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domingo, 21 de março de 2010

Penitentes vivem fé medieval - Postado por Océlio Teixeira

Os grupos de Penitentes do Interior do Estado se destacam
como figuras do imaginário popular

Grupo de penitentes da cidade de Barbalha, do Sítio Cabeceiras. Os integrantes já apareceram até no programa  Fantástico, da Rede Globo, e são destaque cultural da  Festa de Santo Antônio

Crato. Emoldurado pela Chapada do Araripe, cercado de fontes naturais e florestas nativas, a região do Cariri se tornou o palco do misticismo do Nordeste. Igrejas, seitas, profetas que pregam o fim do mundo, grupos de penitentes e tipos messiânicos ainda sobrevivem nas ruas e na zona rural da região, apesar do crescente ritmo de desenvolvimento e modernidade.

Da miscigenação das diversas culturas resultaram mitos lembrados nas lendas da caipora, do lobisomem, da mãe d´água, do carneiro de ouro, do pai da mata, da lagoa encantada e outros tantos que povoam o imaginário popular.

No rastro dos índios, dos colonizadores e, principalmente, das levas de romeiros que aportaram no Cariri, trazendo usos e costumes de suas terras, surgiram organizações religiosas com práticas medievais, entre as quais, os grupos de penitentes que se espalham em toda a região. O mais conhecido deles é o do Sítio Cabeceiras, município de Barbalha, que já apareceram até no programa Fantástico, da Rede Globo. Eles transformaram-se em um dos principais destaques na programação cultural da Festa de Santo Antônio, em Barbalha.

Descoberta

Recentemente, o Diário do Nordeste descobriu no município de Porteiras um grupo de penitentes que, até então, não se apresentava em público e nunca foi fotografado ou filmado. São agricultores rústicos que varam as madrugadas sertanejas, rezando e cantando nos cemitérios e nas cruzes de beira de estrada. Andam sempre reunidos, entoando cantochões. Mas no centro urbano, atravessam as ruas silenciosamente, parecendo fantasmas pela diferente figura que apresentam. Ao se aproximarem dos sítios, principalmente em trechos assinalados por crucifixos, as conhecidas cruzes das estradas do sertão, entoam o seu canto que é triste, lamentoso, como um gemido de alma perdida.

Esta teologia remonta aos frades cartuxos espanhóis do primeiro milênio do cristianismo. Permaneceu congelada no sertão do Nordeste, estimulada periodicamente por líderes místicos como o padre Ibiapina e o Padre Cícero Romão Batista, o "Padim Ciço", venerado como santo pelos nordestinos. A cruz do decurião dos penitentes de Porteiras, por exemplo, foi doada pelo Padre Cícero, segundo contam.

Reportagem e foto: Antônio Vicelmo
Fonte: Diário do Nordeste

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