos...

ELEIÇÕES PASSADAS
Foi assim em 1986 graças ao estelionato do “Plano Cruzado”. Foi assim em 1989 com o engodo Collor e seu slogan “O Caçador de Marajás”. Na eleição de FHC utilizou-se o “Plano Real” e o mote: “Quem acabou com a inflação vai acabar com o desemprego”, lembram-se? O brasileiro tem memória curta, dificilmente o leitor estava lembrado. Só para encerrar: na primeira campanha de Lula da Silva usou-se o lema: “Quero um Brasil decente”. Deu no deu. Na última, em 2006, os marqueteiros determinaram a retirada a cor vermelha do PT nas propagandas de Lula. Os escândalos estavam associados à legenda. Colocaram um fundo azul que parecia propaganda de margarina com uma frase em letras garrafais: “Lula de novo, com a força do povo”. Tadinho do povo...

CENTENÁRIO DE UM HOMEM DE BEM
Renato Casimiro está organizando um livro para comemorar o centenário de nascimento do empresário Antonio Corrêa Celestino. Este, durante décadas, teve destacada participação na vida social e econômica de Juazeiro do Norte. A obra deverá ficar pronta para a data do centenário, 07 de dezembro de 2008. No livro constarão depoimentos dos quatro filhos de Celestino, notas autobiográficas, um depoimento de Armando Lopes Rafael, amigo do homenageado, além de uma introdução a cargo de Renato Casimiro. Antonio Corrêa Celestino faleceu em março de 1995. Sua vida foi um exemplo de dedicação à comunidade, à Religião Católica pela sua fé inquebrantável e à Pátria pelo ardoroso civismo de que era possuidor.

EM ALTA
Nesta 5ª feira haverá o reinício das aulas no Seminário São José de Crato. São cerca de 60 seminaristas, que participarão antes de um retiro espiritual a ser encerrado domingo, dia 26. As vocações religiosas vêm crescendo no Sul do Ceará.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

A ÚNICA HISTÓRIA REAL É A SUA E NO CRATO

Precisa engajar-se num sonho maior? Estudar muito para avançar na vida? Ganhar mais dinheiro para ter os meios que deseja? Precisa conquistar o amor de alguém? Deseja ser alguém muito melhor que tem sido? Tais objetivos e metas ocorrem na imperfeição que é a própria vida. Por isso a humanidade raciocina, tem estratégias animais, acumula conhecimento e busca novas informações. Isso tudo é um valor geral da humanidade. Mas não é exatamente o seu. Não se refere a você especificamente, qualquer que seja seu projeto de vida. Nem por isso será menos humano, apenas que a generalidade pode incluir, mas não inclui a sua necessidade específica. Esta será por sua vontade junto aos outros. Mas mesmo isso não explica tudo. O que explica tudo é o território no qual se acorda, realiza a vigília da vida e novamente dorme. No território é que a vida efetivamente é mais humana.

Por isso nesta manhã de julho, quando a tarde for esgotando o que o dia poderia oferecer e a noite vier, pense que o território do Crato é a verdadeira realidade. É nele e em razão dele que a vida flui. E mais ainda, não deixe por menos a representação política do Crato. Se tiver que criticar os atores do jogo eleitoral o faça como apreensão da realidade não para achar que a realidade é maior que você. A apreensão da realidade sobre o território do Crato é o principal papel da crítica política. Por isso, num sistema político em que a representação é o método, busque aperfeiçoar o método. Isso não se encontra fora de você, isso é o que apenas depende de você. Não tem problema se iguais a você forem insuficientes para qualquer mudança, não existem mudanças sem a formulação da mudança.

Não imagine que o território está fora de você, pois você é tudo que é nele e em razão dele. É claro que existe o território/processo dependente de coisas extraterritoriais, mas mesmo este processo tem nascedouros e sumidouros no Crato mesmo. Por isso não imagine que a degradação ambiental das bacias dos rios do Crato não seja um assunto seu. Ele é e nestas eleições esta questão adquire uma intimidade muito maior com o seu comportamento político. Muito maior do que se costuma imaginar. Especialmente agora que parte dos brasileiros e particularmente dos cratenses, parece ter penetrado num limbo existencial: resume-se a criticar a própria representação que elege. Não é incomum que um ser essencialmente político venha, como numa regressão infantil, se queixando da política ou seja, abdicando de si mesmo, dos outros e do seu território.

O futuro da juventude, que parece uma coisa enorme, uma coisa fora das dimensões do indivíduo comum, não é assim que se dará. O futuro da juventude depende da escola pública, da universidade pública e isso tem tudo a vê com as próximas eleições municipais do Crato. Ou então, num jogo de representação política as eleições são uma chave prática de entendimento e transformação da realidade. A saúde pública, cada vez tecnologicamente mais cara e complexa, é uma questão municipal. A própria segurança pública também o é. Assim como são as ruas, a iluminação pública, a oferta de água limpa e a limpeza ambiental.

Se a máquina estatal, prefeitura e câmara de vereadores, já não são suficientes para tanta complexidade da vida territorial, ampliem-se os mecanismos de construção e controle social. É simples, barato e fácil de fazer. Dar debate, discussão, pode cair em miudezas, tudo isso pode acontecer, mas em todas as experiências coletivas sempre se encontrou uma saída mais eficiente para a aplicação dos recursos territoriais. E isso é tão verdade que humanidade e humanismo são coletivos.

