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quarta-feira, 9 de junho de 2010

As ruas estão decoradas com o verde-amarelo – por Armando Lopes Rafael


Pelo menos a realização – a cada quatro anos – da Copa do Mundo de Futebol motiva o afloramento do que restou de patriotismo da “brava gente brasileira”. Menos mal. As novas gerações desconhecem, mas até quarenta anos atrás as escolas organizavam belíssimos desfiles no dia 7 de setembro. O povo em peso acorria às ruas para ver o espetáculo. Os estudantes, com suas fardas de gala, davam um colorido maior naquelas manhãs ensolaradas deste “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”.
Bons tempos aqueles!

É bom lembrar que, naqueles tempos, não havia a fartura de bandeiras brasileiras expostas à venda, como ocorre hoje. Já nos dias atuais em qualquer esquina tem um camelô vendendo o símbolo pátrio maior “a preço de banana”, para usar um chavão tão a gosto dos saudosistas que condenam a venda das estatais defasadas e superadas que só serviam de cabides de emprego para partidários do governo de plantão. Naquela época – nunca é demais recordar – todos sentiam orgulho do Brasil. Quem não se lembra das pessoas portando na roupa um pedacinho de fita verde-amarela?
Já hoje...

Este preâmbulo foi feito apenas para repassar às novas gerações um fato menor, ocorrido em 1822. Era difícil, nos dias posteriores ao Grito do Ipiranga, encontrar fitas com as novas cores oficiais do nosso Brasil. Conforme Carlos H.Oberacker Júnior, no livro “A Imperatriz Leopoldina”, publicado em 1973:
“Dom Pedro I lançara, na colina do Ipiranga, o grito famoso que fez independente o Brasil. Dias depois, nos salões repletos do Paço, reclamava ele que lhe trouxessem fitas verdes, pois queria que todos usassem o os laços das cores representativas do Brasil livre. Vendo que ainda faltavam alguns distintivos, voltou-se alegremente para Dona Leopoldina, perguntando-lhe:
–Não haverá mais fitas verdes no palácio?
A Imperatriz dirigiu-se aos seus aposentos e não encontrou fitas verdes. Foi quando seus olhos caíram sobre o leito, cujas fronhas ostentavam, a correr por ilhoses do bordado, fitas com as cores procuradas. Arrancou-as todas e voltou para os salões para distribuir entre os presentes as novas cores do Brasil”...
Texto e postagem de Armando Lopes Rafael

4 comentários:

Armando Rafael disse...

Como o espaço das postagens é limitado – e como desejo falar ainda sobre a Imperatriz Leopoldina – acrescento as notinhas abaixo, a título de complementação. Nascida em Viena, no dia 22 de janeiro de 1797, Maria Leopoldina Josefa Carolina Francisca Fernanda de Habsburgo e Bragança, era filha Imperador Francisco II e da Imperatriz Maria Tereza.

A pedido de Dom João VI, o Marquês de Marialva procurou esposa para Dom Pedro, achou por bem buscar na Casa de Habsburgo, na Áustria. Em 13 de maio de 1817 celebrava-se o casamento por procuração. Partiu da Áustria em 15 de agosto daquele ano, acompanhada de uma comitiva de mais de 20 pessoas. A futura Imperatriz chegou ao Rio de Janeiro em 5 de novembro e foi recebida com grande jubilo, numa festa que poucas vezes o Rio de Janeiro viu. No famoso “Dia do Fico”, as assinaturas pedindo que o Príncipe ficasse no Brasil, entregues a Dom Pedro por Bonifácio, dizem ter o auxílio de Dona Leopoldina, que apesar da época, rígida e austera quanto ao papel da mulher, foi uma franca defensora da Independência do Brasil.

Armando Rafael disse...

Dona Leopoldina foi regente do Império em nome do Príncipe Dom Pedro, algumas vezes. Em agosto de 1822, Dom Pedro necessitou ir a São Paulo para apaziguar a política local, onde deveria garantir que o Brasil não mais voltaria à condição de reles colônia e garantir também que São Paulo não se proclamasse separado do Brasil, e Dona Leopoldina assumiu a regência, assim se tornou por nomeação: Chefe do Conselho de Estado e Princesa Regente Interina do Brasil.
Numa verdadeira epopéia, Dona Leopoldina obteve informações de que Portugal havia preparado uma ação contra o Brasil e rapidamente reuniu o Conselho de Estado a 2 de setembro de 1822 e propôs intervenção, no que teve apoio de Bonifácio, então enviou carta a Dom Pedro com informação e pareceres dela e de José Bonifácio, o conselho era claro: a Independência do Brasil. Este fato poderia ter mudado a história que hoje nos é “conhecida”, pois se Dona Leopoldina não possuísse tal astúcia estaria o Brasil mais uma vez nas mãos das Cortes Portuguesas. E em 7 de setembro de 1822 , chegou o oficial, responsável pela entrega das cartas à pessoa de Dom Pedro, para efetivar a ação. Assim como já sabemos procedeu-se o ato da INDEPENDÊNCIA BRASILEIRA.

A grande Imperatriz do Brasil, nascida na Áustria, deu prova de seu amor pela terra que representava.

Armando Rafael disse...

Vem de há muito um triste costume da Câmara de Vereadores de Crato: mudar os nomes das ruas da cidade. As do centro tiveram antigas e pitorescas denominações tocadas por nomes de personagens, em boa parte desconhecidas pela população.
Vejamos um caso recente. Em 1998, intelectuais, professores e monarquistas caririenses procuraram os vereadores Ailton Esmeraldo e Edna Almino e pediram a esses edis para apresentarem projeto, à Câmara Municipal, dando o nome de Imperatriz Leopoldina a uma nova rua de Crato. Foram de pronto atendidos.
Colocada a matéria em votação, uma surpresa: alguns vereadores alegaram desconhecer quem fora e qual a participação que tivera a Imperatriz Leopoldina na história do Brasil. O então presidente da Câmara Municipal, Cláudio Gonçalves Esmeraldo, usou de bom senso. Convidou-me a comparecer à sede do legislativo cratense para proferir palestra sobre a primeira imperatriz brasileira. Assim o fiz. Ao final da minha fala o projeto foi colocado em votação sendo aprovado por 20 votos a favor, com uma abstenção: a do vereador Amadeu de Freitas, do PT.

Armando Rafael disse...

O ex-prefeito Raimundo Bezerra sancionou a Lei nº. 1.774 de 10 de junho de 1998, denominando de “Rua Imperatriz Leopoldina” a artéria que tem inicio ao lado direito da Avenida Padre Cícero – sentido Crato-Juazeiro – que dá acesso ao Parque Getúlio Vargas-Morro da Coruja em toda a sua extensão.
Na legislatura passada, um vereador (provavelmente desconhecendo que aquela rua já tinha denominação oficial) apresentou projeto e a Câmara Municipal aprovou dando novo nome a Rua Imperatriz Leopoldina: agora chamada de Orestes Costa.
Será que se lembraram de revogar a Lei nº. 1.774? Caso contrário, aquela rua tem agora duas denominações. Existem vereadores na atual legislatura, que já exerciam mandato em 1998 e se lembram do episódio que acabei de relatar.
Foi assim que os representantes do povo cratense mostraram sua gratidão ao trabalho da Imperatriz Leopoldina em prol da independência do Brasil...