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sábado, 14 de novembro de 2009

Triunvirato da Poesia Cariri: Chagas, Lupeu & Domingos Barroso

que futuro tem a poesia

que futuro tem a poesia?
poetas cortando a própria carne
faca entre os dentes
arte enlatada
tudo por três reais e quinze centavos
ou um pouco mais

que nunca se sabe o valor real das coisas
ainda que falsas
como falsa é a tarde cheia de avisos
que faz todos absolutamente cativos

no meio da avenida tem um menino
ele não cabe num verso
a cidade lhe tem aversão

todas as cidades do mundo
com seus peitos enlameados
amadas como putas
no meio de cada uma um menino
perdido no reverso do amor
acredite em mim!

uma versão do amor que resulta
num inferno de vozes
ruídos roncos estrela solitária
estrelas caçando um céu
mesmo que de aluguel

que futuro tem a poesia?

Poesia de Chagas

(...)

Quero porque quero. E o querer me movimenta como se motor fosse. Ilegal. Como se fosse. Voraz como um afrodisíaco ainda não inventado. Dengo. Como se fosse dengo. Assim como se fosse um sorvete de gosto engraçado. Fruta gelada talvez. Como se fosse. Ansiedade de ver na cidade um caminho que minimize a dor de viver do resto. O cérebro, esse motor engraçado, ainda bem. Sei não das coisas que penso que sei. Abraço dado no que olha a bunda com fome. Silencio quando o que não quero ouvir salta na mesa. Deuses que envelhecem como se envelhecer não fosse. Impossível não se surpreender. Sei lá. Não sei. O a dois é quase três. Reticências onde pode haver interrogação. Eu sou o meu desejo. Eu sou o melhor que deus achou de fazer de mim. Eu sou uma instalação de um artista pop com lobotomia. É sim. Estou entregue. E tenho ânsia. E faço graça do relógio. E faço graça do tempo. Tem porra nenhuma acontecendo. Amanhã eu penso em depois de amanhã. Até porque sempre será domingo quando eu quiser.

Crônica de Lupeu Lacerda

(...)

Livro de Veludo

Eu berro, uivo, corto o dedo
acho a vida intragável
já acendi velas
vomitei no travesseiro
nunca fui amado
nem amei criatura alguma

Eu forjo provas do crime
minto, iludo quem me cerca
tenho inveja do homem belo
meu sonho é traçar divas superstars
sugar-lhes a alma, roubar-lhes os diamantes

Eu não presto atenção no outro
aproveito-me da amizade sincera
adoro minhas flatulências
não tenho paciência com idosos
nem com mancebos arrebatados
amo minhas paredes
já comi na infância muito barro
engordei solitárias
fui um mísero sonhador
sempre levando chutes na bunda
das musas estonteantes e cruéis
experimentei alfenim quente
mastiguei raízes químicas
bebi, fumei, queimei o nariz

Sou um sujeito horrendo
e entre mortos, feridos e loucos
a Poesia sempre vence
nunca vacila.

Poesia de Domingos Barroso

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