A crônica do Bruxo do Sítio Rosto




As favas brotam airosas
ou
De como ter Chronical Blues no terreiro de casa

Aqui no Sítio Rosto, a vida amanheceu a mil. A noite de sábado fôra por demais agitada. Cachorros demais, latidos demais. Sem falar que, um sono trêfego (vamos parar de comer à noite), veio compulsoriamente à tona, às 3 horas da manhã. Acordei-me no meio da inesperada passagem da “rasga-mortalha,” que, por três vezes, cruzou o céu de breu, que pairava sobre o Sítio Rosto. Ela voejava rasantemente seu canto fúnebre, rumo às águas poucas e turvas do rio da Cascata. Não tive dúvida: “me apeguei com meu santinho” e perdi o sono de vez.
Às nove da manhã, quando o dia viceja neste meu rincão, não por contraste, é comum fazer um silêncio obsequioso. As mulheres, mães de todos os meninos, galinhas e cachorros, ouvem a sagrada missa pelo rádio e fazem a rotineira bóia domingueira; ou fazem a sagrada bóia domingueira e ouvem a rotineira missa pelo rádio? Decifrar este mistério, quem há-de?
Igualmente importante foi o meu encontro com um grande (apesar do seu menos de um metro de altura), e carinhoso amigo. Tindô falou das coisas que faz. E, como sói acontecer em narrativas profissionais, disse-o ao ainda triste e sonolento, com um misto de entusiasmo e decepção. Otimista, só retive o que ele me confabulou de bom de seu responsável mister. Olha só, aí fui deixando a sonolência de lado e abri bem os olhos, e os ouvidos! E, como era domingo, dia de prazer, fui lascivamente degustando as suas ocasionais observações sobre os tipos, as caras e bocas, os suspiros, os choros, as gafes, as pompas e as circunstâncias que decorrem furtivamente das pessoas no ato do casamento civil. Embevecido pela sua narrativa, fui me dando conta, olhando para a sua pequenez, de como ele se percebe altamente importante, ao realizar o ideal da humanidade de homens e mulheres em torno do casamento. Arrepiei-me, quando ele falou entusiasticamente do orgulho em ser um instrumento de felicidade, por acalentar sonhos de realização social de tantas e tantas vidas. Tindô, atenção namorados, noivos e pretendentes, é juiz de paz, o outrora juiz ordinário ou juiz de dentro. E como esta instância do Poder Judiciário ainda não foi, em muitos lugares, devidamente regulamentada por lei, como manda a Constituição de 1888, finda o seu titular conhecido como “Juiz de Casamento”. É o caso do meu amigo Tindô.
Neste momento da conversa, voltei-me para a História do Crato do século XVIII, mais precisamente a partir de 1755. Nesse ano, em 07 de junho, entrava em vigor a lei que, entre outras medidas, em seus noventa e cinco parágrafos, abolia a tutela das populações indígenas às missões religiosas e determinava a integração do índio à sociedade civil colonial, ao mesmo tempo em que transformava os antigos aldeamentos e fazendas indígenas em vilas. Isto e tudo o que derivou dela – chamada de Diretório dos Índios – estavam consubstanciados na reforma do Estado Português para todas as suas colônias, tendo a frente o poderoso Sebastião José de Carvalho e Melo – o Conde de Oeiras, depois Marquês de Pombal –, Ministro e Secretário de Estado e Negócios do Reino, no reinado do caridoso D. José I.
Vem daí que a Missão do Miranda, em 1764, já destituída da missão de catequese recebe o status de Vila Real. Igualmente vem daí que, em virtude de sua grande maioria populacional ser formada por remanescentes indígenas, (cerca de 250 pessoas adultas entre índios e brancos, e mais de oitenta crianças), popularizou-se também como Vila de Índios.
Implantada a estrutura político-admnistrativa da novel comuna portuguesa no coração do que hoje é o Cariri, imagina quem foi o nosso primeiro juiz ordinário?! O Dr. José Amorim, um ilustre e combativo índio da grande Nação Cariri.
Aí eu convido você, leitor, a imaginar, num exercício de comparação, a labuta do pequeno-grande homem Tindô. Saca quantos laços matrimoniais entre índios e brancos, como mandava o Diretório, não foram anunciados pelo nosso primeiro Magistrado José Amorim, num linguajar português/tapuia, já que pela mesma Lei, tornou-se obrigatório o ensino da língua portuguesa, assim como obrigatória foi a proscrição da língua Cariri. E saca quantas esperanças não foram adormecidas na mente daquele filho, outrora senhor das terras cariris, e agora transformado em cidadão português, ao instrumentalizar a união entre duas culturas de valores tão assimétricos.
O mesmo sonho, talvez sempre sonhado por nubentes apressados na eternidade da vida a dois, sob o Dr. Francisco de Assis Carlos da Silva, o anão Tindô, quem sabe, teria sonhado, sob o pretor José Amorim, (esse nosso produto enviesado do iluminismo europeu à la Rousseau), muitos e muitos casais na crença de uma vida que poderia ter sido e que não foi... Mas aí é uma outra estória.
Meu dileto amigo Tindô dirige o Cartório de Registro de Casamentos do Lameiro, sito entre dois botecos, no Largo D. Rosa, em frente à Capela do glorioso São José, nas imediações do Sítio Rosto.
No ano vindouro, o Cartório e a magistratura no Lameiro completarão 70 anos de existência. E haja casamento!

(O Bruxo do Sítio Rosto)

terça-feira, 22 de julho de 2008

COLUNA POLÍTICA



Leia coluna Política do Jornal do Cariri escrita pelo jornalista Donizete Arruda, publicada na edição de hoje.



Lula vem a Juazeiro
Uma notícia para tirar o sono do deputado federal Manoel Salviano e do prefeito Rommel Feijó. O importante Jornal do Brasil publicou na sua edição de sábado, 19, que o presidente Lula atendeu a um pedido do governador Cid Gomes e virá a Juazeiro do Norte no mês de agosto para subir no palanque do candidato Manoel Santana. O Jornal do Brasil errou o nome de Santana, mas esse fato é menor diante da importância da presença de Lula em Juazeiro do Norte. O objetivo do presidente Lula é fazer caminhada pela cidade e depois participar de um comício. A novidade nessa notícia é o engajamento do governador Cid Gomes na campanha de Santana. Até agora, Cid estava se mantendo distante do processo eleitoral em Juazeiro do Norte , pois também simpatiza com a candidatura do ex-prefeito Carlos Cruz.

A presença e as consequências
A vinda do presidente Lula não deixa de ser uma derrota do deputado federal Arnon Bezerra. Com trânsito livre no Planalto, Arnon publicamente afirma não se opor a presença de Lula em Juazeiro, mas na intimidade reconhece que Lula é um apoio diferenciado à candidatura do petista Manoel Santana como também ao nome do petista José Leite na disputa pela prefeitura de Barbalha. Arnon, que não é bobo, deverá recepcionar o presidente Lula no aeroporto de Juazeiro. Tem prestígio e autoridade para recebê-lo. A dúvida dele é saber se leva ou não leva para a recepção o seu candidato, o tucano Manoel Salviano. Já que o seu outro candidato, o prefeito Rommel Feijó, que como é do PTB, é da base de Lula, deverá comparecer naturalmente ao aeroporto. A situação de Rommel é confortável, e bem diferente de Salviano.

Reflexos da visita
O presidente Lula vem a Juazeiro do Norte com o firme propósito de ganhar as eleições. Quer eleger o seu candidato, Manoel Santana. A presença dele é uma vitória pessoal do deputado federal petista José Nobre Guimarães, principal articulador da candidatura de Manoel Santana. Na carona de Santana, o candidato José Leite aposta que também será beneficiado. Em Barbalha, José Leite tem o engajamento público do governador Cid Gomes.


Perguntas no ar
A anunciada presença de Lula em Juazeiro impõe a urgência de uma análise segura sobre o melhor caminho a seguir aos candidatos Carlos Cruz e Manoel Salviano. Compete ao candidato Salviano avaliar qual o melhor rumo a adotar. Carlos Cruz como é de um partido da base de Lula pode ir ao aeroporto, recepcionando Lula. Seria um constrangimento, mas há o respaldo partidário que permite esse gesto. Já para o tucano Manoel Salviano,o melhor seria encontrar uma forma de convencer Lula a desistir de vir a Juazeiro. Mas, por enquanto, essa possibilidade está descartada. Lula decidiu atender ao pedido de Guimarães e do presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini.

Raimundão identifica traidor
O prefeito Raimundo Macedo se encontrou no final de semana em uma festa social da família do candidato Manoel Santana com o seu ex-chefe de gabinete, Wilton Almeida. Era sábado, 12 de julho. Ao vê-lo no recinto, queria iria embora. Era a primeira vez que ambos se viam após a convenção onde Raimundão foi derrotado com a ajuda de Wilton pelo deputado Manoel Salviano. A reação de Raimundão foi incontida: “ traidor. Ficou comigo até às 2 da manhã e ao amanhecer me apunhalou”. O prefeito de Juazeiro marejava os olhos. O gosto amargo da traição calou fundo em Raimundão. Emocionado, não foi até onde estava Wilton Almeida. Teve bom senso, e ao seu redor, todos que ouviram seu testemunho ficaram ao seu lado. De longe, Wilton Almeida se esforçava para demonstrar naturalidade, mas era visível seu mal estar. Raimundão e Wilton não se cumprimentaram.

