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quarta-feira, 13 de agosto de 2008

NAS COLUNAS DIÁRIAS

Luta de Classe

O fim do socialismo soviético, entre outros enormes efeitos, resultou imediatamente na negação das classes sociais. A classe social não existiria, seria ficção da doutrina revolucionária. Com a doutrina soviética bastante abalada no início dos anos 90, a ordem era esterilizar, desinfetar, como diziam alguns, seu pensamento. Ao longo da década esta coisa foi mudando de eixo, afinal havia intenção bastante humana por trás da luta contra o socialismo. Era uma classe que dominava o capital, dominava os meios de comunicação, as instâncias políticas do Estado e a cultura em geral, inclusive as ciências. Como negar a si mesma? Então o discurso passou para um campo menos "radical", afinal as classes existiam como algo diluído, sem nenhum papel revolucionário ou de vanguarda transformadora da política e do social.

Hoje o ministro do STF, Marco Aurélio de Mello faz a defesa clara da classe: Se nãopericulosidade, se é crime financeiro, de falcatrua, o chamado crime do colarinho branco, nãonecessidade da algema. A regra é o preso ser conduzido preservando-se a dignidade dele. E como a sinceridade de classe é nítida e a defesa da mesma intransigente, diz ainda mais o ministro: Colocar algemas em Celso Pitta, Jader Barbalho, Daniel Dantas, Naji Nahas....Prá quê?

Como o Estado brasileiro não protege a todos, a alguns e todos da mesma classe, diz o ministro supremo ao se referir à súmula vinculante que trata sobre a questão de algemar prisioneiros e que orientará todos os tribunais brasileiros: A súmula não vai frear. Mas talvez sirva de respaldo em ações de indenização contra o estado. Se não somos todos idiotas, quis o ministro dizer: nenhum rico será preso com algemas e se for irá ganhar dinheiro do estado. Como rico pode tudo, vai ter gente contratando mãos policiais para algemá-la. Depois a indenização irmanando esforços.

Tortura nunca mais

A tortura e a violência das forças policiais contra as classes médias baixas, os operários e aquela faixa entre o lúmpen e a informalidade contínua ampla, em todo o território nacional e nalguns casos, como o do Rio de Janeiro, como clara política de governo. Esta é a grande discussão, a que efetivamente se horizontaliza no dia-a-dia das pessoas, mas não aparece na narrativa diária da imprensa como uma violência do Estado e sim como a criminalização da vítima. Todo os mortos por ação da polícia são julgados como bandidos, criminosos, traficantes. O noticiário é parte justificativa da tortura e da violência.

Se um dia houver uma prestação de contas como o Grupo Tortura Nunca Mais tentou com as vítimas políticas da ditadura, a mídia e os atuais governantes irão ficar horrorosos na fotografia. Não tem como negar que o enfrentamento é contra aquelas classes e tudo se reduz ao mero enfrentamento. A renda melhora relativamente pouco, a redistribuição de renda é verdadeira, mas numa velocidade de algumas dezenas de anos, a escola pública é péssima, a saúde pública, especialmente hospitalar, uma sofrimento a mais, o transporte urbano é primitivo, nada é universal, tudo é seletivo, meramente demonstrativo e de pouco fôlego.

Por isso é que a questão do torturador levantada pelo Ministro da Justiça Tarso Genro não consegue atingir o foco da questão. E seu alerta se dirigiu aos velhos tempos da guerra fria, dando oportunidade a que os vovôs militares praticassem a la recherche de temps perdu.

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