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sexta-feira, 7 de maio de 2010

Socialismo: uma questão de fé? - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Vou postar aqui nos blogs da região, por sugestão de Dihelson Mendonça, entre dois e três textos, sobre o assunto do Socialismo hoje. Pretendo, de cara, superar aquele velho debate da Guerra Fria em que se apresentavam as vantagens e desvantagens do sistema de produção capitalista e do sistema de produção socialista. O assunto é histórico e as opções em história nunca são atos de fé e tampouco, uma fabulação de como deve funcionar o mundo.

Um fato central é que ao se discutir o socialismo, necessariamente se debate a superação do capitalismo que historicamente o precede. Por uma questão filosófica, na raiz do pensamento socialista histórico, a sua emergência se daria pelas contradições entre os detentores de capital (capitalista, ou classe burguesa) e os trabalhadores explorados pelo capital (operários) e que resultaria noutra forma de organização da produção, distribuição e consumo de bens.

A análise histórica, também, tem demonstrado que tanto a formulação dos objetivos políticos dos partidos socialistas, quanto a realidade transformadora, tem se acelerado com base nas crises do próprio capitalismo. Estas crises cíclicas do capitalismo geraram conflitos armados de intensidade, revoluções políticas e, também, a emergência de certo radicalismo assentado na estrutura do Estado Capitalista, que são os regimes fascistas no século XX. Observação: não inclui no mesmo bolo os regimes soviéticos e chineses, pois de algum modo não eram capitalistas no sentido liberal de sua raiz.

Portanto, não se falou, até aqui, em atos de fé, em catecismos ou em um idealismo meramente espiritual. Tudo se encontra na base da vida material das pessoas, na economia como se reconhece desde o século XIX. E por isso que as crises do capitalismo se mostram tão agudas como momentos transformadores.

Agora mesmo, no caso dos EUA, da Grécia, o comportamento errático das bolsas; a Letônia, a Romênia e outros que começarão a ser notícia nas próximas semanas; em tudo campeia a contradição. Revoltas nas ruas de Atenas. Nos EUA pelo menos dois atentados, aquele do avião e este em Time Square não se originam no surrado terrorismo islâmico, mas na frustração do homem médio americano com a crise. Mesmo este caso do Paquistanês, não passa de um americano frustrado. Além do mais a ultra direita americana tem se tomado de um protagonismo que deixa de joelhos o velho modelo da democracia liberal.

O mais crítico é que a contradição é entre o capitalismo financeiro e a social democracia que pretendia reformar o capitalismo antes que este evoluísse para a forma socialista. Esta contradição, no que se costuma identificar como Neoliberalismo, significou um retrocesso histórico fundamental, o capitalismo é incompatível com os chamados direitos sociais (incluindo previdência, serviços públicos, trabalhistas etc.).

As lições políticas, os objetivos e as ações adquirem feições ao longo da agudeza contraditória. Por exemplo, nas ruas da Grécia a queima de bancos com a morte de três pessoas. A frustração popular com o próprio parlamento, que aprovou, por maioria, o sacrifício popular, enquanto gritavam nas ruas. Do mesmo modo que se viram a queda dos regimes comunistas no leste europeu, o movimento popular é capaz de subverter a ordem como se encontra estabelecida.

Isso irá piorar pela inflexibilidade do sistema financeiro, todo ele corroído por falsidades, com uma necessidade insuperável de mais juros e lucros. Além do mais a interligação entre os bancos, arrastando para a cena política os próprios Estados Nacionais que, ou bem atendem aos bancos ou ao povo nas ruas. Além do mais nesta altura o valor dos negócios, efetuados em bolsa de valores, estão absolutamente sem parâmetros. A verdade é que um simples “erro de digitação” pode levar a bolsa de N. York a um novo crash. Ontem os prejuízos de certos investidores foram imensos e a credibilidade desta bolsa está comprometida.

Para sintetizar este clima, vou apresentar um trecho de entrevista do Rapper, Mano Browm ao responder sobre o que achava de um dos candidatos (as) à presidência da república, o qual omito o nome para não reduzir a argumentação a esta disputa eleitoral em curso:

O(a) fulano(a) ? O(a) fulano(a) é um(a) cara neutro(a), é um(a) cara neutro(a). Se ela(e) tiver uma criança pobre magra e uma criança rica gordinha e ela(e) tiver um sanduíche, ela(e) joga para o alto e faz aleluia. Ele(a) não dar para o pobre. Esse é o tipo de justiça que ele(a) faz. Esse é a(o) Fulana(o), malandro. Não espere dele(a) um sentimento que um negro teria, um cara operário. Ela(e) é um(a) cara de classe média da ...., filho de ...., que trabalhou, lutou muito também, que dar muito valor pru dinheiro, pru status que ela(e) alcançou, e pela luta da família pobre .... dele.”

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