Exigências de Raimundão
Ao negociar o apoio à candidatura de Manoel Santana com o deputado federal José Guimarães, Raimundo Macedo pediu apenas um consultório para continuar atendendo “meu povo” em Juazeiro do Norte , se o PT vencer as eleições. “ Não quero nada. Quero apenas derrotar quem não foi decente comigo”, desabafou Raimundão. Disse mais: “ não desejo nenhum cargo, nenhuma posição, absolutamente nada da nova administração. Meu apoio tem apenas a intenção de colaborar, e me permitir fazer justiça com minha administração.” Por fim, Raimundão falou que “ continuarei morando em Juazeiro, e quero que a minha gente julgue a traição que fui vítima, e decida se os traidores merecem ser coroados”.

Rompimento com Tasso
O prefeito Raimundo Macedo foi homem ao sair do PSDB. Agendou uma audiência com o senador Tasso Jereissati. No encontro, olho no olho, cara a cara, Raimundão anunciou a Tasso estar deixando o ninho tucano. “ Não tenho condições de ficar ao lado de quem me traiu, senador”, foi a frase pronunciada pelo prefeito de Juazeiro. Tasso insistiu para que ele refletisse melhor, e que a amizade deles permanecesse. Raimundão explicou que gostava de Tasso, que manteria o respeito por ele, mas que iria seguir um novo destino político.

Sem ter um lado
O deputado federal José Guimarães procurou o presidente regional do PMDB, deputado Eunício Oliveira. Queria o apoio dele à candidatura de Manoel Santana, do PT. Eunício pediu um tempo para pensar, e o PT agora pressiona para que ele anuncie logo a adesão dele e do PMDB. A questão é que o deputado federal Manoel Salviano mantém um ótimo relacionamento com Eunício, tanto que antes da implementação da fidelidade partidária, chegou a anunciar sua filiação ao PMDB. Eunício está assim dividido: se compõe com o PT, como já faz em Fortaleza, ou fica com o PSDB de Salviano, numa aliança com o senador Tasso Jereissati, de olho nas eleições para o Senado em 2010.

Disse me disse.

• O ministro da Previdência, José Pimentel, é um grande cearense esteve na Expocrato. Também será homenageado pelo Sistema Verdes Mares com a honraria da Sereia de Ouro. Pimentel vem trabalhando muito em Brasília para melhorar a vida dos aposentados cearenses.
• O PT contratou pesquisas semanais para acompanhar a sucessão em Juazeiro do Norte e em Barbalha.
• Dois grandes publicitários vivem dias de agitação em Juazeiro. Orlando Mota à frente do marketing de Manoel Santana, da Mota Comunicação e Adrísio Câmara, da Ágil, no comando da comunicação de Manoel Salviano.
• Carlos Cruza ainda não anunciou quem será o responsável pelo marketing de sua campanha. Confia no entanto na experiência do ex-governador Adauto Bezerra que é seu principal aliado e que acaba atuando como um consultor valioso da política de Juazeiro.
Desculpe a ignorância, o ex-chefe de gabinete do prefeito Raimundo Macedo, Wilton Almeida, aceita a pecha de traidor

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Publicado livro sobre o escultor José Rangel ou um monumento que o Crato não vê

O assunto já foi muito debatido. Existe em Crato, no desativado Aeroporto Nossa Senhora de Fátima, em plena Chapada do Araripe - a 10 Kms do centro da cidade - um bonito monumento feito pelo escultor José Rangel. O monumento foi feito em 1967 - quando as aparições de Nossa Senhora em Fátima completaram 50 anos - por iniciativa do então prefeito Humberto Macário de Brito. Trata-se de uma estátua de Nossa Senhora de Fátima que hoje está abandonada e não é vista mais, já que o aeroporto não mais funciona. Dezenas de apelos foram feitos para relocaliza-la na cidade, de preferência nas proximidades da igrejinha de Nossa Senhora de Fátima, ou na Praça da Ladeira da Integração. Afinal, Crato é uma cidade pobre em monumentos públicos. A propósito, o escritor Gilmar de Carvalho vem de lançar um livro sobre o famoso escultor José Rangel. Leia abaixo matéria publicada no jornal O POVO, edição de 19-07-2008, caderno "Vida e Arte":
(Na foto de Carlos Rafael, o monumento existente no Aeroporto de Fátima, ora desativado).

LIVRO
A vida em esculturas
Angélica Feitosa, da Redação
O menino José levou uma surra, daquelas que não se esquece nunca mais. Tinha 12 anos e, para acalmar as agonias, foi passar um tempo com o tio na capital. O motivo do perrengue? Fez um boneco do Judas, para ser escorraçado na Semana Santa, com a cara do avô materno. Do talento do menino brotou semelhança tão atrevida que não tinha quem negasse a inspiração. Das memórias de Jardim, cidade do Cariri a 540 km de Fortaleza, o nome artista José Rangel vem embrulhado em histórias, causos, atrevimentos, boemia e renúncias. "No fundo, isso se reflete na busca do artista dos estereótipos, de que não dá valor ao dinheiro, do caráter boêmio", observa o pesquisador Gilmar de Carvalho, professor doutor do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará.

Não conformado com a falta de (re)conhecimento do artista plástico, Gilmar foi responsável por escavar a vida e obra de um dos filhos mais ilustres de Jardim. O resultado está no recém-lançado Rangel Escultor - o artista que veio de Jardim, viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura, da Secretaria da Cultura do Ceará. No novo trabalho, Gilmar de Carvalho chafurda a vida de José Rangel, até onde alcançou. "Pelo que conseguimos remover das camadas da memória, ele era uma pessoa disciplinada, determinada, cumpridora das obrigações, dos contratos de trabalho", aponta, à revelia de muitas das histórias.

Para a tarefa, Gilmar pesquisou em jornais e revistas, revisitou parentes e amigos do artista com a ajuda do jornalista Nivaldo Tavares Rangel, sobrinho de José Rangel, além de pesquisas na biblioteca da Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, com o auxílio de uma estagiária. O resultado são 87 páginas traçadas no perfil da humanidade do artista. Gilmar de Carvalho não se limita a retratar a obra e fazer o percurso de José Rangel em suas moradas, desde a partida da cidade de Jardim, o período em Fortaleza, os estudos na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro e a vida em Recife. Junto desse caminho, o pesquisador rememora a própria origem da cidade de Jardim, os rebuliços, histórias e contextos de cada ano e lugar significativos entre os anos de 1895 e 1969, nascimento e morte de Rangel.

Em um dos episódios, Rangel presenteia a mãe ao esculpir, na praça da Igreja de Jardins, a imagem de Nossa Senhora das Graças de costas para o templo, mas mirando a casa de dona Maroca, do outro lado da praça. Com o mimo, bastava à mãe do artista sentar-se na calçada para rezar e lembrar-se do filho. Posteriormente, a obra ganhou cores a mando de um padre, o que teria deixado o artista não muito contente. Restaurada muitos anos depois pelo artista Sérvulo Esmeraldo, a obra ganhou novamente a cor crua do cimento. Com trabalhos significativos, José Rangel foi artista dos espaços público e o próprio desenvolvimento da obra do artista se deu dessa forma.

