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domingo, 11 de julho de 2010

Tarcisio Pinheiro - José do Vale PInheiro Feitosa

Das coisas que não gosto de fazer, apenas dizem de mim. Nada tem com quem goste. Pois o que eu gosto não tem escala de valor alguma. Apenas uma referência pessoal que se construiu por muitos motivos.

Por isso vou fazer uma coisa que não gosto. Falar de alguém só por que tenha parentesco comigo. Mas o faço por um motivo secundário: quando ele saiu do Crato para fazer faculdade eu era muito novo para lembrar-me dele. Quando retornou, era minha vez de sair.

Mas ele o tinha por uma curiosidade, mesmo naqueles tempos idos, uma singularidade: minha mãe e o pai dele eram primos carnais. O que vem a ser isso? O pai da minha mãe era irmão do pai dele e assim como as respectivas esposas eram igualmente irmãs. Joaquim e Hermógenes por um lado e Amélia e Raimunda pelo outro.

Gisélia Pinheiro, minha mãe e Expedito Pinheiro, pai de Tarcísio Pinheiro eram primos carnais. E vi Tarcísio sempre de passagem em raras visitas. Era muito presente na memória da casa do meu Pai e da Maria do Carmo Feitosa, minha madrasta e mãe dos irmãos caçulas que me dão uma sensação de juventude prolongada.

O motivo principal para falar de Tarcísio Pinheiro é que Maria do Carmo estava procurando algo transcendental para agradecer a Tarcísio pelo que ele foi, em carisma, tolerância e, sobretudo, adivinhação para ela. Tarcísio Pinheiro tinha uma coisa essencial em ser médico ou profissional de saúde de um modo em geral.

Este essencial é gostar de gente. Se preocupar com a pessoa e está sempre ao seu lado quando uma das maiores angústia peal qua se pode passar acontece que é a doença. Por isso este é o dom essencial ao médico, gostar de gente, saber falar com o corpo dela e seu psiquismo individual. Antecipar-se, ou mesmo, atalhar forças que podem piorar a situação de qualquer pessoa.

Sabe quando alguém se encontra perdido? A palavra diz tudo: não encontra seu destino e nem a si. E quando no meio daquele ermo, aparecia Tarcísio Pinheiro, com seu gesto humilde, sua voz doce, mas de comando, convicta, contundente, dirigia alguém ao rumo delas mesmas.

Tarcísio Pinheiro deve ter tido desafetos, um colega que sentiu algo com a prática dele. Uma paciente que não avaliou a verdadeira dimensão do seu empenho. Mas isso eu só especulo por que reconheço Tarcísio na espécie humana e todos os humanos têm seus contraditórios.

A rigor nos raros momentos em que estive com Tarcísio, pude sentir aquele espelho suave da lâmina de água de um açude após as três horas da tarde. Querendo defini-lo com mais precisão vou direto ao que conheço: era o reverso da personalidade exuberante e barulhenta de Expedito Pinheiro.

Tarcísio Pinheiro nem precisa de averiguação para ultrapassar o umbral das pessoas queridas. Ele já nasceu com seu ingresso no umbigo.

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