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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

"Escrever não é fácil, não há glamour", diz Ronaldo Correia de Brito

FABIO VICTOR (ENVIADO ESPECIAL A PARATY )

Ronaldo Correia de Brito está atormentado com uma grave lesão cervical, resultado das horas em frente ao computador para finalizar "Retratos Imorais", seu novo livro de contos.

"Escrever não é fácil, não há glamour. E depois você escreve e espera cem anos para ser compreendido. E às vezes não é compreendido. A ânsia por dar sentido à escrita é algo muito doloroso."

Por conta desse tormento, diz que pensa frequentemente em desistir do ofício, no que é dissuadido pelo colega Raimundo Carrero --vencedor neste ano do Prêmio São Paulo de Literatura, ganho em 2009 por Correia de Brito-- e pelo editor Marcelo Ferroni, da Alfaguara, por onde publica.

Talvez as dores da escrita venham sendo, no seu caso, amenizadas cada vez mais, senão por compreensão, por maior reconhecimento.

Cearense radicado no Recife, 59 anos, médico e dramaturgo, Correia de Brito foi alçado ao primeiro time da literatura com a conquista do Prêmio São Paulo, pelo romance "Galileia".

O escritor Ronaldo Correia de Brito

"Retratos Imorais" nasceu de uma provocação do editor Plínio Martins Filho, da Ateliê Editorial, ao ouvir Correia de Brito ler um dos contos.

O autor tinha histórias guardadas há 40 anos, "contos refugados, de gaveta".

Martins quis os refugos, mas, em vez disso, Correia de Brito os juntou com narrativas recentes e publica agora o saldo. "Traí Plínio, porque aproveitei a ideia dele e não publiquei com ele."

Receoso por uma falta de unidade em contos tão distantes cronologicamente, percebeu que todos tinham imagens em sua raiz.

"Duas Mulheres em Preto e Branco", história que abre o livro ("um olhar sobre a histeria feminina", segundo o autor), tem a influência das fotografias de Robert Polidori. Assim como "Romeiros com Sacos Plásticos" foi reescrita depois que o autor viu imagens de Patrick Bogner sobre os romeiros de Juazeiro do Norte, no Ceará.

Correia de Brito escreve desde os 16 anos. Suas peças infantis são sucesso de crítica e público em Pernambuco. O auto de Natal "O Baile do Menino Deus" está em cartaz há 27 anos.

Mas só publicou literatura há cerca de dez anos. "Você se torna escritor quando começa a publicar."

LEITINHO

Se o processo criativo é sacrificante e o produto dele não menos, então não resta prazer quando tudo termina?

Fala o autor: "Sem dúvida há um deleite, um leitinho materno no fim das contas para pagar tudo isso".

Fonte: Folha.com

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