Gilmar baliza que, de início, ele fez uso da areia da Praia do Peixe, hoje de Iracema, como as primeiras modelagens. Em Copacabana, anos mais tarde, os trabalhos na areia eram retomados e remexiam a região. Além de modelar perfis, mulheres e santos, José Rangel esculpia cenas de sexo à noite e, no escrito de Gilmar, "quando o dia amanhecia, chegavam até a chamar a polícia para acabar com aquela 'pouca vergonha'". Tendo como morada de suas obras os céus e o vento, o artista seguia a fidelidade a escultura. Embora tenha feito com maestria, desenhos e pinturas, era no campo da escultura o seu destaque. Em seu livro, Gilmar aponta para a perseguição da tridimensionalidade da escultura como maior forma de expressão de José Rangel.

Em Fortaleza, o mais famoso dos seus trabalhos é uma escultura realizada em conjunto com Antônio Machado e José Maria Sampaio, o Monumento do Cristo Redentor, um marco comemorativo do Centenário da Independência do Brasil, localizado na (oficialmente) denominada Praça Senador Machado, ao lado do Seminário da Prainha. "Ele trabalhava com esculturas de espaço público, obras de grandes formatos", define o pesquisador. Na capital carioca, são várias as obras espalhadas pela cidade, muitas obras cíveis, como a escultura de bronze de um soldado de joelhos curvados e mão no peito como ferido, intitulada A epopéia do sacrifício, sobre a placa comemorativa ao Dezoito do Forte de Copacabana, incrustada na avenida Atlântica. Gilmar destaca, contudo, que o grande diferencial de José Rangel foi de, junto a Vicente Leite, serem os primeiros artistas cearenses a terem uma educação artística formal. "Os dois cumpriram temporadas na Escola de Belas Artes, do Rio de Janeiro e abriram um novo capítulo na história da arte cearense, que foi romper com o autodidatismo do trabalho com arte. Os artistas começam a ver a possibilidade de se educarem", conta Gilmar.

Dessa forma, parte-se da nova atitude, de deixar de pensar que o artista é somente aquele que trabalha de forma intuitiva, mas também deve se preparar melhor, estudar, na busca de crescer em seu ofício.
Serviço
Rangel Escultor - O artista que veio de Jardim. De Gilmar de Carvalho. Editora: Expressão Gráfica - Secult, 2007. Preço: R$ 15, à venda, na livraria Lua Nova (Bairro Benfica).

domingo, 20 de julho de 2008

COLUNA CARIRI DE HOJE



Caros amigos leitores acompanhem a coluna Cariri escrita por mim e publicada todos os domingos no jornal O Povo.

URCA E TJ
Os 16 estudantes do curso de Direito da Universidade Regional do Cariri (Urca) dos campi do São Miguel e de Iguatu, aprovados para atuarem nas comarcas de Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Iguatu, iniciam suas atividades no próximo dia 21, nas respectivas localidades. O estágio de dois anos faz parte de um convênio celebrado entre a instituição e o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE).

ACADEMIA RECLAMA
O Sindicato dos Docentes da Urca reclama da contratação irregular de professores nos campi de Iguatu e Campos Sales. Para os sindicalistas, a reitoria da Universidade ainda não explicou a forma de seleção e de pagamento do salário dos docentes.

MANDIOCA
A mandiocultura tem sido incentivada na região. O Cariri produz bem menos de sua capacidade, avaliam técnicos da Ematerce. Uma roça bem adubada produz muito e dá bons lucros. Uma dica: não plante mandioca no mesmo terreno, por mais de duas vezes seguidas. Para garantir boa produção, qualquer produtor deve procurar uma boa assistência técnica.

LEITE 1
O Programa Pró Leite, desenvolvido pelo Governo do Estado, via Ematerce está começando a dar bons resultados. Na última semana, 299 produtores foram ao Parque de Exposição do Crato para participar a entrega do kit leite, com equipamentos e orientações para os produtores de leite do Cariri.

LEITE 2
A bacia leiteira do Cariri não passa por um bom momento. Podemos até arriscar a dizer que está em crise. A saída é a capacitação dos produtores, que precisam melhorar o manejo de alimentos para o gado e até mesmo do próprio leite.

PROMESSA
O deputado estadual Ely Aguiar (PSDC), que faz parte da base do governo Cid Gomes (PSB), disse em entrevista a uma emissora de rádio no Crato, semana passada, que irá questionar no plenário da Assembléia Legislativa sobre a falta de segurança particular durante os shows da Expocrato. Esperamos que essa palavra do parlamentar não caia no esquecimento.

PREÇOS ABUSIVOS
A Expocrato não tem mesmo jeito. Mais um ano e os preços abusivos congelam o coração dos visitantes e turistas, que chegam ao Crato para se divertir e encontram preços altíssimos cobrados no interior do Parque de Exposição Pedro Felício Cavalcanti. Tudo praticado com apoio dos organizadores do evento. Outra: não se respeita a meia entrada em eventos culturais.

PRECISA MELHORAR
O calendário de shows da Expocrato merece uma crítica. Bandas de forró eletrônico de péssimo gosto, em sua maioria, fizeram a festa. Nenhum espaço para artistas da música popular brasileira, como Zé Ramalho, Alceu Valença, Amelinha ou Fagner. Tivemos que aturar baboseiras e algumas bandas com letras de péssimo gosto.

ENCERRAMENTO
A Expocrato é maior que seus problemas. Uma festa linda, eu gosto e recomendo. Que os erros deste ano sirvam para melhorar em 2009. No encerramento desta festa hoje, está confirmada a presença do governador Cid Gomes.

AGITAÇÃO
A política está movimentada em Salitre. O promotor de justiça eleitoral da 38ª Zona, José de Deus Terceiro, entrou com solicitação para a Polícia federal apurar denúncias de compras de votos com dinheiro em cestas básicas pelo prefeito da cidade Agenor Ribeiro. Na semana passada, o mesmo promotor, entrou com ação de impugnação da candidatura do ex-prefeito Neoclides.

IMPUGNAÇÕES
Em Crato, o promotor de justiça Elder Ximenes entrou com ação de impugnação contra a candidatura do ex-prefeito Walter Peixoto e os candidatos Joana Pedroza, Florisval Coriolano, Antonio Carlos Araújo e José Edilson Figueiredo Silva. Em contato com este colunista, Cacá Araújo informou que já conseguiu a liminar e será candidato. Não sabemos ainda o resultado dos demais nomes com pedidos de impugnação pelo MP.

MISSA
Hoje, logo cedo, 6 horas, ocorre missa solene presida por dom Fernando Pânico, bispo diocesano do Crato, pelos 74 anos de falecimento de Padre Cícero Romão Batista. Desde sexta-feira que acontece o tríduo, três dias de orações envolvendo devotos de padim Ciço.

97 ANOS
Na próxima terça-feira, Juazeiro do Norte comemora 97 anos de emancipação política. Padre Cícero foi o primeiro prefeito da cidade. Estamos em um ano eleitoral, seria um bom momento para os candidatos pensarem com calma sobre o momento atual e deixarem claro aos eleitores como pensam Juazeiro nos próximos anos, sem promessas mirabolantes, mas exeqüíveis.

