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segunda-feira, 26 de maio de 2008

O paradigma norte-americano, por Armando Lopes Rafael

Primeira bandeira republicana do Brasil
(que só durou 4 dias:de 15 a 18-11-1889)

Peço sua atenção (e paciência) amigo leitor. Para falar sobre um fato pouco enfocado da História do Brasil.
Quando o golpe militar de 15 de novembro de 1889 proclamou entre nós a república as novas autoridades mudaram o nome da nossa pátria. Deixamos de ser o Império do Brasil e recebemos o nome oficial de "Estados Unidos do Brazil". Isso mesmo: Brazil com z, seguindo a ortografia da época. Ignóbil imitação à grande nação norte-americana. Essa denominação vigorou até 1967, quando mudaram o nome outra vez. Dessa feita para "República Federativa do Brasil". A implantação da República entre nós – entre tantos males – trouxe-nos o paradigma norte-americano como modelo de vida. Nossas raízes e tradições, geradas a partir da mistura das culturas portuguesa, indígena e africana, viraram coisa de sub-raça. Como diriam os adamados cronistas sociais de hoje: uma coisa "out". Bom mesmo eram os Estados Unidos, com o seu "way of life”. O modelo artificial de Hollywood e o estilo do "self-made man" americano foram tomando conta dos ambientes brasileiros. A nossa sociedade deu as costas a um passado glorioso e aceitou, sem espírito crítico, o que nos foi sendo empurrado pelos vitoriosos republicanos que se inspiravam no big brother americano...
Mas era sobre um fato pouco comentado que eu ia falar! Chamou minha atenção um artigo do Prof. Paulo Napoleão Nogueira da Silva, da Universidade Estadual Paulista, que diz entre outras coisas:

"Nos cem anos durante os quais vigorou a proibição de sequer falar-se em monarquia, o País foi programaticamente induzido a esquecê-la. Diretrizes governamentais de todos os tipos, explícitas ou dissimuladas, foram adotadas nesse sentido. Substituíram Pedro I por José Bonifácio, na iconografia oficial da Independência, mas a figura do Patriarca não calou fundo, além do que ele próprio era um defensor da Monarquia. (...) "Desde os primeiros dias da República os autores de livros didáticos para os cursos primário e secundário, segundo critério de orientação e exigências do Ministério da Educação, passaram a só estampar o retrato de Pedro II com as longas barbas e o aspecto cansado dos seu últimos anos de vida, para associar à Monarquia a imagem de velhice, decrepitude e coisa antiga. “Esses mesmos livros tratavam, e ainda hoje tratam, de evidenciar as glórias da proclamação da República, o heroísmo de Deodoro e o idealismo dos seus companheiros, como se tivessem participado de uma feroz batalha em prol da liberdade.”

A proclamação da república foi na verdade a primeira das inúmeras quarteladas que o Brasil viria a presenciar. Isso todos sabemos. Não sabíamos era do maquiavelismo oficial usado para enganar tantas gerações ao estudarem a história da nossa sofrida e querida pátria. Moral da história: compramos gato por lebre...
(*) Armando Lopes Rafael é historiador

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