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domingo, 13 de junho de 2010

Um registro de nascimento - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Aconteceu na sexta-feira. Num cartório de alguém muito querido no Crato, mas não vou revelar para não virar motivo de chacota. Um pai com as testemunhas, todos do Distrito do Romualdo entraram no cartório para registrar uma criança.

O funcionário de cara pediu o Documento de Nascido Vivo que é dado pela maternidade. O pai um pouco atrapalhado explicou:

- Nasceu em maternidade não! Aparado na rede. Dona Reimunda cortou o cordão!

O funcionário coçou a cabeça e a testa fez dobras de preocupação. Situação rara nos dias de hoje, quando a maioria faz pré-natal e nasce em maternidade. Consultou um colega para saber como proceder sem o tal documento. Afinal concluíram que as testemunhas serviriam exatamente para esta finalidade: dar credibilidade a quem nasceu, já que o próprio não possuía o verbo necessário para lá comparecer.

O funcionário abriu o livro e começou perguntando pelo sexo do recém-nascido. A pergunta gerou dúvidas no pai:

- Séquiço! Cuma é mermo? Séquiço? – o olhou com o rabo do olho para o compadre que servia de testemunha que deu de cotovelo na outra testemunha, levantando as sobrancelhas e repassando a pergunta. Esta, então, respondeu pelo pai.

- Bote aí no papel viu! O séquiço é muié!

A ladainha de perguntas, dúvidas e contribuições coletivas para as respostas. Para dizer a hora e o dia do nascimento: entre o primeiro e o segundo canto do galo. O nome dos avós foi lenha para resolver, dúvidas até pelos sobrenomes do lado do pai, imaginem para descobrirem o lado da mãe. Finalmente pergunta do nome que queria dar à filha.

O pai abriu um sorriso de superioridade completa, olhou para todos os presentes no cartório como se tivesse diante uma récua de desabonados pela inteligência. O olhar por cima girou o salão e terminou sobre o funcionário do cartório, do outro lado do balcão com as anotações á sua frente.

- Pode botá aí! O nome dela vai ser Jabulane da Silva.

O rapaz do cartório perguntou como ele queria escrever o nome se com um “i” ou um “e” no final. O pai, muito orgulhoso, deu a dica:

- Escreva ingual a bola! Mermim cuma a bola!

Um espírito de porco ouvia tudo com curiosidade. O funcionário folheava o jornal a do nome da bola da atual copa do mundo. O engraçadinho não se conteve e disse:

- Chuta a gol meu patrão!

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