22 de julho: 97 anos de criação do município de Juazeiro do Norte




Acima, primeira página do jornal eletrônico "Juazeiro do Norte on line", onde é reproduzida tela do pintor F. Matos – obra exposta no gabinete do Prefeito de Juazeiro do Norte – mostrando a festa pela criação do município caririense, fato ocorrido em 1911. Na pintura é visto de forma destacada o cratense Padre Alencar Peixoto, um dos líderes do movimento da independência de Juazeiro do Norte, discursando para o povo na Praça da Liberdade (hoje Praça Padre Cícero).

Segundo a edição de hoje do jornal eletrônico “Juazeiro on line” outros ilustres cratenses também contribuíram para a luta de emancipação de Juazeiro do Norte que, até então, era distrito de Crato. A ver.
“Até mesmo de Crato, Juazeiro recebeu apoio nas pessoas dos coronéis Nelson da Franca Alencar e seu irmão Abdon, presidente da Câmara de Crato. Este, aliás, chefiou uma delegação formada por três eminentes figuras cratenses (os Srs. Francisco de Brito, Diógenes Frazão e Pedro Gomes de Matos) a fim de renegociar com o Padre Cícero um acordo de paz (...) Outro cratense que também contribuiu para a independência de Juazeiro do Norte foi o médico Irineu Pinheiro que, segundo o escritor Ralph Della Cava “por debaixo dos panos, desempenhou um papel importante no envio da missão de paz Juazeiro, chefiada pelo coronel Abdon da Franca Alencar”.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Brasil real, Brasil verdadeiro


Notícia divulgada no site “Administradores.com.br” :
A diferença entre o menor e o maior salário no Brasil, dos servidores públicos, é de 187 vezes. A conclusão é do relatório Hierarquia e Desigualdade Salarial na Administração Pública Brasileira, divulgado na quinta-feira pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). A diferença de salários no funcionalismo público é de 187 vezes, sendo que a maior remuneração registrada foi de R$ 28 mil e a menor, de R$ 175.

MEU COMENTÁRIO:

Nem sempre tivemos no Brasil desníveis salariais assustadores.
No Império brasileiro, a diferença entre o maior e o menor salário era incomparavelmente menor do que em nossos dias.
Em 1860, por exemplo, o maior salário de servidor público era o de um senador, que recebia por mês 300 mil réis; um deputado percebia 200 mil réis; um desembargador, 250 mil réis; um juiz, 133 mil réis; um vice-almirante, 232 mil réis, um catedrático de ensino superior, 167 mil réis. Um professor secundário no Colégio Pedro II, 83 mil réis; um professor primário, 67 mil réis; um escriturário, 50 mil réis; um contínuo ou um servente, 45 mil réis; e, por fim, um “africano livre”, o trabalhador não-qualificado que menos ganhava, 25 mil réis.
(Cfe. Esio de S. Macedo “finanças Públicas do Brasil” (1860-1959), in “Revista de Finanças Públicas do Ministério da Fazenda”, maio-junho de 1960, página 15).
A realidade: o maior salário - na época do Império do Brasil - correspondia, pois, a 12 vezes o menor.


Armando Lopes Rafael

quinta-feira, 17 de julho de 2008

O Cariri parece viver as eleições do medo e do escapismo

O Brasil profundo, aquele do espaço real em que as pessoas vivem, trabalham e criam novas gerações, vive eleição e apenas falam de Daniel Dantas. O Brasil que pode ter jeito, no qual se podem discutir outros modos de convivência, novas maneiras de valorizar as expressões culturais e artísticas reais, pois emanadas do dia-a-dia, disputa representantes do povo e falam do noticiário em São Paulo e no Rio de Janeiro.

O Crato, Juazeiro, Barbalha, Missão Velha e todas as cidades da região discutem a sucessão dos seus poderes Executivos e Legislativos e os nossos blogs não aprontam uma nota ao menos sobre o assunto. A compra de votos, o uso da máquina da administração, as verbas de última hora, a demagogia que engana, pois não pode mostrar a verdadeira face. Os vícios de políticas e políticos, antigos e mofados de tanto se repetirem, existem claro como o céu destas manhãs amenas do mês de julho e temos nuvens no debate das cidades.

A educação pública capenga, o sistema de saúde vacilante, a segurança pública que assusta, as ruas que derrubam, a iluminação que não se enxerga, os transportes que estalam e nós aqui falando da EXPOCRATO como assunto único. A convivência desgastada entre vizinhos, os jovens com fantasia de Chantecler, pensando que o sol nasce porque disparam os seus decibéis numa sanha de surdez e nós falando para dentro de nós mesmo e não trazendo o assunto para a campanha eleitoral.

Uma anomalia ditatorial parece ter descido sobre o Vale do Cariri, calando de medo, em portas e janelas fechadas, o debate eleitoral. Alguma ordem pervertida turvou as águas da liberdade, quando as pessoas mais precisam de sua consciência em teste público, a mudez se abateu na alma corajosa do caririense. E este medo é a alma de toda a corrupção seja do caráter, seja esta material.

A voz que não se manifesta no ano eleitoral é a omissão do principal instrumento da vida no presente e no futuro. Quem quer que seja que esteja por trás de tal clima deve à história da região uma expiação de séculos. Estamos vivendo momentos de grandes transições, emerge uma massa demográfica nunca antes experimentada, uma população de natureza urbana, sequiosa por novos meios de vida, sem mais tempo a perder e não é possível que justamente no ano eleitoral nada mais se possa dizer.

O Rio Batateira apodreceu, as Favelas brotam em todas as encostas, a classe média corrói as vertentes da chapada, o desmatamento continua célere, a exploração do solo em larga escala, a questão fundiária deixa terra improdutivas e ninguém pode dizer nada. É uma surde por demais eloqüente para que se esconda a realidade local.

O futuro não é amanhã e nem depois, o futuro é agora e nestas eleições municipais. Voltemos ao debate. Achemos novos modos, nossos meios para suplantar o dragão negro da maldade.

INFORMAÇÕES DAS PASTORAIS SOCIAIS

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AnotE - AGÊNCIA DE NOTÍCIAS ESPERANÇA
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Um serviço de comunicação das pastorais sociais, Comunidades
Eclesiais de Base (Ceb's) e organismos da Igreja Católica do
Ceará
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AGENDA
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-> Plenária de Articulação para o 14º Grito dos(as) Excluídos(as) em Fortaleza (Dia 19 de JUL/2008)



Os/as articuladores/as do 14º Grito dos Excluídos e Excluídas de Fortaleza realizarão no próximo sábado, dia 19 de julho, às 8h30min, na Faculdade da Prainha, na Rua Tenente Benévolo, n.° 201, mais uma plenária em preparação ao evento em Fortaleza. O principal ponto de pauta é a escolha do local e da metodologia dos trabalhos para o dia 7 de setembro. O lema do Grito este ano será "Vida em primeiro lugar - Direito e participação popular".

CONTATO: Assis Memória 9944 3315 e Rejane Nascimento 8816 3867.
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-> Tradições Afro-Descendentes se reúnem em festival (Dia 20 de JUL/2008)



Do dia 20 a 27 de julho, o Centro Cultural Capoeira Água de Beber (Cecab) realizará o I Festival Internacional de Capoeira e Tradições Afro-Descendentes. No dia 20 de julho, às 16h, haverá um cortejo de berimbau saindo do aterro na Praia de Iracema até a Praça Verde do Dragão do Mar. O encerramento será no dia 27, na Praia de Parajuru, município de Beberibe, distante a 120 km de Fortaleza. Seminários, oficinas, feira gastronômica e apresentações culturais reunirão estudiosos, pesquisadores, artistas e capoeiristas da América Latina e Europa. Durante os primeiros cinco dias do evento, oficinas de dança, percussão, capoeira e outras manifestações de arte e religiosidade acontecem pela manhã, tarde e noite. Os interessados nas oficinas podem inscrever-se até o dia 18, sexta-feira, na sede do Cecab, Avenida Pessoa Anta, 218, Centro. No dia 24, quinta-feira, realizar-se-á a festa de integração, que reúne experiências culturais de vários grupos. Os ingressos podem ser adquiridos no dia do evento, no mesmo local. Os shows culturais, que acontecem no Palco Quilombo e no Mercado dos Pinhões, assim como a feira gastronômica, serão abertos ao público. O objetivo dessa atividade é contribuir para o estudo aprofundado sobre a herança africana na América, através de conferências, espetáculos musicais, exposições, culinária e outras atividades. Para Robério Batista, Mestre Rato, membro da organização do evento, essa atividade marca um grande salto da capoeira no Brasil, reconhecida recentemente como patrimônio imaterial brasileiro.

CONTATO: Robério Batista - Mestre Ratto (85) 3254 7817 e (85) 8866 5835.
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-> Pastoral do Povo da Rua realiza seminário. (Dia 22 de JUL/2008)



A Pastoral do Povo da Rua (PPR) e parceiros realizarão no dia 22 de julho, às 8h no Auditório do Centro de Referência do Professor, na Rua Conde d'Eu, 560, Centro, o Seminário "Política Nacional para Inclusão Social da População em Situação de Rua". As temáticas abordadas serão: Habitação e Urbanismo; Assistência Social; Saúde; Educação, Arte e Cultura; Trabalho e Renda; Qualidade de Vida e Questão Ambiental; Violência Urbana. O objetivo é fortalecer a Política Nacional para população de rua e discutir eixos que possam nortear e contribuir para a construção de uma política de direitos efetivos para esse segmento. Em novembro de 2006 foi criado o Grupo de Trabalho Interministerial com representantes do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Ministério das Cidades, Ministério da Educação, Ministério da Cultura, Ministério da Saúde, Ministério do Trabalho e Emprego, Secretaria Especial de Direitos Humanos, além da sociedade civil organizada representada pela Pastoral Nacional do Povo da Rua e pelo Movimento Nacional da População de Rua. No seminário estarão presentes Jorge Luiz da Silva e Milena Medeiros, do Ministério do Trabalho e Emprego, Marcelo Sabóia e Valéria Gonelli, do Ministério do Desenvolvimento Social.

CONTATO: Fernanda Gonçalves (85) 8872 6947.
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-> " Criança não é de Rua" será tema de seminário (Dia 23 de JUL/2008)



No próximo dia 23 de julho, quarta-feira, das 8h às 12h30, no Conselho Regional de Contabilidade, Avenida da Universidade, n°. 3057, Benfica, acontecerá o Seminário "Criança não é de Rua" que faz parte da Campanha Nacional de Enfrentamento à situação de moradia nas ruas de crianças e adolescentes. Estarão presentes representantes do Sistema de Garantias dos Direitos da Criança e do Adolescente (SGB) de Fortaleza, Bernd Rosemeyer Coordenador Geral da Campanha Nacional Criança não é de rua e candidatos a Prefeitura de Fortaleza que apresentarão suas propostas de como enfrentar a situação de moradia nas ruas de crianças e adolescentes. No final do evento será assinada uma carta compromisso com as crianças pelos prefeituráveis. Essa atividade está sendo promovida pelo Comitê Nacional de Enfrentamento a Situação de Moradia nas ruas de Crianças e Adolescentes. Essa atividade é parte das comemorações dos 18 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A campanha já foi lançada em 17 capitais brasileiras com o objetivo de promover um amplo diálogo entre sociedade civil e poder público para o enfrentamento da situação e que resultará na realização do Seminário Nacional que acontecerá em 2009.

CONTATO: Adriano Ribeiro - 3212 5727, 8829 1122.
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-> "Juventude consciente é semente de transformação" será tema da 8ª Semana Cultural da Juventude na Barra do Ceará (Dia 21 de JUL/2008)



De 21 a 26 de julho, das 19h às 21h acontecerá na Escola Estado de Alagoas, Avenida Presidente Castelo Branco, s/n, Barra do Ceará, a 8ª edição da Semana Cultural da Juventude do bairro. O tema da atividade será "Juventude consciente é semente de transformação". Durante uma semana os jovens do bairro poderão participar de várias oficinas, como capoeira, teatro, música, fantoche, contação de histórias, cordel, pintura e de torneios esportivos, como vôlei e futebol. No dia 23, quarta-feira, haverá uma palestra sobre dependência química. O objetivo é promover uma maior integração e convivência com os jovens do bairro, conscientizando-os para a importância da cidadania e coletividade. As inscrições podem ser feitas na secretaria da Área Pastoral, na Rua Larga, n°. 32, Barra do Ceará, ou pelo telefone (85) 3485 3607.

CONTATO: Hildebrando Maciel (85) 8630 0172 ou Elves Alan (85) 8885 3016.
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-> Associação Brasileira de Rádios Comunitárias no Ceará abre inscrições para curso de radialistas comunitários (Dia 29 de JUL/2008)



Associação Brasileira de Rádios Comunitárias no Ceará (Abraço-Ce), realizará de 29 de julho a 02 de agosto, a o curso de capacitação de radialistas comunitários na Faculdade 7 de Setembro (Fa7), Rua Almirante Maximiniano da Fonseca, n.° 1395, Luciano Cavalcante. Até o dia 21 de julho cada emissora poderá fazer a inscrição de, no máximo, dois participantes enviando a ficha em anexo, devidamente preenchida, para ismarcapistrano@yahoo.com.br ou para o fax (85) 3277 2972. Os participantes deverão trabalhar diretamente com rádio comunitária e estar cursando ou ter concluído o ensino médio. O curso terá 60 horas com certificado expedido pela referida Instituição. As temáticas do curso envolverão Introdução ao Rádio, Radiojornalismo e Comunicação Comunitária. O curso será ministrado por Sérgio Lira, radialista, formado pela Arcos-Cepoca; Elder Aguiar, bacharel em Direito pela Unifor; Marcelo Inácio, bacharel em Jornalismo pela UFC e pós-graduando em Teorias da Comunicação e Imagem, e Ismar Capistrano, bacharel em Jornalismo pela UFC e mestre em Comunicação pela UFPE. O curso é gratuito, mas a Abraço-CE não arcará com despesas de transporte, alimentação nem hospedagem e será restrito apenas a radialistas de emissoras comunitárias.

CONTATO: Ismar Capistrano Costa Filho, Coordenador de Formação (85) 9602 3946.
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MANCHETES
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-> Piauí será sede do Seminário Latino-Americano de comunicação


Do dia 24 até o dia 26 de julho, Terezina - Piauí será sede do Seminário Latino-Americano de Comunicação. Compreendemos que para falar em desenvolvimento é necessário falar em uma comunicação capaz de gerar processo, identidade e que reflita com a comunidade seus problemas e busque soluções.

Estamos com o passar do tempo, descobrindo não só a importância estratégica da comunicação, como também que resulta dela um componente substancial de qualquer intervenção ou projeto de desenvolvimento: a capacidade de transformar o problema de poucos em problema de todos.

Por isso, é fundamental refletir sobre a proposta de desenvolvimento local e envolver a comunicação nessa reflexão. Ela pode ser utilizada como mediadora/veículo motivador da sociedade para que as pessoas participem ativamente do processo de desenvolvimento da sua região.

Envolver, informar, debater, inconformar... São papéis de uma comunicação cidadã que se propõe a promover o desenvolvimento local. E é com essa proposta que nasce o Seminário Latino-americano de Comunicação, cujo tema é Comunicação e Rádio para o Desenvolvimento Local, com o objetivo de tratar a comunicação, sobretudo o rádio, como ferramenta fundamental para a promoção do desenvolvimento.

A realização do Seminário marcará ainda o fechamento do projeto 'Comunicação e Rádio para o Desenvolvimento Local' que capacitou 500 comunicadores/as piauienses que trabalham no rádio com cursos de extensão universitária, atendendo aos 11 territórios de desenvolvimento do Estado do Piauí. Os cursos foram ministrados no período de setembro de 2007 a junho de 2008 com carga horária de 30horas/aula.

O objetivo geral do Seminário é debater e aprofundar as temáticas relacionadas ao rádio e ao desenvolvimento local, estimulando a prática da comunicação voltada para a promoção da cidadania, bem como para a construção de políticas públicas.

Ponto de partida ::
A conclusão do projeto Comunicação para Desenvolvimento Local - cursos de extensão Universitária, chancelado pela Universidade Estadual do Piauí, que capacitou 550 comunicadores (as) populares.

A necessidade de aprofundar e discutir a temática comunicação e rádio para o desenvolvimento local com perspectivas de políticas públicas efetivas em comunicação, visando estimular a radiodifusão comunitária, como chave da educação para cidadania critica, bem como democratização da comunicação.

Ponto de chegada ::
O Seminário irá oferecer aos comunicadores populares, jornalistas, radialistas, professores, estudantes de comunicação social e gestores (as) públicos um documento capaz de orientar a prática da comunicação voltada para a promoção da cidadania e construção de políticas públicas adequadas que atendam as demandas.

As discussões realizadas no Seminário deverão promover uma reflexão consistente sobre o papel do rádio no desenvolvimento local e sugerir práticas que possam instigar e valorizar o encontro, construindo assim, propostas concretas de estimulo a radiodifusão comunitária, numa perspectiva de democratização da comunicação que resulte na melhoria da educação e da cidadania. O prazo para envio das inscrições será até o dia 21 de julho, e podem ser feitas pelo site http://www.seminariodecomunicacao.com.br/br/br.html

CONTATO: Rosa Rocha, Jornalista/ Assessora de Comunicação, Ícone Comunicação, Setre - Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo, DRT - 1.387 / MT - PI
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DESTAQUES
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-> Que futuro nos espera?
por Leonardo Boff*


Muitos analistas fazem prognósticos sombrios sobre o futuro que nos espera como James Lovelock, Martin Rees, Samuel P. Huntington, Jacque Attali e outros. É certo que a história não tem leis, pois ela se move no reino das liberdades que estão submetidas ao princípio de indeterminação de Bohr/Heisenberg e das surpreendentes emergências, próprias do processo evolucionário. No entanto, um olhar de longo prazo, nos permite constatar constantes que podem nos ajudar a entender, por exemplo, o surgimento, a floração e a queda dos impérios e de inteiras civilizações. Quem se deteve mais acuradamente sobre esta questão foi o historiador inglês Arnold Toynbee (+1976), o último a escrever dez tomos sobre as civilizações historicamente conhecidas: A Study of History. Ai ele maneja uma categoria-chave, verdadeira constante sócio-histórica, que traz alguma luz ao tema em tela. Trata-se da correlação desafio-resposta (challenge-response). Assinala ele que uma civilização se mantém e se renova na media em que consegue equilibrar o potencial de desafios com o potencial de respostas que ela lhes pode dar. Quando os desafios são de tal monta que ultrapassam a capacidade de resposta, a civilização começa seu ocaso, entra em crise e desaparece.

Estimo que nos confrontamos atualmente com semelhante fenômeno. Nosso paradigma civilizacional elaborado no Ocidente e difundido por todo o globo, está dando água por todos os lados. Os desafios (challanges) globais são de tal gravidade, especialmente os de natureza ecológica, energética, alimentar e populacional que perdemos a capacidade de lhe dar uma resposta (response) coletiva e includente. Este tipo de civilização vai se dissolver.

O que vem depois? Há só conjeturas. O conhecido historiador Eric Hobsbawn vaticina: ou ingressamos num outro paradigma ou vamos ao encontro da escuridão.

Quero me deter nos prognósticos de Jacques Attali, economista, ex-assessor de F. Mitterand e pensador francês em seu livro Une brève histoire de l'avenir (2006), pois me parecem verossímeis, embora dramáticos. Ele pinta três cenários prováveis que resumirei brevemente.

O primeiro e do superimpério. Trata-se dos EUA e de seus aliados. Eles conferem um rosto ocidental à globalização e lhe imprimem direção que atende seus interesses. Sua força é de toda ordem, mas principalmente militar: pode exterminar toda a espécie humana. Mas está decadente, com muitas de contradições internas que se mostram na inexorável desvalorização do dólar.

O segundo é o superconflito. É o que segue à quebra da ordem imperial. Entra-se num processo coletivo de caos (não necessariamente generativo). A globalização continua mas predomina a balcanização com domínios regionais que podem gerar conflitos de grande devastação. A anomia internacional abre espaço para que surjam grupos de piratas e corsários que cruzarão os ares e os oceanos, saqueando grandes empresas e gestando um clima de insegurança global. Estas forças podem ter acesso a armas de destruição em massa e, no limite, ameaçar a espécie humana. Esta situação extrema clama por uma solução também extrema.

É o terceiro cenário, da superdemocracia. A humanidade, se não quiser se auto-destruir, deverá elaborar um contrato social mundial com a criação de instancias de governabilidade global com a gestão coletiva e eqüitativa dos escassos recursos da natureza. Se ela triunfar, inaugurar-se-á uma etapa nova da civilização humana, possivelmente com menor conflitividade e mais cooperação.

Só nos resta rezar para que este último cenário aconteça.

* Leonardo Boff é teólogo, escritor, professor emérito de ética da UERJ e membro da Comissão da Carta da Terra.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Noticias da Semana


JÁ ERA
“Estudar a arquitetura urbana de um povo é uma forma de aprender e conhecer a sua história” (Nestor Goulart dos Reis Filho).

Na foto acima, a Rua João Pessoa, na cidade de Crato, na década 40 do século passado. Nos dias de hoje este mesmo trecho abriga somente lojas comerciais, com suas enormes e feias placas de propaganda. Além da poluição visual temos ainda a poluição sonora dos carros de som tornando feia e decadente a antiga, bonita e aristocrata Rua João Pessoas de outrora...

CENTRO DE CONVENÇÕES 1
O Crato aguarda o início da construção do Centro de Convenções do Cariri. A previsão é que isso ocorra nos primeiros meses de 2009. Será o maior investimento feito pelo governo do Ceará na Cidade de Frei Carlos nos últimos 25 anos. Esse centro será um equipamento polarizador regional que contemplará diversas atividades culturais e sociais tais como seminários, cursos profissionalizantes, exposições feiras, teatro, dentre outras.

CENTRO DE CONVENÇÕES 2
O Centro de Convenções do Cariri será construído às margens da estrada Crato – Juazeiro, no bairro Muriti, próximo a projetada Cidade Universitária – num terreno de aproximadamente 20 mil m2 – e ficará distante a 5 km do centro da cidade e a 10 km do Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes, em Juazeiro do Norte. Sua estrutura contará com aproximadamente 4 mil m2, abrigando dentre seus principais ambientes, espaço para oficinas, um teatro com capacidade para 1.000 (mil) pessoas, quatro auditórios com capacidade para 250 (duzentos e cinqüenta) pessoas cada, uma sala multiuso com flexibilidade de layout, além de um restaurante.

CORRIGINDO OMISSÔES
Até hoje Crato não prestou uma homenagem ao fundador da cidade. Existia um projeto de construção de uma avenida (com início na antiga estação ferroviária) que teria a denominação de Frei Carlos Maria de Ferrara. Com a reativação do trem de passageiros a avenida parece ter sido cancelada. Por que não denominar o Centro de Convenções de Frei Carlos Maria de Ferrara? E já que estamos falando em corrigir omissão que tal dar o nome de Dom Vicente de Paulo Araújo Matos – o maior benfeitor de Crato – ao teatro do Centro de Convenções do Cariri.

QUEM AMA CUIDA
Juazeiro do Norte cuida dos seus monumentos. A estátua do Padre Cícero (ora apresentando algumas rachaduras) passará por restauração ao custo de 146 mil reais. A verba foi liberada pelo Governo Federal e a Prefeitura de Juazeiro entrará com uma contrapartida de 14 mil reais. Também o Casarão do Horto (onde está localizado o Museu Vivo do Padre Cícero) passa por reformas que contempla, ainda, a capela e a praça defronte ao vetusto prédio.

PIONEIRISMO DO CARIRI
O Geopark Araripe é o primeiro parque fossilífero das Américas e do Hemisfério Sul reconhecido pela Unesco. Compreende uma área de 5.000 Km2 da Região do Cariri envolvendo os municípios de Barbalha, Crato, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri. Nessa área localizam-se importantes provas da evolução da vida e do planeta Terra no Período Cretáceo. O Geopark Araripe foi iniciado pela Universidade Regional do Cariri, quando o prof. André Herzog era o reitor. O governador Cid Gomes encampou o projeto e em parceria com o Banco Mundial quer promover o turismo científico, cultural e ecológico no Sul do Ceará.

SEMINÁRIO SOBRE PADRE CÍCERO
Dentro da programação da Semana do Município de Juazeiro do Norte foi realizado o tradicional Seminário sobre o Padre Cícero, que ocorre todo mês de julho. Este ano a programação do seminário foi a seguinte: dia 16– “A estrada da fé” (livro eletrônico) realização dos alunos da Escola Amália Xavier de Oliveira; dia 17–Palestra: “A história de uma capelinha que se tornou basílica”, a cargo de Irmã Annete Dumoulin; dia 18–Lançamento do livro “Padre Cícero: sociologia de um Padre, Antropologia de um Santo”, de Antônio Mendes da Costa Braga; dia 18–Palestra: “A Basílica-Santuário de Nossa Senhora das Dores. Por que este título?”, a cargo de Dom Fernando Panico, bispo diocesano de Crato.

A PROVÍNCIA
Circulando o nº. 26 da revista “A Província”, excelente publicação, fruto do denodo e idealismo do prof. Jurandy Temóteo. O presente número reúne excelentes artigos e trabalhos de intelectuais do Cariri e nada fica a dever às melhores revistas das academias de letras e institutos culturais do Brasil.

HOMENS QUE CONSTRUIRAM O CRATO
Dom Francisco de Assis Pires – segundo bispo de Crato – nasceu em Salvador, Bahia, em 04 de outubro de 1880. Ordenou-se sacerdote em 14 de abril de 1903 e em 11 de abril de 1931 foi nomeado bispo. Governou a diocese de Crato no período de 1932 a 1959, perfazendo 27 anos. Dentre as suas realizações podemos citar: o Hospital São Francisco de Assis, o Colégio Diocesano, o Patronato Padre Ibiapina (hoje reitoria da URCA), o Palácio Episcopal (sem utilização nos dias atuais), o Liceu Diocesano de Artes e Oficio (desativado) e o jornal “A Ação” (extinto).

Algemaram a República

Os nossos fotógrafos cratenses sabem bem disso. Uma foto pode valer mais do que muitos parágrafos. A foto da reunião do Presidente Lula com o Presidente do Supremo, o Ministro da Defesa e o Ministro da Justiça diz da pior natureza do espírito republicano. Neste dia o cidadão tem a sensação de que estas pessoas do mais alto relevo da vida política nacional estão completamente despreparadas para o enorme patrimônio de um país continental e com 200 milhões de habitantes.

A primeira impropriedade é a presença do Ministro da Defesa. Se você estranhou esta impropriedade, agora reflita. No centro de uma crise entre dois poderes, os representantes máximos deveriam ser fotografados os dois juntos. O que o ministro Jobim estaria fazendo naquela reunião? Reforçando a idéia que não existem os poderes da república? Que estaria ali por uma mera questão de ter sido, no passado presidente do Supremo, mas hoje é nomeado pelo presidente da república?

A segunda é ter se incluído na foto o ministro da Justiça, pois ficou marcado que ele é insuficiente para uma reunião com jurisconsultos, assim o presidente teria o sábio ministro Jobim. O mais humilhante para os poderes da república é que neste dia se tratava de uma questão específica de um banqueiro sendo acusado pela polícia e a justiça federal. Não se tratava de uma questão republicana, de um fator coletivo de toda sociedade.

A terceira impropriedade é política. O presidente Lula foi pego numa arapuca. A mídia tinha avisado, desde o princípio, que Daniel Dantas tinha relações no palácio e que o caso incomodaria a presidência e a casa civil. No mesmo dia, mesmo que na reunião não se tenha declarado nada, a matéria da imprensa colou na foto o afastamento do delegado Protógenes das investigações contra o banqueiro.

Conclusão da foto: caiu a república e implantou-se a monarquia. O ministro do Supremo Federal, Gilmar Mendes, com o riso escancarado enquadrando os poderes da república.

Conseqüência 1: o PT e o governo do Presidente Lula saem do episódio com mais problemas do que os partidos que realmente forjaram o banqueiro Daniel Dantas.

Conseqüência 2: o respeito à justiça fica maculado, pois justiça que existe para rico e o castigo para o pobre é o caminho para revolta, rebeldia ou revolução. Ainda hoje, 16 de julho, é impossível deixar de se olhar para o livre e solto banqueiro e preso e bem preso punguista que tentou roubar na beira mar em Fortaleza o cordão de ouro do Ministro Mendes.